www.intermetal.pt 2024/4 23 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Outubro, Novembro, Dezembro 2024 - Nº 23 | www.intermetal.pt FERRAMENTAS DE NOVA GERAÇÃO www.mmc-carbide.com ALIMASTER MC6135 DVAS MC6135 VERSÁTIL E FIÁVEL PARA APLICAÇÕES DE TORNEAMENTO DIFÍCIL - CONTÍNUO E INTERROMPIDO ALIMASTER COM NOVO REVESTIMENTO DLC - MAIS FIABILIDADE E TAXAS EXTREMAS NA REMOÇÃO DE LIMALHAS DVAS MINI DRILLS BROCAS MINI DVAS DESEMPENHO ALÉM DAS EXPECTATIVAS BROCAS EM METAL DURO DE PEQUENOS DIÂMETROS Ø1,0 ~ Ø 2,9 mm A Distributor of Tel. (+351) 229 737 965 Email:geral@maquimenta.pt
NOVO Sistema Modular Serrilhado Concebido para Operações de Torneamento, Roscagem e Furação Especificamente Criadas Para Máquinas de Tipo Suíço O Sistema QUICK-SWISS foi Concebido para Operações de Torneamento, Roscagem e Furação. As Ferramentas Modulares QUICK-SWISS Possuem Canais de Refrigeração Posicionados Diretamente para a Aresta de Corte da Pastilha Está a Tornear com Inteligência? Mais Informação www.iscarportugal.pt
SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 23 – Outubro, Novembro, Dezembro 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 4 Entrevista com João Faustino, presidente da Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol) 12 Indústria de moldes portuguesa: novos desafios, novas oportunidades de expansão 18 Fraunhofer IFAM desenvolve um revestimento antiaderente ultrafino, duro e sustentável 22 Deibar na Expometal 2024: versatilidade, precisão e eficiência para os setores mais exigentes 26 DMG Mori redefine a maquinagem de 3 eixos 28 Simulação CNC: eficiência e controlo na produção de moldes e matrizes 31 A retificação de precisão garante o funcionamento suave e eficiente dos veículos elétricos 34 A história por detrás de uma inovação: quando o silêncio diz tudo 38 Novas fresas Alimaster aumentam a eficiência na fresagem de ligas de alumínio 42 Mandrilagem e polimento numa única operação 44 Novas referências em fresagem 46 Otimização de técnicas Rapid Heat and Cool através da fabricação aditiva de insertos moldantes 52 McLaren aposta no fabrico aditivo para aumentar o desempenho dos seus novos supercarros 56 Lançada a primeira máquina- ferramenta aditiva do mundo ‘made in Switzerland’ para fabrico industrial 58 Schaeffler apresenta novos rolamentos e soluções de acionamento para automatizar a produção 62 Sistema modular Movi-C: entre no novo mundo da automação 64 Eplan Portugal celebra 40 anos de inovação e fortalece laços com clientes em encontros nacionais 66 Segurança de máquinas: o que muda com a entrada em vigor do regulamento (UE) 2023/1230 69
4 O setor da engenharia é, pela primeira vez, o maior cliente das máquinas-ferramenta alemãs Com uma quota de cerca de 30%, a engenharia e os seus vários subsetores foram, pela primeira vez, em 2023, os principais clientes das máquinasferramenta fabricadas na Alemanha.. Esta quota aumentou seis pontos percentuais desde 2019, de acordo com o último inquérito sobre a estrutura de clientes realizado pela VDW (Associação Alemã de Fabricantes de MáquinasFerramenta) entre os seus membros. Em contraste, no ano passado, a indústria alemã de máquinas-ferramenta forneceu cerca de 27 por cento da sua produção à indústria automóvel e aos seus fornecedores, um declínio de cerca de 16 pontos percentuais em apenas quatro anos. “A indústria automóvel continua a ser um dos clientes mais importantes da indústria alemã de máquinas-ferramenta”, afirma Franz-Xaver Bernhard, presidente da VDW. Acrescenta que “a conversão para motores elétricos significa que o setor automóvel está a investir significativamente menos em maquinagem”. Os dados da VDW são um exemplo da diversificação e inovação necessárias ao setor da engenharia para enfrentar os desafios do panorama industrial em mudança. Na classificação das indústrias clientes mais importantes, às indústrias de engenharia e automóvel seguem-se os fabricantes de produtos metálicos, a indústria aeroespacial, a engenharia elétrica/eletrónica e a produção e transformação de metais. O Presidente da VDW, Franz-Xaver Bernhard, sublinha a diversificação dos setores clientes dos fabricantes de máquinas-ferramenta. EDITORIAL Portugal tem condições para atrair fabricantes do resto da Europa, de setores tão importantes como o da aeronáutica, aeroespacial, médico, da defesa, ou mesmo automóvel. Para tal contribuem fatores como a nossa localização geográfica, periférica em relação ao conflito que se arrasta a Leste, o clima ameno e a segurança interna. Mas o mais atrai essas empresas é a elevada qualificação das pessoas que (ainda) trabalham na indústria nacional e a diferença salarial, por exemplo, em relação aos países nórdicos. Acontece que, como já muito foi escrito e dito, são cada vez menos os jovens que escolhem uma carreira na indústria. E não falamos apenas dos que procuram a formação técnico-profissional. Também no ensino superior assistimos a uma diminuição do interesse por ramos da engenharia muito procurados pelas empresas portuguesas. Um exemplo paradigmático é o da Licenciatura em Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho que, este ano, pela primeira vez, não tinha alunos suficientes para abrir o curso. Um problema resolvido por um conjunto de empresas que se juntou para pagar as propinas dos alunos interessados. Há, portanto, que tomar medidas para voltar a tornar a indústria em geral mais atrativa para as novas gerações. No caso específico da metalomecânica, isto pode passar por iniciativas como a referida, alargada a outras áreas da engenharia, mas também por aumentar o conhecimento que os jovens têm do setor, que, diga-se de passagem, evoluiu bastante nos últimos anos e está hoje muito mais ‘limpo’, digital e automatizado. A falta mão de obra foi uma das questões abordadas por João Faustino, presidente da Cefamol, na entrevista que deu à InterMetal e que pode ler na página 12 desta revista. O responsável considera que, apesar de este ser um problema que ainda não afeta a indústria de moldes, isso vai acabar por acontecer, “quando os atuais trabalhadores se reformarem”. Até lá, são outros os fatores que preocupam as empresas do setor, nomeadamente, a instabilidade no seu principal cliente: a indústria automóvel. De qualquer forma, o setor dos moldes e matrizes português é conhecido pela sua elevada capacidade de resiliência e não é de esperar que fique de braços cruzados perante mais este desafio. O artigo da página 18 aborda, precisamente, o trabalho que tem vindo a ser feito no sentido de se encontrarem novos mercados “para sustentar o crescimento e manter a competitividade das empresas nacionais, a nível internacional”. Nesta edição, contamos-lhe ainda algumas das mais recentes novidades na área dos centros de maquinagem, das ferramentas de corte, do software e do fabrico aditivo, cada vez mais utilizado quer na indústria de moldes, quer nas restantes áreas da metalomecânica. Destaque ainda para o artigo da página 69, dedicado ao tema ‘Segurança de Máquinas’, que aborda em detalhe as alterações introduzidas pelo novo Regulamento (UE) 2023/1230. Boa leitura! Tornar a indústria novamente atrativa
Real ou digital? E porque não ambos? Com o software de gestão de ferramentas ZOLLER, pode controlar as suas ferramentas em qualquer momento,tanto pessoalmente como digitalmente. Nunca mais procure ferramentas, trabalhe sempre com os dados actualizados da ferramenta, otimize o uso das ferramentas graças às numerosas opções de avaliação. O software TMS Tool Management Solutions da ZOLLER oferecelhe todas estas vantagens. Fácil de manusear, fácil de integrar na sua produção,simplesmente mais produtividade. Descubra mais funções e encontre o software adequado para Si: Tel: +351 256 130 479 I correo@zoller.info I www.zoller.info
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Estão abertas as candidaturas ao concurso manus 2025 da igus Tem uma aplicação interessante com casquilhos deslizantes em plástico da igus? Já pode candidatar-se à 12ª edição dos prémios manus 2025. A iniciativa da empresa alemã atribui às aplicações mais criativas um prémio monetário de até cinco mil euros. São aceites todas as candidaturas com casquilhos, casquilhos lineares e chumaceiras esféricas feitas de plástico sólido ou compostos de plástico. Deve estar disponível, pelo menos, uma versão funcional do dispositivo, na qual os benefícios técnicos, bem como as vantagens ecológicas e económicas dos casquilhos em plástico possam ser reconhecidos. Os vencedores são escolhidos por um júri independente, composto por peritos da investigação, da imprensa especializada e da indústria. Os jurados dão especial importância à criatividade e à inovação, que podem levar a classificações elevadas. Os vencedores receberão um prémio monetário até 5000 euros. O prazo para as candidaturas termina a 17 de janeiro de 2025. Bystronic entrega a 300ª célula de dobra móvel A célula de dobra mais pequena da Bystronic, equipada com uma ByBend Star 40 ou 80 e um robô de dobra, está a tornar-se uma história de sucesso: recentemente, a empresa entregou a 300ª unidade ao cliente alemão Josef Wiegand GmbH & Co. KG, sediado em Rasdorf. A Wiegand é famosa pelas suas pistas de tobogã, escorregas para crianças, para eventos e aquáticos, e faz entregas em todo o mundo. Em Rasdorf, 350 trabalhadores fabricam estes equipamentos de lazer, em parte de forma manual. A empresa decidiu agora automatizar determinados processos de fabrico para poder responder melhor e mais rapidamente às solicitações dos clientes. A Bystronic forneceu-lhe uma célula de dobragem móvel equipada com uma ByBend Star 80 e um robô de dobragem móvel. Como se trata da 300ª célula de dobragem móvel fornecida pela Bystronic desde a sua introdução no mercado, a máquina foi entregue numa pequena cerimónia e, sobretudo, com as cores da Wiegand. Brasil será o país parceiro da Hannover Messe 2026 O anúncio oficial foi feito por Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX) e por Jochen Köckler, presidente do Conselho de Administração da Deutsche Messe AG, na cerimónia de assinatura de um Memorando de Entendimento, decorrida a 23 de setembro, em Wolfsburg, Alemanha. A designação do Brasil como País Parceiro destaca as ambições de um país dedicado a impulsionar a mudança industrial em direção a uma economia sustentável e a reforçar a sua posição como player de nível mundial no domínio das energias renováveis e das tecnologias sustentáveis. De acordo com a Germany Trade & Invest, a agência de promoção económica internacional da República Federal da Alemanha, o Brasil é a maior economia da América Latina. Com cerca de 216 milhões de habitantes, abundante recursos agrícolas, matérias-primas e energéticos, bem como um setor industrial diversificado, o país figura entre as principais nações económicas do mundo. Além de ser um dos principais parceiros comerciais da Alemanha, é também um importante local de produção para as empresas daquele país. A Hannover Messe é realizada anualmente no Centro de Exposições de Hanôver. O evento apresenta o estado da arte em produtos e soluções para a automação, digitalização e eletrificação da indústria, e atrai decisores e líderes da indústria de todo o mundo. O conceito de País Parceiro destaca todos os anos um pais em particular.
7 AMB distingue inovações excecionais no campo da metalomecânica A AMB, uma das principais feiras internacionais para a indústria metalomecânica, premiou os produtos e tecnologias mais inovadoras expostas na edição deste ano do certame, decorrido de 10 a 14 de setembro em Estugarda. Os produtos candidatos aos Prémio AMB 2024 foram avaliados por um júri composto por representantes das três associações patrocinadoras do salão e por elementos da comunidade científica. Estes foram os vencedores: • goCAD GmbH na categoria de software e digitalização pela sua ‘Loja online para subcontratantes CNC’. • Liquidtool Systems AG na categoria de componentes, conjuntos e materiais de trabalho pela sua ‘Gestão automática de lubrificantes de refrigeração’. • Mahr GmbH, na categoria de tecnologia de medição e garantia de qualidade, pelo seu sistema de ‘Medição de rugosidade diretamente na máquina CNC'. • Hainbuch GmbH, na categoria de ferramentas de precisão, pelo seu ‘Mandril’. • Sodick Deutschland GmbH, na categoria de máquinas- -ferramenta e instalações de fabrico, pela tecnologia ‘Erosão por fio com o mecanismo de rotação iGroove+’. • exoIQ GmbH na categoria de tecnologia de automação e manuseamento pelo seu ‘Exoesqueleto ativo’. Além disso, a Vito AG ganhou o Prémio Especial de Sustentabilidade I, pelo seu ‘Filtro de lubrificante de refrigeração’, e a Ceratizit S.A. ganhou o Prémio Especial de Sustentabilidade II pelas suas ‘Fresas de metal duro fabricadas com matérias primas secundárias’. Com sua gama de ferramentas de fixação mecânica, a Nikko Tools quis colocar a qualidade em primeiro lugar para garantir um desempenho de alto nível, sempre constante. Hoje, com a Nikko Tools, você pode relaxar como se estivesse em casa e trabalhar da melhor forma. cuttingsolutions@sorma.net Nikko Tools é uma marca registada propriedade da Aqui você está seguro. PABELLÓN 9, STAND F10
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Fuchs e E-Lyte abrem primeira fábrica alemã de produção de eletrólitos A primeira fábrica de produção de soluções de eletrólitos da Alemanha foi oficialmente inaugurada no dia 13 de setembro, na localidade de Kaiserslautern. Com um volume de produção de até 20 mil toneladas de eletrólitos por ano, a E-Lyte Innovations GmbH estabelece um marco significativo na produção de eletrólitos de alto desempenho para baterias de iões de lítio, baterias de iões de sódio e ‘super-condensadores’. Uma grande parte desta produção é disponibilizada diretamente ao mercado de veículos elétricos a bateria. Eplan destaca-se na Expometal com nova Plataforma 2025 e novo Eplan Cable proD A empresa de software de engenharia Eplan Portugal participa na Expometal com as suas soluções inovadoras e integradas que aceleram os processos de empresas de vários setores industriais. De 7 a 9 de novembro, os visitantes do stand da empresa na Exposalão (1B04A), vão poder conhecer de perto soluções de software desenvolvidas pela Eplan para as várias disciplinas de design no setor industrial: Eplan Electric P8 para design elétrico, Eplan Pro Panel para design de armários de controlo 3D, Eplan Harness proD para design de cablagem 3D, Eplan Fluid para design pneumático e hidráulico, bem como interfaces Eplan para os vários sistemas CNC, PLC, PDM, PLM e ERP existentes no mercado. De acordo com a empresa, a participação na Expometal é crucial para darem a conhecer as suas aplicações de engenharia e serviços, nas áreas elétrica, automação e mecatrónica. Com as novidades que vão apresentar sobre a nova Plataforma 2025, prometem ajudar os clientes a posicionarem-se acima dos seus concorrentes, impulsionando a prosperidade e a sustentabilidade dos negócios ao longo do tempo. Com o novo software Cable proD, oferecem a solução ideal para integrar projetos elétricos em 3D e otimizar a cablagem de máquinas, reduzindo desperdícios e atrasos. O CEO da Fuchs, Stefan Fuchs, na abertura da E-Lyte em Kaiserslautern. Em maio de 2022, o Grupo Fuchs, que opera a nível mundial na indústria de lubrificantes, adquiriu 28% das ações da E-Lyte Innovations GmbH. Com este investimento, a Fuchs entra no mercado em rápido crescimento dos eletrólitos, que estão a tornar-se componentes essenciais cada vez mais importantes das baterias de iões de lítio para a mobilidade elétrica, entre outras coisas, especialmente na Europa. Com a implementação deste projeto, a E-Lyte estabelece-se como a primeira empresa alemã capaz de oferecer ao mercado europeu de baterias um dos componentes mais importantes de produção europeia. Em conjunto, os parceiros estratégicos criaram as infraestruturas de produção necessárias em Kaiserslautern para permitir que a E-Lyte se industrialize, aumente a capacidade e cresça ainda mais. A fábrica é uma das mais modernas do seu género e também revoluciona o processo de produção de eletrólitos. O sistema altamente automatizado controla o fornecimento de matérias-primas de forma precisa e limpa. Graças a este sistema eficiente, são necessários muito menos solventes para a limpeza, o que reduz significativamente tanto os custos de produção como os resíduos produzidos. Assim, todo o processo é mais sustentável e amigo do ambiente – uma das razões pelas quais a construção da fábrica foi financiada com o Programa Alemão de Inovação Ambiental.
9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Famel regressa em modo elétrico A icónica marca portuguesa de motociclos Famel abriu uma ronda de investimento com o objetivo de trazer de volta à estrada a emblemática XF-17, agora elétrica. A nova versão da Famel vai incorporar componentes maioritariamente europeus dos quais 50% serão feitos em Portugal, o que, de acordo com a empresa, traz vantagens significativas na pegada ecológica. Paralelamente, a inclusão de materiais sustentáveis em futuras versões e um modelo de negócio que tem uma vertente de personalização, que promove a utilização do veículo por um maior período de tempo, são fatores que pretendem ligar a marca a um estilo de vida sustentável. Com planos para iniciar a produção em Anadia, perto de Águeda, a Famel pretende tirar partido da enorme capacidade industrial instalada na região, conhecida por ser o maior produtor de bicicletas da Europa, assim como do know-how no setor das duas rodas e da rapidez com que estes parceiros conseguem produzir em larga escala e com qualidade. TCI Cutting lança nova versão da máquina de corte a laser para tubos e perfis Smarttube Fiber A TCI Cutting acaba de lançar uma nova versão da sua máquina de corte a laser Smarttube Fiber para tubos e perfis, que se destaca pela elevada flexibilidade e autonomia no corte de todo o tipo de tubos e perfis, abertos e fechados, entre 20 e 220 mm, sem necessidade de troca de ferramenta. Desta forma, aumenta-se o tempo de funcionamento da máquina e garante-se uma produção sem paragens, o que representa uma vantagem competitiva. Serviço de impressão 3D para peças resistentes ao desgaste com entrega rápida. Devido aos lubrificantes sólidos incorporados nos tribofilamentos® iglidur® e nos materiais de sinterização a laser, a duração de vida é até 50 vezes superior em comparação aos materiais de impressão 3D standard. Falha Total Material standard Ensaio de desgaste* comparativo *Ensaio de desgaste em rotação sem lubrificação externa, p = 20MPa, v = 0,01m/s, veio em inox 304 SS Sucesso Material 3D iglidur® /3dTel. 226 109 000 (Chamada para a rede fixa nacional) info@igus.pt motion plastics® igus® Portugal R. Eng. Ezequiel de Campos 239 4100-232 Porto PT-13xx-3D Druck Forum 85x125_CC (GS).indd 1 03.10.24 11:09 A máquina possui um sistema de carga e descarga automatizado para total autonomia, com um claro aumento de produtividade, rapidez e eficiência. Aliada ao novo design, esta funcionalidade não só aumenta a velocidade e a flexibilidade da máquina, como também minimiza a perda de material cortado. A Smarttube Fiber possui duas opções de cabeça, 2D (corte plano) ou 3D (corte de peças com volume), o que melhora os tempos de resposta do cliente e garante uma elevada qualidade de corte. De acordo com a TCI, esta tecnologia garante a maior produtividade, precisão, rentabilidade e flexibilidade, tanto em pequenas como em grandes séries, com um comprimento máximo de carga de 12 m e uma descarga de 6 m. A máquina possui ainda um sistema de deteção de soldadura através de uma câmara inteligente de visão artificial. Trata-se de uma solução ideal para múltiplos setores, como fabricantes veículos industriais, energia, construção, decoração ou automóvel, entre outros.
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Empresas de plásticos e moldes pagam propinas a alunos de Polímeros da Universidade do Minho Vinte empresas do setor dos plásticos e moldes estabeleceram um protocolo com a Universidade do Minho com o objetivo de atrair mais estudantes para esta área estratégica. Os alunos da licenciatura em Engenharia de Polímeros do ano letivo que se iniciou em setembro terão assim as propinas financiadas nos dois primeiros anos do curso, desde que mantenham uma média mínima de 13 valores em todas as disciplinas. Esta iniciativa tem como objetivo revitalizar o interesse pela área dos plásticos e moldes, setor historicamente relevante no país, mas que tem enfrentado dificuldades em atrair novos talentos. Além do apoio financeiro, os alunos beneficiados terão a oportunidade de contar com tutoria empresarial e estágios remunerados durante o verão, proporcionando uma ligação direta e prática ao mercado de trabalho. João Miguel Nóbrega, diretor do departamento de Engenharia de Polímeros da universidade, enfatiza os benefícios mútuos desta colaboração: “A ideia surgiu das interações frequentes que temos com a indústria, e da preocupação comum com a dificuldade de captar alunos para estas áreas, o que pode comprometer o futuro do setor em Portugal." O responsável acrescenta que o protocolo oferece uma oportunidade única para os jovens ingressarem numa carreira promissora e tecnicamente desafiadora: "É uma área que assegura emprego qualificado e grandes desafios, algo que é preciso destacar.” Este acordo é visto como uma ação crucial para fortalecer a motivação dos estudantes e garantir a continuidade de um setor essencial para a economia nacional. AIMMAP integra a nova Federação Ibero-Americana de Manufatura Avançada O contrato de constituição da nova entidade foi assinado a 11 de setembro, no decorrer da feira IMTS, em Chicago. A Federação Ibero-Americana de Manufatura Avançada tem como principal objetivo criar um fórum de cooperação para impulsionar o desenvolvimento industrial na região, reunindo os principais players do setor numa iniciativa conjunta sem precedentes. Além de atuar como um grupo de representação junto de autoridades nacionais e internacionais em questões fundamentais como a regulamentação, taxas alfandegárias e medidas de promoção do investimento, a organização compromete-se em ajudar as empresas que a integram nas ações de promoção comercial e internacionalização, bem como na promoção da inovação tecnológica através da divulgação de projetos transnacionais de I&D e da organização de eventos informativos. No domínio da formação, serão desenvolvidos programas conjuntos para formar profissionais com os perfis adequados e será promovida a mobilidade internacional de talentos, facilitando a colaboração nos processos de aprendizagem e de colocação profissional. A Federação terá um Conselho de Administração composto por representantes das associações membros e uma Assembleia que incluirá outras entidades relevantes. Além da AIMMAP, até à data, várias associações confirmaram a sua adesão à Federação, incluindo a AMDM do México, a Carmahe da Argentina e a AFM de Espanha.
Simulador CNC para maior automatização da produção Tebis Automill® é o bilhete de entrada na era digital. “O planeamento e a programação têm grande precisão, o que me permite aproveitar tranquilamente o fim de semana enquanto as máquinas ficam a trabalhar.” www.tebis.com Shape the future
ENTREVISTA 12 JOÃO FAUSTINO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES (CEFAMOL) “O Estado deveria ser o primeiro a investir na indústria automóvel europeia, comprando carros elétricos fabricados na Europa e não na China” A braços com a crescente concorrência asiática, a indústria de moldes portuguesa atravessa um período desafiante, agravado pela conjuntura geopolítica que está a afetar alguns dos principais mercados das empresas nacionais. Uma tempestade perfeita, que irá certamente deixar mazelas num setor há muito habituado a navegar em águas turbulentas. Conversámos com João Faustino, presidente da Cefamol, para perceber a dimensão do problema e que medidas, na sua opinião, deveriam ser tomadas para apoiar o setor nesta fase. Luísa Santos
ENTREVISTA 13 Os últimos anos têm sido particularmente desafiantes para a indústria de moldes portuguesa. Como avalia a situação atual do setor e que fatores contribuíram para tal? Os problemas no setor começaram em 2018, com o ‘diesel gate’ nos Estados Unidos, que afetou os grandes construtores de automóveis, já que todos eles andavam a omitir a quantidade de CO2 que os seus carros emitiam para a atmosfera. Neste contexto, houve um senhor chamado Elon Musk, um verdadeiro génio, que se aproveitou da situação e decidiu aumentar a capacidade de produção de carros elétricos. Perante isto, as grandes OEMs começaram a questionar-se sobre qual seria, de facto, o tipo de veículo (a diesel, a gasolina, híbrido ou elétrico) que mais se ajustaria às necessidades reais do mercado, tendo em conta não só as exigências de redução de emissões de CO2, mas também a sua própria competitividade. A estratégia escolhida acabou por ser a de intensificar o fabrico de carros elétricos, o que, por si só, já foi uma má notícia para o setor dos moldes, porque estes veículos têm muito menos peças de plástico que os tradicionais. Mas, além disso, foi uma decisão tomada sem que se resolvesse antes a questão das infraestruturas de carregamento. Em consequência, as limitações de percurso levaram a uma retração no mercado, principalmente nos países de maior dimensão. Entretanto, veio a pandemia, que como sabemos permitiu à China aumentar ainda mais o seu poder económico. Resultado: existem, neste momento, marcas de automóveis elétricos chinesas que não existiam há dez anos e que, com o pouco tempo de vida que têm, já lançaram seis, sete, oito modelos diferentes. E com uma qualidade que, em alguns casos, não é inferior à dos carros europeus, com uma vantagem: o preço. Ou seja, neste momento temos dois problemas: por um lado, a enorme capacidade de produção de elétricos na China, com preços muito, muito atrativos e com uma tecnologia não inferior à europeia, e, por outro, a falta de competitividade dos fabricantes europeus. Ora, para onde for um carro chinês não vai um carro europeu. Isto vai trazer, com certeza, muitos desafios e dificuldades a todas as empresas que fazem parte deste ecossistema. Infelizmente, esta é e será a realidade. Uma conjuntura para a qual as empresas que usaram as verbas do Portugal 2020 para modernizar as suas fábricas não estavam preparadas… Na altura em que o Portugal 2020 foi lançado nós estávamos a crescer a dois dígitos. Todos os estudos indicavam que os anos seguintes trariam um aumento das vendas, do emprego, de solvabilidade financeira. Tudo apontava para haver cada vez mais atividade e, portanto, as empresas portuguesas fizeram o que deviam fazer para não perder competitividade e aumentar a eficiência de modo a aproveitar o negócio que estava a crescer. Acontece que muitas delas investiram a contar com os prémios de realização. Prémios esses que, devido à alteração repentina da conjuntura, não conseguiram alcançar, o que faz com que algumas estejam a passar por situações delicadas. Na sua opinião, há medidas a tomar a nível governamental para ajudar as empresas do setor a ultrapassar esta fase? Há vários anos, e com maior intensidade desde 2020, que andamos a falar com os sucessivos governos para que sejam tomadas medidas de apoio ao setor. Uma delas já não é nova e teria um impacto muito significativo na saúde financeira das empresas, que é a criação de uma linha de financiamento suportada por instrumentos de proteção de Estado, para apoio à concretização de encomendas firmes e em curso para ultrapassar a extensão dos prazos de recebimento. Além deste, há outro problema, tão ou mais importante, que é o prazo de pagamento cada vez mais dilatado das grandes empresas nossas clientes. Nós chegamos a estar a fabricar durante dois anos, ou mais, sem receber qualquer pagamento. Ou seja, muitos fabricantes são obrigados a financiarem-se, com todas as burocracias que isso implica e a altas taxas de juro, para poderem trabalhar. No passado, bastava irmos ao banco com uma encomenda firmada para conseguirmos financiamento. Quando a empresa recebia o pagamento do cliente, esse valor era automaticamente direcionado para esse banco. Não havia a possibilidade de a empresa financiar-se num banco e depois receber por outro. Neste momento, tal não existe, apesar de ser algo pelo qual temos batalhado bastante. Aliás, está prevista para breve uma reunião com a tutela para discutir precisamente este assunto. Por outro lado, também parece ter havido uma tentativa da parte das OEMs de passar uma parte do trabalho que antes era feita por eles, nomeadamente de I&D, para o fornecedor, não é assim? Sim, sim. Atualmente, uma OEM é basicamente uma montadora. Algumas ainda fabricam os seus próprios motores, caixas de velocidades, fazem estampagem, mas a maioria subcontrata praticamente todas as peças que compõem um automóvel. No caso dos moldes e das peças plásticas, acresce que todo esse trabalho de I&D que nós fazemos não só não é
ENTREVISTA 14 pago, como não é garantia de virmos a ganhar o projeto, já que, muitas vezes, eles pedem a duas ou três empresas para fazer o mesmo desenvolvimento. Mas só uma ganha o negócio. As outras ficam sem poder amortizar os custos que tiveram com esse desenvolvimento. E não haveria uma forma de as empresas do setor se unirem para ganharem poder? Esse é um desafio que temos pela frente no setor, a necessidade de criar escala e dimensão para podermos ganhar poder negocial e concorrer a projetos de maior dimensão. É um tema que temos vindo a analisar e a discutir no seio da indústria e sobre o qual gostaríamos de lançar algumas iniciativas piloto que permitam demonstrar que tal poderá ser uma solução a ter em conta e a ser disseminada pelas empresas. De qualquer modo, as empresas do setor estão hoje muito melhor preparadas tecnologicamente do que estavam há poucos anos... Nesse aspeto nós temos a tecnologia mais atualizada a nível mundial. Precisamente, para tentarmos tirar rendimento e ter coeficientes de aumento de produtividade e eficiência. Isto facilita a entrada em outros setores de maior valor acrescentado? Facilita. No entanto, os outros setores alternativos não absorvem a totalidade da capacidade instalada nas nossas empresas, mas estamos a fazer tentativas nesse sentido, tentando apoiar as empresas a diversificar mercados e áreas de intervenção. E isto tem muito a ver com as atuais condicionantes geopolíticas. Vou dar-lhe um exemplo: a Alemanha era um grande exportador de máquinas de lavar roupa para a Rússia e para a Ucrânia. O que é que a Alemanha vende hoje para estes países? Nada. A Rússia era um grande importador de camiões feitos na Europa. Hoje, estes foram substituídos por camiões chineses. Ainda assim, não existe um setor onde a qualidade seja determinante? Existe, mas nem todas as empresas estão preparadas para trabalhá-lo. Estou a falar da indústria médica, que está muito concentrada em países como a Suíça, a Irlanda, a Alemanha, e os EUA, resultado de muitos anos de um intenso trabalho de investimento e aprendizagem. Em Portugal temos vindo a crescer nesta área, mas apenas num número limitado de empresas. Quais são atualmente os principais mercados de destino dos moldes portugueses? Neste momento, o nosso principal mercado é Espanha, seguido da Alemanha (que até há pouco ocupava o primeiro lugar) e de França. A Europa, no seu conjunto, representa cerca de 80% das nossas exportações. E nos mercados emergentes, há algum que se destaque? Sim, continuamos a exportar para o México e outros países, mas em menor quantidade que há uns anos atrás. A Europa Central, com a República Checa, Polónia, Eslováquia ou Roménia, têm, no seu conjunto, assumido uma posição bastante importante para o nosso setor, apesar da sua interação e dependência da Alemanha.
15 No último ‘market report’ da Cefamol, a Roménia aparece como um dos mercados de maior crescimento. Sim, organizámos algumas viagens à Roménia porque é um mercado onde estão instalados players importantes, como a Renault, a Dacia e outros que fabricam para as restantes marcas, e daí já resultaram negócios. Esperamos que este relacionamento possa ser intensificado ao longo dos próximos anos. E existe a possibilidade de fazerem no centro da Europa o mesmo que fizeram no México, ou seja, juntarem-se empresas portuguesas para terem lá instalações de fabrico? Teriam de ser as empresas, individualmente, a decidir fazê-lo. Mas não é fácil, já que isso implica recursos (financeiros, humanos) que hoje estão mais limitados nas empresas. De qualquer forma, teremos de pensar em estratégias diferenciadoras e em cooperação que permitam enfrentar a concorrência internacional e manter o posicionamento de Portugal na região. A diferença de preço já não é compensada pela qualidade? Não. Os fabricantes de moldes chineses melhoraram a qualidade nos últimos anos. E vendem a metade do preço dos fabricantes europeus. É impossível concorrer com isto. A única forma seria implementar políticas protecionistas? Creio que tal poderia, a curto prazo, ser fundamental para garantir a sustentabilidade de muitas empresas, face às condições de concorrência desleal que enfrentam. Mas há outras formas de protegermos a nossa indústria. Tomemos como exemplo os projetos públicos que se avizinham em Portugal, como o TGV. Quem é que vai ganhar os concursos para fornecer as locomotivas? Quais são as contrapartidas que Portugal vai exigir a esses países ou a essas empresas para, através de outras áreas de negócio, podermos ser nós também fornecedores desses países ou dessas empresas? Sei perfeitamente que existe uma Lei de Livre Concorrência vigente na Europa, mas é uma Lei que não nos beneficia. Estas situações deviam estar acauteladas e este tema devia estar na ordem do dia. Tal como o facto de algumas autarquias, à conta do PRR, se estarem a equipar com autocarros elétricos feitos na China. Ou o facto de o Ministério da Saúde este ano, num concurso público, ter comprado 53 carros elétricos chineses. Onde é que fica o interesse nacional? Pelo contrário, estamos a subvencionar as importações chinesas. O Estado deveria ser o primeiro a acautelar este tipo de compras, e não é. 1.200.000 machos produzidos todos os meses: cada um passa por 3 controlos de qualidade, todos são perfeitos. Uma liderança construída com paixão, peça por peça, desde 1923. Perfeição japonesa. www.yamawa.eu PABELLÓN 9, STAND F10
ENTREVISTA 16 Neste contexto, as empresas nacionais teriam vantagem em juntarem-se para ganhar competitividade? Sim, a solução poderia passar por aí, já que nos permitiria ganhar escala. Mas não é fácil, porque seria necessário ultrapassar todo um conjunto de barreiras. Cada empresa tem o seu método de trabalho, a sua filosofia, a sua política comercial e de pagamentos, dependendo da capacidade financeira. Uniformizar todos estes aspetos não é fácil, mas possivelmente terá de ser esse o caminho. Sem essa possibilidade, o que resta às empresas fazer? Otimizar a produção, aumentar a eficiência. Temos de fazer mais e melhor, em menos tempo, para conseguirmos vender mais barato. Esse é o nosso lema do dia a dia, que vamos conseguindo cumprir, mas ainda assim não conseguimos competir com os preços chineses. Não nos esqueçamos que também existe muita concorrência e falta de trabalho entre eles, o que faz com que sejam muito agressivos nos preços que praticam. Além de não lhes faltar mão de obra: os dados disponíveis indicam que, na China, existe um milhão de pessoas a trabalhar na indústria de moldes. Aqui temos aproximadamente nove mil trabalhadores no setor. Existe falta de mão de obra no setor, em Portugal? Neste momento, acredito que não, porque infelizmente encerraram algumas empresas e essa mão de obra foi absorvida pelas restantes, que necessitavam de mais trabalhadores. De qualquer forma, esse problema vai acabar por nos afetar, quando essas pessoas se reformarem. Os jovens não estão tão abertos a trabalhar na indústria como antigamente, porque, infelizmente, os salários não são o que já foram e a flexibilidade dos jovens hoje é diferente. E não há incentivos para que tal aconteça. Que incentivos seriam necessários? Acho que parte da solução pode passar por iniciativas como a promovida pela Universidade do Minho que este ano, pela primeira vez, não tinha alunos suficientes para abrir a licenciatura em Engenharia de Polímeros e que, graças ao apoio de várias empresas do setor, já tem. Basicamente, as empresas aderentes vão pagar as propinas dos alunos desta licenciatura, durante dois anos, algo que nós já fazemos com o Instituto Politécnico de Leiria há cerca de uma década. Não deveria ter de ser assim, porque de facto esta é uma profissão com alta empregabilidade. Mas, claro, é um trabalho que exige muita dedicação e flexibilidade, condicionamentos que muitos jovens não querem ter como opção. E isto não é só em Portugal, é um problema global. Qual é o papel da Cefamol perante todo este cenário? O papel da Cefamol tem passado muito por agregar as empresas do setor em torno de projetos e ações que permitam enfrentar desafios comuns. Fóruns de partilha de ideias e análise destes temas têm sido uma constante, o que nos tem permitido preparar e promover um conjunto de iniciativas que, algumas delas, estamos prestes a lançar. Em paralelo, também a apresentação de propostas de atuação e politica pública, nomeadamente, na vertente do financiamento e capitalização têm sido uma constante. A formação é outra das nossas apostas. Temos vindo a organizar múltiplas ações, precisamente, para dar às pessoas as ferramentas necessárias para poderem tirar o máximo rendimento dos equipamentos. Não nos vale de nada ter uma máquina de um milhão de euros, se depois as pessoas não sabem tirar o máximo partido dela. E não estou a falar apenas dos operadores, mas
17 sim de toda a cadeia de processo. Desde a conceção do molde até à sua expedição, tudo tem de estar alinhado para maximizar as tecnologias disponíveis. A Cefamol está a ajudar as empresas neste caminho, contratando formadores com experiência na matéria, para passarem esse conhecimento aos profissionais do setor, de forma a que possam implementá-lo nas empresas onde trabalham. Além disso, promovemos a participação em feiras e eventos internacionais, organizamos visitas a mercados externos, realizamos conferências sobre temas relevantes para o setor e continuamos a reforçar o nosso relacionamento com o poder político e com as instituições, para que nos oiçam. Já se passaram alguns anos desde que se criou o cluster Engineering & Tooling from Portugal. Que balanço faz desta iniciativa, até à data? O cluster foi fundamental neste período para reforçar competências e dar visibilidade à cadeia de valor do setor, desde a conceção até à produção da peça final, agregando na mesma plataforma empresas de moldes, de plásticos, centros de I&D, universidades, centros de formação e até autarquias. Tem sido muito importante para alinhar as empresas do setor e para promover a marca da engenharia de moldes portuguesa junto dos mercados externos. Neste aspeto, acho que temos sido bem-sucedidos (falamos a uma só voz). Finalmente, e em jeito de síntese, quais diria que são os principais desafios e oportunidades do setor para os próximos anos? Eu diria que os principais desafios são: conseguir mais encomendas, encurtar os prazos de pagamento e garantir linhas de crédito acessíveis que permitam o financiamento e sustentabilidade das empresas. Já as oportunidades vão depender, por um lado, da resolução dos atuais conflitos geopolíticos – a Rússia ou Israel, por exemplo, antes do início do conflito eram importantes compradores de moldes feitos em Portugal -, e por outro, da evolução da tecnologia no mercado automóvel. Acredito que os carros elétricos vieram para ficar, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até que todas as condições estejam reunidas para fazer florescer esse mercado. O mesmo acontece com o hidrogénio. É uma tecnologia interessante, mas que ainda está pouco desenvolvida e é muito cara. Compensará nos camiões, nos barcos e talvez nos aviões, mas nos carros ainda não. Em resumo, vivemos tempos de muita incerteza, mas cá estaremos para continuar a fazer o nosso caminho, com a resiliência que nos caracteriza. n PLASMA CUTTER PRODUCTIVIDADE REDEFINIDA Desenho rápido e compacto para se adaptar às suas operações de corte, fácil de manejar graças à sua tocha ergonómica. Disponível para 70 e 125 amperes messer-cutting.com
MOLDES E MATRIZES 18 Indústria de moldes portuguesa: novos desafios, novas oportunidades de expansão A indústria de moldes em Portugal destaca-se pela sua capacidade de inovação, resiliência e adaptação a novas realidades. Ao longo dos anos, este setor tem enfrentado desafios significativos, sobretudo devido à diminuição da procura na indústria automóvel, às tensões geopolíticas e às disrupções nas cadeias de fornecimento globais. No entanto, as empresas portuguesas têm demonstrado uma extraordinária capacidade de diversificação, procurando novos mercados para sustentar o crescimento e manter a competitividade a nível internacional. Marta Clemente CONTEXTO ATUAL Segundo os dados mais recentes da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), o setor é constituído por cerca de 472 empresas e emprega aproximadamente 9.972 trabalhadores, concentrando-se sobretudo nas regiões da Marinha Grande e Oliveira de Azeméis. A indústria de moldes nacional é a terceira maior produtora europeia de moldes para injeção de plástico e ocupa o oitavo lugar a nível mundial. Representa um importante pilar da economia nacional, contribuindo significativamente para o dinamismo económico do país. Em 2023, a produção de moldes em Portugal alcançou aproximadamente 947 milhões de euros, dos quais 80% correspondem a exportações para 86 países. A União Europeia absorveu 83% dessas exportações, enquanto a América do Norte foi responsável por 7%.
19 MOLDES E MATRIZES Ainda em 2023, a indústria de moldes nacional registou uma recuperação, refletida no aumento da produtividade e das exportações após um período de disrupções globais provocadas pela pandemia e pelas dificuldades nas cadeias logísticas. No entanto, este sucesso foi acompanhado por desafios que dificultam a operação das empresas, como o aumento dos custos das matérias-primas, a inflação crescente e as dificuldades logísticas. O setor automóvel, tradicionalmente o maior cliente da indústria de moldes em Portugal – que representa mais de 70% da produção –, tem registado uma retração devido à transição para veículos elétricos e a novas exigências de mobilidade sustentável. Esta mudança obrigou as empresas a procurar alternativas noutros setores e mercados. DIVERSIFICAÇÃO E NOVOS MERCADOS Para enfrentar os constrangimentos no setor automóvel e outros desafios globais, as empresas portuguesas de moldes têm diversificado a sua atividade, expandindo para novos mercados e setores. A procura por moldes nos setores de embalagens, eletrodomésticos, dispositivos médicos e eletrónica aumentou, representando, respetivamente, 9,21%, 3,5%, 2,35% e 2,33% da produção total. Outros setores, como a agricultura, brinquedos, construção, defesa e artigos para o lar, também têm sido explorados, contribuindo para a diversificação da carteira de clientes e reduzindo a dependência do setor automóvel. Esta capacidade de adaptação tem sido fundamental para manter níveis elevados de produção, mesmo em períodos de incerteza económica. No entanto, é na busca por novas geografias que reside uma das maiores oportunidades para o setor. MERCADOS EMERGENTES: OPORTUNIDADE NA ROMÉNIA Entre os mercados que as empresas portuguesas de moldes estão a explorar, a Roménia destaca-se como um destino de grande potencial, oferecendo novas oportunidades de crescimento para esta indústria. Em 2023, este país, estrategicamente localizado na Europa Central e de Leste, foi o 17.º maior importador mundial de moldes, com compras que atingiram 236 milhões de dólares, maioritariamente para a indústria de borracha e plástico. As exportações de moldes de Portugal para a Roménia registaram um crescimento de 91,5% entre 2019 e 2023, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, posicionando este mercado como um dos mais promissores para as empresas nacionais. Com uma economia em expansão e uma base industrial em franco crescimento, a Roménia é um destino atrativo, sobretudo no setor automóvel. O país fabrica mais de 513 mil automóveis por ano, sendo o setor responsável por 12% do PIB e por 30% das exportações. Esta dinâmica gera uma elevada procura por moldes de qualidade, área onde as empresas portuguesas se destacam pela sua competência técnica e capacidade de inovação. Apesar da forte concorrência de países como China, Itália e Alemanha, a Para enfrentar os constrangimentos na indústria automóvel, as empresas portuguesas de moldes têm procurado novos mercados e setores Evolução do volume de produção e das exportações de moldes portugueses ao longo da última década. Os dados de 2023 apresentados são provisórios. Fonte: Cefamol.
20 MOLDES E MATRIZES qualidade e a flexibilidade dos moldes portugueses, aliadas ao cumprimento das rigorosas normas europeias, têm permitido às empresas nacionais ganharem espaço neste mercado competitivo. A capacidade das empresas portuguesas em fornecer soluções de engenharia personalizadas tem consolidado a sua posição estratégica neste país. A Roménia, como um dos principais mercados emergentes, oferece ainda incentivos fiscais e políticas favoráveis ao investimento estrangeiro, bem como proximidade geográfica e vantagens comerciais dentro da União Europeia. Além da Roménia, mercados como a Polónia e a Eslováquia também registaram um aumento significativo nas importações de moldes portugueses, afirmando-se como destinos promissores para a diversificação das exportações. Igualmente a procura nos Estados Unidos e no México, que juntos representam 4% das exportações, tem crescido, com destaque para a qualidade e inovação oferecidas pelas empresas portuguesas. EXPANSÃO EM MERCADOS TRADICIONAIS Apesar das novas oportunidades, os mercados tradicionais continuam a desempenhar um papel importante para o setor de moldes em Portugal. Espanha, Alemanha e França continuam a ser os principais destinos das exportações nacionais, representando respetivamente, 21%, 16% e 15% das vendas em 2023. SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO COMO PILARES COMPETITIVOS A indústria de moldes em Portugal enfrenta atualmente o desafio de integrar práticas mais sustentáveis, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental. A transição para uma economia circular, onde se minimizam resíduos e se promove a reutilização de materiais, tornou-se uma prioridade para o setor. Neste sentido as empresas têm vindo a investir significativamente em Investigação e Desenvolvimento (I&D), com o foco na criação de materiais e métodos de produção mais eficientes e ecológicos. A digitalização e a inovação - pilares que distinguem a indústria de moldes em Portugal –, representam uma oportunidade crucial para aumentar a competitividade das empresas portuguesas no mercado global. Esta transformação tecnológica não só reduz custos e melhora a produtividade, como permite maior precisão e rapidez nos processos, oferecendo soluções personalizadas de alta qualidade aos clientes. O investimento contínuo em investigação e desenvolvimento (I&D) é também aqui fundamental para que as empresas respondam às exigências do mercado internacional, mantendo a elevada qualidade dos seus produtos. Ao mesmo tempo, a formação constante dos trabalhadores é uma prioridade estratégica, assegurando uma mão de obra qualificada para operar com as mais avançadas tecnologias e enfrentar os desafios da produção moderna. Esta aposta no desenvolvimento humano e tecnológico reforça a competitividade da indústria de moldes portuguesa a nível global. DESAFIOS FUTUROS A indústria de moldes em Portugal, com uma forte aposta na inovação, diversificação de mercados e soluções sustentáveis, está bem preparada para enfrentar os desafios vindouros. No entanto, o setor continua a enfrentar obstáculos que podem influenciar o seu crescimento a médio e longo prazo. A adaptação à economia circular, a necessidade de reduzir a pegada ambiental e a digitalização dos processos produtivos são áreas que exigem investimentos contínuos. Para além disso, a concorrência asiática, a instabilidade económica global, as tensões geopolíticas e a volatilidade dos preços das matérias-primas apresentam riscos adicionais. A capacidade de adaptação que as empresas têm demonstrado será fundamental para assegurar o sucesso contínuo deste setor estratégico. n
pt.interempresas.netRkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx