BM20 - InterMETAL

www.intermetal.pt 2024/1 20 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Janeiro, Fevereiro, Março 2024 - Nº 20 | www.intermetal.pt FORMING TECHNOLOGIES SOLUTIONS AMOBGROUP.COM WELCOME TO THE NEXT LEVEL OF TUBE BENDING MACHINES Tecnologias e equipamentos especializados para a conformação de tubo e chapa em todo o mundo.

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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 20 – Janeiro, Fevereiro, Março 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Fabricantes de tubo prontos para responder à procura do mercado do hidrogénio 10 Entrevista com Manuel António Barros, diretor de operações na AMOB 14 Mundo do arame e tubo em destaque nas feiras wire&Tube 2024 20 Soluções de alta tecnologia Faccin para curvatura de tubos e vigas 24 Guia para o sucesso no corte e sangramento de barra 28 Conetividade de alta velocidade para a obtenção de informações em unidades de produção hiperconetadas 38 Robôs: 5 tendências para 2024 44 Fanuc inaugura nova sede ibérica 46 Tecnologia laser para a fábrica do futuro 48 Amada introduz quinadoras de gama média com tecnologia ATC 52 Nova ByBend Star 120 redefine o conceito de dobradeira compacta 54 Tecnologia de retificação em destaque na GrindingHub 2024 56 Hasco celebra 100º aniversário e promete “ano laranja” 58 Moldes da PepsiCo fabricados em 3D: do CAD à peça acabada em 48 horas 60 7 factos sobre os tornos verticais de grandes dimensões 64 IA: chave para uma indústria competitiva e sustentável 30 A inteligência artificial no planeamento e controlo da produção 34

4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE BIEMH 2024: robótica, automatização e digitalização no centro das atenções A poucos meses do início do evento, a BIEMH 2024, Bienal Internacional de Máquinas-Ferramenta de Bilbau, conta com cerca de mil expositores confirmados. Este ano o certame terá um espaço de exposição dedicado às tecnologias de automatização e digitalização. Marcada para os dias 3 a 7 de junho, no Palácio de Exposições de Bilbau (Espanha), a edição de 2024 destaca-se não apenas pela dimensão, mas também por reunir num único espaço a inovação, a tecnologia, o conhecimento e as oportunidades de negócio, com uma exposição que vai desde a maquinaria, ferramentas, acessórios e componentes de última geração até às máquinas-ferramentas, metrologia e serviços de produção. Além disso, a automatização, a robótica e a digitalização consolidam-se como uma parte proeminente do evento, com um espaço de exposição dedicado. Os visitantes vão poder explorar estas áreas nos pavilhões 4 e 6 da BIEMH. Ao mesmo tempo, durante as BIEMH Talks – evento de três dias pensado para oferecer uma plataforma de debate acerca dos desafios e das oportunidades do setor -, especialistas internacionais irão aprofundar as tendências, os desafios e as soluções no campo do fabrico avançado. Paralelamente à BIEMH, decorrerá nos pavilhões do BEC uma nova edição do BeDigital, um fórum exclusivamente dedicado à aplicação industrial das tecnologias digitais, e da AdditƐD, uma feira industrial focada no fabrico aditivo e na impressão 3D. Renishaw lança linha de produtos para robótica A Renishaw desenvolveu uma família de produtos, a que chamou RCS, desenhados para dar resposta a desafios relacionados com a configuração manual, calibração e manutenção de robôs, tais como precisão operacional e repetibilidade. “Os processos existentes em torno da configuração e manutenção de robôs são, em grande parte, manuais, numa indústria construída com base na automatização”, diz Kevyn Jonas, diretor da Divisão de Produtos de Automação Industrial da Renishaw. “Os integradores e utilizadores de robôs têm agora, finalmente, uma solução rápida, simples e rastreável para gerir os seus robôs”. A nova linha inclui três produtos: • RCS L-90 - um dispositivo ‘ballbar’ que melhora a precisão do sistema robótico, reduz o tempo de configuração e monitoriza o estado do robô com rotinas simples controladas pelo pacote de software. • RCS T-90 - um sistema 'tri-ballbar', que permite aos utilizadores de robôs identificar as causas do mau desempenho com testes abrangentes para captar informações críticas sobre o robô, tais como a remasterização dos desvios das articulações para posições calculadas, a execução de rotinas de recuperação principal e a representação gráfica do desempenho do percurso em 3D. • Série RCS P - integra tecnologia de inspeção Renishaw numa célula robotizada para aplicar a metrologia e a recuperação automática aos processos de automatização. Está também disponível um pacote de software específico para a linha de produtos RCS. A empresa assegura que tanto a linha RCS como o software que a acompanha - RCS Software Suite - podem ser utilizados em robôs de “uma ampla gama de fabricantes”.

5 Exportações recorde impulsionam indústria metalomecânica nacional As exportações no setor metalúrgico e metalomecânico português alcançaram um marco histórico em 2023, atingindo a impressionante marca de 24.017 milhões de euros, revelam dados divulgados pela AIMMAP. Este valor representa um crescimento de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Dezembro de 2023 registou vendas ao exterior de 1.653 milhões de euros, consolidando um ano que contabilizou seis dos dez melhores resultados anuais de comércio internacional. Apesar dessas conquistas, o mês apresentou uma queda de 3,1% nas exportações em comparação com dezembro de 2022, marcando o quinto mês consecutivo de declínio homólogo. A AIMMAP expressa cautela para o primeiro semestre de 2024, destacando preocupações com as taxas decrescentes e as quedas homólogas observadas nos meses anteriores, especialmente devido à instabilidade política nacional e à conjuntura económica desafiadora nos principais parceiros de Portugal. Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da associação, antecipa um possível arrefecimento económico em 2024, alertando para um pequeno aumento do desemprego e um consumo mais moderado. Destaca a necessidade de um governo estável para criar um ambiente propício aos negócios, reduzindo impostos e promovendo a confiança dos agentes económicos, especialmente face à incerteza internacional decorrente dos conflitos na Ucrânia e em Gaza, e da crise no Mar Vermelho. Apesar destes desafios, o responsável enfatiza a positividade dos números, ressaltando que o setor metalúrgico e metalomecânico continua a superar a média da economia nacional. Em 2023, 68,5% das exportações foram destinadas à União Europeia, com ênfase em Espanha, França, Alemanha e Itália, e ainda ao Reino Unido e EUA. EDITORIAL A persistente falta de trabalhadores na indústria metalomecânica, numa altura em que muitas empresas já automatizaram e/ou digitalizaram pelo menos parte da produção, é a prova de que as máquinas e as ferramentas digitais não eliminam a necessidade de mão de obra. Pelo contrário, criam novos postos de trabalho, muito mais qualificados, menos monótonos e repetitivos. E, ao mesmo tempo, criam valor, o que aumenta as condições para melhorar o nível salarial nas empresas. Nos últimos tempos, as atenções viraram-se para a inteligência artificial (IA) e o impacto negativo que pode ter na vida das pessoas. Um dos receios é que, também ela, venha a substituir mão de obra nas empresas. No entanto, na indústria, tudo indica que a implementação de soluções de IA tenha um forte impacto positivo, por exemplo, no planeamento e controlo de produção (o artigo que reproduzimos na página 34 desta revista explica este aspeto em pormenor). Mas, também aqui, o uso de tecnologia vai sempre precisar de supervisão humana e exigir novas competências. Convicto da capacidade técnica do setor, Manuel António Barros, diretor de operações da AMOB, empresa nacional que ocupa uma posição de relevo no ranking dos fabricantes mundiais de máquinas de curvar tubo, adverte, em entrevista à InterMetal, para a situação de fragilidade em que Portugal se encontra no que respeita à retenção e captação de talento, uma preocupação comum a inúmeras empresas do setor, também já várias vezes veiculada pela AIMMAP. Reforçar a imagem do país enquanto ‘empregador de qualidade’ envolve uma multiplicidade de fatores, a maioria deles externos às empresas. Entre os fatores que delas dependem, o investimento em tecnologia de automatização e digitalização é, provavelmente, o mais importante. Nesta edição, exploramos temas como o uso de IA na indústria, a implementação de redes de IIoT (Industrial Internet of Things) em unidades de produção e as tendências em robótica. Especial destaque neste número para o segmento do tubo curvado. As aplicações de tubo e barra metálica estão, direta ou indiretamente, presentes em todos os setores de atividade. Do mobiliário à construção, passando pela indústria náutica e pelo conturbado setor automóvel. Portugal tem a sorte de ter um sólido conjunto de empresas a trabalhar este mercado, desde fabricantes de máquinas e equipamentos a processadores de tubo. Na página 14, Manuel António Barros explica-nos ‘em que pé’ está este mercado. Uma nota final para as celebrações do centenário da Hasco, empresa pioneira no fabrico de standards modulares e sistemas de canais quentes para moldes, presente no território nacional desde há 35 anos, que promete várias novidades para os próximos meses. Sendo esta a primeira edição de 2024, aproveitamos para desejar a todos um ano de bons negócios. Cá estaremos para ir divulgando as principais inovações e tendências em equipamentos, materiais, software e processos cruciais para as empresas do setor! As tecnologias digitais, criadoras de valor na indústria

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Igus oferece garantia recorde de quatro anos nos seus cabos elétricos Fuchs recebe pela segunda vez o prémio ‘DMG Mori Partner Award’ A Fuchs recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o ‘DMG MORI Partner Award’, um prestigiado prémio que reconhece a excelência da empresa como parceira no programa DMG Mori Qualified Products (DMQP). As duas empresas celebram este ano uma década de parceria bem-sucedida. O diretor-geral da Fuchs Portugal, Paul Cezanne, expressou a sua satisfação com o reconhecimento, enfatizando a qualidade das soluções de lubrificação e a excelente cooperação com a DMG Mori. Durante a cerimónia de entrega do prémio, a 25 de janeiro, em Pfronten, Alemanha, o CEO da DMG Mori AG, Alfred Geißler, agradeceu os dez anos de parceria de sucesso, destacando a contribuição valiosa dos lubrificantes de alta qualidade da Fuchs para o funcionamento confiável das máquinas. Stefan Fuchs, CEO da Fuchs SE, recebeu a distinção com grande satisfação, sublinhando o objetivo comum de “estabelecer padrões no setor das soluções de lubrificação para máquinas-ferramentas através de desenvolvimentos inovadores de produtos”. A parceria entre as duas empresas começou na China, em 2014 e expandiu-se para 41 países. Juntas, estão a desenvolver novas soluções e serviços de lubrificação para aplicações de máquinas- -ferramentas, que têm como objetivo impulsionar a digitalização dos processos de produção e a monitorização do estado das máquinas e sistemas. A Fuchs fornece lubrificantes de alta qualidade adaptados às necessidades da DMG Mori, garantindo uma cadeia de fornecimento segura e global. Além disso, como parceira DMQP certificada desde 2019, a Fuchs contribui com lubrificantes para refrigeração, tratamento de metais, desengordurantes e massas, destacando-se pela abordagem sustentável e holística na área de lubrificação. A igus eleva os padrões de confiança no setor de cabos elétricos ao estender a garantia da sua gama chainflex de 36 meses para quatro anos, um marco sem precedentes na indústria. Rainer Rössel, diretor da Unidade de Negócios de Cabos chainflex na igus, enfatiza a importância de pôr fim à incerteza sobre a durabilidade dos cabos elétricos. A garantia de quatro anos foi certificada pelo instituto americano Underwriters Laboratories (UL), destacando a expertise adquirida pela igus ao longo da última década. O período de garantia prolongado é resultado do maior laboratório de testes para sistemas de calhas articuladas em movimento da indústria. Especialistas testam os cabos chainflex em ensaios práticos com mais de dois mil milhões de ciclos por ano, fornecendo dados para a ferramenta de cálculo da duração de vida online da igus. Além de oferecer substituições gratuitas em caso de falha durante o período de garantia, a igus reforça o seu compromisso com a sustentabilidade. Produtos duradouros reduzem a necessidade de substituições, minimizando o impacto de CO2 na produção e transporte. Com mais de 1.350 tipos de cabos na gama chainflex, a igus continua a inovar e a dar resposta a diversas aplicações industriais, mantendo o foco na longevidade e na redução do impacto ambiental.

7 ATUALIDADE INEGI explora tecnologia de impressão 3D metálica O INEGI está a explorar a tecnologia SLM (Selective Laser Melting), uma forma avançada de impressão 3D metálica, para enriquecer os processos de fabrico. Utilizando pós metálicos fundidos por laser para criar geometrias complexas, a SLM destaca-se pela sua aplicabilidade na produção de protótipos, peças únicas e pequenas séries, sem a necessidade de moldes. O especialista em fabrico aditivo do INEGI, Omid Emadinia, salienta a intenção do instituto em expandir as aplicações desta tecnologia, abrindo portas para soluções que as tecnologias convencionais não conseguem alcançar. Com elevada precisão, controlo das propriedades mecânicas e construção leve, a SLM torna-se atrativa para setores como o aeroespacial, aeronáutico, automóvel e médico, beneficiando áreas como a produção de próteses e de dispositivos personalizados. A tecnologia oferece vantagens significativas, incluindo o uso eficiente de matéria-prima, já que a impressão é Near-Net-Shape e o pó metálico recolhido pode ser reutilizado. A prioridade do INEGI é explorar as capacidades únicas da SLM, compreendendo o seu potencial, áreas de aplicação, variáveis de materiais, parâmetros de processamento e propriedades dos componentes resultantes. Esta abordagem visa impulsionar a inovação e a eficiência nos setores industriais beneficiados por esta tecnologia avançada de fabrico. Expometal regressa em novembro A segunda edição da feira Expometal irá realizar-se entre 7 e 9 de novembro, na Exposalão, Batalha, em simultâneo com a 3D Additive Expo, a i4.0 Expo e a Subcontratação. A primeira edição do certame aconteceu em novembro de 2023 e contou com mais de 100 empresas expositoras, entre as quais fabricantes e distribuidores de máquinas, equipamentos, ferramentas, matérias-primas e tecnologia para a indústria metalomecânica. De acordo com a organização, visitaram a feira mais de 15 mil profissionais do setor. "A Expometal superou todas as expectativas. Foi um desafio alcançando com êxito e isso deve-se sobretudo à forte dinâmica das empresas. O setor da metalomecânica mostra-se motivado para responder ao crescimento do mercado de exportação, nomeadamente os mercados francês e alemão”, referiu José Frazão, promotor do evento. Este ano, a Exposalão promete voltar a reunir sob o mesmo teto uma ampla gama de maquinaria para processamento de chapa, soldadura, tratamentos de superfície, bem como ferramentas de precisão, maquinaria CNC de última geração, sistemas pneumáticos e hidráulicos eficientes, automatização e robótica inovadora, soluções de fabrico aditivo e subcontratação. Indústria 4.0 - os smart plastics aumentam a fiabilidade. Os componentes da igus® com sensores inteligentes determinam a duração de vida máxima e o tempo estimado até à próxima manutenção. Graças aos smart plastics, a disponibilidade do sistema aumenta e os custos de manutenção diminuem. igus.pt/smartplastics smart plastics Evite paragens não planeadas igus® Lda. Tel. 22 610 90 00 (chamada para a rede fixa nacional) info@igus.pt motion plastics®

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Schneider Electric e ArcelorMittal firmam parceria para reduzir impacto ambiental A ArcelorMittal vai fornecer à Schneider Electric um aço reciclado, produzido com energia renovável, para os seus armários e caixas elétricas. Produzido nas instalações da ArcelorMittal em Sestao (Espanha), o aço XCarb é fabricado utilizando uma proporção muito elevada de aço reciclado num forno de arco elétrico que funciona com eletricidade 100% renovável. O resultado são emissões de CO2 cerca de 70% inferiores às do mesmo produto fabricado com materiais e processos tradicionais. A Schneider Electric irá utilizar o aço XCarb da ArcelorMittal para fabricar os novos armários PanelSeT SFN, destinados a proteger grandes painéis elétricos para aplicações de automatização industrial, distribuição de energia e eletrónica. Uma vez que estes armários são construídos para resistir a ambientes operacionais adversos, o aço XCarb é também revestido com Magnelis, um revestimento metálico que oferece uma elevada proteção contra a corrosão. A parceria é o resultado de vários meses de trabalho conjunto e colaboração técnica entre o Steel Service Centre da ArcelorMittal Europa e a Schneider Electric para encontrar o tipo de aço e o revestimento certos para o projeto. No início deste ano, a Schneider Electric anunciou a abertura de uma nova oficina de perfilagem na sua fábrica de Sarel, na Alsácia, França, para preparar as caixas de aço para posterior montagem na fábrica da empresa em Capellades, perto de Barcelona, Espanha. Para esta unidade de produção, a Schneider Electric procurava um aço com baixas emissões de carbono e escolheu o XCarb, fornecido pela divisão da Europa Central da ArcelorMittal Steel Services, a partir do seu centro de distribuição em Reims, França. Emuge-Franken vence prémio Anca ‘Ferramenta do Ano 2023’ O fabricante alemão de ferramentas de corte Emuge-Franken ganhou o primeiro prémio na 6ª edição dos prémios Anca ‘Ferramenta do Ano’, decorrida durante a EMO Hannover 2023. O reconhecimento foi para a ferramenta multifuncional de metal duro infundida com material cerâmico. De acordo com o júri, a proposta vencedora tira o máximo partido da flexibilidade do software de criação de perfis iGrind, utilizando camadas e segmentos para mapear eficazmente as operações. Demonstrando uma precisão excecional nas medições do perfil 3D e do raio da aresta, a ferramenta corresponde às especificações pretendidas e destaca-se pelo elevado nível de exatidão. O segundo lugar na categoria ‘Ferramenta do Ano’ foi atribuído à ARCH Cutting Tools, com uma ferramenta de corte multifuncional com a precisão necessária. E o terceiro lugar do pódio foi para a TDM Cutting Tools, com uma ferramenta concebida para substituir vários processos e que resulta da combinação de software de perfilagem, segmentos e várias operações iGrind. Uma nota final para o JG Group, da Polónia, que ficou em primeiro lugar na categoria ‘Virtual Tooling’, pelo segundo ano consecutivo, com uma simulação de um Dachshund, mais vulgarmente conhecido como cão ‘salsicha’.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Moldes: AICEP publica estudo sobre mercado alemão A AICEP publicou um estudo sobre o mercado alemão de moldes, destacando a posição de liderança da Alemanha como terceiro maior importador mundial em 2022, com um total de 1.081 milhões de USD em importações. Os moldes para borracha ou plástico, especialmente os utilizados em injeção e outros tipos de moldagem, representaram a maior fatia, totalizando 843 milhões de USD. Smart Sorting da TCI Cutting automatiza descarga, classificação e paletização de peças com recurso a IA O sistema ‘Automation Systems Smart Sorting’ da TCI Cutting usa inteligência artificial para automatizar a descarga, classificação e paletização das peças cortadas, otimizando de forma abrangente os três processos e aumentando a sua eficiência cumulativa. O sistema desenvolvido pela TCI Cutting é capaz de calcular automaticamente a fórmula que otimiza a extração das peças da mesa de corte, cuja informação é recebida pelo robô Scara que executa o movimento de extração em tempo real. Graças à IA, este sistema aprende e melhora continuamente à medida que aumenta a quantidade de dados armazenados. Este desenvolvimento permite que o processo de remoção de peças da chapa seja executado em simultâneo com a paletização automatizada. Os dois robôs paletizadores extraem as peças da ponte e colocam-na em ambas as paletes. Estas são transportadas por robôs móveis autónomos (AMRs) para processos produtivos subsequentes com o objetivo de automatizar a logística interna da nave produtiva e melhorar os seus resultados. O sistema de automatização pode ser integrado na máquina de corte a laser Dynamicline Fiber, solução projetada para cortes planos (2D) de metais ferrosos e não ferrosos, com alta autonomia graças às suas funções inteligentes. Esta máquina foi desenvolvida especialmente para clientes com grandes volumes de produção em séries repetitivas, que procuram máxima produtividade e fiabilidade. A integração do Smart Sorting também é possível na máquina de corte a laser Smartline Fiber para fluxos de corte 2D altamente variáveis e na máquina de corte a laser 2D com opção de corte inclinado, Speedline Fiber, especialmente projetada para peças de grande volume. A integração deste sistema numa ilha de produção formada por uma máquina de corte com automatização de carga e descarga e armazenamento simultâneos, culmina com a total autonomia da célula de produção, Automation Systems Smart Cell, juntamente com quinagem e soldadura. A capacidade de produzir 24 horas por dia, sete dias por semana, multiplica os benefícios da fábrica e digitaliza o seu processo produtivo num ambiente de fábrica inteligente (Smart Factory). O setor de moldes na Alemanha está estreitamente ligado à indústria automóvel, concentrando-se nas regiões da Baviera e BadenWüttemberg, que se destacam como áreas geográficas com elevada produção e consumo de moldes. A transição para a mobilidade elétrica surge como um fator determinante, apresentando tanto oportunidades como desafios para a indústria de moldes. O estudo da AICEP visa fornecer uma visão atualizada do mercado alemão de moldes, identificando as principais indústrias clientes e abordando os temas cruciais que moldarão o futuro do setor nos próximos anos. Consulte o documento em: https://www.portugalexporta.pt/ sites/default/files/2024-02/ moldes-alemanha.pdf

10 TUBO Fabricantes de tubo prontos para responder à procura do mercado do hidrogénio O hidrogénio é visto pela classe política e pelos agentes económicos como uma solução para a descarbonização da indústria europeia. Mas, para tal, é necessário assegurar não só a produção e o armazenamento de H2, mas também o seu transporte desde o local de produção até ao ponto de utilização, o que implica avultados investimentos em condutas. A indústria do tubo tem, por isso, muito trabalho pela frente. A Europa planeia ser neutra em emissões de carbono até 2050. O hidrogénio será duplamente decisivo para alcançar este objetivo. Por um lado, como meio de armazenamento, pode servir para compensar as flutuações entre a produção e o consumo de energia que ocorrem quando são utilizadas energias renováveis. Por outro, a utilização do hidrogénio verde torna a indústria – incluindo a de produção de aço - neutra em carbono. Para tal, é necessária uma infraestrutura composta por condutas e tecnologias de produção. E há várias empresas europeias a afirmar estarem preparadas para fornecer os elementos necessários. FORNECEDORES GARANTEM ESPECIFICIDADES DOS TUBOS PARA H2 A Mannesmann, por exemplo, já produz tubagens de aço concebidas para o transporte e armazenamento de H2. Visualização em 3D da nova unidade de redução direta da Thyssenkrupp Steel. Este é um dos maiores projetos de descarbonização industrial do mundo, que irá poupar mais de 3,5 Mt3 de CO2 por ano. Foto: Thyssenkrupp Steel Europe AG. Estes tubos têm características especiais. Por exemplo, a superfície interna é fabricada sem depósitos superficiais. Os pontos de ataque internos do hidrogénio são reduzidos ao mínimo através da redução do teor de fósforo e enxofre - em comparação com a Diretiva EIGA. “Um equivalente de carbono ainda mais baixo garante a excelente soldabilidade do nosso material de tubagem, bem como uma longa vida útil das condutas”, sublinha a Mannesmann.

11 TUBO Juntamente com parceiros distribuidores de aço, a Benteler Steel/ Tube fornece a família de produtos Benteler Hyresist, que inclui tubos sem soldadura laminados a quente, que cumprem os requisitos da Associação Europeia de Gás Industrial (EIGA) para tubos de redes de distribuição. Os critérios são: análise do aço compatível com o hidrogénio, resistência à pressão e estrutura homogénea. Com um diâmetro exterior de 21,3 a 141,3 mm, a gama de dimensões da solução de tubos Benteler corresponde às especificações atuais para tubos de hidrogénio. “Além disso, os valores mecânicos otimizados e a elevada pureza dos materiais de aço utilizados evitam a fragilização pelo hidrogénio”, garante a empresa. A Butting também está preparada para o mercado de H2. De acordo com a empresa, as linhas de transferência isoladas a vácuo podem poupar tempo e recursos em comparação com as condutas convencionais isoladas com espuma. A transferência rentável de gás natural liquefeito e hidrogénio líquido (LH2) requer sistemas de tubagens muito maiores do que outros líquidos criogénicos. Podem ser selecionados diâmetros de tubagem mais pequenos, reduzindo assim os custos de material. Para além das linhas standard, a experiência da empresa inclui sistemas de transferência para reboques (hélio e hidrogénio), sistemas de hidrogénio para a indústria automóvel e sistemas de reabastecimento para a indústria aeroespacial (hidrogénio e oxigénio). GRANDES PROJETOS DE HIDROGÉNIO É importante atuar com visão de futuro. Em Wolfsburg, por exemplo, duas centrais a gás de última geração vão assegurar o fornecimento de energia à fábrica da VW e à cidade de Wolfsburg. “Os tubos Mannesmann H2ready da Mannesmann Line Pipe utilizados na construção da linha de abastecimento estão preparados para, no futuro, poderem funcionar com hidrogénio”, explica Mannesmann. Os quase 1.900 tubos têm comprimentos individuais de até 18 metros na qualidade L360NE e, na sua maioria, um diâmetro de 406,4 mm. O trajeto é paralelo a uma linha existente e foi colocado ao longo de nove quilómetros sem abertura de valas e, portanto, de forma particularmente suave. Para o efeito, os tubos foram revestidos com PRFV (plástico reforçado com fibra de vidro). Para a ligação do terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) de Brunsbüttel a Hetlingen, a Mannesmann Grossrohr GmbH (MGR), uma subsidiária da Salzgitter AG, forneceu tubos de diâmetro DN 800 para um comprimento total de cerca de 54 quilómetros, por conta da Gasunie Deutschland. Os cerca de 3.200 tubos foram concebidos “para que, no futuro, o hidrogénio também possa ser transportado através da linha”, explica a MGR. A sua entrada em funcionamento está prevista para o final de 2023. Um projeto de construção que atualmente chama a atenção é a ligação do terminal de GNL de Wilhelmshaven com tubos de aço prontos para H2 da Mannesmann Line Pipe, por conta do operador da rede de energia Ewe Netz. Com cerca de 16.000 toneladas de tubos prontos para H2, a Mannesmann está a contribuir para a expansão da infraestrutura de GNL no noroeste da Alemanha. No total, a empresa está a fornecer cerca de 4.100 tubos na gama de tamanhos DN 600 em comprimentos de 18 a 12 metros. A linha será colocada em funcionamento até ao final de 2023. O hidrogénio está cada vez mais no centro das atenções: Gilles Le Van, vicepresidente para as Grandes Indústrias e Transição Energética da Air Liquide Central Europe, Mona Neubaur, Ministra dos Assuntos Económicos da Renânia do Norte-Vestefália, e Bernhard Osburg, CEO da Thyssenkrupp Steel, inauguram o primeiro gasoduto de hidrogénio para abastecer a fábrica de Duisburg. Foto: thyssenkrupp Steel Europe AG.

12 TUBO PRODUÇÃO DE AÇO AMIGA DO AMBIENTE Na produção de tubos para transporte de hidrogénio são necessários aços otimizados para H2, que a Thyssenkrupp também fornece. Para além dos tipos de aço de baixa liga X42 e X52, adequados para o transporte de hidrogénio gasoso e misturas de hidrogénio, o grupo otimizou conceitos de materiais para a gama de resistência até X70. “Estes aços são otimizados em relação aos requisitos padrão esperados de tubos de soldadura longitudinal e espiral para o transporte de hidrogénio, em particular para os teores limitados de carbono, fósforo e enxofre”, explica a Thyssenkrupp. Com a ajuda do hidrogénio, no futuro, a própria produção de aço deverá também ser neutra em carbono. A Thyssenkrupp Steel já começou este caminho e encomendou à SMS a conceção, o fornecimento e a construção de uma unidade de redução direta alimentada a hidrogénio, duas fundições e as respetivas unidades auxiliares nas instalações de Duisburg. Este é um dos maiores projetos de descarbonização industrial do mundo, com um volume de encomendas de mais de 1,8 mil milhões de euros só para a SMS, e com entrada em funcionamento prevista para o final de 2026. CONSTRUIR UMA INFRAESTRUTURA H2 Com o projeto SALCOS (Salzgitter Low CO2 Steelmaking), a Salzgitter, juntamente com parceiros do mundo empresarial e da investigação, está a tentar lançar as bases para uma produção de aço quase isenta de CO2. Os elementos centrais do programa são a eletricidade proveniente de fontes renováveis e a sua utilização na produção de hidrogénio por eletrólise. “Este hidrogénio verde substituirá o carvão que utilizamos atualmente no processo convencional de alto-forno”, explica o grupo. Isto é possível graças às chamadas fábricas de redução direta, nas quais o minério de ferro é reduzido a ferro sólido diretamente pelo hidrogénio. Com esta tecnologia, é emitido vapor de água em vez de CO2. MAS AINDA HÁ MUITO A FAZER Por exemplo, a Alemanha não está suficientemente preparada para o arranque da economia do hidrogénio. É o que mostra o balanço H2, uma análise do grupo energético E.ON Com mais de 20 empresas na Europa, a alemã VNG AG está a investigar a forma de produzir, transportar, armazenar e comercializar hidrogénio neutro para o clima à escala industrial. A imagem mostra um gasoduto de gás natural. Foto: VNG AG. A Thyssenkrupp Steel está a investir na descarbonização da sua produção de aço baseada em dados do Instituto de Economia da Energia da Universidade de Colónia. “Olhando para 2030, verifica-se que nem a capacidade interna de produção de hidrogénio verde é suficiente, nem as necessidades de importação da Alemanha podem ser satisfeitas”. Além disso, continua a haver falta de infraestruturas. Agora também é necessário o setor dos oleodutos, que está pronto para ser implementado. n

ENTREVISTA 14 “Portugal tem de criar condições para atrair trabalhadores qualificados, o futuro da indústria metalomecânica depende disso” Com mais de seis décadas de história, o fabricante de máquinas de curvar tubo AMOB mantém o caráter familiar e conhece agora uma terceira geração de liderança. A InterMetal conversou com Manuel António Barros, neto do fundador, que aponta a flexibilidade da gestão familiar e a versatilidade dos equipamentos que fabrica como fatores decisivos para o sucesso da AMOB. Crente na capacidade técnica do setor, que segundo diz, é superior à de “99% dos países que têm indústria metalomecânica”, deixa um alerta: sem pessoas não há indústria e Portugal tem de acelerar o passo se quiser reter e atrair trabalhadores qualificados, tão necessários na metalomecânica. Luísa Santos MANUEL ANTÓNIO BARROS, DIRETOR DE OPERAÇÕES NA AMOB

ENTREVISTA 15 O Manuel tem vindo a assumir um papel preponderante na AMOB. Está para breve a passagem de testemunho do seu pai para si? Esta passagem de testemunho, como diz, é um processo natural, que acabará por acontecer dentro de dois ou três anos. Eu sempre tive uma ligação muito grande à AMOB. Ao longo dos anos, passei muito tempo na empresa e fui, naturalmente, tendo noção do trabalho realizado em todas as áreas. Desde o início de 2019 que estou cá a tempo inteiro e acompanho o dia a dia de todos os departamentos, de forma transversal, do comercial à produção, passando pelo projeto. Estou, aliás, muito envolvido no desenvolvimento de novos produtos. Neste processo, os colaboradores da AMOB têm tido um papel fundamental, ao passarem-me os seus conhecimentos nas diversas áreas da empresa. Esta alteração reflete-se, de alguma forma, no funcionamento da empresa e na forma como se apresenta ao mercado? Eu diria que não há alterações no funcionamento da empresa, mas há na forma como ela se apresenta ao mundo, com uma comunicação mais consistente, clara e assertiva acerca da nossa atividade e do que temos para oferecer ao mercado. Desde que eu e a minha irmã começámos a assumir mais responsabilidades na AMOB temos tido a preocupação de tornar a marca mais conhecida e apetecível. Fizemos um rebranding de toda a imagem da empresa, incluindo o logotipo e website, e apostámos muito na comunicação externa. De facto, é notória a vossa aposta numa maior presença digital… Hoje, a presença digital é fundamental, principalmente porque nos permite chegar a clientes que estão geograficamente mais afastados. É, sem dúvida, onde estamos a apostar mais, com o objetivo de mostrar ao mundo quem é a AMOB e que soluções oferece. E a verdade é que já é uma aposta ganha. Mantém a intenção de transformar cada cliente num amigo, como dizia o seu avô, António Barros, fundador da empresa? Mantenho! Antes de mais porque os clientes são quem nos alimenta, dependemos deles para continuar de portas abertas. Mas também porque eles nos dão algo muito valioso: o feedback acerca do funcionamento das máquinas, de que precisamos para melhorar os nossos produtos. No fundo, se tivermos essa boa relação, os nossos clientes podem funcionar quase como mais um elemento do nosso departamento de I&D. Isto permite-nos melhorar o produto e permite ao cliente ter um produto melhor. É, sem dúvida, uma relação ‘win-win’, de mútuo benefício. Há quatro anos, a AMOB faturava 20 milhões de euros, a maioria nos mercados externos. Qual é o vosso volume de negócios atual e que percentagem corresponde a exportações? Se tivermos em conta apenas a AMOB Portugal, continuamos com um volume de negócios na casa dos 20 milhões de euros. Mas, nos últimos quatro anos, abrimos várias subsidiárias em diversos pontos do mundo, que faturam diretamente. Se considerássemos também a faturação destas, estaríamos neste momento nos 25 milhões de euros, com uma percentagem de exportações a rondar os 90%. Dessa percentagem, 70% corresponde a exportações intracomunitárias. Quais são os mercados com maior peso na vossa faturação? Felizmente, estamos implementados em mercados geograficamente muito diversificados. Não há nenhum mercado no mundo que represente mais do que 10% da nossa faturação. Na Europa, temos clientes em praticamente todos os países, desde Espanha, à Alemanha, Reino Unido, Itália, todos com valores muito equilibrados e muito próximos uns dos outros. E no que respeita aos setores? Felizmente, as máquinas de curvar tubo aplicam-se a todo o tipo de setores (de A a Z, como diz o meu pai). Tanto vendemos máquinas a quem faz mobiliário metálico como a quem faz navios de 300 metros de comprimento. Temos máquinas que curvam tubos de 10 milímetros de diâmetro e máquinas que curvam tubos do tamanho das máquinas que curvam os tubos de 10 milímetros. Portanto, também neste aspeto, não temos um setor cliente dominante, que represente mais de 15-20% da nossa faturação. "Graças à gestão familiar da empresa, conseguimos ter a flexibilidade necessária para que a tomada de decisão de lançamento de novos modelos possa acontecer de forma célere e sem burocracias", assegura Manuel António Barros, membro da terceira geração da família fundadora da AMOB

ENTREVISTA 16 Temos visto alguns concorrentes internacionais muito dependentes do setor automóvel que agora, com a transição para os veículos elétricos, sem tubagens de escape, estão a ter muitas dificuldades em entrar noutros setores porque os seus equipamentos foram desenvolvidos para aquela área específica. A AMOB, como nunca teve um setor dominante, foi naturalmente desenvolvendo equipamentos muito flexíveis. Exatamente por isso, se eu tivesse de destacar um setor cliente, diria que é o dos prestadores de serviços. Estas empresas, que têm clientes em várias áreas, precisam de um equipamento versátil, que tanto se adapta a curvar escapes, como tubos estruturais para máquinas de ginásio, mobiliário, entre uma grande quantidade de outras aplicações. Mas o automóvel continua a ser indicado como um mercado em crescimento, no que respeita ao consumo de tubo… Sim, nos veículos elétricos continua a haver muitos tubos curvados, mas na maioria estamos a falar de aplicações diferentes. Claro que ainda existem aplicações de tubo curvado em sistemas para transporte hidráulico para travões, alguns chassis continuam a ser feitos com tubos e perfis curvados, mas uma das principais aplicações, para sistemas de escape - compostos por peças com múltiplas curvas, algumas delas bastante complexas -, irá desaparecer com a eletrificação. Em compensação, há uma grande procura por tubos mais pequenos, usados nos sistemas de arrefecimento das baterias. De qualquer forma, nós acreditamos que o futuro não passará necessariamente pelos elétricos, mas sim por outras tecnologias como a do hidrogénio e do hidrogénio verde, que não precisam de baterias. Em qualquer dos casos, os fabricantes de máquinas têm de se adaptar a essa nova realidade. Em termos gerais, que balanço faz do ano transato? Foi um ano em que voltámos a bater recordes de faturação e de produtividade, o que nos deixa bastante satisfeitos. Acredito também que foi o último ano em que ainda sentimos algumas dificuldades decorrentes da pandemia. E para este ano, quais são as suas previsões? As nossas perspetivas para 2024 são boas. Como disse, este será o primeiro ano ‘limpo’, em que os efeitos da pandemia nos negócios já não se vão sentir. Estou satisfeito por termos virado essa página e por podermos encarar os próximos anos certamente com novos desafios, mas sem essa carga. É verdade que este ano está a arrancar de forma um pouco atípica, mas acho que é uma questão de tempo até as empresas voltarem a ganhar a confiança necessária. Ainda assim, no início de janeiro tínhamos já uma carteira de encomendas que nos permite satisfazer mais de As máquinas da AMOB adequamse à curvatura de tubos das mais variadas dimensões.

ENTREVISTA 17 metade do ano. Temos um funil de vendas muito completo e, portanto, temos a perspetiva de fechar o ano, a nível de possibilidade de produção, durante o segundo trimestre. Lançaram novos modelos em 2023? Estão previstos novos lançamentos este ano? Nós todos os anos lançamos novos modelos. E não estou a falar de adaptações de máquinas antigas, mas sim de equipamentos realmente novos. Achamos que é fundamental acompanharmos permanentemente a evolução das indústrias e dos setores para os quais trabalhamos, e isso implica o lançamento constante de novas soluções. Temos alguns concorrentes que têm mais resistência neste aspeto e são precisamente esses que estão a sentir algumas dificuldades, por exemplo, com esta transição no setor automóvel. Para lhe dar um exemplo, há quem insista em usar máquinas que foram desenhadas para tubos de escape em aplicações de ar condicionado, o que não faz grande sentido. Na AMOB, muito graças à gestão familiar da empresa, conseguimos ter a flexibilidade necessária para que a tomada de decisão de lançamento de novos modelos possa acontecer de forma célere e sem burocracias. Diria que a gestão familiar é um dos fatores que contribui para o sucesso da AMOB? Sem dúvida. Ainda que a AMOB tenha uma estrutura cada vez mais profissional, continua a ser uma empresa de gestão familiar, o que, na minha opinião, tem a grande vantagem de nos permitir tomar decisões mais facilmente, baseadas não necessariamente apenas em números, mas também no instinto, e isto acelera bastante o processo de desenvolvimento. Quando alguém nos traz uma ideia que se encaixa na nossa visão, somos os primeiros a querer testá-la e da forma mais rápida possível. De entre as tecnologias inovadoras que integram as vossas máquinas, quais gostaria de destacar? O meu principal destaque vai para os avanços que temos feito no software que controla as nossas máquinas. Como em todo o processo de fabrico, também no software somos completamente verticais, todo o software é desenvolvido Se tivermos pessoas competentes, capazes, motivadas e felizes, facilmente enfrentamos qualquer desafio internamente por um departamento que, neste momento, é 300% maior do que era há cinco anos, quando entrei na empresa a tempo inteiro. E o nosso objetivo é que continue a crescer. Graças a esta aposta, temos hoje um software mais rápido, mais intuitivo, mais capaz, e que oferece mais soluções aos nossos clientes. A eficiência energética dos equipamentos é uma preocupação da AMOB? Sem dúvida nenhuma. Estamos atentos às tendências mundiais e uma das palavras de ordem da atualidade é a eficiência, energética e não só. Na AMOB temos feito vários esforços nesse sentido. Por exemplo, o nosso software foi desenhado para tornar os nossos equipamentos energeticamente eficientes, permitindo que as máquinas permaneçam em modo de descanso quando não estão a ser utilizadas. Além disso, nas nossas máquinas os componentes chave como os motores e drives são cada vez mais eficientes. Que outras medidas integram a vossa política de sustentabilidade? Estamos a investir para que, em 2025, mais de metade da energia que gastamos seja proveniente de fontes renováveis e, para tal, vamos avançar brevemente com a instalação de uma grande rede de painéis fotovoltaicos. Além disso, na produção, temos a preocupação de ir substituindo equipamentos mais antigos e pouco eficientes por outros mais recentes, que nos tragam a mesma vantagem que estamos a oferecer aos nossos clientes. A AMOB recondiciona máquinas usadas? Sim, mas temos muito presente que, por vezes, é difícil recondicionar uma máquina muito antiga com tecnologia 100% atual. Nesses casos mais extremos, damos um forte incentivo ao nosso cliente para abater o equipamento antigo e adquirir uma máquina nova. Nestes casos, desmantelamos e reciclamos 80% a 90% dos componentes da máquina antiga - as nossas máquinas são quase inteiramente feitas de metal e um aspeto positivo de este material é que é 100% reciclável. No que se refere ao vosso processo de fabrico, investiram ou planeiam investir em ferramentas de digitalização ou automatização de processos? Sempre. Aliás, o meu sonho é, no futuro, conseguir ter parte da fábrica a trabalhar enquanto todos dormimos. E, simultaneamente, ter ferramentas digitais que nos permitam perceber se a fábrica está a trabalhar bem, se está a ser eficiente, quanto é que está a produzir. Neste sentido, temos vindo a investir bastante em ferramentas como o software que instalámos há pouco para controlar a produtividade de todos os nossos equipamentos, e também na automatização de processos, com soluções que per-

ENTREVISTA 18 mitem manter as máquinas a funcionar sem operador. Estes dois aspetos, da digitalização e da automatização, são fundamentais para que possamos continuar a crescer (e a ser competitivos) e estão, de facto, interligados: não nos vale de muito ter apenas os processos automatizados se não conseguirmos medi-los. São áreas em que vamos, certamente, continuar a apostar. No meio de toda a tecnologia disponível, o fator humano continua a ter um papel central na indústria, com muitas empresas a relatarem falta de mão de obra qualificada. Também é o vosso caso? Sim, as pessoas são o fator central de qualquer empresa, por muito automatizada e digitalizada que esta esteja. A tendência é de passarmos a deixar que sejam as máquinas a fazer os processos mais repetitivos, de forma a libertarmos as pessoas para tarefas mais interessantes, que exijam alguma cognição e que tenham maior valor acrescentado. A falta de pessoal é um problema que afeta bastante o nosso setor, pelo qual a AMOB também passa, e é uma das razões para termos investido tanto em automatização. Felizmente, esta falta tem estado a ser colmatada por alguma imigração muito qualificada que nos tem chegado, principalmente de países como o Brasil, a Índia e o Paquistão. Posso dizer-lhe que, neste momento, temos dez técnicos brasileiros a trabalhar na AMOB, todos eles muito bem preparados e a executarem tarefas diferenciadas. Se quisermos fazer crescer as nossas empresas, vamos ter de ser capazes de atrair esta mão de obra qualificada. Para tal, Portugal tem de se tornar atrativo, quer em termos fiscais quer nas condições de vida que dá às pessoas. Além deste, que outros desafios terá a indústria metalomecânica portuguesa de enfrentar nos próximos anos? Acho que a mão de obra é mesmo o principal desafio. Se tivermos pessoas competentes, capazes, motivadas e felizes, facilmente enfrentamos qualquer desafio. Agora, é preciso que as pessoas possam ser bem renumeradas e que não vejam metade do seu rendimento a ser absorvido por impostos. Era importante que elas pudessem levar mais dinheiro para casa e acho que vamos ter dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados se assim não for. Não nos podemos esquecer que concorremos com países onde os salários são muito superiores e que também têm a mesma falta de gente. Para terminar, como vê o futuro desta indústria? Vejo um futuro muito risonho… se conseguirmos reter o talento em Portugal. Acho que a indústria metalomecânica portuguesa é muito resiliente. Não tenho dúvidas de que somos tecnicamente melhores do que 99% dos países que têm indústria metalomecânica. Agora, precisamos dar às pessoas as condições necessárias para que possam ter vidas dignas. Temos de criar essas condições. Se o fizermos, temos todos os ingredientes necessários para crescer. n A AMOB tem vindo a investir na otimização do software de controlo das máquinas, que é hoje mais intuitivo e completo. A AMOB emprega atualmente 165 trabalhadores na sua fábrica em Louro, Vila Nova de Famalicão

A solução ideal para o processamento de pequenos lotes Aumente a sua produtividade com tempos de preparação reduzidos A HRB-ATC apresenta um sistema exclusivo AMADA “Automatic Tool Changer“ para o setor de médio porte e combina-o com ferramentas originais AFH (AMADA Fixed Height). Inclui, também, inversão automática do punção e a possibilidade de carregar manualmente quaisquer ferramentas compatíveis. O HRB-ATC reduz o tempo de preparação de ferramentas em cerca de 80% em comparação com uma quinadora convencional e oferece elevada precisão ao longo do avental graças ao novo dispositivo de compensação automático. Tel +351 308 809 511 Email: info@amada.pt www.amada.pt AMADA MAQUINARIA IBÉRICA

20 FEIRAS Mundo do arame e do tubo em destaque nas feiras wire&Tube 2024 Com mais de dois mil expositores de 65 países confirmados, as feiras wire e Tube, que se realizam em Düsseldorf, de 15 a 19 de abril de 2024, reafirmam-se mais uma vez como principais feiras internacionais para as indústrias fabricantes de arames, cabos e tubos - e seus fornecedores. “Será a maior edição da história destes certames”, assegurou Friedrich-Georg Kehrer, diretor de ambos os salões e do portefólio de feiras da Messe Düsseldorf, na conferência de imprensa realizada em Madrid, a 1 de fevereiro. A wire&Tube 2024 decorre em Düsseldorf, de 15 a 19 de abril.

21 FEIRAS Durante a apresentação oficial à imprensa especializada, Kehrer sublinhou o valor da própria instituição, concebida para acolher feiras industriais de alto nível e “localizada muito próximo do aeroporto, o que facilita as visitas, num ambiente industrial e económico que favorece os negócios". De facto, a Messe Düsseldorf desenhou um modelo de negócio de sucesso, que já exportou para Xangai, Hong Kong, Chicago, Nova Deli, Singapura, Tóquio, Cairo, México e agora também para a Turquia. A edição da wire&Tube 2024, em Düsseldorf, ocupa mais de 100 mil metros quadrados do recinto da feira. A wire conta com expositores de 52 países - com particular relevância para empresas que atuam nas indústrias automóvel, das telecomunicações, da construção e química, bem como do gás e do petróleo, enquanto a Tube 2024 acolhe expositores de 44 países, mais de 70% dos quais europeus. Em ambos os casos são esperados visitantes de todo o mundo, a maioria da Europa, mas também dos Estados Unidos, América Central e do Sul, Ásia e África. “O importante não é tanto a proveniência dos visitantes, mas a sua capacidade de decisão, e a nossa experiência é muito boa neste domínio”, afirmou Kehrer. MUITO MAIS DO QUE ARAME Na sua apresentação, Friedrich-Georg Kehrer deu especial ênfase à necessidade de sensibilizar para a importância dos arames, cabos e tubos na vida quotidiana: "são elementos secundários, muitas vezes invisíveis e não lhes é dado o valor que têm, mas estão no nosso dia a dia, em quase tudo o que usamos, e é isso que queremos mostrar”, afirmou. A wire 2024 ocupará mais 4% de superfície em relação à edição anterior - ultrapassando os 67.500 m2. Embora a feira não tenha mudado o seu foco de interesse - fios, cabos, tubos, etc. – nota-se que as empresas expositoras se estão a adaptar aos novos tempos e às tendências do mercado. “Hoje, há um interesse crescente em produzir soluções para veículos elétricos, em reduzir o peso dos materiais, nas novas tecnologias... o que os expositores fabricam hoje é diferente do que fabricavam há dez anos”, argumentou Kehrer. O responsável lembrou ainda que os temas da feira estão direcionados para todo o tipo de empresas: "os dois salões são muito interessantes para as PME. No wire, por exemplo, há muitas soluções para o dia a dia dos fabricantes de componentes para veículos elétricos, das empresas do setor da construção, entre outros”. Além dos temas habituais, como máquinas e equipamentos para o fabrico de fios, cabos e tubos, maquinagem, transformação e produtos acabados, a edição de 2024 dá especial ênfase ao aço inoxidável, hidrogénio, tubos de plástico, tecnologias de separação e corte e mobilidade elétrica. Por outro lado, temas como as tecnologias de fixação e união, o fabrico de molas e de fibra de vidro continuam a ter uma presença destacada. As principais indústrias neste domínio são a química, o petróleo e o gás, a indústria automóvel, a construção e todo o setor das telecomunicações. A wire&Tube 2024 tem novo horário: das 10h00 às 18h00 de segunda a quinta-feira e das 10h00 às 16h00 na sexta-feira Friedrich-Georg Kehrer, diretor da wire&Tube e do portefólio de feiras da Messe Düsseldorf, apresentou os dados mais relevantes da edição, convidando empresas e profissionais de Portugal e Espanha a visitá-las.

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