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www.intermetal.pt 2023/1 16 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Março 2023 - Nº 16 | www.intermetal.pt

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INDÚSTRIA DE BICICLETAS Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 16 – Março de 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. Entrevista com Gil Nadais, secretário geral da Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas (ABIMOTA) 18 A indústria portuguesa de bicicletas: um caso de sucesso 22 Bicicletas feitas à medida graças ao fabrico aditivo de peças metálicas 28 Eurobike 2022: triboplásticos melhoram a tecnologia, reduzem o peso e eliminam a manutenção das bicicletas 32 Arranca a frota com transmissão sem corrente da Schaeffler para bicicletas elétricas de carga 34 SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Península Ibérica terá uma das primeiras fábricas de aço verde da Europa 10 Soluções industriais para a conectividade e neutralidade climática 14 Soldadura a laser: da automática à manual 38 BrightLine Scan: Trumpf inova na soldadura a laser 40 Tecnologia LBC: o estado da arte no corte a laser 42 Cibersegurança na indústria transformadora: prevenir é melhor que remediar 44 As estratégias de dados são essenciais para o futuro da indústria transformadora 48 Sistemas HMI de realidade aumentada melhoram a gestão de unidades de produção 52 A PoC é apenas a ponta do iceberg 56 Os robôs e as tendências atuais da digitalização 60 Palbit desenvolve novas ferramentas para maquinação de ligas de aço, alumínio e compósitos 62 Tsugami S206E-II, o cabeçote móvel com ø20 mais versátil do mercado 64

4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Infaimon renova imagem corporativa Quase 30 anos depois, o especialista em sistemas de visão artificial abandona a imagem que acompanhou o crescimento da marca e adota as cores da Stemmer Imaging, grupo a que pertence desde 2019. "Ao longo de todo este tempo aprendemos, crescemos, tivemos momentos de muito sucesso e outros tantos menos bons", explica a empresa. “Hoje, decidimos reafirmar a decisão que tomámos em 2019 de nos juntarmos à Stemmer Imaging, ao alinharmo-nos visualmente com este grupo a que nos orgulhamos de pertencer”. “Mudámos a nossa paleta de cores, mas não os nossos valores, a proximidade ao mercado, a confiança na nossa equipa e o nosso desejo de continuar a evoluir com os nossos clientes", refere a empresa. Centimfe amplia capacidade tecnológica em fabrico aditivo O Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe) ampliou as suas instalações para acomodar novos equipamentos de fabrico aditivo. Com mais de 25 anos de experiência na produção de protótipos, peças poliméricas e metálicas, bem como pequenas séries, o Centimfe tem vindo a apostar nas novas tecnologias aditivas, de forma a ampliar a gama de serviços que oferece à indústria. Com o investimento em nova tecnologia, o centro passa a poder fabricar protótipos funcionais de elevado rigor, que permitem um processo de industrialização mais robusto e rápido, levando à diminuição do consumo energético e de matérias-primas. A gama de serviços inclui o acabamento final das peças e a entrega em casa do cliente. Hoffmann Iberia tem novo diretor-geral O Grupo Hoffmann nomeou Alejandro Mengual para assumir a direção geral da empresa em Espanha e Portugal. Alejandro Mengual é licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Northumbria University em Newcastle, Reino Unido, e tem umMBA em Negócios Internacionais pela Grenoble Business School em França. A nível profissional, desenvolveu a maior parte da sua carreira dentro do Grupo Hoffmann, ocupando posições de diferentes responsabilidades na área de vendas, tanto a nível nacional, como internacional. Depois de passar por várias empresas multinacionais dedicadas à ‘business intelligence’ e à indústria automóvel, Alejandro Mengual iniciou a sua carreira na multinacional alemã Hoffmann Group em março de 2008 como Key Account Manager para o mercado ibérico. Em 2015, passou a assumir responsabilidades internacionais, primeiro como diretor-geral para o México, e depois como gestor sénior de vendas para vários dos principais mercados europeus. O objetivo de Alejandro Mengual é “reforçar as diferentes áreas de negócio do Grupo Hoffmann em Espanha e Portugal”.

5 Planimolde desenvolve conjunto pedaleiro inovador A Planimolde utilizou a sua capacidade de I&D para desenvolver um conjunto pedaleiro com características inovadoras no mercado de acessórios para bicicletas. Fabricado em ligas de alumínio e titânio, o BestCrank tem um peso de até 500 g e é adequado para utilização tanto emmontanha, como em estrada. Está preparado para suportar até 50 mil ciclos (com 1800 N de carga) de acordo com a norma ISO 4210: 2014. Segundo Horácio Silva, do departamento de I&Ddaempresa, a ideiadedesenvolver e maquinar internamente um pedaleiro, aproveitando o conhecimento técnico e a tecnologia deponta instaladana Planimolde, “surgiu do desafio lançado por um colega, na altura proprietário de uma empresa de venda de bicicletas e acessórios de elevada qualidade vindos do exterior”. A empresa aceitou o repto e, para desenvolver o BestCrank, estudou diferentes materiais, geometrias, processos e metodologias que garantissem a máxima resistência e leveza. O resultado: um conjunto ultraleve para bicicletas de montanha e de estrada, facilmente adaptável e totalmente personalizável. O estudo de novas estratégias e métodos de fresagem, juntamente com a análise de diferentes materiais e a futura implementação de sistemas de paletização na produção para maximizar as taxas de ocupação e eficiência das máquinas foram igualmente forças motrizes por detrás deste projeto. De acordo com Horácio Silva, o BestCrank foi testado por ciclistas profissionais, que “ficaram muito agradados pelo peso do conjunto, resistência e elevado desempenho do mesmo”. EDITORIAL Durante décadas, o automóvel foi a principal força motriz de várias indústrias nacionais, nomeadamente, da metalomecânica. Apesar de continuar a ocupar um lugar de destaque, diversos fatores têm vindo a contribuir para umabrandamento destemercado, que passa agora por uma fase de adaptação às medidas regulatórias de combate às alterações climáticas e de independência dos combustíveis fósseis. Neste cenário, a atenção dos consumidores e do poder político vira-se para os meios de transporte alternativos, como as bicicletas elétricas de transporte individual ou de carga. No final de fevereiro, o Parlamento Europeu adotou a resolução histórica de duplicar o uso de bicicletas na Europa até 2030. Desta iniciativa deverão resultar medidas concretas de apoio à indústria, e de incentivo à mobilidade suave emmeios urbanos, o que é uma excelente notícia para Portugal, principal fabricante de bicicletas da Europa. Não faltem os materiais, e as empresas do cluster das duas rodas podem contar com bastante trabalho pela frente. Razão mais que suficiente para que os (poucos) que ainda não o fizeram invistam agora na modernização dos seus processos produtivos. Tecnologias como a soldadura ou o corte a laser, abordadas nesta edição da InterMetal, são umexemplo de soluções já utilizadas por alguns fabricantes nacionais para otimizar a produção e entregar um produto de qualidade. Por outro lado, iniciativas como o Centro de Interface Tecnológico, criado no âmbito da Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das 2 Rodas (AM2R), prometem ajudar as empresas neste caminho, por exemplo, através do desenvolvimento de novos materiais, como explica Gil Nadais, secretário geral da Abimota, na entrevista que concedeu à InterMetal e que reproduzimos na página 18. Nesta edição, abordamos também temas transversais, interligados, e cada vez mais relevantes para a indústria transformadora: a digitalização e a cibersegurança. A primeira é a base para a criação de uma fábrica inteligente e a segunda é essencial para mitigar os perigos da IIOT. Quer saber como proteger a sua empresa e o que fazer em caso de ataque? Leia a opinião dos especialistas na página 45. Sendo este o primeiro número da InterMetal de 2023, aproveitamos para desejar a todos os nossos leitores um ano feliz, commuitos e bons negócios! Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER EUIPO lança nova edição do Fundo de Apoio aos direitos de propriedade industrial das PME O Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) disponibiliza, a partir agora, a nova edição do Fundo de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) da União Europeia (UE), para que estas possam beneficiar dos seus Direitos de Propriedade Industrial (DPI). No total, esta iniciativa de apoio às PME recebeu, em 2022, mais de 22 mil candidaturas de todos os EstadosMembros da UE. Em Portugal, foram apresentadas cerca de 700 candidaturas. Trata-se de um regime de subvenções que permite às PME um reembolso parcial das despesas tidas com os pedidos de registo de marcas e design e serviços de pré-diagnóstico de Propriedade Industrial (PI) – IP Scan. Na prática, com a admissão da candidatura é feita a emissão de vouchers que podem ser posteriormente ativados para efetuar o reembolso parcial (%) das taxas relativas às modalidades selecionadas. Sorma apresenta novo catálogo Nikko Tools A empresa veneziana Sorma anunciou o lançamento de um novo catálogo da sua marca de soluções de fixação mecânica Nikko Tools, commais de 590 páginas e 6000 referências de produtos, alguns deles novos, e uma extensa secção de informação técnica. O novo catálogo apresenta todas as soluções Nikko Tools para torneamento, fresagem, ranhuramento e roscagem. Cada secção contém extensa informação técnica sobre os produtos e as suas aplicações para permitir ao leitor encontrar facilmente a melhor solução disponível. Entre os novos produtos, destaque para o novo sistema de fresagem de esquadria para materiais não ferrosos e alumínio Alurek, e o novo sistema DXP para furação profunda e grandes diâmetros, disponível nos tamanhos de D30 a D60 (até D80 a pedido) e em comprimentos de 3, 6, 8 e 10 vezes o diâmetro. Destaque ainda para a ampliação da gama de fresagem de alto avanço HF4Plus com pastilha SD25, para fresagem de grandes componentes e operações de maquinação exigentes, e para a expansão da gama de fresagemRoundPlus com a adição da família de pastilhas RC. Porto acolhe conferência internacional dedicada à automação flexível e fabrico inteligente A 32ª edição da Conferência Internacional FAIM (Flexible Automation and Intelligent Manufacturing) realiza-se de 18 a 22 de junho, no Instituto Politécnico do Porto, sob o mote ‘Estabelecendo pontes para sistemas de produção mais sustentáveis’. A FAIM2023 sucede a uma série de Conferências Internacionais de Automação Flexível e Fabrico Inteligente realizadas em 26 cidades de 14 países da Europa, América e Ásia. A conferência irá abordar temas de caráter tecnológico e de gestão, como: Automação e robótica; Processos de fabrico e otimização; Máquinas e desenho mecânico; CAD/CAM/CAE; Processamento e caracterização avançada de materiais; Técnicas de medição de vanguarda; Manutenção inovadora; Lean, Kaizen, Qualidade, e Produtividade; Sustentabilidade e ‘Green Manufacturing’; Fatores humanos no fabrico; Logística; Modelos matemáticos para a indústria e serviços; Inteligência Artificial no Fabrico; IoT e Cloud Computing no Fabrico e Serviços; Indústria 4.0/5.0. Mais detalhes e inscrições através do site oficial do evento - www.faimconference.org.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Sétima edição do 'UKP Workshop - Ultrafast Laser Technology' realiza-se em abril A cada dois anos, o UKP Workshop oferece aos seus visitantes uma antevisão do estado da arte na inovadora tecnologia de laser ultrarrápido. Este ano, o evento volta a realizar-se em Aachen, Alemanha, nos dias 26 e 27 de abril. Além de apresentar o estado atual das fontes de feixes de kW, o workshop centrar-se-á no desenvolvimento de processos e futuros mercados para o processamento de materiais por laser. Durante dois dias, investigadores e especialistas da indústria voltam a reunir-se presencialmente para partilhar ideias sobre o tema. O UKP Workshop reúne normalmente utilizadores de setores como o automóvel, de máquinas-ferramenta e de bens de consumo, atraídos pela alta precisão da tecnologia USP, que desce até à gama de sub-micrómetros, e pela sua baixa dependência das propriedades dos materiais. Além disso, novos métodos de paralelização tornam agora possível a produção contínua de peças com elevado rendimento, por exemplo, no processamento de materiais semicondutores ou na estruturação de elétrodos de bateria. Por poder ser utilizada para estruturar grandes superfícies, a radiação laser USP desempenhará um papel decisivo na aplicação do hidrogénio como fonte de energia. Material do ânodo de uma bateria de iões de lítio estruturado a laser. Foto: Fraunhofer ILT. Bollinghaus Steel e Olitrem vencemMetal Awards da ANEME As empresas Bollinghaus Steel e Olitrem foram as grandes vencedoras dos Metal Awards, uma iniciativa da Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas (ANEME), levada a cabo no âmbito do projeto Valor Metal 2, cujo objetivo era premiar a inovação e sustentabilidade das empresas do setor. A Bollinghaus Steel venceu na categoria 'Ambiente', com o projeto 'Descarbonização via eletrificação do forno de reaquecimento de biletes de aço inoxidável', que visa reduzir a dependência do gás natural, ao permitir desligar a fonte primária de energia em todos os períodos de pausa, tornando a atividade da empresa mais económica e assente na redução da sua pegada ecológica. Por seu lado, a Olitrem - Indústria de Refrigeração, SA. foi reconhecida na categoria 'Digitalização', pela implementação de um Sistema de Gestão de Produção, em que uma ferramenta de disponibilidade e paragens das linhas e máquinas permite analisar e acompanhar, de forma integrada, toda a produção fabril de forma mais rápida e eficaz, digitalizando assim todo o processo. A cerimónia de entrega dos galardões decorreu no dia 21 de dezembro, no Fórum Tecnológico de Lisboa, durante o Seminário de Encerramento do Projeto Valor Metal 2. Durante o evento, foram apresentados os resultados deste projeto e debatidos os principais desafios do setor, nomeadamente, a emergência da sustentabilidade, a desadequação entre as qualificações da mão de obra e as competências necessárias na indústria, bem como o roteiro para a descarbonização do setor, a necessidade de mudança rumo à economia circular e o estado da implementação da digitalização nas empresas nacionais.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Fabricante suíço de autocarros abre unidade industrial na zona do Porto A empresa suíça Hess, fabricante de autocarros, está a construir uma fábrica na zona do Porto para dar resposta à crescente procura de tróleis e autocarros elétricos. A tendência para a mobilidade elétrica atravessa toda a Europa e inclui o segmento do transporte público, com diversas cidades a definirem prazos apertados para a substituição total das frotas que ainda funcionam a combustíveis fósseis. A Hess é um dos principais fabricantes europeus deste tipo de veículos e, nos últimos meses, registou um forte aumento de encomendas. Para responder à elevada procura, a empresa iniciou em dezembro de 2022 a construção de uma nova unidade fabril na zona do Porto. Os veículos fabricados pela Hess requeremmenos energia e permitem o funcionamento elétrico de rotas que atualmente funcionam a gasóleo. Recarregados durante a viagem sob as linhas aéreas existentes, graças a um inovador sistema de gestão de energia, evitam períodos de imobilização. Böllhoff divulga novo 'Relatório de Sustentabilidade' A Böllhoff, especialista em tecnologia de fixação e sistemas de montagem, publicou recentemente um novo relatório que demonstra as ações do grupo em prol da sustentabilidade do planeta. O Grupo Böllhoff estabeleceu uma política de responsabilidade social e ambiental pensada nas gerações futuras. A última edição do ‘Relatório de Sustentabilidade’ do Grupo foi publicada para fornecer uma visão detalhada da mesma. “Concebemos uma estratégia ambiciosa com uma aspiração clara: as nossas ações não devem ter um impacto negativo sobre o ambiente ou sobre os seres humanos. Não queremos simplesmente cumprir com os requisitos legais, mas sim ultrapassá-los. A forma como vivemos e promovemos a sustentabilidade na Böllhoff baseia-se numa abordagem interdisciplinar, uma vez que a sustentabilidade engloba um amplo espectro de questões que afetam todo o Grupo. Cada um dos nossos departamentos assume a sua quota-parte de responsabilidade e contribui para o sucesso da estratégia comum ao tomar as suas próprias medidas”, refere fonte da empresa. Expometal: a nova feira da Exposalão para o setor da metalomecânica Realiza-se de 2 a 4 de novembro de 2023, na Batalha, a 1ª edição da ExpoMetal - Salão de máquinas, equipamentos, ferramentas, matériasprimas e tecnologia para metalomecânica. Em comunicado, a Exposalão esclarece que esta iniciativa pretende “reunir no mesmo espaço as empresas que fornecem e suportam o setor da metalomecânica e fazer da feira o palco de apresentação das propostas e soluções de máquinas, equipamentos, ferramentas, acessórios, matérias-primas e tecnologia”, tornando-a “a feira de referência do setor”. O certame decorre em simultâneo com as feiras 3D Additive Expo, I4.0 Expo e Subcontratação.

www.deibar.com Quando se trata de obter resultados otimizados, surge a Hermle no foco das soluções. Precisão a 5 eixos, robustez e fiabilidade, apoiadas por uma capacidade técnica fora de série. A MELHOR OPÇÃO PARA PRODUÇÕES DE MÁXIMA PRECISÃO! FRESAGEM A 5 EIXOS

10 SUSTENTABILIDADE Península Ibérica terá uma das primeiras fábricas de aço verde da Europa A Hydnum Steel anunciou que pretende construir uma unidade de produção de aço verde em Puertollano, Espanha. Será a primeira siderurgia ‘greenfield’ na Península Ibérica, e uma das primeiras na Europa, concebida de raiz para utilizar energia não fóssil ao longo de todo o processo de fabrico. Para o efeito, incorporará progressivamente hidrogénio verde no processo de produção, com o objetivo de reduzir substancialmente as emissões de CO2. A siderurgia de última geração estará tecnologicamente preparada para utilizar energias não fósseis no processo de produção.

Numa primeira fase, está previsto um investimento de 600milhões de euros e a criação de cerca de 400 postos de trabalho. O investimento total deverá ultrapassar 1 bilião de euros 11 SUSTENTABILIDADE A nova fábrica ocupará uma superfície de 1,3 milhões de metros quadrados. Numa primeira fase, está previsto um investimento de 600milhões de euros e a criação de cerca de 400 postos de trabalho. O investimento total deverá ultrapassar 1 bilião de euros. A escolha de Puertollano, na província espanhola de Castilla-La Mancha, teve em conta a localização estratégica do local, perto dos centros logísticos do centro, sul e leste de Espanha, bem como de Portugal. Além disso, foram considerados fatores como o investimento de Portugal e Espanha na produção de hidrogénio e de energias renováveis, como a solar e eólica. A SIDERURGIA DO FUTURO: SEM EMISSÕES, DIGITAL E SUSTENTÁVEL A indústria siderúrgica é responsável por aproximadamente 9% das emissões de dióxido de carbono nomundo e 7% na União Europeia. A fábrica da Hydnum Steel será construída com tecnologia de nova geração concebida para substituir a utilização de combustíveis fósseis por hidrogénio verde, contribuindo assim para a descarbonização do setor. O processo de produção da Hydnum Steel será altamente eficiente, automatizado e seguro graças à aplicação de novos desenvolvimentos tecnológicos em termos de digitalização, visão e inteligência artificial. Estará também emconformidade comos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) centrados no setor da siderurgia, contemplando medidas enquadradas na economia circular, que incluem a reciclagem de sucata, a minimização da água utilizada e a valorização dos resíduos e subprodutos gerados durante o fabrico. Com este investimento, a Hydnum Steel assume um compromisso de reindustrialização, geração de riqueza e criação de emprego. Para além do seu impacto local, nasce tambémcom a vocação de reforçar a autonomia do mercado europeu, mitigando o Maior precisão e flexibilidade de produção Novo bombeado automático com maior altura de abertura e curso A série HRB combina um novo design com as já bem conhecidas características da série HFE3i. Para aumentar ainda mais a produtividade, estas quinadoras são equipadas com o mais recente e inovador interface “multi-touch” AMNC 3i com modo “Lite”. Graças ao novo dispositivo de bombeado automático, peças de alta qualidade podem ser produzidas com maior precisão, mantendo baixos custos de energia e incrível estabilidade durante todo o processo. Disponível em dois tamanhos, 100 toneladas 3 metros e 220 toneladas 4 metros. AMADA MAQUINARIA IBÉRICA Tel +351 308 809 511 Email: info@amada.pt www.amada.pt

12 SUSTENTABILIDADE défice comercial de umproduto estratégico como o aço. A fábrica aspira a tornar-se ummodelo para a descarbonização da indústria e uma referência no roteiro para a autonomia energética na Europa. O projeto Hydnum Steel está a ser implementado através de uma estreita colaboração entre a holding Helvella, como empresa de investimento, e as empresas Siemens, ABEI Energy e Russula Corporación. Como parceiro tecnológico no projeto, a Siemens irá fornecer soluções de fábrica digital nas fases de conceção, fabrico e manutenção da fábrica. Estas soluções, baseadas no conceito Digital Twin, incluem software de desenho e simulação, sistemas de automação industrial, sistemas de controlo e monitorização, cibersegurança, sustentabilidade, inteligência artificial e manutenção preditiva. Um dos objetivos da Siemens neste projeto é ajudar a reduzir a pegada de carbono com tecnologia baseada num sistema energético descentralizado que facilita a integração de tecnologias renováveis e a descarbonização do processo industrial. Para este fim, a empresa irá fornecer aplicações digitais que gerem as emissões de forma rápida e flexível e poupam nos custos energéticos. Numa primeira fase, está previsto um investimento de 600 milhões de euros. A ABEI Energy é um produtor independente que gere integralmente projetos de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis em países como Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Polónia, e aporta experiência na produção de hidrogénio verde. Por seu lado, a Russula Corporación está envolvida na indústria do aço há várias décadas, fornecendo soluções tecnológicas inovadoras aos principais produtores de aço em todo o mundo. A dimensão do projeto exige a sua abertura a outros players, pelo que se espera que novos parceiros, tanto investidores como tecnológicos, se juntem em breve a esta aliança estratégica. n

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14 Soluções industriais para a conectividade e neutralidade climática A lista de desafios que a indústria enfrenta é longa: alterações climáticas, aumento dos preços da energia, perturbações nas cadeias de abastecimento e escassez de mão-de-obra qualificada. A solução para estes desafios reside na utilização da tecnologia adequada. Ao mesmo tempo, os governos precisam de acertar a sua política económica. A Hannover Messe 2023 abrange não só tecnologias para uma indústria conectada e neutra para o clima, mas também proporciona um fórum para uma discussão política global entre a indústria, o governo, a ciência e os representantes sociais. O certame decorre de 17 a 21 de abril, em Hanôver, Alemanha. “Produção neutra em carbono, inteligência artificial, tecnologias de hidrogénio, gestão de energia e Indústria 4.0 - estes são os principais temas da Hannover Messe 2023”, refere Jochen Köckler, presidente do Conselho de Administração do grupo de empresas Deutsche Messe. “Só a interação destas tecnologias permitirá salvaguardar de forma sustentável a nossa prosperidade e, ao mesmo tempo, impulsionar a proteção climática”, afirma. Na feira líder mundial da indústria, cerca de 4 mil empresas das indústrias mecânica, elétrica e digital, bem como do setor energético, apresentarão soluções para a produção e o fornecimento da energia do futuro. A Hannover Messe oferece aos visitantes uma abordagem holística para os seus processos produtivos, desde a digitalização e automatização de processos de produção complexos e a utilização de hidrogénio até às fábricas de energia e a utilização de software para registar e reduzir a pegada de carbono. Entre os expositores deste ano, encontramos empresas tecnológicas globais como a Amazon Web Services, Microsoft, Google, SAP, Siemens, Bosch, Nokia, ServiceNow e Schneider Electric, bem como líderes tecnológicos de média dimensão como a Beckhoff, Festo, Harting, ifm, Pepperl+Fuchs, Phoenix Contact, Rittal e SEW. Institutos de investigação de renome como o Fraunhofer ou o KIT (Karlsruhe Institute of Technology), bem como mais de 300 start-ups, prometem tecnologias de ponta e modelos empresariais completamente novos. A Hannover Messe será inaugurada pelo Chanceler alemão Olaf Scholz e pelo Presidente indonésio Joko Widodo. A Indonésia é o país parceiro deste ano na feira industrial. INDUSTRIE 4.0 & MANUFACTURING X São necessárias grandes quantidades de dados para explorar todo o potencial da Indústria 4.0 - dados aos quais todas as empresas envolvidas na cadeia de criação de valor devem ter acesso. Um novo ecossistema de dados interligados - Manufacturing X - é parte da solução. O Photo Bionic Cell, da Festo, é um exemplo de como a tecnologia pode ser usada no combate às alterações climáticas. O protótipo consegue gerar as condições ideais para a produção em massa de microalgas, capazes de capturar grandes quantidades de CO2 da atmosfera.

15 Esta visão de uma plataforma de dados soberana e segura está a ser impulsionada pelas associações industriais BDI, VDMA e ZVEI, entre outras. Os primeiros passos para a implementação do Manufacturing X serão apresentados na Hannover Messe em estreita cooperação com o Ministério Federal Alemão dos Assuntos Económicos e Ação Climática. “O objetivo é preservar a independência das empresas. Elas não devem perder o acesso à interface com o cliente, mas também precisam de explorar o potencial da economia da plataforma”, salienta Köckler. ChatGPT - BOM TAMBÉM PARA A INDÚSTRIA? A inteligência artificial (IA) desempenha um papel cada vez mais importante na indústria. Para além de otimizar os processos, esta tecnologia revela-se um forte aliado na simulação e desenvolvimento de produtos. O hardware industrial é um elemento chave do ecossistema de dados interligados Manufacturing X que está em desenvolvimento.

16 Por isso, é de esperar que a chamada IA generativa também venha a encontrar o seu caminho na indústria. Sistemas como o ChatGPT ou o DALL-E já dão um suporte importante na criação de textos, programação e desenhos. “No futuro, é bastante concebível que a IA seja capaz de desenhar uma máquina e nós só tenhamos de verificar os ajustes são necessários para o funcionamento real. Isto poupa tempo e oferece um potencial considerável tendo em conta a escassez prevalecente de trabalhadores qualificados”, assegura Köckler. Sobre o tema da IA, a Hannover Messe oferece uma gama abrangente de visitas, fóruns e apresentações de ferramentas de IA, São necessárias grandes quantidades de dados para explorar todo o potencial da Indústria 4.0 A indústria quer utilizar o hidrogénio verde para se libertar da dependência da energia fóssil e reduzir as emissões de carbono. bem como casos de utilização exibidos nos stands dos expositores. TORNAR VISÍVEIS OS FLUXOS DE ENERGIA E O CONSUMO A interação entre o software e as máquinas cria um considerável potencial de poupança de energia. As soluções inteligentes de monitorização energética dos expositores da Hannover Messe ajudam a identificar e otimizar o consumo de energia ao nível da máquina, reduzindo assim a pegada de carbono. “A maioria dos utilizadores industriais ainda mal conhecem as numerosas formas ocultas de consumo”, explica Köckler. Motores não regulados em bombas, ventiladores, compressores ou máquinas ainda fazem parte da vida quotidiana em muitas fábricas. Sem tecnologia de controlo inteligente e a interação da engenharia elétrica e das TI, as melhorias da eficiência energética dificilmente são exequíveis. De acordo com Köckler, “a indústria consome cerca de 45 por cento da eletricidade na Alemanha. As soluções apresentadas pelas empresas expositoras podem dar um contributo importante para um aumento significativo da eficiência energética no domínio da produção".

17 O HIDROGÉNIO COMO FONTE DE ENERGIA E ESPERANÇA NO FUTURO O hidrogénio verde é o grande assunto do momento. A indústria quer utilizá-lo para se libertar da dependência da energia fóssil e reduzir as emissões de carbono. O Gabinete Federal Alemão para Assuntos Económicos e Proteção Climática descreve o hidrogénio A comitiva portuguesa, durante a visita à Hannover Messe 2022. como um vetor energético essencial para o sucesso a longo prazo da transição energética e da proteção climática. Ainda assim, existem desafios. A produção de hidrogénio é um processo complexo e dispendioso. As questões de disponibilidade, transporte e armazenamento em grande escala ainda têm de ser resolvidas. A Hannover Messe é a principal feira mundial da indústria. Sob o tema ‘Transformação Industrial - Fazendo a Diferença’, o evento une os setores de exposição de Automação, Movimento & Acionamentos, Ecossistemas Digitais, Soluções Energéticas, Peças & Soluções de Engenharia, Futuro Centro, Ar Comprimido & Vácuo e Negócios & Mercados Globais. Os tópicos-chave incluem a produção neutra emCO2, gestão de energia, Indústria 4.0, inteligência artificial e aprendizagem de máquinas, e hidrogénio e células de combustível. O programa da exposição é complementado por uma série de conferências e fóruns. A edição deste ano terá lugar em Hanôver, Alemanha, de 17 a 21 de abril. “Mais de 500 empresas da Hannover Messe irão apresentar soluções para a utilização de hidrogénio na indústria”, diz Köckler. “Isto faz desta feira a maior e mais importante plataforma do mundo a cobrir temas relacionados com o hidrogénio”. PAÍS PARCEIRO: INDONÉSIA Depois de Portugal, em 2022, este ano o país parceiro da Hannover Messe é a Indonésia, a maior potência económica da região da ASEAN. Sob o lema ‘Making Indonesia 4.0’, o país assume a intenção de vir a ser uma das dez maiores economias domundo até 2030. Espera-se que as energias renováveis representem cerca de 51,6 por cento da produção total de eletricidade até lá. Na Hannover Messe, esta nação em ascensão apresenta-se como um parceiro fiável para empresas de todo o mundo. n

ENTREVISTA 18 “A indústria portuguesa de bicicletas está no topo da indústria europeia e mundial das duas rodas” Portugal ocupa, desde 2019, o primeiro lugar do pódio da indústria europeia de bicicletas. Em 2022, o setor das duas rodas ultrapassou mesmo a meta dos 800 milhões de euros de vendas ao exterior, commais de três milhões de unidades produzidas. Nesta conversa com o secretário geral da Abimota, percebemos que os resultados alcançados se devem à elevada qualidade das bicicletas nacionais. Gil Nadais garante, no entanto, que a intenção do setor é ir ainda mais longe, desenvolvendo novos materiais e processos de fabrico, no âmbito da Agenda Mobilizadora AM2R. Começo por lhe pedir que nos conte um pouco da história e atividade atual da Abimota. A Abimota nasceu em 1975, ligada aos industriais do setor das duas rodas. Mais tarde, nos anos 80, passou também a representar os setores das ferragens e do mobiliário metálico. Mas a Abimota é uma associação um pouco diferente das outras: para além dos serviços que presta aos associados – formação, apoio jurídico, entre outros -, tem também um laboratório de testes de conformidade e de desenvolvimento de produto, essencialmente dedicado às duas rodas. Trata-se, aliás, do único laboratório da Península Ibérica a fazer certificação de bicicletas. Além disso, realizamos anualmente um grande prémio de ciclismo, que este ano celebra a sua 43ª edição. No vosso laboratório, testam apenas componentes ou também as bicicletas já montadas? Antes de chegar ao mercado, uma bicicleta tem de passar por mais de 100 testes diferentes, que garantem a seguGil Nadais ocupa o cargo de secretário geral da Abimota deste 2018. GIL NADAIS, SECRETÁRIO GERAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS DE DUAS RODAS (ABIMOTA) Luísa Santos

ENTREVISTA 19 rança e qualidade do produto. Começamos por testar a bicicleta e, posteriormente, cada um dos componentes individuais, para termos a certeza que cumprem os requisitos impostos pelas normas europeias e mundiais. Atualmente, temos também a possibilidade de efetuar ensaios específicos para as bicicletas elétricas, como os testes elétricos, ou de compatibilidade eletromagnética, realizados com parceiros nacionais. De salientar que o nosso laboratório está também disponível para os setores das ferragens e do mobiliário metálico. Na verdade, testamos uma gama muito variada de produtos. Costumamos dizer aos nossos clientes: Traga-nos o problema que nós procuramos uma solução! Neste momento, é possível montar uma bicicleta apenas com componentes fabricados em Portugal? Se for uma bicicleta de pista, sim. Mas, para os outros segmentos, há componentes que ainda não são fabricados em Portugal, nem sequer na Europa, como é o caso das cassetes de mudanças ou dos travões hidráulicos. Todos os outros, sim, já se fabricam cá. Já fazemos, por exemplo, quadros em carbono… Exatamente. Hoje, podemos dizer que a indústria portuguesa de bicicletas está no topo da indústria europeia e mundial das duas rodas. Não estamos no mercado de entrada de gama, de preços mais baixos. Embora a maior empresa de montagem de bicicletas da Europa esteja em Portugal, estamos muito mais vocacionados para o mercado de gama média e alta. Daí a existência de fábricas como a que se referiu, a Carbon Team, que fabrica quadros em carbono, mas também temos quem faça selins, espigões, guiadores, cranks ou rodas em carbono. Além disso, produzimos componentes como as rodas pedaleiras maquinadas numa peça única ou com os eixos em titânio. Mas não só. Temos, por exemplo, a única fábrica da Europa a fabricar quadros em alumínio num processo robotizado, a Triangles; a maior fábrica mundial de cadeiras para transporte de bebés, a Polisport; o maior fabricante europeu de correntes para bicicletas, a SRAM; já para não falar na maior fábrica de rodas da Europa, a RODI, e da Miranda, que faz sobretudo cranks para bicicletas e que é uma das mais inovadoras empresas europeias deste setor.

ENTREVISTA 20 Portanto, temos um conjunto de empresas que se afirmam pela diferenciação e pelo fabrico de produtos de elevada qualidade. Quantos associados tema Abimota? De que tipologias? A Abimota temmais de 150 associado, 80 deles do setor das duas rodas, onde se incluem os fabricantes de todo o tipo de componentes e as empresas que montam bicicletas. Pela sua análise, que fatores contribuíram para que Portugal seja atualmente o maior produtor europeu de bicicletas? Alcançámos esta posição, essencialmente, graças à qualidade dos produtos que fazemos. É verdade que o projeto Portugal Bike Value teve um papel importante neste percurso, pois ajudou as empresas nacionais a afirmarem-se na Europa enquanto cluster empresarial, dando a conhecer as suas competências. Mas os resultados conseguidos só foram possíveis porque os produtos que estas empresas tinham para oferecer eram de elevada qualidade. Além disso, existe uma crescente consciencialização ambiental, principalmente no Norte e Centro da Europa, que leva as pessoas e as empresas a procurar meios de mobilidade suave, independentes dos combustíveis fósseis. Esse é, talvez, o principal fator que está a contribuir para o desenvolvimento do nosso setor. A tudo isto acresce o facto de os europeus procurarem cada vez mais produtos feitos na Europa. Felizmente, temos conseguido dar resposta a essa procura. Que percentagem da produção nacional de bicicletas se destina à exportação? Estimamos que, atualmente, mais de 95% das bicicletas e dos componentes montados em Portugal vão para os mercados externos. Quais são os principais países de destino? Mais de 90% das exportações destinam-se aos mercados europeus. Apesar de existir alguma oscilação entre os vários países, Alemanha, França e Holanda estão a cimentar-se como os principais destinos das bicicletas portuguesas. A eletrificação surge como uma das principais tendências do setor. Este é umdesafio para os fabricantes de componentes? Sim, é um desafio na medida em que têm de respeitar normas de segurança e obrigações legais que não existem nos componentes para bicicletas tradicionais. Mas, igualmente, o peso de uma bicicleta elétrica é superior ao de uma convencional e isso, naturalmente, obriga os fabricantes a estruturar os componentes de outra forma, o que implica adaptações no processo produtivo. De qualquer modo, a indústria portuguesa do setor das duas rodas tem plena consciência desta necessidade e está a dar a resposta adequada. O grande crescimento na produção para este segmento reflete isso mesmo. Que outras tendências identifica? Além das elétricas, existe um enorme aumento da procura de bicicletas de carga, as cargo-bikes, principalmente no centro da Europa. E muitas delas já estão a ser fabricadas em Portugal. No entanto, eu diria a grande tendência, subjacente a estes dados, é a já referida consciência ecológica por parte da população europeia, associada à tentativa de independência dos combustíveis fósseis. Felizmente, trata-se de uma tendência que tem sido acompanhada por políticas públicas para tornar as cidades mais sustentáveis, mais viradas para as pessoas, e que beneficiam os utilizadores de bicicletas. No caso concreto de Portugal, a generalização demedidas como o Projeto deMobilidade Empresarial poderia fazer aumentar a taxa de utilização de bicicletas? Esse projeto está previsto no orçamento de Estado, mas ainda não está regulamentado. No entanto, devo referir que Portugal foi o primeiro país da Europa a baixar o IVA das bicicletas, de 23 para 6%, o que deveria representar um grande benefício para os utilizadores. É de lamentar que esta baixa não tenha sido repercutida no preço final das bicicletas, que deveria de ter descido 17%, mas, regra geral, desceu muito menos que isso. Esperamos que, entretanto, o Fundo Ambiental disponibilize mais verbas para apoiar a compra de bicicletas e que as convencionais passem a ser apoiadas na mesma medida que as elétricas. Seria uma medida importante para se democratizar a utilização deste meio de transporte. A atual conjuntura e a consequente instabilidade das cadeias de abastecimento de componente e matérias-primas podem condicionar o desempenho do setor este ano? Sim, as cadeias de abastecimento do setor são bastante compridas e a atual instabilidade está a causar alguns constrangimentos no mercado com os quais, temos de dizê-lo, não sabemos muito bem como lidar. Que outros fatores podemcondicionar o crescimento? A falta de mão de obra qualificada é um problema? Sim, a falta de mão de obra é, de facto, um dos principais problemas. No entanto, o setor tem vindo a pagar venci-

ENTREVISTA 21 mentos um pouco acima da média e a recorrer a mão de obra imigrante, conseguindo assim colmatar essa falha. Em termos gerais, as empresas do setor (quer fabricantes de componentes, quer integradores) estão bem equipadas? Existe, por exemplo, investimento em corte laser, soldadura robotizada, soluções de digitalização? As empresas do setor das duas rodas, não todas, mas na sua grande maioria, estão bem equipadas e respondem aos mais elevados standards mundiais. Temos por exemplo, empresas que são únicas na soldadura de alumínio e só o conseguem fazer com perfeição porque têm tecnologias inovadoras como o corte laser ou o hydroforming. Neste âmbito, um elevado número de empresas do setor apostou numa Agenda Mobilizadora do PRR [Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das Duas Rodas (AM2R)] que prevê o investimento de mais de 210 milhões de euros na qualificação do setor, na aproximação aos centros de conhecimento e na melhoria dos produtos que são fabricados em Portugal. Eu diria que temos uma realidade interessante, mas estamos apostados em melhorá-la ainda mais. Tecnologias como o fabrico aditivo são cada vez mais usadas para produzir peças complexas, ou à medida, com significativas poupanças de tempo e de custos commatéria-prima. As empresas nacionais também estão a investir nesta área? Esse tipo de tecnologia é dispendioso e, por norma, apesar das bicicletas poderem atingir valores muito altos, o preço dos seus componentes é baixo e não justifica o investimento. No entanto, a nossa intenção é passar a disponibilizar essa e outras tecnologias no Centro de Interface Tecnológico que estamos a construir, no âmbito da AM2R. Dessa forma, a empresas poderão testar os equipamentos antes de decidirem comprá-los. Em que fase está o CIT? Já foi criado, já tempessoas a trabalhar e, portanto, estamos em plena fase de arranque, com todas as vicissitudes dos novos projetos. É uma iniciativa que está a gerar bastante atenção por parte do mercado e, por isso, acreditamos que nos vai permitir ajudar o setor a dar um salto qualitativo importante. Além do fabrico aditivo, que outras valências terá o Centro? Um dos nossos objetivos passa pelo desenvolvimento de novos materiais, não só internamente, mas também em conjunto com as Universidades e com outros Centros de Tecnologia. A bicicleta é um produto que pode ainda ser muito melhorado. Acreditamos que as nossas cidades vão exigir uma bicicleta diferente das que existem hoje, que ofereça uma experiência cada vez mais prazerosa ao utilizador. E isso só é conseguido através de materiais inovadores, como os biomateriais ou os polímeros. Mas a valência do BIKiNNOV, o organismo criado para gerir o CIT, irá muito mais além, estando próximo das empresas e procurando as melhores soluções para que o setor continue a crescer. Qual éoprazopara a conclusãodaAgendaMobilizadora AM2R? As agendas mobilizadoras têm de ter os projetos concluídos até 31 de dezembro de 2025 e estamos certos que, nesse momento, o setor das duas rodas português será (ainda) mais forte. n "O setor vive uma realidade interessante, mas estamos apostados emmelhorá-la ainda mais" Isentos demanutenção, robustos e leves Componentes em polímero de elevada performance As soluções dry-tech® são ideais para a indústria de bicicletas devido à isenção de lubrificação e manutenção. Casquilhos resistentes ao desgaste para os pedais e amortecedores, anéis-guia para os espigões do selim e garfos da suspensão, guias lineares de baixo peso para bicicletas de carga e muitas outras aplicações que pode ver no nosso website. igus® Lda. Tel. 22 610 90 00 (chamada para a rede fixa nacional) info@igus.pt motion plastics® Baixa manutenção Semmetais Sustentável Resistente Única PT-13xx-igus bike 85x125_CC (GS).indd 1 23.02.23 09:22

22 INDÚSTRIA DE BICICLETAS A indústria portuguesa de bicicletas: um caso de sucesso Impulsionado pela crescente procura de soluções de mobilidade sustentáveis, o setor português das duas rodas é atualmente um dos mais pujantes a nível internacional. Constituído por menos de uma centena de empresas, conseguiu, em 2022, alcançar um volume de vendas ao exterior superior a 800 milhões de euros e promete não ficar por aqui. Luísa Santos Parque de bicicletas elétricas urbanas, em Lisboa.

23 INDÚSTRIA DE BICICLETAS Portugal tem mais de um século de história no fabrico de bicicletas. As primeiras ‘Vilar’ foram construídas na íntegra, em 1922, pela portuense Vilarinho e Moura Lda., também conhecida por Fábrica Nacional de Bicicletas (FNB). Apoiado por uma forte indústria metalomecânica, o setor ganhou força depois da Segunda Guerra Mundial, com diversas empresas europeias a deslocalizar as suas unidades para Portugal, onde os custos de produção eram significativamente mais baixos. Mais tarde, o boom da industrialização dos países asiáticos levou muitas dessas empresas a abandonar o país. Apesar disso, o setor manteve a sua atividade e, em 2013, uma iniciativa da Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas (Abimota), o projeto Bike Value Portugal, ajudou os fabricantes nacionais de bicicletas e de componentes a posicionarem-se internacionalmente como um cluster de excelência, alavancado pela elevada qualidade dos seus produtos. Nos últimos anos, a crescente consciência ecológica dos europeus, aliada aos constrangimentos nas cadeias de abastecimento provocados pela pandemia, fez aumentar a procura de bicicletas feitas na Europa. E Portugal estava bem posicionado para dar resposta. Resultado: entre 2015 e 2022, o setor conseguiu aumentar as exportações de 280 para 800 milhões de euros. Hoje, o país orgulha-se de ter a primeira fábrica do mundo a produzir quadros de bicicleta em alumínio de forma robotizada, a Triangle’s, de Águeda; o maior produtor europeu de rodas, a Rodi, de Aveiro; o maior fabricante europeu de correntes para bicicletas, a Sramport, de Coimbra; uma das mais inovadoras empresas europeias do setor, especialista em cranks para bicicletas, a Miranda, de Águeda; a líder mundial no fabrico de cadeiras de transporte para bebés, a Polisport, da Carregosa; a maior fábrica de montagem de bicicletas da Europa, a RTE, de Vila Nova de Gaia; e a primeira fábrica europeia de quadros para bicicleta feitos em fibra de carbono, a Carbon Team, de Vouzela, com uma capacidade de produção instalada de 55 mil quadros por ano. Uma nota adicional para amais recente adição ao setor, a Bikap, criada em2022 para montar essencialmente bicicletas elétricas. A nova fábrica, instalada em Anadia, tem uma capacidade de produção inicial de 50 mil unidades por ano e é totalmente alimentada por energia solar. AM2R: A AGENDA MOBILIZADORA PARA IMPULSIONAR A INOVAÇÃO NAS DUAS RODAS No final de 2021, um consorcio composto por 34 empresas do setor, A Triangle’s é a primeira fábrica do mundo a produzir quadros de bicicleta em alumínio de forma robotizada. Em 2022, as exportações do setor aumentaram 37% em relação ao ano anterior

24 INDÚSTRIA DE BICICLETAS quatro instituições académicas (Universidades de Aveiro, Universidade de Coimbra, INEGI e PIEP) e uma associação (Abimota) viu aprovada a Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das 2 Rodas (AM2R), integrada no Plano de Recuperação e Resiliência. Liderada pela Polisport, a AM2R contempla 64 projetos, num investimento superior a 210 milhões de euros, cujo objetivo global é "diversificar a estrutura produtiva de produtos e serviços deste setor". Esta iniciativa deverá dar origem a novos modelos de bicicletas; novos materiais para o fabrico de componentes inovadores; processos de fabrico mais sustentáveis em consumo energético e pegada carbónica; maior eficiência da cadeia logística do setor através de introdução de tecA tecnologia de corte a laser oferece elevada precisão, essencial para a qualidade do produto final. nologias digitais e automação. Além disso, o consórcio pretende reforçar a criação de emprego qualificado, aumentar o peso das exportações do setor e diminuir a dependência de fornecedores externos. Para apoiar estes objetivos, foi criada a assocação Bike Value Innovation Center (Bikinnov), cuja principal competência será gerir o Centro de Interface Tecnológico, um espaço equipado com tecnologia de ponta para ajudar as empresas do setor nos seus processos de inovação. ELÉTRICAS: UMA GARANTIA DE TRABALHO PARA OS PRÓXIMOS ANOS De acordo com a consultora Precedence Research, em 2021, o mercado global das bicicletas elétricas foi avaliado em cerca de 16 mil milhões de euros e espera-se que atinja mais de 38 mil milhões de euros até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 9,6% entre 2021 e 2030. Na Europa este é, de resto, o segmento mais dinâmico. Segundo a Confederação da Indústria Europeia de Bicicletas (CONEBI), em 2021, dos 22 milhões de bicicletas vendidas na Europa, cinco milhões eram elétricas. Não falamos apenas de ‘e-bikes’, mas também das ‘cargo bikes’, bicicletas que incluem um elemento para transporte de carga. Para os puristas, uma bicicleta é uma bicicleta, não uma espécie de carro com duas rodas. Mas, existe um público tradicionalmente não utilizador de bicicletas, para o qual ummeio de transporte individual que lhes dê comodidade, sem pesar

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