BM13 - InterMETAL

www.intermetal.pt 2022/2 13 Preço:10 € | Periodicidade: Trimestral | Maio 2022 - Nº 13 | www.intermetal.pt

O seu trabalho: Gestão de empresas. O nosso trabalho: Gestão têxtil. mewa.pt

Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 13 – Maio de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento PacPrint Publicidad, S.R.L. Av. Niceto Alcalá Zamora, 81 E, Bajo B 28050 Madrid (España) Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Caminhos de transformação para uma indústria metalúrgica neutra para o clima 10 Tech Trends 2022: Automação vai revolucionar processos empresariais e permitir maior eficiência 14 Um olhar sobre a fábrica do futuro: combinação robótica, fabrico aditivo e inteligência artificial 16 Soluções Trumpf 4.0 asseguram produtividade na Friconde 22 Fabrico digital para a indústria aeroespacial 28 Desenvolvimento de um produto/serviço disruptivo e inovador, de manutenção preventiva e monitorização avançada 32 Novo serviço: Eplan Marketplace 36 A internet das coisas: uma alavanca na eficiência da indústria 4.0 38 Tendências que estão a revolucionar a impressão 3D 40 Nova parceria acelera a transferência de tecnologia EHLA para a indústria 42 Soluções de pós-processamento que cumprem os requisitos da produção em série 44 Fabrico híbrido: a chave para aumentar a competitividade 48 Processos de retificação cilíndrica, sem operador, para pequenas séries 53 Como escolher a máquina de curvar tubo certa para o seu negócio? 58 O custo da propriedade das máquinasferramenta 60 MONTRA TECNOLÓGICA Macho de rosca de alto desempenho para o setor de moldes e matrizes 62 Caixas de Serviço SEW 63 Automação: palavra-chave nas máquinas de curvar tubo eMOB 64 Vantagens das máquinas de soldar cantos na produção de neutros em inox para hotelaria 65

4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE O ‘Brilhante Mundo dos Metais’ regressa a Düsseldorf em junho de 2023 A contagem decrescente para as para as feiras GIFA, Metec, Thermprocess e Newcast já começou. Os quatro certames simultâneos irão decorrer em Düsseldorf, de 12 a 16 de junho de 2023, com um extenso programa de eventos paralelos dedicados às tecnologias de fundição, metalurgia e processos térmicos. Novas tecnologias, exigências crescentes em matéria de eficiência energética e o desejo de uma gestão cuidadosa dos recursos: as mudanças que ocorrem ao longo de toda a cadeia de valor do setor industrial não param por falta de tecnologias globais de fundição, metalurgia e processos térmicos. Como podem as empresas fabricar de uma forma sustentável e eficiente? Como podem conectar as suas fábricas, otimizar os processos de produção, mantendo ao mesmo tempo a sua responsabilidade social? Que mudanças tecnológicas fundamentais estão a acontecer nos vários ramos da indústria metalúrgica? Como é a indústriametalúrgica e metalomecânica pode continuar a atrair mão de obra qualificada em comparação com outros setores? Estas e outras questões serão discutidas por peritos do setor na feira GMTN 2023, que é também uma plataforma de comunicação internacional. Grupo Simoldes constrói fábrica para a indústria automóvel em Ólvega, Espanha O Grupo Simoldes vai implementar um projeto industrial na cidade espanhola de Ólvega. Domingos Pinto, CEO da Simoldes Plastics explicou à imprensa, no dia 21 de março, que o projeto se destina à indústria automóvel do país vizinho. A partir de Ólvega, a Simoldes irá fornecer fábricas em Martorell (Barcelona), Pamplona e Saragoça. O investimento, na ordem dos 45 milhões de euros, será realizado em duas fases e deverá criar entre 150 e 200 postos de trabalho. Automatica 2022: a inovação está de volta a Munique Com as restrições da pandemia a desaparecerem, aumenta a expetativa relativa à automatica 2022, a feira do setor da automação e robótica que se realiza em Munide de 21 a 24 de junho. Os visitantes vão poder usufruir do programa paralelo com fóruns dedicados à inovação. Transformação digital, Inteligência Artificial, Homem & Máquina, ou Produção Sustentável: a automatica 2022 é essencialmente sobre o futuro da produção industrial. Se estamos a mudar da produção automática para a produção autónoma, como podem os humanos projetar o processo? A fábrica inteligente trará um futuro inteligente? Vai poder encontrar estas e outras respostas para impulsionar os seus negócios na feira líder de automação inteligente e robótica, que volta a Munique de 21 a 24 de junho de 2022. Não existem dúvidas de que as soluções de automação desenvolvidas com IA estarão no centro das atenções nos próximos anos. A conferência internacional ‘munich_i high-tech summit’ decorre no dia 22 de junho, no âmbito da automatica 2022, e promete revelar o estado atual da investigação e das aplicações na robótica e inteligência artificial. Em seis pavilhões de exposição, com um total de 66.000 metros quadrados, a automatica 2022 conta com a indústria de A a Z - da ABB à ZBV Automation, mais precisamente - das áreas de robótica, visão de máquina, tecnologia de montagem e manuseio. A lista detalhada dos mais de 500 expositores e marcas internacionais presentes pode ser consultada no diretório online em exhibitors. automatica-munich.com. Portugal faz-se representar através da empresa Ingeniarius no stand B4.508 e da Mov.Ai Robotics no stand B4.503. O acesso à automatica está reservado a visitantes profissionais. A aquisição de bilhetes pode ser efetuada emautomatica-munich.com. Para mais informações contacte o representante da feira de Munique através do e-mail: info@mundifeiras.com.

5 EDITORIAL A ideia de uma fábrica totalmente automatizada, em que amatéria-prima entra por um lado e o produto final sai por outro, com pouca intervenção humana, assume gradualmente contornos mais definidos. A implementação de tecnologias como a IIoT e os softwares de produção que controlam todo o fluxo de trabalho facilita este processo. Nesta edição da InterMetal, muito dedicada ao tema da indústria 4.0, espreitamos a fábrica do futuro e contamos-lhe os passos dados nesse sentido pela empresa portuguesa Friconde. Leia a história na página 22. Esta é também uma tendência crescente nas empresas que trabalham para a indústria aeroespacial, onde as tolerâncias são baixas e a procura de soluções de digitalização tem vindo a aumentar. O artigo da página 28 descreve alguns dos passos que o setor tem vindo a dar neste campo, para cumprir as exigências de mercado e ambientais. O fabrico aditivo é uma das premissas da indústria 4.0. Mas não só, também é considerada de extrema importância para a descabonização, já que, por um lado, permite poupanças significativas de material e, por outro, oferece a possibilidade de aumentar a produção local e flexível, evitando assim custos de transporte e emissões de CO2. Neste número, damos atenção ao tema e incluímos uma secção inteiramente dedicada às tecnologias de retificação, polimento e tratamento de superfícies, relevante para a maioria das operações metalomecânicas, mas crucial para a impressão 3D em série. Esta fase do processo de fabrico [de qualquer peça metálica] é de tal forma importante que já deu origem a uma nova feira internacional: a GrindingHub 2022. Leia, na página 48, um resumo das principais tecnologias expostas em Estugarda, Alemanha, de 17 a 20 de maio. Finalmente, e por falar em feiras, cabe lembrar que esta revista vai ser distribuída na 360 Tech Industry, a feira internacional da indústria 4.0, robótica, automação e compósitos que a Exponor realiza já nos dias 26 e 27 deste mês. Passe pelo balcão de check-in, à entrada do pavilhão 5, e leve um exemplar gratuito. A InterMetal volta em setembro, commais informação para a melhoria de processos na indústria metalomecânica. Até lá, acompanhe as novidades do setor emwww.intermetal.pt. Boa leitura! Fábrica inteligente: uma realidade cada vez mais próxima Prémio design Red Dot para a Yaskawa Dois dos robôs Yaskawa foram premiados com o ‘Red Dot Award: Product Design 2022’ pelo seu design de qualidade superior: o Motoman GP4, robô de manipulação extremamente compacto, e o novo Motoman SG400 Scara. O grande destaque vai para o Motoman GP4 - a versão para cargas até 4kg –, revelado em 2021 para complementar o pertefólio da Yaskawa de robôs de 6 eixos, com velocidades de eixo até 1000 graus/s que, de acordo com a marca, “lhe garante uma superioridade em relação aos demais concorrentes devido à sua agilidade e extrema rapidez”. A elevada repetibilidade de aproximadamente 0,01mm torna-o indicado para diversas aplicações automatizadas que necessitem de uma precisão superior, como por exemplo movimentação flexível e alimentação de pequenas peças, montagem, carga e descarga de máquinas ou tarefas de inspeção urgentes. Para além disso, este robô é caracterizado pela sua base extremamente compacta que garante também uma ocupação otimizada do espaço de trabalho. Em 2022, concorreram ao Red Dot Award designers, agências de design e construtores de 60 países. A organização da competição destaca a “excecional criatividade” dos produtos vencedores. “É realmente impressionante e louvável ainda conseguirmos encontrar designs que nos conseguem surpreender com a sua forma e funcionalidade. É bastante claro que o design não pode ser restringido pelas condições adversas. Pelo contrário: surgem cada vez mais novas ideias e criações, e desenvolvem-se técnicas cada vez mais futuristas. O facto da qualidade desses produtos se igualar ao seu nível de inovação torna-os vencedores merecidos do Red Dot Award: Product Design 2022”, refere Peter Zec, fundador e CEO do Red Dot.

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER NASA desenvolve nova liga metálica capaz de resistir a condições de aviação extremas Os investigadores da NASA desenvolveram uma nova liga metálica através de um processo de impressão 3D que melhora significativamente a resistência e durabilidade dos componentes e peças utilizados na aviação e na exploração espacial, resultando nummelhor e mais duradouro desempenho. A GRX-810 é uma liga reforçada por dispersão de óxido (ODS) que pode suportar temperaturas de quase 1.100°C, é mais maleável e tem um período de vida 1.000 vezes superior ao das ligas de última geração existentes. Os investigadores recorreram à modelação por computador para determinar a composição da liga. Posteriormente, usaram a impressão 3D para dispersar uniformemente os óxidos à nanoescala por toda a liga, o que proporciona melhores propriedades a altas temperaturas e um desempenho duradouro. Este processo de fabrico é mais eficiente, económico e limpo do que os métodos convencionais. Este desenvolvimento tem implicações importantes no futuro da indústria aeroespacial. Por exemplo, quando utilizada num motor a jato, a temperatura mais elevada da liga e a sua maior durabilidade traduzem-se nummenor consumo de combustível e em menores custos de operação e manutenção. A 1.100°C, a GRX-810 mostra melhorias de desempenho notáveis em relação às ligas de última geração, incluindo o dobro da resistência à fratura; três vezes e meia a flexibilidade para esticar/enrolar antes da fratura; e mais de 1.000 vezes a durabilidade sob tensão a altas temperaturas. M&M Engenharia Industrial com o Eplan na 360 TechIndustry A M&M Engenharia Industrial marca presença na feira 360 TechIndustry, que decorre na Exponor de 26 a 27 de maio. No stand da empresa (5C22) será possível testar a próxima versão Eplan 2023 e conhecer o novo Eplan Marketplace, que fornece aos utilizadores de todo o mundo um rápido acesso a prestadores de serviços nas áreas abrangidas pela Eplan. A atual versão Eplan 2022, que oferece uma base técnica moderna e uma experiência completamente diferenciadora, também estará em destaque. “Está nas suas mãos moldar a engenharia do amanhã e a Eplan oferece as ferramentas certas para facilitar o trabalho diário em engenharia, bem como soluções integradas para o futuro digitalizado do ecossistema industrial. A Plataforma Eplan 2022 prenuncia o futuro da engenharia eletrotécnica, com ênfase na facilidade de utilização tanto para utilizadores experientes como para estreantes no software”, salienta Susana Fraga, responsável de Marketing da M&M Engenharia Industrial. Durante o envento, será ainda possível conhecer a integração com as soluções de nuvem no Eplan ePulse e todas as informações relativas às novas licenças Eplan que são, desde agosto, disponibilizadas exclusivamente como modelo de subscrição. Esta câmara de combustão de ummotor de turbina (misturador combustível-ar) foi impressa em 3D na NASA Glenn e é um exemplo de um componente difícil que pode beneficiar da aplicação da nova liga GRX-810. Foto: NASA.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Relatório Wohlers 2022 revela um forte crescimento no setor do fabrico aditivo O Relatório Wohlers 2022, publicado pela Wohlers Associates, identifica o setor do fabrico aditivo como um dos que regista maior crescimento no mundo industrial. Este é o 27º ano consecutivo de publicação do relatório anual mais popular da indústria. Os resultados do Relatório Wohlers 2022 mostram que a indústria do fabrico aditivo cresceu 19,5% em 2021. Este crescimento é superior ao registado em 2020 (7,5%), fortemente afetado pela pandemia. “Como esperado, a indústria regressou a um período de avanço e investimento”, explica Terry Wohlers, chefe dos serviços de consultoria e inteligência de mercado da Wohlers Associates, powered by ASTM International. “Esta expansão afeta a indústria aeroespacial, médica, automóvel, produtos de consumo, energia e outros setores”. O Relatório Wohlers 2022 aborda a expansão da AM na produção; desenvolvimento e sustentabilidade da mão-de- -obra; mulheres na impressão 3D; programas inovadores de I&D; inclui relatórios de peritos da indústria de 34 países; e discute o futuro do fabrico aditivo. Mapal edita novos catálogos A Mapal, comercializada em Portugal pela Álamo Ferramentas, publicou novos catálogos de sistemas de furação, fresagem e fixação. As diversas gamas da marca foram amplamente revistas e adaptadas às necessidades dos clientes. Para além dos produtos pré-existentes, os catálogos incluem várias inovações. Num total de 1.500 páginas, os clientes da Mapal encontrarão mais de 13.000 produtos a partir dos quais podem selecionar a ferramenta perfeita para mandrilagem, furação ou fresagem, bem como o dispositivo de fixação correto para praticamente todas as tarefas de maquinação. Ao otimizar a gama de produtos existente, a Mapal garante uma elevada disponibilidade de stock, oferecendo prazos de entrega rápidos sem comprometer a qualidade. Cerca de 80% dos artigos listados nos catálogos estão disponíveis a partir da fábrica da empresa na Alemanha. Por razões de sustentabilidade, os novos catálogos estão atualmente disponíveis apenas em formato PDF e não em papel. MakerBot lança novo guia de materiais de impressão 3D 2022 A MakerBot lançou um guia dos principais materiais de impressão 3D, tanto polímeros comometais, disponíveis nomercado em 2022. Destaques do guia: • Introdução aos materiais de impressão 3D • Materiais de impressão 3D: do conceito à produção • Materiais de modelo: desde polímeros a compósitos e metais • Materiais de apoio: permitindo as geometrias mais complexas • 5 aspetos que permitem à plataforma MakerBot Method imprimir materiais da melhor forma. Os interessados podemfazer o download do guia no site da empresa, em www.makerbot.com.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER United Grinding apresenta sistema C.O.R.E. na GrindingHub 2022 O Grupo United Grinding apresenta a sua revolucionária inovação C.O.R.E. (Customer-Oriented REvolution) pela primeira vez numa feira alemã, de 17 a 20 de maio de 2022, em Estugarda. Com a apresentação inicial do C.O.R.E. na EMO 2021, em Milão, o Grupo United Grinding lançou uma revolução no desenvolvimento de máquinas-ferramenta. A moderna arquitetura de hardware e software que está no coração da C.O.R.E. oferece um novo conceito visionário de interação com a máquina e já foi recentemente galardoada com uma menção especial pela sua extraordinária experiência de utilizador e cliente nos UX Design Awards 2022. “No entanto, o C.O.R.E. representa muito mais do que um funcionamento revolucionário. Também abre novas possibilidades para a conexão em rede, o controlo e a supervisão do processo de produção e, como tal, para a otimização dos processos. Para além disso, introduz as bases para o funcionamento das modernas aplicações da IoT e do futuro digital”, explica a empresa. O C.O.R.E. é apenas uma das muitas tecnologias que podem ser vistas de perto na GrindingHub 2022. O grupo também apresenta novos produtos das suas diferentes marcas, como a Mägerle, Blohm, Jung, Studer, Schaudt, Mikrosa Walter, Ewag e IRPD. Entre elas encontra-se a Walter Helitronic G 200, a última incorporação na gama de retificadoras de ferramentas, que apresenta conceitos de máquina inovadores numa superfície de montagem inferior a 2,3 m2. Outras marcas, como a Studer, do grupo tecnológico de retificadoras cilíndricas, também apresentam estreias mundiais. Empresas de 23 países participam na BIEMH 2022 A 31ª edição da feira internacional de máquinas-ferramenta BIEMH realiza-se de 13 a 17 de junho de 2022, no Bilbao Exhibition Centre, em Bilbao, Espanha. A poucas semanas do início do certame, a organização revela que o espaço de exposição está praticamente ocupado. A BIEMH 2022 conta com mais de 900 expositores de 23 países, entre eles a Alemanha, Áustria, Bélgica, China, Dinamarca, França, Índia, Itália, Holanda, Portugal, Suíça, Taiwan e Turquia. Por setores, o certame conta com empresas fornecedoras de componentes e acessórios (28%), máquinas de extração de material (22%), ferramentas (15%), máquinas de deformação de material (14%), metrologia e CAD-CAM (10%), e automação e robótica (9%), entre outras. Até à data, o diretório da feira inclui mais de 2.200 máquinas, produtos e serviços, que irão transformar os pavilhões do Bilbao Exhibition Centre numa montra de vanguarda para as soluções tecnológicas mais avançadas. Os números confirmam uma perspetiva favorável para esta edição, na qual a indústria irá reforçar o seu papel essencial na economia. A BIEMH define-se como o ponto de encontro estratégico de alto nível para impulsionar o setor industrial, especialmente no atual contexto complexo. De acordo com a organização, esta será uma ferramenta B2B para contacto comercial direto, com múltiplas oportunidades de negócio. C M Y CM MY CY CMY K

10 NEUTRALIDADE CARBÓNICA Caminhos de transformação para uma indústria metalúrgica neutra para o clima A descarbonização é um dos principais desafios que a indústria tem pela frente nos próximos anos. Em especial a indústria siderúrgica e metalúrgica, que enfrenta a enorme missão de mudar a tecnologia para novos processos de fabrico sem CO2, baseados no hidrogénio e nas energias renováveis. Este desafio estará no centro das atenções dos expositores das feiras Gifa, Metec, Thermprocess e Newcast, previstas para junho de 2023, em Düsseldorf. Gerd Krause, Mediakonzept (Düsseldorf) O mundo dos metais tem um evento especial reservado para o próximo ano. O quarteto de feiras comerciais Gifa, Metec, Thermprocess e Newcast 2023 - conhecido como The Bright World of Metals - reunirá, de 12 a 16 de junho de 2023, empresas e fornecedores de equipamento da indústria internacional do aço e alumínio, fundições e empresas metalúrgicas sob o teto da Messe Düsseldorf. Nas quatro feiras, o foco estará nos desenvolvimentos para a produção e processamento de metais de alumínio a cobre e aço, com vista a preservar o clima. A panóplia de inovações vai desde a poupança de energia com a ajuda da inteligência artificial até às tecnologias do hidrogénio e à substituição do carbono. Até ao final deste ano, a nova feira decarbXpo (Exposição das Indústrias Descarbonizadas > Armazenamento de Energia) traçará em Düsseldorf, de 20 a 22 de setembro, os caminhos para a descarbonização. Neste artigo especializado, abordamos em particular os desafios que as empresas enfrentam no processo de descarbonização, rumo a uma indústria metalúrgica amiga do ambiente. Com a missão de alcançar a neutralidade climática até 2050, a indústria enfrenta aquela que é provavelmente As consequências das alterações climáticas são inconfundíveis. Os decisores políticos estão a reagir. A União Europeia quer adotar, até 2050, uma atitude neutra em relação ao clima. A Alemanha pretende fazê-lo até 2045.

11 NEUTRALIDADE CARBÓNICA a maior transformação da sua história. Os fornos industriais utilizados no setor metalúrgico para a fusão, recozimento, têmpera e retenção de metais consomem, só na Alemanha, cerca de 40% da energia utilizada industrialmente. Quase 20% de todos os gases climáticos (com efeito de estufa) são emitidos pelo setor transformador, na ordem dos 200 milhões de toneladas de equivalentes de CO2 por ano. Consequentemente, a par dos temas clássicos da sustentabilidade da eficiência energética e dos recursos, a redução e a prevenção das emissões de CO2 ocupam, em toda a indústria, um lugar cimeiro nos objetivos das empresas industriais. Os caminhos para a descarbonização são variados e diferem de indústria para indústria. A utilização de tecnologias digitais, por exemplo, apresenta o maior potencial na produção. De acordo com o atual estudo do Top 500 realizado pela Accenture, até 61 megatoneladas de CO2 podem ser poupadas no fabrico industrial, até 2030, através da digitalização acelerada. Isto por si só não ajuda setores como a produção de metais. A indústria siderúrgica enfrenta a enorme missão de mudar a tecnologia para novos processos de fabrico sem CO2, baseados no hidrogénio e nas energias renováveis. NOVA FEIRA COMERCIAL DECARBXPO Os expositores da decarbXpo, realizada em Düsseldorf de 20 a 22 de setembro de 2022, querem assinalar quais são os caminhos realistas de transformação para a neutralidade climática e quais as tecnologias que estão prontas para o mercado. Com este novo ponto de encontro para a proteção do clima, a transição energética e a descarbonização, a Messe Düsseldorf visa todas as operações industriais e comerciais que desejem tornar os seus processos e fornecimento de energia preparados para o futuro, abordando em particular as indústrias de alta intensidade energética. Os sistemas de armazenamento de energia continuarão a ser parte integrante desta feira comercial. Estes desempenham um papel particularmente proeminente na redução dos custos de energia nas empresas quando se trata de picos de carga ou de segurança de abastecimento. PONTO DE ENCONTRO PARA INDÚSTRIAS METALÚRGICAS: THE BRIGHT WORLD OF METALS 2023 Empresas metalúrgicas são grandes emissoras no setor industrial. Só os produtores de aço e alumínio são responsáveis por cerca de 8%das emissões globais de CO2. Na Alemanha, a indústria siderúrgica é responsável por cerca de 30% das emissões industriais e 6% do total das emissões. Os maiores emissores de CO2 nesta rede de produção são os altos-fornos alimentados a coque para a produção de ferro-gusa como um produto utilizado para a produção de aço. As siderurgias e os produtores de alumínio, fundições e empresas metalúrgicas têm uma pegada de carbono comparativamente grande na produção. Os preços elevados da eletricidade, os custos crescentes de energia para o gás e o petróleo, os desafios associados à transição energética e às alterações climáticas, bem como as consequências da guerra na Ucrânia, representam um encargo adicional para as empresas. O quarteto de feiras comerciais Gifa, Metec, Thermprocess e Newcast realizado em Düsseldorf de 12 a 16 de junho de 2023 destacará, portanto, os desenvolvimentos que mantêm os setores metalúrgicos ocupados e as inovações que os construtores de maquinaria e equipamento metalúrgico têm para oferecer. The Bright World of Metals cobre todas as vias de produção e métodos de processamento de ferro e aço, alumínio e magnésio, cobre, zinco e outros metais NF. Um dos focos dos expositores é tradicionalmente a indústria da fundição. Os desafios das alterações climáticas significam um “beco sem saída” para as indústrias metalúrgicas: elas são tanto parte do problema como da solução. Inovações tais como moinhos de vento e sistemas solares, construção automóvel leve e e-mobilidade, produtos eletrónicos desde micro-chips e super computadores até aos robôs não seriam viáveis sem metais. Ferro e aço, alumínio e cobre, manganês, magnésio, níquel ou mesmo lítio e terras raras são insubstituíveis desde a matéria-prima até ao produto base. Processos primários e de conformação como fundição, fresagem, forja e estampagem, e tecnologias de fabrico como soldadura, perfuração, fresagem, bem como - cada vez mais - o próprio fabrico são tecnologias maduras para a produção e processamento de metais e é impossível imaginar cadeias de valor metalúrgico sem elas. Os metais são, pela sua própria natureza, facilitadores indispensáveis para a economia circular - começando com as matérias-primas e “completando o ciclo” com a reciclagem. De facto, os metais limpos e selecionados de uma grande variedade de produtos podem ser reutilizados como matérias-primas secundárias por vezes ilimitadas - de forma pouco dispendiosa, com significativamente menos energia e emissões de CO2 do que os metais primários originalmente produzidos a partir do minério. No entanto, para tornar também a produção de metais Os metais são, pela sua própria natureza, facilitadores indispensáveis para a economia circular

12 NEUTRALIDADE CARBÓNICA a partir de minérios neutros para o clima até 2050, devem ser desenvolvidas novas rotas de processo à escala industrial. PRODUTORES DE AÇO NO CENTRO DO DEBATE SOBRE O CLIMA A indústria siderúrgica é aqui o “principal infrator”. A produção de aço utilizando altos-fornos já funciona nos parâmetros ideais do processo também em termos de redução de CO2. A neutralidade climática e/ou uma nova redução drástica das emissões de gases com efeito de estufa só pode ser alcançada comuma mudança tecnológica dispendiosa: passando do carvão de coque para o hidrogénio e a eletricidade a partir de energias renováveis, bem como expandindo ainda mais a economia circular. Antes de mais, os altos-fornos têm de ser substituídos por redução direta baseada em hidrogénio (via DRI). Ao contrário dos altos-fornos a carvão de coque, na redução direta à base de hidrogénio, o componente de oxigénio é reduzido a partir do minério de ferro com a ajuda do hidrogénio nas instalações de redução direta, na sua maioria fornos de cuba. Como material utilizado para a produção de aço, produzem um ferro-esponja sólido, o chamado DRI (Direct Reduced Iron), em vez de ferro-gusa fundido de um alto-forno. O hidrogénio substitui o carvão, as energias renováveis os combustíveis fósseis. O subproduto aqui emitido é água em vez de CO2. Sendo um dos grandes emissores de CO2, a indústria siderúrgica temamaior alavanca em termos de descarbonização. A utilização de uma tonelada de hidrogénio verde na produção de aço poupa 26 toneladas de dióxido de carbono em comparação com a rota clássica do alto-forno à base de carvão. Isto significa que a indústria siderúrgica é também a garantia para o estabelecimento de uma economia do hidrogénio, como sublinha o Instituto Wuppertal num estudo atual sobre a descarbonização da indústria. Segundo as contas da ‘Wirtschaftsvereinigung Stahl’ (Federação Alemã do Aço), aproximadamente 30% do aço bruto na Alemanha é produzido utilizando o processo de aço elétrico; 70% da produção de aço acontece utilizando o alto-forno. Supondo que a eletricidade para o forno de arco fosse obtida exclusivamente a partir de energias renováveis, o aço elétrico seria, teoricamente, a solução para a neutralidade climática. Mas não foi apenas a escassez de resíduos e a falta de energia verde que colocaramentraves ao processo. A produção de aço a Os sistemas clássicos para a produção de gusa na indústria do aço - como o alto-forno 5 da Rogesa em Dillinger Hüttenwerke - trabalham em pleno. Uma vez que os altos-fornos reduzem o minério de ferro com a ajuda de coque à base de carvão, são responsáveis por cerca de 90% das emissões de CO2 na indústria siderúrgica. O futuro pertence ao hidrogénio e à redução direta. Foto: WV Stahl/Rogesa

13 NEUTRALIDADE CARBÓNICA partir de minério de ferro é também insubstituível em termos metalúrgicos, uma vez que todo o tipo de aço pode ser fundido exclusivamente a partir de resíduos. O problema da produção de aço atual é o carvão no alto-forno. Durante a rota tradicional do alto-forno, o oxigénio é extraído do minério de ferro utilizando coque (carvão preparado numa coqueria) como agente redutor e o minério reduzido com aditivos é fundido em ferro-gusa. No processo químico de acompanhamento, o coque gaseificado ao dióxido de carbono através da introdução de ar quente reage com o oxigénio no minério de ferro formando CO2. O gusa líquido é subsequentemente purificado a partir de elementos secundários indesejáveis como o carbono, silício, enxofre e fósforo por injeção de oxigénio no conversor de aço oxigenado e é convertido em aço. Cada tonelada de aço bruto emite cerca de 1,7 toneladas de CO2, das quais mais de 90% se formam no alto-forno. A descarbonização da produção de aço significa, portanto, a substituição do carvão como agente redutor. Teoricamente, isto também poderia ser conseguido com biocoque de fontes renováveis e/ou resíduos orgânicos. Devido aos volumes necessários, porém, esta é uma opção mais viável para a produção de muito menor volume de ferro fundido na indústria da fundição. CAMINHOS DE TRANSFORMAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE AÇO NEUTRO PARA O CLIMA Para reduzir a concentração de CO2 na atmosfera, a captura e subsequente armazenamento de CO2 está atualmente em discussão como solução temporária até 2045 - (Carbon Capture and Storage, CCS). Em países como a Alemanha, no entanto, esta solução não obteve, até agora, grande aprovação. A situação é melhor para a captura e utilização de CO2 como uma matéria-prima para a indústria química (Carbon Capture and Usage, CCU). A Thyssenkrupp, por exemplo, já utiliza gases metalúrgicos para a produção de produtos químicos como parte do Projeto Carbon2Chem. Isto reduz as emissões de CO2 - tanto na produção de aço como na de produtos químicos. Tambémdiscutido como solução temporária durante umperíodo limitado é o gás natural para redução direta, mas as instalações de redução direta têm de estar preparadas com hidrogénio para tal. A utilização de hidrogénio cinzento - hidrogénio produzido a partir de gás natural - também se qualificaria temporariamente para tal. Além disso, a introdução de hidrogénio para a neutralidade climática nos altos- -fornos existentes poderia também ser uma solução temporária para a redução imediata de CO2 nas instalações existentes. O objetivo, no entanto, não é uma produção de aço com baixo teor de CO2, mas uma produção tão livre quanto possível de CO2, associada a uma compensação para os restantes volumes de CO2. Isto só pode ser conseguido através da redução direta do minério de ferro com hidrogénio proveniente de energias renováveis. Processos inovadores das indústrias metalúrgicas e do setor siderúrgico estarão em exposição nas feiras Gifa, Metec, Thermprocess eNewcast. A campanha ecoMetals da Messe Düsseldorf fará referência ao caminho ecológico destas indústrias e promoverá empresas que investemem tecnologias inovadoras, ecológicas e sustentáveis. n Nos próximos oito anos, a implementação de tecnologias digitais no fabrico industrial pode evitar a emissão de até 61 megatoneladas de CO2

14 TENDÊNCIAS Tech Trends 2022: Automação vai revolucionar processos empresariais e permitir maior eficiência Os últimos meses têm sido fortemente marcados pelos efeitos de choque causados pela pandemia, obrigando as organizações a desenvolver esforços para navegar num ‘novo normal’. A tecnologia tem tido um papel determinante nesta fase, representando uma oportunidade para criar um futuro com base na inovação. Com base neste pressuposto, a 13ª edição do estudo Tech Trends da Deloitte analisa as diferentes formas como as organizações se estão a automatizar e a recorrer a ferramentas tecnológicas cada vez mais poderosas para projetarem o futuro. A edição anual do estudo destaca a automação como a chave emergente para sustentar e aprimorar as operações das empresas e como, por sua vez, liberta os profissionais para tarefas mais especializadas.

15 TENDÊNCIAS “A aceleração de tendências foi, certamente, a macro-tendência que marcou estes últimos dois anos de pandemia. Este novo normal é, talvez, apenas um salto no tempo, do futuro que teríamos, quer houvesse crise pandémica ou não”, garante Rui Vaz, Partner da Deloitte. Ao contrário do que era apontado pelos cenários mais pessimistas, que previam que a Inteligência Artificial (IA) pudesse substituir a componente humana, a verdade é que a automação tem permitido às empresas dotar os seus colaboradores de ‘superpoderes’ para enfrentar projetos inovadores, que vão permitir ter uma vantagem competitiva no mercado por via da diferenciação. Outro exemplo é o Blockchain, que tem permitido às organizações automatizarem processos que ocorrem entre múltiplas entidades, eliminando a necessidade de trocas manuais de dados, e facilitando a gestão descentralizada e segura de processos de negócio entre várias organizações. Segundo o estudo, que analisa a evolução tecnológica e identifica as tendências que irão ter maior impacto nas organizações, nos próximos 18 a 24 meses, as áreas ou departamentos de TI estão a automatizar grandes componentes da sua infraestrutura, permitindo que os engenheiros se foquem em componentes de alto valor acrescentado. Por outro lado, a IA está também a funcionar como uma primeira linha de segurança cibernética, detetando e respondendo a ameaças de forma automática. Ainda que a pandemia tenha alimentado as tendências deste ano, seria um erro entendê-las simplesmente como uma resposta direta à Covid -19. Em vez de reorientar os objetivos das empresas, a pandemia veio confirmar muitas das prioridades já existentes. Nuno Carvalho, Partner da Deloitte, refere que: “as empresas que querem prosperar terão de adaptar os seus modelos de negócio e operações à luz da nova realidade. A automação, uma das tendências chave este ano, é disso bom exemplo: mecanizando tarefas vai permitir por um lado ganhos de eficiência, e por outro, tirar o máximo partido das capacidades dos profissionais, que vão estar mais focados em tarefas complexas e especializadas”. O estudo da Deloitte explora sete tendências que deverão impactar os negócios nos próximos dois anos: • Automação em escala: as empresas pioneiras estão a modernizar os seu 'back office de TI' adotando ummodelo proativo de autoconhecimento e automação avançada. • IA aplicada à cibersegurança: à medida que as organizações se deparam comquebras de segurança, a IA aplicada à cibersegurança poderá ser um uma defesa efetiva, permitindo que as equipas de segurança não respondam apenas commaior rapidez aos ciberataques, mas que, acima de tudo, antecipem esses movimentos e ajam com antecedência. • Múltiplos dispositivos tecnológicos: a explosão de dispositivos inteligentes e o aumento da automação de tarefas físicas estão a conduzir a uma multiplicidade de dispositivos, que vai muito para além dos computadores ou smartphones. As empresas devem agora considerar equipamentos inteligentes adaptados à indústria 4.0, robôs industriais, drones ou dispositivos de monitorização de saúde. • Facilidade na partilha de informação: novas tecnologias dão origem a produtos e modelos de negócios inovadores, simplificando amecânica de partilha de dados entre organizações — tudo isso preservando a privacidade. • Cloud torna-se vertical: os fornecedores de cloud e software oferecem soluções verticais específicas para modernizar processos e impulsionar a inovação. • Blockchain: o Blockchain e plataformas tecnológicas similares estão a mudar a natureza do mundo empresarial indo além das fronteiras organizacionais e ajudando muitas empresas a reinventar a forma como criam e gerem ativos tangíveis e digitais. • Anotações do futuro: Ainda que o futuro seja hoje, é necessário considerar a nova vaga tecnológica que irá ser uma realidade nos próximos cinco a dez anos: computação quântica, inteligência exponencial e experiência ambiental. Ainda que em desenvolvimento, estas três tendências têm vindo a atrair as atenções da comunidade científica. n A automação tem permitido às empresas dotar os seus colaboradores de ‘superpoderes’ para enfrentar projetos inovadores

16 INDÚSTRIA 4.0 Um olhar sobre a fábrica do futuro: combinação robótica, fabrico aditivo e inteligência artificial A Covid-19 perturbou a economia e o mercado de trabalho em muitas indústrias. A escassez de mão de obra prévia à pandemia não fez mais do que se expandir, criando desafios para as empresas transformadoras de qualquer dimensão. A dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados é agora uma realidade global, resultando em atrasos massivos e limitando o crescimento das empresas. François Leclerc, Program Manager na Creaform As fábricas totalmente automatizadas são o futuro. Este contexto sombrio levou a uma reflexão sobre um vislumbre de recuperação, em que a inovação poderia impulsionar a indústria transformadora até um ponto apenas alcançável se a situação atual não o tivesse forçado. Esta visão utópica apresenta a provável realidade de uma fábrica completamente autónoma onde os materiais entram por um lado e as peças fabricadas saem pelo outro. Neste próximo nível de “ just-in-time”, os métodos de otimização não se limitariam ao fabrico de peças, mas começariam pela conceção das formas, imaginada por computadores

17 INDÚSTRIA 4.0 commétodos de cálculo que superam a inteligência humana. Esta melhoria permitiria criar geometrias de peças anteriormente inexistentes e fabricá-las commeios quase futuristas muitomais avançados que osmétodos tradicionais. A única constante que permaneceria em relação aos nossos processos de fabrico atuais é a necessidade de um controlo de qualidade, que acabaria por levar a um controlo de qualidade totalmente automatizado. Três elementos são fundamentais para alcançar a fábrica do futuro: robótica, fabrico aditivo e inteligência artificial. Neste artigo, tentamos desenvolver um esboço deste futuro, incluindo as suas implicações, consequências e, sobretudo, os benefícios para o crescimento e para as receitas das empresas. OS ROBÔS PREVALECERÃO NAS FÁBRICAS DO FUTURO É possível vislumbrar um futuro no qual ninguém entra nem circula nas fábricas, já que as máquinas realizam todas as operações, transformando as matérias-primas em bens finais da forma mais rápida e segura possível. Como resultado, a unidade de produção torna-se essencialmente um espaço onde os robôs realizam um bailado eletromecânico, coreografado ao milissegundo e executado sem descanso num ambiente tranquilo, mas ruidoso. Na ausência de pessoas, os padrões de segurança podem ser reinventados, os protocolos podem ser revistos, as velocidades de funcionamento podem ser aceleradas e todo o turno pode ser otimizado porque a saúde e a segurança dos trabalhadores já não são uma preocupação. As luzes podem até ser desligadas, pois todas as ações são guiadas por sensores óticos e de movimento. Enquanto as fábricas de hoje são projetadas para permitir que os manipuladores de materiais se desloquem com segurança, as fábricas do futuro serão bastante diferentes. Em unidades de produção totalmente automatizadas, os incansáveis robôs movem-se lado a lado de forma eficiente ao longo de vastos andares, fazendo voltas muito adjacentes entre si. Executam as suas tarefas com diligência e só fazem uma pausa para o controlo de qualidade. Os armazéns da Amazon, com o seu inventário de mercadorias e sistemas ENSIS-AJ Series O laser de fibra inovador para todas as espessuras usando uma única lente Disponível com motores de 3, 6, 9 e 12kW desenvolvidos pela AMADA utilizando módulos de diodo de 3kW ou 4kW, a gama ENSIS-AJ aumenta notavelmente a sua produtividade. As versões de 6kW, 9kW e 12kW introduzem a tecnologia de Colimação Automática da AMADA, para um controle incomparável do ponto de feixe de laser. Combinado com a tecnologia de controle de feixe variável, original da AMADA para ajustar o modo de laser, este sistema permite processar diferentes materiais e espessuras com uma única lente de corte. A qualidade e as velocidades de processamento para materiais finos a grossos, bem como a perfuração de altíssima velocidade, fazem da ENSIS-AJ a máquina perfeita para aumentar sua rentabilidade. AMADA MAQUINARIA IBÉRICA Tel. + 351 308 809 511 Email: info@amada.pt www.amada.pt

18 INDÚSTRIA 4.0 O fabrico aditivo já não apresenta grandes limitações em termos de tamanhos e materiais. de recuperação que utilizamuma série de robôs paramovimentar amercadoria dos fabricantes para os utilizadores, já oferecem um vislumbre da fábrica do futuro. E o progresso não deverá parar por aí, pois a Amazon também está a desenvolver drones e veículos autónomos para acelerar as entregas e completar as viagens robóticas dos seus produtos com estilo. A Boston Dynamics também contribuiu para o crescimento da robótica ao desenvolver robôs humanoides versáteis e móveis para o manuseamento de caixas em diferentes operações de armazém. Estes robôs inteligentes aceleram o nosso progresso rumo à fábrica do futuro ao automatizar o manuseamento de caixas emqualquer lugar do armazém com mobilidade avançada e sistemas de visão de última geração, eliminando a necessidade de novas infraestruturas fixas. O FABRICO ADITIVO ESTÁ A DAR FORMA AO FUTURO Algumas indústrias já deramumpasso rumo ao futuro, aproveitando o poder das mais avançadas tecnologias de fabrico. Desde a criação acelerada de protótipos e melhor agilidade na personalização dos desenhos até reduções significativas no inventário de peças excedentes, o fabrico aditivo é uma tecnologia inovadora que tem o potencial de revolucionar o fabrico na perspetiva dos custos e da eficiência. Os dispositivos médicos, os veículos aéreos não tripulados e os motores a jato podem agora ser fabricados com impressoras 3D de grau industrial. Não é surpreendente que a gama de materiais de impressão continue a expandir-se. Além dos plásticos básicos e das resinas fotossensíveis, agora incluem-se a cerâmica, o cimento, o vidro, inúmeros metais e ligas, e novos compósitos termoplásticos infundidos com nanotubos e fibras de carbono. Entre os pioneiros da impressão 3D em metal encontra-se a Lincoln Electric Additive Solutions, fabricante de protótipos, peças de produção e peças de substituição em grande escala, ferramentas feitas de aço e aço inoxidável, Invar e ligas de níquel. Devido ao tamanho e complexidade das peças metálicas que a Lincoln Electric imprime em 3D, a avaliação precisa das dimensões é fundamental para evitar problemas de consistência na qualidade. Sem dúvida que realizar o controlo de qualidade em peças muito grandes e pesadas que ainda estão demasiado quentes para serem tocadas é um desafio que, até ao momento, só pode ser alcançado com tecnologias de digitalização 3D precisas, portáteis e sem contacto. Portanto, ter acesso a um controlo de qualidade moderno para detetar defeitos e desvios diretamente na produção continua a ser essencial para o progresso futuro das soluções aditivas. A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL REINVENTA A CONCEÇÃO O próximo passo é incorporar a inteligência artificial na conceção de peças e, assim, descobrir caminhos que ainda não foram explorados. Dado que a inteligência humana aborda a conceção de uma forma muito pragmática, a correlação entre a geometria da peça e as suas funções mecânicas costuma ser bastante direta. Agora, porém, com o crescimento da inteligência artificial e os seus milhões de cálculos por segundo, poderemos criar formas nunca antes vistas, com um nível de complexidade que o ser humano não poderia imaginar. Começando pelos pontos de união e pelas várias restrições de engenharia (térmicas, de tensão ou de resistência) a que a peça estará sujeita no respetivo espaço envolvente, a inteligência artificial pode simular toda a rede de restrições e obter, de forma iterativa, um design otimizado para minimizar o material, os resíduos de utilização e produção, mantendo-se em simultâneo os padrões de desempenho e cumprindo-se os objetivos de conceção. Esta forma de inteligência artificial que aproveita o poder da aprendizagem automática para otimizar todo o processo de design até ao fabrico denomina-se design generativo. Cada vez mais popular entre os desenhadores, acelera todo o processo de conceção, permitindo que as empresas cheguem mais rapidamente ao mercado com

19 INDÚSTRIA 4.0 Funcionário da Lincoln Electric a utilizar o MetraSCAN 3D para medir uma enorme peça de metal impressa em 3D. designs já perfeitamente adaptados às suas aplicações. O FUTURO DO FAZER Com estes novos conhecimentos de design, os fabricantes podem agora otimizar a durabilidade dos seus produtos, eliminar as áreas frágeis e selecionar materiais mais sustentáveis. Também podem explorar novas soluções de design que permitam consolidar múltiplas componentes em peças sólidas, reduzindo os custos de montagem e simplificando a cadeia de montagem. Resumindo, a inteligência artificial fornece o poder de impulsionar a inovação ao máximo com produtos de melhor qualidade concebidos e construídos emmenos tempo. O CONTROLO DE QUALIDADE SEGUE A TENDÊNCIA E CONTINUA A SER EFICAZ Embora este avanço tecnológico seja iminente, a inspeção e a contravalidação são realidades que permanecerão na agenda das empresas transformadoras. Evidentemente, amáquina assume que está a executar a tarefa correta, que está a imprimir corretamente a peça em 3D. Contudo, apenas um sistema de inspeção à prova de falhas pode verificar as dimensões das peças impressas em 3D e confirmar a sua qualidade de fabrico. Portanto, mesmo que os seres humanos transfiram gradualmente algumas responsabilidades para as máquinas, o seu papel na conceção e fabrico de peças continua a ser indispensável para controlar a qualidade, uma vez que devem validar se as peças impressas em 3D estão em conformidade com Pavi lhão 5 Stand A10

20 INDÚSTRIA 4.0 Scanner CMM ótico montado em robô que realiza o controlo de qualidade na porta de um automóvel. Scanner CMM ótico montado em robô que realiza o controlo de qualidade num chassis. os ficheiros CAD. Assim, mesmo que o erro humano seja eliminado, o facto é que a máquina não é perfeita. As dimensões e a qualidade das peças impressas em 3D ainda devem ser rigorosamente controladas com sistemas de medição 3D precisos. Para este feito, a Lincoln Electric Additive Solutions recorreu à tecnologia de medição 3D da Creaform, o MetraSCAN 3D, para gerar modelos completos de superfícies 3D das suas peças metálicas impressas em 3D e compará-los com o CAD original. Desta forma, a equipa de inspeção pode verificar rapidamente se cada caraterística cumpre tanto a intenção original do projeto como as tolerâncias esperadas. A AUTOMATIZAÇÃO TAMBÉM ESTÁ A REVOLUCIONAR O CONTROLO DE QUALIDADE DO FABRICO A automatização também afeta o controlo de qualidade. As unidades de produção, nas quais era habitual encontrarem-se soluções de digitalização 3D manuais, estão agora a dar lugar a sistemas automatizados de inspeção de qualidade. Estas células robóticas, constituídas por poderosos scanners óticos 3D montados em robôs, melhoram a qualidade de várias formas: eliminam os erros humanos, melhoram a repetibilidade e a precisão, permitem a criação de peças mais complexas e identificam os erros ao longo do processo. Portanto, a automatização torna a inspeção de peças mais rápida e a qualidade do produto mais precisa e repetível, o que garante que os produtos são fabricados com os mais altos níveis de qualidade e que podem chegar ao mercado de forma mais eficiente. A CONCEÇÃO E O FABRICO ESTÃO A EVOLUIR Robôs que realizam todas as operações desde a manipulação até ao controlo de qualidade, algoritmos que criam as melhores geometrias de acordo com as restrições de engenharia, impressoras 3D de qualidade industrial que produzem todo o tipo de peças independentemente do tamanho, complexidade e materiais: já existem todos os elementos para que as empresas construam a sua fábrica do futuro. Os desafios impostos pela Covid-19 e pelo impacto da mesma na mão de obra são incentivos adicionais para a realização desta mudança tecnológica e inovadora. De uma forma ou de outra, quanto mais as empresas assumirem a liderança, mais valerá a pena investirem nos seus resultados em termos de produtividade e competitividade. Embora as máquinas sejammais eficientes do que os seres humanos e a inteligência artificial seja capaz de aprender ao longodo tempo comdados pré-alimentados e experiências passadas, elas não podemaprender a pensar fora da caixa e, portanto, não podemser criativas na sua abordagem. Portanto, o génio humano, a criatividade, a inteligência emocional e o sentido de ética continuarão a ser componentes essenciais da fábrica do futuro. Em última análise, os métodos de fabrico continuarão a evoluir aomesmo ritmo que são desenvolvidos novos meios de conceção. Enquanto a qualidade continuar a ser um imperativo, esta sinergia desencadeará possibilidades de criação e produção de um número infinito de novas peças ainda não vistas nem imaginadas. n

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx