www.intermetal.pt 2023/4 19 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Outubro, Novembro, Dezembro 2023 - Nº 19 | www.intermetal.pt MOLDE + SÉRIE EMKA Molde + Série Fabricação de moldes com produção de pré-séries e produção em série opcional 900 MOLDES POR ANO PRODUÇÃO DE PRÉ-SÉRIES PRODUÇÃO EM SÉRIE OPCIONAL Beschlagteile ®
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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 19 – Outubro, Novembro, Dezembro 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 Entrevista com Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) 12 Descarbonização da indústria: essencial para a transição energética 18 Colep Packaging e INEGI desenvolvem nova cápsula de café mais sustentável 22 Pedidos de patentes em impressão 3D crescem oito vezes mais que todas as outras tecnologias 24 Como imprimir peças metálicas em 3D com uma impressora SLS de polímero 28 Integração funcional: impressão 3D de uma ferramenta de moldagem por injeção de metal (MIM) com refrigeração próxima do contorno 32 A fabricação aditiva na produção de moldes otimizados 36 Moldes: simulação facilita desenho otimizado de canais de refrigeração impressos em 3D 40 Cimatron potencializa a versão 2024 com tecnologia de alta qualidade para a fabricação de ferramentas 42 Inovações Hasco na Fakuma 2023 47 Haitian Precision consolida aposta no mercado europeu com presença na EMO 2023 48 Schaeffler apresenta novos redutores e acionamentos de precisão para máquinas-ferramenta 50 Novos produtos Palbit prometem maior produtividade e redução de custos operativos 52 Revestimentos de ferramentas para uma maquinagem mais sustentável 54 Grupo United Grinding acolhe segundo ‘hackathon’ da umati 58 Principais novidades do novo regulamento de máquinas da UE 60 Nova plataforma Eplan 2024 já disponível 62 SLV Industry da Cachapuz: um salto rumo à eficiência e inovação 64 T-Drill: A arte da união, flangeamento e corte de tubos sem rebarba 66 Estruturação a laser com um robô industrial: Funcionalização de grandes áreas de forma mais rápida e económica 68 Caracterização da resistência à fratura de aços avançados de alta resistência e de aços estampados a quente 70
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Já está disponível o Plano Anual de Avisos do Portugal 2030 Foi publicado no dia 28 de setembro o Plano Anual de Avisos do Portugal 2030. No total, são 412 avisos, com uma dotação de 6,2 mil milhões de euros de fundos europeus do Portugal 2030, a serem lançados entre setembro de 2023 e agosto de 2024. CastForge prepara edição de 2024 com otimismo Após o sucesso da segunda edição, em 2022, da feira dedicada ao setor da fundição, a organização da CastForge revela que as perspetivas para 2024 não podiam ser melhores. Os números das inscrições refletem o acolhimento do setor e as empresas expositoras sublinham a importância da feira. "A CastForge foi muito bem recebida e estabeleceu-se entre as empresas de fundição e forja. Para a edição do próximo ano, tivemos mais de 250 inscrições em apenas oito semanas. Este número, muito satisfatório, não só reflete a importância da CastForge, como também demonstra a grande confiança e fidelidade do setor. As perspetivas são prometedoras e as expectativas são correspondentemente elevadas. Estamos ansiosos por receber a indústria de volta a Estugarda de 4 a 6 de junho de 2024", diz Florian Schmitz, responsável pela CastForge. Para além dos expositores já inscritos, a feira conta também com stands coletivos provenientes de diversos países, incluindo de Portugal. Aos avisos previstos no Plano, somam- -se 54 avisos já abertos no Portugal 2030, com um montante de fundo de 1,3 mil M€ e 31 avisos abertos no âmbito do Mecanismo Extraordinário de Antecipação, com um montante associado de 1,3 mil M€. São, no total, mais de 8 mil M€ que darão um importante impulso à operacionalização e execução do Portugal 2030. O primeiro Plano estrutura-se em três quadrimestres, entre setembro de 2023 e agosto de 2024, apresentando particular detalhe no primeiro quadrimestre (o seguinte à sua aprovação), com informação que permite caracterizar os avisos a publicar, como objetivos, enquadramento estratégico, programático e regulamentar, beneficiários, ações elegíveis, montantes associados e território abrangido. Uma análise mais detalhada do Plano permite constatar que: • Os programas Norte 2030, Madeira 2030, Centro 2030 e Pessoas 2030 são os que mais se destacam com maior número de avisos programados para os próximos 12 meses (50, 48, 42 e 40, respetivamente). • Os programas Pessoas 2030 e Sustentável 2030 são os que apresentam maior volume de fundos europeus a concurso, com 1,7 mil M€ e 1,2 mil M€, respetivamente. • O Compete 2030 apresenta 157M€ de fundos a concurso, a que acrescem os montantes associados aos avisos multi-Programa, partilhados com os programas regionais do continente, e que incluem os Sistemas de Incentivos e os Sistemas de Apoio à Ciência. No âmbito do apoio às empresas, somam-se ainda designadamente, 415M€ de fundo disponíveis em concursos já lançados nestes programas, bem como o apoio previsto para projetos de Regime Contratual de Investimento. Para mais informações, consulte o site: https://portugal2030.pt/plano-anual-de-avisos/
7 Sorma anuncia abertura de filial ibérica A empresa italiana Sorma S.p.a. anunciou a abertura da Sorma Ibérica em Barcelona. A nova empresa, já operacional, deu os seus primeiros passos como Master Distributor para Espanha e Portugal da Sorma e da marca japonesa Yamawa. A oferta da Sorma Ibérica vai, portanto, desde a gama de soluções indexáveis da Nikko Tools até às fresas e brocas integrais da Osawa, as duas linhas de referência da Sorma, e as soluções de roscagem da empresa japonesa Yamawa. Alessandro Sorgato, diretor comercial da Sorma, afirma: “Os nossos atuais distribuidores em Espanha e Portugal realizaram um excelente trabalho ao longo dos anos e fizeram com que os nossos produtos se tornassem rapidamente uma escolha fiável e de elevado desempenho. Através das suas atividades de distribuição generalizada, cada vez mais utilizadores confiam no desempenho das nossas ferramentas para melhorar a eficiência e a qualidade do produto acabado. Sentimos que seria oportuno fornecer um suporte direito aos nossos parceiros de vendas em Espanha e Portugal para que atingissem os seus próximos objetivos” A gestão da Sorma Ibérica está a cargo de Albert Prat, já responsável comercial da Sorma para Espanha e Portugal. A empresa está sediada em Sant Just Desvern, Barcelona. O primeiro evento oficial em Espanha está previsto para a próxima edição da MetalMadrid, agendada para 15 e 16 de novembro de 2023 na capital espanhola. EDITORIAL Os acontecimentos dos últimos anos evidenciaram aquilo que muitos economistas defendem desde há várias décadas: para termos uma economia saudável, precisamos de uma indústria forte. Em especial, de indústrias base, como as que integram o setor metalúrgico e metalomecânico. Em Portugal, este setor tem vindo a crescer gradualmente ao ponto de, em 2022, ter superado os números do turismo, no que se refere ao valor das exportações. É, portanto, um setor crucial para o PIB nacional, tal como, aliás, afirmou o ministro da Economia, António Costa e Silva, na sessão de abertura do painel ‘Energylive: A Transição Energética e a Reindustrialização Sustentável da Economia Portuguesa’, que decorreu no Portugal Smart Cities Summit 2023. No entanto, na prática, muitos dos nossos empresários sentem-se a remar contra a maré. Não só pela falta de apoios, como pelos elevados impostos que recaem sobre as empresas. E a verdade é que, de acordo com o ranking da competitividade fiscal de 2023 da Tax Foundation, as empresas portuguesas suportam a segunda maior carga fiscal da OCDE. A estes fatores acrescem dificuldades como a falta de mão de obra qualificada ou a crescente concorrência asiática, tudo indica, alavancada por apoios estatais. A este propósito, Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP, disse à InterMetal lamentar as atuais opções estratégicas do Governo e lembrou que, “se as verbas do PRR, por exemplo, fossem canalizadas para as empresas, seriam usadas para gerar valor, com claro benefício para o país”. Leia a entrevista na página 12. Apesar das dificuldades, o setor mantém um dinamismo notável, com forte aposta na automatização de processos, na digitalização e na transição energética. Mas também em tecnologias disruptivas como a da fabricação aditiva (FA), com elevado impacto na produtividade e qualidade dos produtos finais. Um bom exemplo é o uso da FA para produzir canais conformais adaptados à estrutura dos moldes de injeção, de forma a otimizar a refrigeração na fase final de cada ciclo de produção. Nesta edição, a distribuir nas feiras Expometal e 3D Additive Expo (Exposalão, 2 a 4 de novembro), damos especial atenção ao tema, com vários exemplos de aplicações aditivas. Ainda nesta edição, destaque para uma série de novidades na área das máquinas-ferramenta, ferramentas de corte, software, pesagem, processamento de tubo e chapa metálica. Boa leitura e, já sabe, se visitar a Expometal, passe pelo nosso stand e leve um exemplar gratuito desta revista! A verdadeira mais valia está na indústria
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Schaeffler e H2 Green Steel intensificam colaboração A Schaeffler aumentou para 100 milhões de euros a sua participação na H2 Green Steel, uma start-up sueca que produz aço ‘verde’ cujas emissões de CO2 são até 95% menores quando comparado com o aço convencional. Como parceiro tecnológico estratégico da H2 Green Steel, a Schaeffler contribuirá com os seus conhecimentos para o desenvolvimento de novos produtos de aço, como o aço verde para a eletromobilidade. Além disso, as duas empresas irão desenvolver em conjunto novas aplicações para a utilização de soluções de rolamentos sustentáveis na produção. O objetivo consiste em maximizar a eficiência da produção mediante a utilização de componentes de primeira qualidade e soluções de condition monitoring integradas. Além disso, cada uma das empresas beneficiará da experiência da outra nos domínios da digitalização e da economia circular. “Alcançar a sustentabilidade em toda a cadeia de valor requer a colaboração entre parceiros fortes que estejam dispostos a avançar em conjunto com esforço e determinação”, afirmou Klaus Rosenfeld, CEO da Schaeffler AG. “Tanto a Schaeffler como a H2 Green Steel são pioneiros com uma verdadeira capacidade inovadora, e estamos agora a sinergizar ainda mais estes pontos fortes. O aumento na participação de capital e a associação tecnológica estratégica são o passo lógico seguinte na sequência do acordo de compra direta de 2021, já que as duas organizações se propõem intensificar ainda mais a sua estreita colaboração. Juntos contribuímos significativamente para a transformação da indústria siderúrgica global e para a redução das emissões de CO2”. Tabelaraíz adquire uma nova linha de perfilagem Amob A Tabelaraíz adquiriu uma nova linha de perfilagem Amob com o objetivo de aumentar a produtividade na sua principal área de atuação: a construção metálica. A empresa de Viseu dedica-se à preparação, fornecimento e montagem de estruturas, fornecimento e aplicação de revestimentos metálicos, processos de licenciamento, projetos de arquitetura e engenharia civil, bem como fiscalização de obras. Em 2018, adquiriu a primeira linha de perfilagem Amob, para assegurar o fabrico interno de perfis de aço. Recentemente, graças à massificação dos painéis solares, aliada à necessidade de reduzir os tempos de produção, a Tabelaraíz decidiu fortificar este sistema produtivo com uma nova linha de perfilagem Amob, concebida para suportar os elevados volumes de produção típicos das indústrias que diariamente necessitam destas linhas, tudo isto aliado à mais recente tecnologia. "Trabalhávamos com uma única máquina de perfilagem, que produzia os perfis que temos, tanto os C's como os Omega's. Mas tínhamos de conseguir eficiência na entrega ao cliente, ou seja, para sermos mais rápidos, era necessário produzir os dois perfis em simultâneo", afirma André Moura, diretor de produção da Tabelaraíz. De acordo com a empresa, a nova linha não só responde às necessidades de aumento de produtividade, como também prepara a Tabelaraíz para os desafios da indústria 4.0. Com a nova linha, a Tabelaraíz está preparada para os desafios da indústria 4.0.
9 IFR defende a utilização de robôs nas PME para mitigar a escassez de mão de obra A escassez de mão de obra tornou-se um dos desafios mais prementes para as pequenas e médias empresas (PME) da indústria transformadora. A Federação Internacional de Robótica (IFR) considera que os robôs oferecem às PME um maior acesso à automatização, o que, por seu lado, pode ajudar a atrair talento. Se puderem escolher, muitos jovens preferem trabalhar numa empresa que utilize tecnologias do futuro. À medida que o robô assume as tarefas de baixo valor acrescentado – simultaneamente mais aborrecida, sujas, perigosas e difíceis, a sua utilização torna-se ainda mais atrativa. Os trabalhadores ganham assim mais tempo para desenvolver as suas competências em trabalhos mais interessantes. A nova plataforma Go4Robotics da IFR fornece informações sobre as vantagens da robótica, bem como conteúdos didáticos acompanhados de uma lista de verificação. Desta forma, pretende-se desfazer os mitos sobre estes equipamentos e orientar as empresas na sua jornada da automatização de processos. FRESAGEM E FURAÇÃO SOB UMA NOVA LUZ. Mude a sua perspetiva e 'acenda' a Osawa www.osawa.it
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER EuroBLECH 2024 já tem 80% do espaço reservado A 14 meses do evento, a organização da EuroBLECH 2024 anuncia que 80% dos nove pavilhões de exposição já estão ocupados. O 27º Salão Internacional de Tecnologia de Chapa Metálica terá lugar de 22 a 25 de outubro de 2024 no Centro de Exposições de Hannover, em Hanôver, Alemanha. "As perspetivas económicas para as empresas do setor da transformação de chapa metálica são desafiantes, mas também promissoras. Os fabricantes estão à procura de formas mais engenhosas de lidar com a flutuação dos preços da energia e das matérias-primas, com a rápida evolução dos mercados de consumo e com os regulamentos governamentais mais rigorosos para reduzir a pegada de carbono da indústria. Para os fornecedores de tecnologia, que oferecem ferramentas, equipamento, software e soluções inovadoras, isto representa uma importante janela de oportunidade. A participação na EuroBLECH 2024 irá ajudá-los a capitalizar a procura atual e futura", afirma Evelyn Warwick, diretora de Exposições da EuroBLECH. Os nove pavilhões do certame serão ocupados por empresas de toda a cadeia de valor, onde se incluem os fabricantes de máquinas, ferramentas e soluções de TI para corte, perfuração e conformação, união, soldadura e fixação, tratamento de superfícies e acabamento, controlo de processos e garantia de qualidade, elementos e componentes de máquinas, sistemas CAD/CAM/CIM, equipamento de fábrica e de armazém, reciclagem de materiais e outras soluções relacionadas com o processamento de chapas metálicas, tubos, perfis ou estruturas híbridas. Sandvik Coromant apresenta nova identidade de marca A nova identidade reflete o compromisso com a inovação e o progresso sustentável, fundamentado no conceito de ‘manufacturing wellness’, que realça o valor da criação de fabricantes resilientes, prósperos e sustentáveis que tenham um impacto positivo no seu meio envolvente. Nos últimos anos, a Sandvik Coromant transformou estrategicamente as suas operações, dando ênfase ao conhecimento aplicado e às capacidades de vanguarda, trabalhando em conjunto com os seus clientes e parceiros na procura de inovação e melhorias. Este espírito de colaboração e progresso inspirou a procura de uma nova identidade de marca orientada para as exigências digitais atuais e futuras, que encapsula a essência da sua abordagem mais alargada e da sua extensa gama de produtos. "Acreditamos firmemente que o sucesso não se mede apenas pelos resultados comerciais, mas também pela influência positiva nas nossas comunidades e no mundo em geral. E queríamos uma identidade que captasse verdadeiramente isso, bem como a essência dos valores e aspirações da nossa organização", afirma Helen Blomqvist, presidente da Sandvik Coromant. "O conceito de ‘Manufacturing Wellness’ serve como uma bússola que nos guia em direção a um futuro onde empresas fortes e prósperas e a sustentabilidade andam de mãos dadas. Com esta abordagem, a Sandvik Coromant pretende promover um ambiente de hábitos de fabrico saudáveis e facilitar o desenvolvimento de negócios sustentáveis", conclui a responsável.
11 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ‘Semana de Moldes 2023’ marcada para novembro A Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol), o Centimfe e a Pool-net vão realizar, de 20 a 24 de novembro de 2023, mais uma edição da já habitual ‘Semana de Moldes’. A Semana de Moldes acontece a cada dois anos e tem como principal objetivo discutir a reindustrialização, novos negócios, cooperação e oportunidades de investigação a nível internacional. A edição deste ano decorrerá na Marinha Grande, com uma série de Conferências Internacionais, um Brokerage Event, um Open House e várias reuniões de projeto. São esperados mais de 1.200 participantes, oriundos de todo o mundo. O evento contará com a participação de decisores políticos da Comissão Europeia e da DG Investigação & Inovação, bem como de membros do Governo português. Além disso, está prevista a presença de jornalistas nacionais e internacionais que irão visitar empresas fabricantes de moldes e plásticos locali - zadas na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis. Consulte o programa do evento e registe-se em www. mouldsevent.com. OPCO lança versão PT do manual de requisitos da indústria automóvel alemã Foi lançada no início de outubro a norma VDA 6.3:2023, exclusivamente traduzida para o português de Portugal pela OPCO, empresa formadora e consultora do setor automóvel com mais de 15 anos de experiência. A nova edição substitui a versão de 2016 elaborada e editada pelo Centro de Gestão da Qualidade (QMC) da Associação da Indústria Automóvel Alemã (VDA), e traz novidades importantes, garante Pedro Silva, diretor-geral da OPCO: “Posso dar três exemplos que espelham bem as mudanças pelas quais a indústria automóvel passa e que tornaram necessária a revisão da norma VDA 6.3 apesar de a ISO 9001 ter decidido não rever a sua edição de 2015. Ainda bem que a VDA QMC tomou a iniciativa. A nova versão dá uma ênfase muito maior quanto ao software, seja a nível do desenvolvimento do software que temos hoje nos nossos carros, seja a nível da gestão das alterações desse software e das implicações que isso tem também a nível de gestão da produção.” O segundo exemplo que o engenheiro automóvel indica é a inclusão de vários requisitos relativos aos fornecedores das cadeias de fornecimento e o terceiro é a integração de regras para a realização de auditorias remotas ou híbridas. A norma VDA 6.3:2023 é já o sexto manual que a OPCO traduz. Foi em 2016 que a empresa de Azeitão conseguiu convencer a VDA que a edição brasileira não era a mais adequada para o mercado português devido à diferença na terminologia. “Quem está por dentro deste mundo das normas da qualidade sabe que existem termos e definições completamente diferentes entre Portugal e o Brasil”, lembra o diretor-geral, concluindo que, desta forma, “afirmamos também o país e a nossa língua no setor automóvel mundial.”
ENTREVISTA 12 RAFAEL CAMPOS PEREIRA, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS METALÚRGICOS, METALOMECÂNICOS E AFINS DE PORTUGAL (AIMMAP) "O setor metalúrgico e metalomecânico tem condições para continuar a ser o principal pilar da indústria transformadora e da economia portuguesa" Luísa Santos Apesar da enorme volatilidade dos mercados nos últimos anos, as empresas do setor metalúrgico e metalomecânico tiveram, no primeiro semestre de 2023, os melhores resultados de sempre, com as exportações a somarem 12.865 milhões de euros, 11,6% acima do período homólogo. Em entrevista à InterMetal, Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP, mostra-se cauteloso em relação aos próximos meses, mas deixa uma nota de confiança para o futuro do setor que, a par do turismo, mais contribui para o PIB nacional.
ENTREVISTA 13 Indicadores como os sucessivos recordes de exportações espelham a notável evolução do setor metalúrgico e metalomecânico nos últimos anos. Que fatores contribuíram para este crescimento? Este crescimento está assente em estratégias delineadas pelas empresas, com o apoio da AIMMAP e de várias entidades de suporte, no sentido de apostarem cada vez mais na diferenciação. Falamos não apenas do investimento em tecnologia, que também é importante, mas da aposta em certificação, propriedade industrial, design, comunicação, marca, entre outros. Manifestamente, nos últimos anos assistimos a uma mudança de paradigma, com muitas empresas a deixarem de competir com base em preço e a apostarem na qualidade, com claros ganhos de valor acrescentado. Por outro lado, as empresas nacionais têm algumas características que foram determinantes neste processo, desde a versatilidade e capacidade de dar resposta a pequenas séries e a mercados de nicho à especialização e capacidade de adaptação das estruturas. Todos estes fatores, aliados ao investimento em tecnologia e a fatores funcionais, como a formação profissional e a qualificação dos nossos ativos, comportaram um investimento notável e contribuíram para o crescimento exponencial do setor na última década, com muitas empresas a mais que duplicarem as suas exportações. No caso do investimento em tecnologia, o Portugal 2020 foi determinante? Sim, é verdade houve algum suporte por parte desse programa. Mas devo dizer que, apesar de tudo, sendo certo que em Portugal há um grande problema de capitalização das empresas, os índices de capitalização do setor metalúrgico e metalomecânico são muito superiores à média nacional. Aliás, estudos feitos pelo Banco de Portugal indicam que, a esse nível, comparamos muito bem com a indústria metalúrgica e metalomecânica alemã. Isso também contribuiu para que se pudessem fazer esses investimentos. Mas, sim, claro que também recorremos aos programas de apoio e estamos, naturalmente, expectantes em relação ao Portugal 2030, com os atrasos que já se perspetivam e que nos preocupam, tal como também nos inquietam os constrangimentos e alguma indefinição no PRR. Qual é a sua primeira reação ao Plano Anual de Avisos do Portugal 2030, publicado há poucas semanas? A primeira reação é que os projetos de internacionalização individuais continuam a ser empurrados para a frente. Desde 2019 que não há projetos de internacionalização para as empresas e essa é uma opção política que lamentamos, já que nos coloca em posição de desvantagem face à concorrência europeia. As empresas italianas, espanholas, polacas ou eslovenas recorrem aos instrumentos que os fundos europeus lhes proporcionam para incrementarem a sua presença nos outros mercados (europeus e não só). Eu costumo dizer às nossas empresas que temos que contar connosco mesmos. Mas, se há fundos para alavancarem e potenciarem a convergência europeia, devem ser canalizados para os agentes da economia, ou seja, para as empresas. Como se caracteriza atualmente o setor? O setor metalúrgico e metalomecânico português é constituído por cerca de 22 mil empresas, a grande maioria microempresas. No fundo, reflexo da realidade portuguesa, cujo tecido empresarial é composto por muitas microempresas, algumas pequenas, poucas médias e pouquíssimas grandes empresas. Temos, talvez, mais grandes empresas que a média nacional. Em números gerais, o setor emprega atualmente cerca de 250 mil pessoas. Em 2022 exportou 23 mil milhões de euros e, em 2021, contabilizou um volume de negócios de 34 mil milhões de euros (ainda não temos números do ano passado), com um valor acrescentado bruto na ordem dos nove mil milhões de euros. Qual é o grau de digitalização destas empresas? Neste momento, não é possível saber exatamente qual é o grau de digitalização do setor. No entanto, empiricamente, sabemos que é uma realidade crescente. Vemos muitas empresas a realizar investimentos importantes nesta área e acreditamos que o PRR e as Agendas Mobilizadoras podem ter um papel importante para, nos próximos anos, nos aproximarmos dos níveis dos países do Norte da Europa. Para ajudar as empresas nesse caminho, estamos fortemente envolvidos com o Produtech, e com diversas empresas do setor, num projeto liderado pela Colep que tem como objetivo, precisamente, impulsionar a digitalização do setor metalúrgico e metalomecânico a partir das tecnologias de produção, mas que poderá beneficiar todos os outros setores utilizadores. Além disso, o Catim, o nosso centro tecnológico, também participa ativamente em iniciativas com o mesmo objetivo. Adicionalmente, mantemos uma estreita relação com o INEGI, do qual fomos sócios-fundadores, e com o INESC TEC, ambos muito envolvidos em projetos desta natureza, cujos resultados disseminamos junto dos associados da AIMMAP. Quais são os principais mercados destino das exportações nacionais de metalurgia e metalomecânica? Espanha, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Estados Unidos, por esta ordem.
ENTREVISTA 14 Têm vindo a surgir empresas que tiram partido das valências do país neste setor para desenvolver equipamentos de alto valor acrescentado. Mas, são poucos exemplos. O que falta para darmos esse salto? Temos vários fabricantes de tecnologia, como a Cheto, a Moldmak, a Adira e a CEI, para citar apenas alguns, que são casos de sucesso a nível internacional. A Adira, inclusive, tem feito um investimento notável em digitalização e na indústria 4.0. Mas também temos várias empresas no subsetor da fundição a investir nesta área, como a Fundiven ou a Ferespe, por exemplo. Por outro lado, são vários os exemplos de empresas do setor que, além do investimento em tecnologias de produção, têm apostado fortemente na produção de peças técnicas de elevado valor acrescentado. Estamos a falar de empresas que trabalham em regime de subcontratação para grandes grupos de vários segmentos da cadeia de valor e que produzem peças para vários setores, o que lhes dá uma grande capacidade de adaptação e lhes permite ‘fintar’ as crises com mais facilidade. Mas, concorda que há espaço para crescer? Sim, há imenso espaço para crescer. A falta de mão de obra, de que a grande maioria das empresas se queixa, pode ser um entrave ao crescimento futuro? Já é um entrave importante. As novas gerações simplesmente não estão disponíveis para trabalhar no chão de fábrica. Para contornar este problema, temos de criar condições, nas nossas empesas, para diluir progressivamente a fronteira entre o trabalho manual (muito estigmatizado) e o trabalho intelectual. Os jovens querem estar envolvidos em processos criativos, querem pensar, conceber, criar e não meramente executar. Esta dificuldade tem sido, de algum modo, mitigada pela imigração. Mas esta é uma solução transitória. Rapidamente, os filhos destes imigrantes vão passar a pensar da mesma maneira que pensam os jovens portugueses. No âmbito desta problemática, importa dizer que, muitas vezes, ouvimos críticas ao investimento em tecnologia como se a intenção da indústria fosse diminuir os postos "A substituição dos perfis profissionais nas empresas é uma necessidade premente, temos de inverter o rácio entre os postos de trabalho de alto valor acrescentado e os de baixo valor"
ENTREVISTA 15 de trabalho. De todo. Com o processo de digitalização, a nossa intenção é substituir postos de trabalho obsoletos por outros com maior densidade tecnológica, ocupados por perfis profissionais com mais valor acrescentado. Para tal, por um lado, precisamos que a oferta de jovens formados seja ajustada a este novo paradigma e, por outro, precisamos de dar formação profissional aos quadros existentes. Há poucos meses, em entrevista à InterMetal, Wilfried Schäfer, diretor executivo da Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas-Ferramentas (VDW), defendia que os centros de formação do setor, de toda a Europa, deveriam poder incluir a formação superior nas suas valências. Esta poderia ser uma solução para o problema? Poderia e deveria. O problema é que, em Portugal, teríamos a resistência quer do Ministério da Educação, quer do Ministério da Ciência e Tecnologia. Entretanto, de que forma está a ser preenchida essa lacuna? A AIMMAP tem vindo a estabelecer diversas parcerias com instituições como o Instituto Politécnico do Porto, mas também com o INEGI e o INESC TEC. No âmbito do nosso cluster de tecnologias de produção, o Produtech, temos parcerias com a Católica, o Instituto Superior Técnico, entre outras instituições. Já ao nível do ensino profissional, contamos com o Cenfim, o nosso Centro Protocolar de Formação Profissional, em parceria com o IEFP, onde temos um papel mais ativo na definição dos conteúdos programáticos. O nosso objetivo é aumentar, tanto quanto possível, a colaboração com todas estas instituições. Além deste, que outros desafios enfrenta atualmente o setor? Os dois grandes desafios da atualidade são o da transição digital e da transição energética, ambas fundamentais para o futuro do setor. No que se refere à transição energética, as nossas empresas têm investido muito, e cada vez mais, em fontes de energia alternativas, por exemplo, com a instalação de painéis solares nas fábricas ou com a substituição de combustíveis fosseis por soluções neutras em emissões de carbono. A transição digital é, igualmente, um desafio extraordinário, ao qual creio que estamos a responder de forma muito positiva. Como referi anteriormente, as nossas empresas estão cada vez mais digitalizadas, têm uma participação ativa em projetos deste âmbito, por isso acho que estamos no bom caminho. Considerando que muitas destas empresas têm um consumo intensivo de energia, como é que a atual instabilidade dos mercados energéticos afetou, ou afeta, o setor? De facto, temos alguns subsetores, como o da fundição, que são fortes consumidores de energia. Outros não tanto. De qualquer forma, este é um tema muito importante para a AIMMAP e, por isso mesmo, temos vindo a desenvolver ações para promover a eficiência energética nas empresas e para as ajudar a baixar os custos com energia, através da compra coletiva de eletricidade e de gás natural. É verdade que, em 2021, pagámos a energia mais cara de sempre, mas mesmo assim, graças às iniciativas da AIMMAP e à redução das tarifas de acesso (a medida mais importante que o governo adotou nos últimos anos), em termos médios, pagámos um valor inferior ao do ano anterior. Já no primeiro semestre de 2023, com a redução dos preços e a manutenção das tarifas de acesso negativas, tivemos a energia mais barata de sempre. É uma volatilidade quase inacreditável, agravada pela instabilidade em outros fatores de produção determinantes, como o preço das matérias primas. Este ano, muitos destes fatores estabilizaram o que, juntamente com o aumento das vendas, fez com que o primeiro semestre de 2023 fosse o melhor de sempre para o setor, a todos os níveis. No entanto, o segundo semestre está novamente a ser muito difícil. Na maioria dos nossos subsetores, as encomendas estão a baixar significativamente. Simultaneamente, temos indicações de que os nossos concorrentes asiáticos estão a reduzir para metade os seus preços, o que só é possível com apoios de estado. Este facto está a neutralizar o efeito da chamada ‘globalização fragmentada’, ou seja, a tendência para se comprar dentro do mesmo bloco geográfico ou cultural, de que beneficiamos anteriormente. Toda esta instabilidade poderia, de alguma forma, ser apaziguada por uma maior alocação de verbas do PRR às empresas? Sim, claro. Eu admito que há investimentos públicos que são fundamentais para agilizar a economia, como a melhoria de infraestruturas ou a modernização da Administração Pública, por exemplo. Mas as verbas do PRR estão a ser usadas para financiar a despesa pública corrente. Se fossem canalizadas para as empresas, seriam usadas para gerar valor, com claro benefício para o país. A AIMMAP apresentou, em maio, a ‘Visão Estratégica 2030 do Setor Metalúrgico e Metalomecânico’. Quais são os principais objetivos desta iniciativa? O principal objetivo é consolidar o trabalho que fizemos nos últimos anos, mas com uma visão estratégica clara para
ENTREVISTA 16 a próxima década, com vista ao crescimento do setor e ao aumento dos índices de produtividade. Para tal, prevemos levar a cabo uma série de medidas, onde se incluem ações de formação, de retenção de talentos, de internacionalização, de promoção das vendas, de aumento da tecnologia dentro das empresas, entre outras. Todas estas iniciativas vão ser integradas, sempre que possível, nas agendas mobilizadoras do PRR e em programas do 2030. Quantos associados têm atualmente? Temos mais de mil associados, incluindo todas as grandes e médias empresas portuguesas do setor, a maior parte das pequenas e algumas microempresas. Que valências oferece a associação às suas empresas? Desde logo, enquanto associação de empregadores, negociamos os contratos coletivos de trabalho com os sindicatos. Além disso, temos um departamento jurídico com quadros permanentes, que presta apoio jurídico aos associados; temos um departamento de ambiente; promovemos ações de internacionalização; apoiamos as empresas nas candidaturas aos programas europeus; organizamos missões inversas, bem como presenças coletivas em feiras internacionais (por exemplo, no Midest onde, desde 2011, graças à AIMMAP, Portugal tem a maior presença estrageira). Na área da formação, temos a Academia da Internacionalização para ajudar as empresas nesse processo, desenvolvemos programas de formação-ação e estabelecemos protocolos com entidades externas. Além da compra de energia em grupo, que já mencionei, estabelecemos protocolos na área dos seguros, e noutras, para benefício das nossas empresas. Por outro lado, fazemos lobby, mantemos um contacto permanente com as entidades e associações europeias em que estamos envolvidos, nomeadamente com a Orgalim, que é a grande associação de metalurgia, metalomecânica e eletrónica europeia, e com a Cecimo, associação de fabricantes de máquinas-ferramenta. Estamos igualmente muito envolvidos na atividade da CIP e fazemos parte da administração das várias entidades de suporte do setor: Catim, Cenfim, Certif, INEGI. Desta forma, conseguimos que os nossos associados acedam aos serviços prestados por estas entidades em condições preferenciais. Em resumo, toda a nossa atividade tem como propósito acrescentar valor às nossas empresas. E isso reflete-se na nossa capacidade de mobilização das empresas e na confiança que elas depositam na associação. Há um grande sentimento de pertença dos nossos associados em relação à AIMMAP. Numa nota final, como vê o futuro do setor? O setor metalúrgico e metalomecânico tem condições para continuar a ser o principal pilar da indústria transformadora e da economia portuguesa, a par do turismo. De facto, os próximos meses perspetivam-se difíceis, devido à concorrência asiática que já referi. A atual conjuntura de inflação, taxas de juro elevadas e volatilidade dos mercados resultam, em grande medida, de decisões erradas tomadas durante a pandemia que estão a afetar a economia mundial, inclusive as empresas asiáticas. O problema é que essas têm apoios de estado e, portanto, concorrem de maneira desleal com as demais. De qualquer forma, esperamos que, em 2024, esta situação seja ultrapassada e que as empresas possam retomar o crescimento que tem vindo a ser consolidado ao longo da última década. Para tal, precisamos que o Governo e a Administração Pública não sejam hostis à atividade empresarial e que se estimule a criação de riqueza no país. n
18 DESCARBONIZAÇÃO Descarbonização da indústria: essencial para a transição energética Apostar em energias renováveis e apoiar o processo de descarbonização, nomeadamente o levado a cabo pelas indústrias mais tradicionais. Porque, como lembrou António Costa e Silva, “os países industrializados são aqueles que geram mais valor e mais riqueza”. Alexandra Costa O mundo está num processo sem volta. É necessário apostar na descarbonização e na transição energética por forma a preservar o planeta. Uma mensagem transmitida por António Costa e Silva, ministro da Economia e do Mar, na sessão de abertura do painel Energylive: A Transição Energética e a Reindustrialização Sustentável da Economia Portuguesa, que decorreu no Portugal Smart Cities Summit 2023. O ministro considera preocupante o cenário atual, onde se verifica a fragmentação das cadeias de abastecimento, assim como do comércio mundial. Mesmo porque “o comércio é um fator de criação de riqueza”, sendo que “hoje há alguma
19 retração do comércio internacional”, o que, em última análise, “vai afetar o desenvolvimento das economias”. O ministro referiu mesmo que já se começa a falar de economias recentradas em si mesmas. O que, na sua opinião, é o pior que pode acontecer. Uma mensagem decorrente dos dois atuais conflitos: a guerra na Ucrânia e o confronto bélico entre Israel e o Hamas, com todas as consequências decorrentes, nomeadamente o aumento do preço da energia. António Costa Silva avisa que é neste contexto que se deve avaliar a prestação da economia portuguesa e que esta, em 2022, teve uma “resposta notável”, com um crescimento de 6,8% no PIB. “As exportações alcançaram 50% das exportações do PIB”, revelou o ministro, que acrescentou que “há décadas que não chegávamos a esse valor”. Por outro lado, fez questão de afirmar que os valores não se devem apenas ao turismo. Um exemplo apontado foi o setor metalomecânico, de fabricação de máquinas e equipamentos, que atingiu receitas de exportações de 23 mil milhões de euros – acima do turismo. A par disso, o ministro realçou ainda a importância da indústria de componentes para o setor automóvel, “que chegou aos 13 mil milhões de euros de exportações no ano passado”. Um valor que António Costa e Silva apelidou de histórico. “Temos uma indústria de componentes muito inovadora e competitiva. Hoje não temos nenhum carro a circular no espaço europeu que não tenha componentes que sejam fabricados em Portugal”, constatou o ministro. Relembrando uma afirmação de Kofi Annan, ex-secretário geral das Nações Unidas, que questionou a importância da economia se não fosse possível respirar, António Costa e Silva salientou ser essencial a transição energética. “Na transição energética o nosso país tem feito um caminho assinalável”, apontou o ministro, referindo que de 2005 a 2022 “temos uma redução de 38% das emissões de CO2 do país”, a par do encerramento das centrais a carvão. Para o futuro o ministro realça o “super desafio” da eólica offshore, com “o leilão que vai sair até ao fim deste ano”. Segundo o ministro, Portugal C M Y CM MY CY CMY K
20 DESCARBONIZAÇÃO encontra-se numa posição privilegiada em termos de produção de energia através desse recurso. No entanto António Costa e Silva também afirmou que não se pretende cometer os mesmos erros do passado, “ao nível do não aproveitamento das oportunidades”. A opinião do ministro é a de que “estamos do lado certo da história no que concerne à transição energética”. Face a isto é convicção de António Costa e Silva de que “temos que capitalizar todo o imenso potencial que o país tem nas energias renováveis”. O que vai ser feito através do desenvolvimento deste cluster, “que só pode beneficiar o país se também for utilizado para atrair a nova geração de energias verdes”. E aqui o ministro aponta, imediatamente, a energia do aço, que é a “mais poluente do planeta”, sendo responsável por “cerca de 8% das emissões de CO2”. António Costa e Silva revelou que o governo, com os grandes players internacionais, está a tentar captar, para Portugal, os grandes projetos do aço verde. O ministro revelou ainda estar preocupado em assegurar a transição energética de uma indústria muito importante para a economia portuguesa: os fabricantes de carros. O ministro relembrou o anúncio referente ao fabrico do primeiro carro elétrico ligeiro em Portugal, e apontou estar em conversações com vários fabricantes. O grande trunfo de Portugal, para António Costa e Silva, são as minas de lítio, “das maiores minas que temos no âmbito da União Europeia”. Relembrando os erros anteriores, o ministro refere que “não podemos apenas explorar a matéria-prima e exportá-la”. Pelo contrário: “queremos sediar no país toda a cadeia de valor do lítio, desde a extração, a refinação, a produção de células, a construção das baterias e a economia circular aplicada para tratar os resíduos e os materiais”. Na opinião de António Costa Silva, “se conseguirmos fazer isso, atraindo, ao mesmo tempo, grandes fabricantes de baterias para o país”, conseguimos avançar para um mundo de transição cada vez mais apoiado pelas baterias. O ministro referiu mesmo um estudo levado a cabo pela Agência Internacional de Energia, que aponta que, até 2040, o planeta vai precisar de 10 mil GW/hora em termos de capacidade de baterias. “O que significa cinquenta vezes a capacidade que temos hoje”, constata, acrescentando que a maioria das fábricas de baterias está na Ásia e que a Europa está atrasada, tendo de batalhar para apanhar o comboio. APOIAR A DESCARBONIZAÇÃO DA INDÚSTRIA Quanto a Portugal, o ministro salienta que há que perceber que há áreas da reindustrialização que são essenciais, nomeadamente não só as indústrias tradicionais. António Costa e Silva salientou o esforço de indústrias como as siderúrgicas, as cimenteiras e as petroquímicas, no seu “envolvimento extraordinário no processo de transição energética”. Na opinião do ministro muitas dessas indústrias compreenderam o problema em vez de o hostilizar, pelo que “é muito importante apoiar o centro de descarbonização destas indústrias”. Qual a importância disto? “A descarbonização destas indústrias é parte do processo de transição energética para preservar a base industrial do país e para alinhá-la com o futuro”. E é algo que já está em curso, como aponta o ministro, dando como exemplo a eletrificação dos fornos, do processo de trabalho, e inclusive o tratamento dos resíduos. Isto é importante porque, como lembra António Costa e Silva, “os países industrializados são aqueles que geram mais valor e mais riqueza”. n C M Y CM MY CY CMY K
22 I&D Colep Packaging e INEGI desenvolvem nova cápsula de café mais sustentável Estima-se que, por ano, se produzam mais de 50 mil milhões de cápsulas de café e que cerca de 75% delas acabem em aterros. Um problema que mereceu a atenção da Colep Packaging, uma das empresas mais relevantes do mercado de aerossóis na Europa e líder ibérico de embalagens general line, que desafiou o INEGI a desenvolver uma solução para mitigar o impacto ambiental deste produto. INEGI A nova cápsula é produzida em aço ultrafino e 100% recuperável pelos sistemas convencionais de recolha e reciclagem, sem necessidade de recolha especial ou alteração dos sistemas de tratamento.
23 I&D Assim nasceu o projeto Eco-Cápsula, que conta também com o apoio da NewCoffee, um dos principais operadores do mercado de café em Portugal. O objetivo foi desenvolver cápsulas metálicas, em aço ultrafino e 100% recuperáveis pelos sistemas convencionais de recolha e reciclagem, sem necessidade de recolha especial ou alteração dos sistemas de tratamento. Como explica Carlos Pinto, responsável pelo projeto no INEGI, "o grande avanço face às soluções existentes em alumínio ou polímero, será a reciclagem plena, ou seja, sem necessidade de programas específicos de recolha seletiva ou trabalhos adicionais para a sua reciclagem. As propriedades ferromagnéticas do material escolhido facilitam essa tarefa e as soluções inovadoras de fragilização seletiva permitiram ultrapassar as limitações habituais da utilização destes materiais neste tipo de aplicação”. As novas cápsulas foram desenvolvidas para serem compatíveis com as máquinas de café Nespresso, mas também com outros equipamentos e cápsulas já existentes no mercado, da mesma forma que os princípios que estiveram na base do seu desenvolvimento podem estender-se a outros formatos e tipologias de embalagem. Quanto ao processo de industrialização, José Oliveira, responsável pelo projeto na Colep Packaging explica que atualmente estão "a avaliar as possibilidades de entrada do produto no mercado, através da interação com potenciais utilizadores da solução”, sendo que a compatibilidade com os atuais sistemas de enchimento utilizados pela indústria permite a rápida introdução do produto no mercado. O conceito de economia circular foi a pedra basilar do projeto, e pretendeu-se demonstrar que é possível encontrar uma solução viável, a nível ambiental e económico, para a reutilização dos resíduos. O INEGI teve um contributo importante no processo de desenvolvimento de produto, nomeadamente no suporte aos meios de prova de conceito, realização de simulações numéricas e testes sensorizados, e análise de ciclo de vida (LCA) e sustentabilidade. O projeto ‘Eco-Cápsula - Desenvolvimento de cápsulas unidose, metálicas e 100% recicláveis’, uma copromoção entre a Colep Packaging e o INEGI, foi cofinanciado pelo Portugal 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. n A Eco-Cápsula é compatível com as máquinas de café Nespresso, mas também com outros equipamentos e cápsulas já existentes no mercado.
FABRICO ADITIVO 24 Pedidos de patentes em impressão 3D crescem oito vezes mais que todas as outras tecnologias Um relatório publicado pelo Instituto Europeu de Patentes (IEP) revela que a inovação no fabrico aditivo, também conhecido como impressão 3D, aumentou na última década. O estudo concluiu que, entre 2013 e 2020, os pedidos de patentes globais em tecnologias de impressão 3D cresceram a uma taxa média anual de 26,3% – um ritmo quase oito vezes superior ao de todos os domínios tecnológicos combinados no período homólogo (3,3%). TENDÊNCIA GLOBAL NO PATENTEAMENTO DE TECNOLOGIAS DE IMPRESSÃO 3D O mercado de impressão 3D tornou-se também mais diversificado. Enquanto anteriormente os principais intervenientes eram empresas de engenharia estabelecidas, estão agora a surgir muitas start-ups e empresas de fabrico aditivo especializadas. No total, mais de 50 mil invenções associadas a tecnologias de impressão 3D foram protegidas por famílias de patentes internacionais (FPI) em todo o mundo desde 2001. Uma FPI representa uma invenção significativa para Perspetiva europeia: Alemanha na liderança; Portugal especializado nas tecnologias da medicina e da saúde.
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