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Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone +351 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Ana Clara Equipa Editorial Ana Clara, Alexandra Costa, Nina Jareño Marketing e Publicidade Hélder Marques, Frederico Mascarenhas www.ialimentar.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127558 Déposito Legal 480593/21 Distribuição total +5.200 envios. Distribuição digital a +4.500 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 7 – Fevereiro de 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.ialimentar.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da iALIMENTAR adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO Agenda de Inovação: ‘Embalagem do Futuro’ 42 Soluções de acionamento para sistemas de embalamento seguros 46 As embalagens podem reduzir o desperdício alimentar e ser sustentáveis? 48 Packaging tecnologicamente avançado para proteger os alimentos, as marcas e o planeta 50 Embalagens: Novo Verde procura as soluções de economia circular mais inovadoras 52 Matinal é a primeira marca de leite em Portugal a adotar embalagem 100% neutra em carbono 53 TECMEAT: o Centro que potencia a inovação no setor das carnes 54 O que nos reserva 2023 para o setor alimentar e das bebidas europeu? 56 Porto é o centro da tecnologia da embalagem e logística em março 58 As melhores caixas paletes para produtores de kebab 59 Campos elétricos pulsados na ciência e indústria alimentar 60 Tecnologias que revolucionam o setor alimentar 64 Jurisprudência e legislação: acórdãos que marcaram 2022 66 ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 Pão e pastelaria: inflação continua a penalizar o setor 12 Panificadora Costa & Ferreira: a tradição dos dias de hoje 14 Cereais e produtos à base de cereais: controlo efetuado na ASAE - Parte I 16 Entrevista com Marina Calheiros, Gestora e Coordenadora da Lisbon Food Affair 21 Derovo na primeira edição da Lisbon Food Affair 25 As soluções Marque TDI em destaque na Lisbon Food Affair 26 SEL: pioneiros no relançamento de enchidos de Porco Preto de raça alentejana 28 Se há no mundo, há na Frutórbel 29 Albipack participa na Lisbon Food Affair 2023 30 Massas assumem papel importante em todo o tipo de alimentação 31 Entrevista com Francisco Augusto, Diretor-Geral da Trane Portugal 34 Porque é que o tipo de embalagem usada para o seu alimento é importante? 40 Membro Ativo:

Madeira acolhe III Jornadas de Aquacultura em março de 2023 A APEZ - Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica organiza a 2 e 3 de março, de 2023, na Ilha da Madeira, as AQUA'23: III Jornadas de Aquacultura. Objetivo: debater a aquacultura em Portugal e no Mundo, a sua importância e perspetivas futuras. Na conjuntura mundial, em que existem cada vez mais restrições à pesca extrativa, e com uma posição de excelência devido à sua localização geográfica, Portugal, em especial a Ilha da Madeira, evidencia um enorme potencial por explorar no que diz respeito à produção aquícola. No entanto, nem tudo serão facilidades, pois não bastará ter mar e costa para produção aquícola. A aquacultura portuguesa tem avançado a um ritmo interessante, revelando, ainda, um potencial de crescimento elevado, mostrando-se com um dos setores da Zootecnia commaior potencial de crescimento. Faltam técnicos especializados na área, e os engenheiros zootécnicos representarão aqui um papel preponderante nesta produção zootécnica de elevada especificidade e conhecimento técnico. É tudo isto que estará em debate no evento. 6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Investigadores do Politécnico de Leiria estudam produção sustentável de papaias em aquaponia Um grupo de investigadores do polo de investigação do LSRE-LCM no Instituto Politécnico de Leiria está a estudar a evolução do crescimento de papaieiras, assim como a viabilidade relativamente à sua frutificação, através da técnica de aquaponia. O estudo tem uma duração de cerca de 12 meses, pretendendo- -se comparar as caraterísticas morfológicas e de crescimento das plantas, sob o efeito de dois substratos ( Leca vs Tijolo triturado). A aquaponia é um sistema integrado e sustentável que combina a produção de animais aquáticos, geralmente peixes (aquacultura) com a produção de plantas apenas em água e sem solo (hidroponia). No ciclo de aquaponia, os nutrientes necessários para o crescimento das plantas são obtidos a partir das excreções resultantes da alimentação dos peixes, cujos dejetos são transformados por ação de bactérias em nutrientes facilmente absorvidos pelas raízes das plantas. Com a absorção dos nutrientes por parte das plantas, a água é tratada e reutilizada no tanque dos peixes. “Num ambiente de simbiose, num único sistema amigo do ambiente, é possível a obtenção de proteína animal proveniente dos peixes e o cultivo de variados tipos de vegetais. O objetivo principal é analisar o crescimento dos peixes e os níveis de produtividade das diferentes culturas de plantas num sistema de produção agrícola sustentável, que requer um baixo consumo de recursos (energia e água), um uso reduzido de químicos e não requer uso de solos”, sendo viável em áreas urbanas, explicam os professores e investigadores Fernando Sebastião, Judite Vieira e Raul Bernardino. Entre os projetos já desenvolvidos pelo Politécnico de Leiria nesta área de aquaponia, além do estudo da produção sustentável de papaias, é de referir a avaliação da qualidade da água num sistema de tratamento aquapónico com produção de alfaces, a produção sustentável de hortícolas (canónigos e rúcula), e a produção sustentável de plantas (rúcula, salsa, poejo) com incorporação de tenébrios na alimentação dos peixes.

7 EDITORIAL Quando foi apresentada publicamente no ano passado, muitos dos que estavam a assistir ao evento, tinham um brilho no olhar. Estávamos ainda em pandemia e com muita sede de encontros, feiras e negócios. E, se há setor dinâmico e que precisa de um certame que agregue, é o agroalimentar. A Lisbon Food Affair carrega, com a sua primeira edição, de 12 a 14 de fevereiro, em Lisboa, todo um potencial de ânimo. Assume-se como uma nova feira profissional centrada nos fabricantes e distribuidores de alimentos e bebidas, equipamentos, serviços e tecnologias para a distribuição e para o canal Horeca. Acreditamos que irá, sem dúvida, marcar a indústria alimentar portuguesa em 2023 e a iALIMENTAR (media partner e que marca presença com stand na feira) irá testemunhar tudo o que por lá se vai passar. Nesta primeira edição do ano damos destaque ao setor da padaria e da pastelaria, que tem sofrido momentos muito difíceis nos últimos tempos devido à conjuntura económica, embora registe um aumento do consumo no ano passado. Antecipamos desafios e perspetivamos putativos entraves que 2023 trará ao mercado. Damos-lhe ainda a conhecer o exemplo de sucesso da Panificadora Costa&- Ferreira, uma empresa especializada na produção de produtos de panificação tradicional portuguesa. Entre outros temas, fazemos ainda uma viagem pela atualidade que marca a embalagem na indústria alimentar, dando-lhe a conhecer as inovações, processos e como a economia circular está a impactar positivamente este segmento. Marcamos encontro na Lisbon Food Affair. Até lá, boas leituras e excelentes negócios! Lisbon Food Affair: uma nova feira para impulsionar 2023 SilicoLife acelera a produção biológica de ingredientes A biotecnológica portuguesa concluiu, no final de 2022, a primeira de duas rondas Série A no montante de 4,9 milhões de euros, integralmente coberta por fundos geridos pela sociedade de capital de risco BlueCrow. De acordo com um programa de objetivos aprovado para os próximos dois anos, a BlueCrow está comprometida em assegurar a segunda ronda de investimento no mesmo montante na SilicoLife. As duas rondas de investimento pretendem apoiar o desenvolvimento e evolução domodelo de negócio da empresa durante os próximos três a cinco anos. A SilicoLife combina Inteligência Artificial (IA) e Biologia para a produção sustentável de variados ingredientes, utilizando fermentação de precisão aliada à engenharia de microrganismos. Com um forte historial na criação de soluções biológicas otimizadas com empresas líderes em diferentes setores, a SilicoLife focar-se-á na criação da sua própria linha de tecnologias de produção de ingredientes para a indústria dos suplementos alimentares. Simão Soares, CEO da SilicoLife, salienta: “a fermentação é a tecnologia de fabrico do futuro. Estamos a aproveitar o nosso conhecimento em tecnologia e experiência no desenvolvimento de novos processos biológicos para fazer face às necessidades não satisfeitas numa indústria em forte crescimento - a indústria dos suplementos. A colaboração entre a SilicoLife e a BlueCrow combina a nossa reconhecida competência em I&D com a capacidade financeira dos fundos geridos pela BlueCrow, para dimensionar uma empresa baseada no conhecimento”.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER O consumo da 'geração limbo' e o impacto do teletrabalho no setor agroalimentar A pandemia causada pela Covid-19 e o conflito na Ucrânia trouxeram ainda mais incerteza a uma geração de jovens adultos que já é designada por 'geração limbo'. Essa geração encara o teletrabalho com normalidade e exige formas mais flexíveis de gestão. Para analisar estas tendências, a AICEP, em colaboração com o FutureCast Lab do ISCTE, publicou dois relatórios dedicados ao setor agroalimentar para ajudar as empresas a conhecer melhor estas mudanças e a aplicá-las no desenvolvimento do seu negócio. As duas análises estão já disponíveis - 'A Geração Limbo' e o 'Mercado Agroalimentar e Teletrabalho e Soft Managing nas Empresas de Agroalimentar' - e integram o projeto 'Tendências em Gestão e Marketing Internacional' cujo objetivo é identificar as principais tendências internacionais que podem tornar as empresas exportadoras mais competitivas. Ao centrar-se numa geração que enfrenta limitações financeiras e dificuldades laborais, mas cujos hábitos de consumo são determinados pelas preocupações crescentes com a sustentabilidade e os comportamentos éticos – a 'geração limbo' – o primeiro relatório sintetiza alguns dos hábitos destes consumidores no que diz respeito à alimentação. Apesar do poder de compra limitado, esta geração tem hábitos de consumo exigentes, está comprometida com os valores de sustentabilidade, igualdade e tolerância e a sua influência na decisão da compra não deve ser subestimada. Para esta geração, a comida é uma forma de expressão e mais de 75% dos seus membros gosta de cozinhar e considera a culinária uma arte. Por outro lado, conhecer os hábitos de compra e de consumo da 'geração limbo' - de jovens adultos que veem os seus projetos adiados – é um desafio complexo para este setor. Nesta análise são ainda apresentados casos de empresas que, de alguma forma, procuraram adaptar-se aos novos consumidores, nomeadamente a Knorr, Violife e a GL Food Solutions. Agroalimentar: 'Dare2Change 2023' chega a 21 de março ao Porto O Colab4Food, em conjunto com a PortugalFoods e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, IP), organiza a 2.ª edição da conferência Dare2Change. Este evento, dirigido aos vários players do setor agroalimentar, terá lugar a 21 de março, em formato presencial, no Centro de Congressos do Super Bock Arena, no Porto. Em análise estarão os desafios enfrentados pelo setor - desde a inovação tecnológica aos novos modelos de negócio – e temas relevantes para o sucesso nacional e internacional das empresas agroalimentares portuguesas. Inscrições até dia 1 de março de 2023 aqui: https://dare2change.pt/inscricoes SagalExpo em Lisboa emmarço A SagalExpo - Feira de Exportação dos Sabores de Portugal está de regresso de 27 a 29 de março de 2023, e realiza-se na FIL, em Lisboa. A edição de 2023 promete ser ainda mais dinâmica, inovadora e determinante para o sucesso das empresas. O objetivo é dar a conhecer novos produtos produzidos em Portugal, servindo de montra às centenas de compradores internacionais que participam no evento. Temas em destaque: agroalimentar, azeite, bebidas, especiarias, pescado, embalagem, equipamentos, hortícolas, frutas, vinhos, laticínios, logística, carnes e derivados e transporte.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Corunha recebe 5ª edição da Consolfood2023 Evento aborda temas como os avanços na energia solar e no processamento térmico de alimentos e apela à submissão de resumos. Este ano, a Consolfood ruma até à Galiza, mais precisamente à Corunha, onde, entre os dias 12 e 14 de julho, recebe aquela que é quinta edição desta conferência internacional. Durante a conferência será possível ver uma exposição de fogões solares, que, explica a organização, serão utilizados para confecionar as refeições do evento. Todo o programa do certame será disponibilizado em formato híbrido, pelo que aqueles que se inscreverem, mas não puderem estar presentes, poderão participar online. O evento focar-se-á nos avanços na cozinha solar, no processamento solar de alimentos, entre outros temas relacionados. Para já, a organização faz um apelo à submissão de resumos. Estes deverão ter, no máximo, 400 palavras e seguir os guidelines definidos pela ERIC. Pode enviar para o email: cruivo@ualg.pt. Polígono Industrial Almeda C/ Sant Ferrán, 53 · Nave 13 08940 Cornellà del Llobregat, (Barcelona) Tel. (+34) 934 800 770 · Fax. (+34) 934 801 121 ventas@cialsanco.es www.cialsanco.es • Projeto: secção de entrada reta e saída removida (só 90º). • Alimentação: Com ou sem motor. • Raio e passo: raio constante e passo reduzido. • Fácil implementação em layouts existentes. • Pequeno espaço necessário. • Segurança: Superfície fechada. • Baixo ruído e até 70 m/min. Caraterísticas: MOVEX - Banda Curva Zero Contact 90º e 180º CURVA ZERO CONTACT

Tetra Pak junta-se à Fresh Start Parceria com a incubadora de tecnologia de processamento de alimentos pretende encontrar soluções que contribuam para o aumento da resiliência dos sistemas de alimentos. A Tetra Pak anunciou a sua primeira colaboração com incubadora de tecnologia de processamento de alimentos, mais precisamente a israelita Fresh Start, que trabalha com um portfólio de startups, a fim de oferecer soluções tecnológicas para alguns dos desafios enfrentados pelos sistemas globais de alimentos. A combinação do know-how das duas empresas tem como objetivo “fomentar soluções que vão contribuir para o aumento da resiliência dos sistemas de alimentos”. Entre o portfólio de soluções da incubadora, a Tetra Pak destaca a Bountica, um mecanismo baseado em fermentação que prolonga o prazo de validade de alimentos e bebidas e a Alteco, um dispositivo que ajuda instalações de produção a gerir o consumo de energia. A par de sessões personalizadas de consultoria, a parceria também vai oferecer oportunidades para que as startups se envolvam diretamente com a Tetra Pak, o que vai ajudá-las a escalar, com acesso a centros de desenvolvimento de produtos e suporte para pesquisa e desenvolvimento. Sobre a parceria, Rodrigo Godoi, vice-presidente de gestão do portfólio de processamento da Tetra Pak, refere que a empresa está ansiosa para colaborar com a Fresh Start, “pois, juntos, podemos ultrapassar os limites e as perspetivas para fomentar o desenvolvimento e a inovação tão necessários. O sistema de alimentos atual não é resiliente o suficiente para atender às demandas da nossa população em crescimento. Ao trabalhar em conjunto e combinar as décadas de experiência e conhecimento da Tetra Pak no setor com as inovações de incubadoras do setor de alimentos como a Fresh Start, podemos acelerar novas soluções para alimentos que criam caminhos originais para enfrentar os desafios dos sistemas modernos de alimentos. O nosso objetivo é ajudar os nossos clientes a continuarem a produzir os alimentos mais sustentáveis e nutritivos”. 10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER CYR compra a empresa Tractor Caldas nas Caldas da Rainha A estratégia da CYR, a longo prazo, baseia-se na consolidação da sua presença nos setores agrícola e agroindustrial, oferecendo aos industriais do setor uma oferta suportada emmarcas de qualidade reconhecidas internacionalmente, e que constituam soluções que comportem acréscimo de valor para os seus clientes. Fruto da sua dedicação nos últimos três anos a mais uma área de atividade, o fornecimento de peças e componentes para máquinas agrícolas, surgiu a oportunidade de aquisição da empresa Tractor Caldas, Lda, a qual é uma referência na região Oeste no fornecimento destas peças, o que possibilitará passar a oferecer aos clientes deste setor dois pontos de contacto, e um stock acrescido destas peças. Esta aquisição visa disponibilizar aos atuais clientes da CYR e da Tractor Caldas, o acesso a um stock de peças de maquinas agrícolas acrescido e melhorar a capacidade de resposta às suas necessidades. A aposta da CYR na Tractor Caldas não se vai limitar à atual oferta desta empresa. A Tractor Caldas será a referência na região Oeste em produtos para o apoio à agricultura e às industrias alimentares, o que significa que à atual gama existente de peças para máquinas agrícolas, serão adicionadas linhas de produtos das marcas representadas pela CYR, como os rolamentos NTN e JTEKT, mangueiras industriais CONTINENTAL, pneumática SMC, vedantes CORTECO, elétrodos FUSIONPOINT, ferramentas WERA, rótulas DURBAL e abrasivos SPARKFLEX, além de outros produtos, procurando ser um fornecedor global para os clientes destas áreas de negócio. Significa ainda uma aposta mais forte na hidráulica, seja na cravação de tubos para a agricultura e indústria, onde se irá alargar a gama de tubos e acessórios para ter uma resposta mais rápida, seja na oferta de acessórios e componentes de hidráulica aplicada, e uma aposta na automação pneumática, fundamental para a industria, setor alimentar e não só. Na Tractor Caldas manter-se-á a mesma equipa, a qual será reforçada e usufruirá de um vasto programa de formação técnico e de produto, quer interno quer das marcas, para conseguir prestar um melhor serviço ao cliente, apoiada pelos recursos técnicos disponibilizados pela CYR e pelas marcas representadas.

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12 PÃO E PASTELARIA Pão e pastelaria: inflação continua a penalizar o setor Inflação galopante, aumento do custo das matérias-primas e poder de compra cada vez mais afetado. Estes continuam a ser os problemas que se colocam ao setor da padaria e pastelaria em Portugal. 2022 revelou-se positivo para o consumo, de janeiro a outubro, mas a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), continua cautelosa para este ano. Tudo vai depender da situação económica e dos preços das matérias-primas. Ana Clara

13 PÃO E PASTELARIA Ao longo de 2022, “verificou-se um crescimento no consumo de janeiro a outubro”, tanto em produtos de padaria como de pastelaria, “a que não deve ser alheio o bom desempenho do turismo” O Presidente de Direção da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), Luís Gonçalves, começa por recordar que ao longo de 2022, “verificou-se umcrescimento no consumo de janeiro a outubro”, tanto em produtos de padaria como de pastelaria, “a que não deve ser alheio o bom desempenho do turismo”. Por outro lado, “a inflação penalizou a compra de pão e bolos, pois verificou-se uma quebra nas vendas destes produtos tendo sido mais notória no último trimestre do ano”. Segundo o responsável, registou-se ainda uma alteração nos hábitos de consumo, pois verificou-se uma transferência do consumo para produtos mais económicos. “Os clientes procuraram produtos de menores dimensões e, consequentemente, verificou-se uma redução na quantidade consumida. Além disso, o cliente procurou pães mais baratos. O cliente não deixa de comprar produtos de pastelaria mas notou-se uma redução do consumo deste tipo de produtos”, vinca Luís Gonçalves. Em relação à subida de preços das matérias-primas, a mesma “foi refletida no aumento no preço pago pelo consumidor, apenas uma parte dos aumentos de preços de matérias- -primas e energias. O restante foi suportado pelos produtores, com quebra de margens”. Apesar de tudo, garante, “não temos conhecimento de profissionais que tivessem que fechar o seu negócio devido a estes aumentos das matérias-primas”. Já em relação ao preço do pão, nomeadamente em 2023, “muito dependerá da variação dos preços das matérias- -primas e energias”, mas além dos aumentos habituais do início do ano, haverá sempre o impacto do aumento do salário mínimo. n

14 PÃO E PASTELARIA Panificadora Costa & Ferreira: a tradição dos dias de hoje A Panificadora Costa & Ferreira, empresa especializada na produção e fornecimento de produtos de panificação tradicional portuguesa, nasceu em 1990 pelas mãos de Joaquim e Rita Costa, que iniciaram o fabrico próprio de uma receita de pão caseiro para fornecer duas das suas churrasqueiras, no concelho de Rio Maior, no início dos anos 90. Ana Clara “O pão rapidamente fez sucesso graças à sua 'côdea estaladiça e interior macio e saboroso', começando a ser procurado no concelho de Rio Maior. Hoje em dia é um negócio que já perdura há mais de 30 anos”, explica a Diretora Geral da Panificadora Costa & Ferreira, Deborah Barbosa. Responsáveis pelo pão de Rio Maior, foram a empresa com o primeiro produto do setor da panificação tradicional certificado a nível nacional, recebendo a certificação de Pão Regional de Rio Maior. A panificadora conta com produção artesanal em larga escala e uma produção de mais de 300 mil pães por dia nos seus 29 fornos disponíveis. E de uma coisa não há dúvida: vivem a sua paixão pelo que é tradicional, seguindo uma receita simples e caseira. "Todos os produtos são isentos de aditivos e conservantes e são confecionados com apenas quatro ingredientes: farinha, água, sal e levedura biológica", salienta a responsável. O processo é fiel às raízes do pão "e o verdadeiro segredo está na própria forma como o produto é trabalhado: a massa é cortada, moldada e enfornada à mão sendo depois cozida em fornos de alvenaria aquecidos a lenha". Contam com uma verdadeira produção artesanal em larga escala com a utilização diária de 50 toneladas de farinha moída e uma produção de mais de 300 mil pães por dia nos seus 29 fornos disponíveis, com toda a matéria-prima utilizada proveniente de fornecedores nacionais. A Panificadora garante eficiência, excelência e qualidade do produto, desde a confeção da massa até ao embalamento. ALIAR A TRADIÇÃO À INOVAÇÃO ESTÁ NO ADN "O departamento de Investigação e Desenvolvimento trabalha diariamente para produzir novas ideias e conceitos para o lançamento de novos pães

15 PÃO E PASTELARIA no mercado para conseguirem assim satisfazer as necessidades dos consumidores e acompanhar a evolução do mercado", refere Deborah Barbosa. Com o passar dos anos o portefólio tem vindo a aumentar e a ganhar uma vasta diversificação de produtos, apresentando atualmente diversos produtos tais como: pão de Rio Maior, pão de forma com centeio, pão escuro, pão de aveia e linhaça, pão integral, pão Todos os produtos são isentos de aditivos e conservantes e são confecionados com apenas quatro ingredientes: farinha, água, sal e levedura biológica. SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade é uma preocupação crescente para a Panificadora que, nos últimos anos, tem vindo a implementar diversas medidas com o objetivo de reduzir o consumo de energia e o desperdício como: investimento na produção de energia através de painéis fotovoltaicos (tendo atualmente 1.600 painéis que representam 20% da necessidade energética); utilização de lenha proveniente de fontes sustentáveis; dando um novo propósito ao produto não utilizado, ou seja, um pão que não esteja de acordo com as rigorosas normas de qualidade ganha uma nova finalidade ao ser utilizado como biocombustível para os fornos ou utilizado para a alimentação animal; também é feita a otimização do processo de produção do pão para minimizar os resíduos provocados. Recorde-se que a Panificadora Costa & Ferreira é PME Excelência há 11 anos consecutivos, contanto atualmente com cerca de 260 colaboradores e tendo a ambição crescente de fazer chegar o pão tradicional português cada vez mais longe. de maça e canela, broa de milho, broa de centeio, entre muitos outros. Para além do pão fresco entregue diariamente ao domicílio em localidades até 200km de Rio Maior, a Panificadora dedica-se também ao fabrico de pão ultracongelado, que chega às grandes superfícies de norte a sul do país. O pão ultracongelado é acabado de confecionar nos pontos de venda, tendo a grande vantagem de não ser necessária a descongelação, vai diretamente ao forno, o que simplifica e facilita a operação. Para além da distribuição nacional, o pão ultracongelado chega a países como Espanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, França ou Reino unido, e para além da Europa, a países como os Estados Unidos, Cabo Verde e Angola através de clientes diretos e indiretos. n A Panificadora Costa & Ferreira é PME Excelência há 11 anos consecutivos, contanto atualmente com cerca de 260 colaboradores.

PÃO E PASTELARIA 16 CEREAIS E PRODUTOS À BASE DE CEREAIS: CONTROLO EFETUADO NA ASAE - Parte I Técnica Pedro Nabais1-1, Sofia Lopes1-1, Sarogini Monteiro1-1, Paulo Carmona1-1, Célia Santos1-2, Graça Campos1-2, Manuela Sol1-2 1Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, DRA-Divisão de Riscos Alimentares 1-2Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, LSA-Laboratório de Segurança Alimentar INTRODUÇÃO Sendo os cereais uma parcela muito grande das culturas mundiais destinadas tanto à alimentação humana, como à alimentação animal este grupo e os seus múltiplos produtos derivados (pão, bolachas, cereais de pequeno-almoço, farinhas, alimentação infantil, etc.) encontram limites máximos de segurança estabelecidos legalmente. O grupo dos 'cereais e derivados, tubérculos' na Roda dos Alimentos recomenda a ingestão diária de 4 a 11 porções deste grupo. Constituemainda uma das fontes possíveis para fornecer a quantidade diária recomendada de hidratos de carbono, proporcionando energia sem aumentar a ingestão de gorduras e açúcares simples. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) no âmbito do Plano Nacional de Colheita de Amostras (PNCA) controla anualmente uma grande variedade de alimentos deste grupo ‘Cereais e produtos à base de cereais’, para verificação da sua conformidade de acordo com os diplomas legais aplicáveis. A presença do Laboratório de Segurança Alimentar (LSA) da ASAE na cadeia de labora-

PÃO E PASTELARIA 17 tórios nacionais de referência para micotoxinas e outros contaminantes em géneros alimentícios, a nível europeu, é a garantia que, também nesta área, a ASAE se encontra estrategicamente posicionada para enfrentar o desafio do controlo destes alimentos, garantindo a segurança alimentar do consumidor final. Serão aqui apresentadas as potenciais questões de segurança alimentar que cereais e produtos derivados dos cereais podem apresentar, descrevendo a regulamentação específica que lhe é aplicável, bem como o controlo que lhe é feito, os métodos analíticos utilizados e os resultados obtidos em amostras colhidas no âmbito do PNCA no período compreendido entre 2017 e 2021. SEGURANÇA ALIMENTAR - PERIGOS ASSOCIADOS De um modo geral os cereais e derivados de cereais, para além dos benefícios associados ao seu consumo podem apresentar perigos para a saúde de quem os ingere. O Regulamento (CE) nº178/2002, define um perigo como um agente biológico, químico ou físico presente nos géneros alimentícios ou uma condição dos mesmos, com potencialidades para provocar um efeito nocivo para a saúde. Os perigos que podem estar associados aos cereais e derivados de cereais são de diversa natureza. De acordo com os dados disponíveis no Relatório Anual 2020 do sistema de alerta RASFF (Rapid Alert System for Food and Feed), os cereais, inseridos na categoria ‘cereais e produtos de panificação’, aparecem na quarta posição das categorias de produtos mais notificadas em 2020. As notificações relacionadas com a categoria ‘cereais e produtos de panificação’, mostram que os principais perigos relacionados com estes produtos durante o ano de 2020 foram: os resíduos de pesticidas (73), os alergénios (28), seguidos de corpos estranhos (20) e micotoxinas (17). As restantes notificações estão relacionadas com outras situações diversas, tais como: contaminantes microbianos, contaminantes de processo, rotulagem (ausência/incompleta ou incorreta), poluentes ambientais, toxinas naturais, aditivos e aromatizantes. ALERGÉNIOS Os alergénios mais comuns nos cereais e derivados de cereais nas notificações RASFF estão relacionados com a ausência da sua indicação na rotulagem do alimento para informação ao consumidor, como por exemplo as sementes de sésamo, o leite, amendoins e frutos de casca rija, ovo e também o glúten em alimentos identificados como ‘isento de glúten’. No ano de 2020 ocorreram 28 notificações no sistema de alerta RASFF para este perigo na categoria dos ‘cereais e produtos de panificação’. De acordo como Regulamento (UE) n.º 1169/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro, relativo à prestação de informação aos consumidores sobre os géneros alimentícios, é obrigatória a indicação das substâncias potencialmente alergénicas no rótulo dos géneros alimentícios que se encontram listadas no Anexo II do regulamento. A presença de alergénios emalimentos processados industrialmente, cuja rotulagem não declare a sua presença na composição ou alegue a sua ausência, poderá ser suscetível de prejudicar a saúde do consumidor, em particular para os consumidores que sofrem de alergias ou intolerâncias alimentares. É, por esse motivo, fulcral a correta rotulagem dos géneros alimentícios com a indicação de todos os ingredientes ou auxiliares tecnológicos ou derivados de uma substância ou produto enumerados no anexo II do Regulamento (EU) n.º 1169/2011, que provoquem alergias ou intolerâncias, de modo que os consumidores possam fazer escolhas informadas e seguras. PERIGOS FÍSICOS Os perigos físicos são corpos estranhos oumatérias estranhas encontradas em géneros alimentícios que podem ter sido introduzidos comamatéria-prima, durante a elaboração/processamento, armazenagem ou colocação à venda, ou pelos próprios manipuladores. Quando não são identificáveis e ingeridos com os géneros alimentícios poderão traduzir-se numa série de complicações na saúde. São exemplos de perigos físicos: vidros, metais, pedras, madeiras, plásticos, insetos, ossos, cabelo, caroços de frutas, entre outros. Foram notificados pelo RASFF produtos com uma grande variedade de corpos estranhos, tais como metal, plástico, vidro, fragmentos de madeira. De acordo com o Relatório 2020 do RASFF, foram efetuadas 20 notificações relacionadas com estes perigos na categoria ‘cereais de produtos de panificação’. MICOTOXINAS As micotoxinas são metabolitos secundários tóxicos produzidos por fungos que ocorremnaturalmente em produtos agrícolas por todo o mundo entre os quais se destacam os cereais. De especial relevância para a ocorrência deste tipo de contaminação são as condições de armazenamento e transporte dos cereais: condições de elevada humidade e temperatura, favorecem o crescimento de fungos e consequentemente a presença destas toxinas. Uma vez introduzidas na cadeia alimentar a eliminação das micotoxinas é muito difícil já que são resistentes à temperatura e à maioria dos passos de processamento dos géneros alimentícios, persistindo nos produtos finais disponibilizados ao consumidor.

PÃO E PASTELARIA 18 Dos fungos responsáveis pela produção de micotoxinas destacam-se os géneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium, cujas toxinas provocam vários efeitos adversos para a saúde que vão desde distúrbios gastrointestinais e renais a imunodeficiência, efeitos carcinogénicos e genotóxicos. Vejamos agora quais as principais micotoxinas identificadas, a sua origem e efeitos indesejáveis mais relevantes: • As Aflatoxinas B1 (AFB1), B2 (AFB2), G1 (AFG1) e G2 (AFG2), são as quatro principais aflatoxinas, tendo a aflatoxina B1 sido identificada como a que apresenta uma maior toxicidade e podem ser encontradas em quase todos os cereais e produtos derivados destes. Estas toxinas podem causar carcinoma hepatocelular e foram por esse motivo classificadas como cancerígenas do Grupo 1 (carcinogénicas para os seres humanos) pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC). As Aflatoxinas são produzidas por fungos das espécies Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. • A Ocratoxina A (OTA) é produzida pelos Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus e um parecer da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) atualizado em 2020 sugere que a ocratoxina A pode ser genotóxica ao danificar diretamente o DNA, tendo confirmado também que pode ser carcinogénica para o rim. • ODesoxinivalenol (DON) é o contaminante natural mais frequentemente encontrado no trigo, podendo também estar presente nos seus produtos derivados. Produzido por fungos do género Fusarium pode levar a sintomas gastrointestinais agudos, tais como como vómitos, recusa de alimentação e diarreia. O desoxinivalenol tem estado envolvido numa série de incidentes de intoxicação humana na Ásia. Os seus efeitos agudos nos seres humanos são semelhantes aos dos animais e podem ocorrer também devido à presença dos derivados 3-acetil-desoxinivalenol (3-Ac-DON), 15-acetil-desoxinivalenol (15-Ac-DON), que apesar de serem produzidos pelos fungos a níveis muito mais baixos do que o composto parental DON, também exercem toxicidade. • A Zearalenona (ZEA) resulta do crescimento de fungos do género Fusarium e apresenta propriedades estrogénicas. Esta micotoxina é frequentemente encontrada no trigo e o seu consumo pode levar à ocorrência de puberdade precoce, afetando sobretudo as raparigas e alteração dos padrões de fertilidade. • As Fumonisinas B1 (FB1) e B2 (FB2), resultantes do crescimento de fungos do género Fusarium estão relacionadas com um aumento incidência de cancro esofágico. Esta micotoxina tem uma grade incidência no milho e produtos derivados. Os estudos recentes mostram que a contaminação por micotoxinas múltiplas é o tipo de contaminação mais comum, nomeadamente em cereais. Este é um tópico de grande preocupação, uma vez que as amostras co-contaminadas podemainda exercer efeitos mais adversos na saúde devido a interações aditivas/sinergéticas das micotoxinas. Sendo as micotoxinas supra referidas as mais relevantes, pela elevada ocorrência e efeitos, existem atualmente nesta área uma atenção crescente com outras micotoxinas emergentes de onde se destacam os metabolitos do DON, as enniatinas, a beauvericina, a citrinina e os Esclerócios da cravagem e alcaloides da cravagem. Durante o ano de 2020 e de acordo com os dados do Relatório Anual do RASFF, foram efetuadas 400 notificações de micotoxinas para todos os grupos de alimentos, das quais 367 referentes a aflatoxinas. No grupo 'cereais e produtos de panif icação' contabilizam-se 17 notificações paramicotoxinas nomercado interno e 14 no controlo fronteiriço. Predominam no RASFF as notificações relacionadas com Aflatoxinas (AF), Ocratoxina A (OTA), Desoxinivalenol (DON) e outras micotoxinas. PERIGOS BIOLÓGICOS Estima-se que cerca de 90% das doenças transmitidas por alimentos sejamprovocadas por microrganismos. Estes podem-se encontrar em quase todos os alimentos, mas a sua transmissão resulta, na maioria dos casos, da utilização de metodologias erradas nas últimas etapas da sua confeção ou distribuição. Dos contaminantes microbianos eventualmente presentes nos cereais e derivados destacam-se o Bacillus Cereus, Cronobacter spp., Listeria monocytogenes e Salmonella. As intoxicações causadas por Bacillus cereus resultam da ingestão de alimentos contaminados comomicrorganismo e/ou comas enterotoxinas que produziu durante o seu crescimento. B. cereus encontra-se largamente distribuído na natureza, tendo já sido isolado do solo, pó, colheitas de cereais, vegetação, pelos de animais, água e matéria em decomposição. Assim, o microrganismo é encontrado numa grande variedade de produtos agrícolas e de origemanimal. À intoxicação emética, resultante da ingestão do alimento com a toxina preformada, têm sido associados pratos de arroz, alimentos desidratados, massas e queijo. B. cereus temsido detetado emnumerosas ervas desidratadas, especiarias, preparados para molhos, pudins, sopas, produtos de pastelaria e saladas. O Cronobacter é umpatogéneo bacteriano emergente associado a infeções como a enterocolite necrosante, sepsis, e meningite em recém-nascidos e lactentes, relacionadas com o consumo de fórmulas para lactentes. Alémdisso, esta bactéria também pode causar infeções em adultos através da ingestão de outros alimentos.

PÃO E PASTELARIA 19 A Listeria monocytogenes é o agente bacteriano causador da listeriose e pode provocar diversos sintomas, acima de tudo gastrointestinais. Na maioria dos casos não é fatal, mas pode sê-lo para pessoas mais velhas, imunodeprimidos, crianças ou causar aborto emmulheres grávidas. É sensível a temperaturas acima dos 65°C e o crescimento não é totalmente inibido com a refrigeração – ainda que o seja pela congelação - esta bactéria pode ser encontrada em diversos alimentos, acima de tudo em produtos prontos para consumo expostos a contaminação após uma etapa de processo que provoque a inativação da Listeria. A Salmonella, o agente bacteriano que provoca a salmonelose. A salmonelose continua a ser a segunda zoonosemais comum nos seres humanos na UE. É mais comumente encontrada em ovos e carne fresca, especialmente de frango, mas pode estar também presente noutros alimentos crus, insuficientemente cozinhados ou emágua. Os equipamentos, superfícies ou outros materiais presentes nos ambientes de processamento de alimentos, industriais ou domésticos, indevidamente limpos e desinfetados podem ser contaminados com Salmonella e favorecer a contaminação cruzada. A eventual presença de Salmonella em cereais e derivados poderá dever-se à preparação/ mistura deste tipo de alimentos com outros onde o desenvolvimento desta bactéria sejamais favorável, e, também nos alimentos prontos para consumo. De acordo com o Relatório Anual do RASFF 2020, foram efetuadas 11 notificações para contaminantes microbianos (outros) e 2 notificações para microrganismos patogénicos na categoria 'cereais e produtos de panificação'. De acordo com os dados disponíveis no sistema RASFF de 2020-2021 surgem 8 notificações para Salmonella na categoria de produto 'cereais e produtos de panificação'; 1 notificação para Bacillus cereus em pó de cevada biológica da Hungria, 1 notificação para Cronobacter spp em farinha de arroz da Turquia; 1 notificação para Listeria monocytogenes em produto de panificação ultracongelado. RESÍDUOS DE PESTICIDAS De acordo com o Relatório Anual do RASFF de 2020, os resíduos de pesticidas ocupam subitamente o segundo lugar no top 10 dos perigos para produtos provenientes de Estadosmembros. Isto deve-se principalmente ao incidente relativo à deteção de óxido de etileno nas sementes de sésamo importadas da Índia. Embora as sementes de sésamo em si não são originárias de um país membro, as sementes de sésamo são reformuladas emmisturas, mas também como ingredientes numa grande variedade de produtos que, como consequência da contaminação com óxido de etileno, também precisavam de ser retirados do mercado. As sementes de sésamo têm sido amplamente distribuídas tanto em países da UE como em países não pertencentes à UE. São utilizados em especial para fazer misturas de sementes ou como ingredientes em misturas de farinha e produtos de padaria. Das 667 notificações para resíduos de pesticidas, no geral, a substância ativa mais notificada em 2020 foi o óxido de etileno (347 notificações), seguido de clorpirifos (48 notificações) e piridabeno (43 notificações). De acordo com o Relatório Anual 2020 do RASFF foram efetuadas 73 notificações no mercado interno e 10 notificações no controlo fronteiriço, para resíduos de pesticidas em “cereais e produtos de panificação”. O óxido de etileno não está aprovado na UE como substância ativa nos produtos fitossanitários. Está classificado como cancerígeno e mutagénico categoria 1B, de acordo com a legis-

PÃO E PASTELARIA REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Regulamento (CE) nº178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de janeiro, que determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios • https://food.ec.europa.eu/system/files/2021-08/rasff_pub_annual-report_2020.pdf • https://webgate.ec.europa.eu/rasff-window, consultado em 04.01.2022 • Regulamento (UE) n.º 1169/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro, relativo à prestação de informação aos consumidores sobre os géneros alimentícios. Jornal Oficial da União Europeia • https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/riscos-biologicos/ bacillus-cereus.aspx • EFSA & ECDC. The European Union One Health 2019 Zoonoses Report. EFSA J. 19, (2021) • Ahmad, A., Jae-Hyuk, Y. (2017). Occurrence, Toxicity, and Analysis of Major Mycotoxins in Food. International Journal of Environmental Research and Public Health. 14, 632; doi:10.3390/ijerph14060632 • Schaarschmidt, S., Fauhl-Hassek, C. (2018). The Fate of Mycotoxins During the Processing of Wheat for Human Consumption. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety. Vol.17. Institute of Food Technologists. doi: 10.1111/1541-4337.12338 • Soares, C., Abrunhosa, L., Venâncio, A. (2013). Fungos produtores de micotoxinas: impacto na segurança alimentar. Sociedade Portuguesa de Microbiologia. Magazine da SPM, 30.07b • Regulamento (CE) n.º 1881/2006, da Comissão, de 19 de dezembro, que fixa os teores máximos de certos contaminantes presentes nos géneros alimentícios. Jornal Oficial da União Europeia • https://ian-af.up.pt/ • Palle Krogh (Editor), Mycotoxins in Food, Academic Press, 1987, ISBN 0-12-426670-3 • EFSA, Scientific opinion on Risk assessment of aflatoxins in food, EFSA Journal 2020, https://doi.org/10.2903/j. efsa.2020.6040 • Ochratoxin A in food: public health risks assessed | EFSA (europa.eu), consultado em 2022 • EFSA, Scientific Opinion on the risks to human and animal health related to the presence of deoxynivalenol and its acetylated and modified forms in food and feed, EFSA Journal 2017, https://doi.org/10.2903/j.efsa.2017.4718 • Regulamento (CE) N.º 1881/2006 da Comissão, de 19 de dezembro, que fixa os teores máximos de certos contaminantes presentes nos géneros alimentícios. Jornal Oficial da União Europeia • NP EN ISO/IEC 17025:2018 Requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio e calibração • Regulamento (CE) N.º 401/2006 da Comissão, de 23 de Fevereiro, que estabelece os métodos de amostragem e de análise para o controlo oficial dos teores de micotoxinas nos géneros alimentícios • Regulamento (CE) n. o 2073/2005 da Comissão, de 15 de novembro de 2005 relativo a critérios microbiológicos aplicáveis aos géneros alimentícios. Jornal Oficial da União Europeia • EN ISO 16140 Microbiology of the food chain — Method validation — Part 2: Protocol for the validation of alternative (proprietary) methods against a reference method • iQ-Check Listeria monocytogenes II - AFNOR BRD 07/10-04/05 - https://nf-validation.afnor.org/wp-content/ uploads/sites/2/2014/03/BRD-07-10-04-05_en.pdf • iQ-Check Salmonella II - AFNOR BRD 07/06-07/04 - https://nf-validation.afnor.org/wp-content/uploads/sites/2/2014/03/BRD-07-06-07-04_en.pdf • iQ-Check Cronobacter spp. -AFNORBRD07/23-01/13 - https://nf-validation.afnor.org/wp-content/uploads/2014/03/ BRD-07-23-01-13_fr.pdf • COMPASS Bacillus cereus Agar - AFNOR BKR 23/06-02/10 - https://nf-validation.afnor.org/wp-content/uploads/ sites/2/2014/03/BKR-23-06-02-10_en.pdf • ISO 11290-2 Microbiology of the food chain - Horizontal method for the detection and enumeration of Listeria monocytogenes and of Listeria spp. - Part 2: Enumeration method • ISO 6887 Microbiology of the food chain - Preparation of test samples, initial suspension and decimal dilutions for microbiological examination - Part 1 to Part 5 • NP EN ISO/IEC 17025:2018 Requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio e calibração. 20 lação da UE sobre a classificação e rotulagem de produtos químicos, que implementa o Sistema Globalmente Harmonizado da ONU. Como não se pode estabelecer um limiar de segurança, qualquer ultrapassagemdo LMR deve ser evitada. nho, quando alimentos derivados dos cereais são comercializados enlatados, nomeadamente no caso de alimentos para bebés à base de cereais. Estes limites máximos admissíveis estão também fixados no Regulamento (CE) n.º 1881/2006. n NOTA FINAL: a II Parte deste artigo será publicada na edição n.º 8 da Revista iAlimentar. METAIS Relativamente ao controlo de contaminação commetais pesados, apesar de poderem estar presentes outros, destaca-se nos cereais e derivados o Cádmio, maioritariamente resultante de contaminação ambiental e o esta-

21 MARINA CALHEIROS, GESTORA E COORDENADORA DA LISBON FOOD AFFAIR "É indispensável que a Lisbon Food Affair seja o fórum de discussão e de identificação de novas tendências" A Lisbon Food Affair, organizada pela Fundação AIP, vai realizar-se entre os dias 12 e 14 de fevereiro, na FIL, em Lisboa. A primeira edição da feira centra-se em temas como a inovação, novos hábitos de consumo, saúde e bem-estar, sustentabilidade, economia circular, não esquecendo a singularidade e excelência dos produtos nacionais das diferentes regiões. Marina Calheiros, Coordenadora do certame, não tem dúvidas: a feira vai "ao encontro das tendências de mercado e necessidades dos diferentes negócios". A revista iALIMENTAR é media partner e participa com stand próprio no evento. Ana Clara A Lisbon Food Affair chega a Lisboa para a sua primeira edição. Quais são os objetivos principais do certame? Verdade. A Lisbon Food Affair realiza entre 12 e 14 de fevereiro a sua primeira edição. Uma edição que surge nummomento muito oportuno e desafiante para o setor, marcado pelas alterações nos hábitos de consumo registados no pós-pandemia, pela guerra na Europa, pelas dificuldades relacionadas com a logística e com o preço dos transportes, bem como pelo aumento da procura de produtos diferenciados, por oposição a uma oferta massificada. Como sabemos, onde há mudança há oportunidades. Por isso, os objetivos da Lisbon Food Affair são muito claros: ser o palco onde as empresas se podem posicionar Marina Calheiros.

22 proativamente e mostrar aos mercados as suas soluções, a sua inovação, a sua estratégia, as suas marcas; ser um espaço de experienciação, onde em tempo real, é possível perceber a reação e aceitação do mercado nacional e internacional à oferta apresentada. Só assim será possível alcançar o objetivo maior deste evento: o de funcionar como acelerador do processo de concretização de negócios, e assumir-se como o grande Marketplace das áreas do Food & Beverage, Horeca e Tecnologias para a Indústria Alimentar. Uma das marcas que, desde o momento em que foi apresentada publicamente, os organizadores deram a esta feira, foi que terá um caráter de autenticidade. Em que é que isso se irá manifestar? Efetivamente, a autenticidade é um elemento distintivo do Lisbon Food Affair e que se materializa em três eixos fundamentais: a Inovação, a Sustentabilidade e a Internacionalização. Esta estratégia tem como principal objetivo permitir que a Lisbon Food Affair esteja bem mais alinhada com aquilo que são as novas exigências do mercado e com as preocupações reais, quer das empresas participantes, quer naturalmente dos consumidores. Assim, podemos esperar que esta feira seja sobretudo um espaço que distingue o que se faz de diferente e inovador, mais contemporânea, e onde será possível encontrar respostas aos novos desafios que falámos anteriormente. A Lisbon Food Affair está dividida em três áreas: Food & Beverage, Horeca e Tecnology. Fale-me um pouco de cada uma delas. Como falámos anteriormente, há cada vez maior pressão para as empresas procurarem um novo posicionamento e olharem para o mercado de outros ângulos. A Lisbon Food Affair constitui uma excelente oportunidade para todo o tecido empresarial do setor agroalimentar marcar encontro com novos players, novas marcas e produtos e novas geografias de negócios. Particularizando cada área, posso avançar que o Salão LFA Food&Beverage reúne a oferta alimentar, organizada em torno de setores que representam a grande variedade da indústria de alimentação e bebidas. O visitante irá encontrar nesta área produtores agrícolas e de produtos regionais, a indústria e distribuição de alimentos e bebidas, investigação e polos académicos, entidades oficiais, setoriais e regionais, implantados em áreas de exposição como o Multi Foods, Food Lab, Saúde e Bem Estar, Regiões.pt, Regiões.com, Deli Foods, Vini.pt e a Área Internacional com participações de empresas individuais, agrupadas e países. No Salão Lisbon Food Affair Horeca, que agrega a oferta para os setores da hotelaria e restauração, estarão os fabricantes e distribuidores de máquinas e equipamentos para hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e bares, produtos de higiene e limpeza, produtos de laboratório/HACCP,

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