BM20 - InterMETAL

5 Exportações recorde impulsionam indústria metalomecânica nacional As exportações no setor metalúrgico e metalomecânico português alcançaram um marco histórico em 2023, atingindo a impressionante marca de 24.017 milhões de euros, revelam dados divulgados pela AIMMAP. Este valor representa um crescimento de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Dezembro de 2023 registou vendas ao exterior de 1.653 milhões de euros, consolidando um ano que contabilizou seis dos dez melhores resultados anuais de comércio internacional. Apesar dessas conquistas, o mês apresentou uma queda de 3,1% nas exportações em comparação com dezembro de 2022, marcando o quinto mês consecutivo de declínio homólogo. A AIMMAP expressa cautela para o primeiro semestre de 2024, destacando preocupações com as taxas decrescentes e as quedas homólogas observadas nos meses anteriores, especialmente devido à instabilidade política nacional e à conjuntura económica desafiadora nos principais parceiros de Portugal. Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da associação, antecipa um possível arrefecimento económico em 2024, alertando para um pequeno aumento do desemprego e um consumo mais moderado. Destaca a necessidade de um governo estável para criar um ambiente propício aos negócios, reduzindo impostos e promovendo a confiança dos agentes económicos, especialmente face à incerteza internacional decorrente dos conflitos na Ucrânia e em Gaza, e da crise no Mar Vermelho. Apesar destes desafios, o responsável enfatiza a positividade dos números, ressaltando que o setor metalúrgico e metalomecânico continua a superar a média da economia nacional. Em 2023, 68,5% das exportações foram destinadas à União Europeia, com ênfase em Espanha, França, Alemanha e Itália, e ainda ao Reino Unido e EUA. EDITORIAL A persistente falta de trabalhadores na indústria metalomecânica, numa altura em que muitas empresas já automatizaram e/ou digitalizaram pelo menos parte da produção, é a prova de que as máquinas e as ferramentas digitais não eliminam a necessidade de mão de obra. Pelo contrário, criam novos postos de trabalho, muito mais qualificados, menos monótonos e repetitivos. E, ao mesmo tempo, criam valor, o que aumenta as condições para melhorar o nível salarial nas empresas. Nos últimos tempos, as atenções viraram-se para a inteligência artificial (IA) e o impacto negativo que pode ter na vida das pessoas. Um dos receios é que, também ela, venha a substituir mão de obra nas empresas. No entanto, na indústria, tudo indica que a implementação de soluções de IA tenha um forte impacto positivo, por exemplo, no planeamento e controlo de produção (o artigo que reproduzimos na página 34 desta revista explica este aspeto em pormenor). Mas, também aqui, o uso de tecnologia vai sempre precisar de supervisão humana e exigir novas competências. Convicto da capacidade técnica do setor, Manuel António Barros, diretor de operações da AMOB, empresa nacional que ocupa uma posição de relevo no ranking dos fabricantes mundiais de máquinas de curvar tubo, adverte, em entrevista à InterMetal, para a situação de fragilidade em que Portugal se encontra no que respeita à retenção e captação de talento, uma preocupação comum a inúmeras empresas do setor, também já várias vezes veiculada pela AIMMAP. Reforçar a imagem do país enquanto ‘empregador de qualidade’ envolve uma multiplicidade de fatores, a maioria deles externos às empresas. Entre os fatores que delas dependem, o investimento em tecnologia de automatização e digitalização é, provavelmente, o mais importante. Nesta edição, exploramos temas como o uso de IA na indústria, a implementação de redes de IIoT (Industrial Internet of Things) em unidades de produção e as tendências em robótica. Especial destaque neste número para o segmento do tubo curvado. As aplicações de tubo e barra metálica estão, direta ou indiretamente, presentes em todos os setores de atividade. Do mobiliário à construção, passando pela indústria náutica e pelo conturbado setor automóvel. Portugal tem a sorte de ter um sólido conjunto de empresas a trabalhar este mercado, desde fabricantes de máquinas e equipamentos a processadores de tubo. Na página 14, Manuel António Barros explica-nos ‘em que pé’ está este mercado. Uma nota final para as celebrações do centenário da Hasco, empresa pioneira no fabrico de standards modulares e sistemas de canais quentes para moldes, presente no território nacional desde há 35 anos, que promete várias novidades para os próximos meses. Sendo esta a primeira edição de 2024, aproveitamos para desejar a todos um ano de bons negócios. Cá estaremos para ir divulgando as principais inovações e tendências em equipamentos, materiais, software e processos cruciais para as empresas do setor! As tecnologias digitais, criadoras de valor na indústria

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx