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23 CAFÉ ECONOMIA CIRCULAR TRANSFORMA RESÍDUOS DE CAFÉ EM RECURSOS São diversas as aplicações a dar às embalagens de café usadas, nomeadamente cápsulas, e a investigação científica em muito contribui para o desenvolvimento de novos produtos, inovadores e sustentáveis. Investigadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade de Campinas (Unicamp), no Brasil, e da Manchester Metropolitan University (MMU), no Reino Unido, descobriram que cápsulas de café usadas podem ser reutilizadas para produzir filamentos de impressão 3D, e testaram com sucesso esta alternativa, que é um exemplo de economia circular. Um artigo publicado na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering explica como as cápsulas de plástico descartadas podem ser usadas como matéria-prima para a fabricação de filamentos para impressão 3D, entre outras opções. São produzidos novos filamentos condutores e não condutores utilizando o polímero ácido poliláctico [PLA] proveniente das cápsulas de café. Esses filamentos “podem ser usados em diversas aplicações, incluindo peças condutoras para máquinas e sensores”, refere Bruno Campos Janegitz, coautor do trabalho. Para encontrar novas utilizações para estes resíduos, os investigadores produziram células eletroquímicas com filamentos de PLA não condutores e sensores eletroquímicos com os filamentos condutores, que foram preparados através da adição de negro de fumo ao PLA. O negro de fumo é uma forma de carbono paracristalino resultante da combustão incompleta de hidrocarbonetos. De acordo com os investigadores do projeto, a produção dos filamentos é relativamente simples, facilitando um processo que é um bom exemplo da chamada economia circular, na qual os resíduos gerados numa atividade económica são transformados num recurso para a implementação de outra atividade, em vez de serem tratados como um problema com impacto no ambiente. O Instituto de Investigação Tecnológica (IPT) demonstrou que “beber café de uma cápsula pode ser até 14 vezes mais prejudicial para o ambiente do que prepará-lo com um filtro de papel”. Embora fabricantes e consumidores optem cada vez mais por cápsulas reutilizáveis e a reciclagem das versões de alumínio, “predomina a eliminação pura e simples, sobretudo no caso das cápsulas de plástico”, conclui o artigo académico. No promissor mercado do café, que projeta um aumento nas vendas no retalho num valor atual CAGR (taxa de crescimento anual composto) de 2% entre 2022 e 2027, para 677 milhões de euros - sendo o valor constante CAGR -1% em 2022 -, a economia circular é a chave para um crescimento sustentado. E deve predominar não só na produção deste exclusivo produto, mas sobretudo nos vários desenvolvimentos de futuro a nível de embalagens de café. n As cápsulas de plástico descartadas podem ser usadas como matéria-prima para a fabricação de filamentos para impressão 3D. Foto de KouS9 Studio, Unsplash.

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