BO1 - EngeObras

2022/1 01

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ATUALIDADE 8 EDITORIAL 9 Metro de Lisboa: primeiro lote da obra de expansão avança nas profundezas da cidade 16 Entrevista com Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) 22 Kohler Engines aprova o uso de óleos vegetais hidrotratados em todos os seus motores diesel na Europa 27 1º StonebyPortugal Summit: futuro da pedra natural debatido no Porto 28 Construção: setor em expansão impulsiona a indústria de máquinas e equipamentos 32 JCB com forte aposta na transição energética 38 O aluguer de máquinas está a crescer e a tornar-se ‘mais verde’ 40 Munditubo: passos firmes de crescimento e consolidação num mercado instável 42 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, David Múñoz www.engeobras.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127810 Déposito Legal 498357/22 Distribuição total +13.900 envios. Distribuição digital a +13.200 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 1 – Maio de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.engeobras.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Engeobras adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. IBSTT, ao serviço do cidadão e do desenvolvimento sustentável 44 Especial Gruas para Construção: “Tocando o céu” 48 Elevação Segura: qualidade alemã à medida do cliente 54 Mieve: mais de 70 anos de experiência no fabrico de plataformas elevatórias 56 Robôs de demolição Husqvarna 'derrubam' as portas do mercado português 58 Arden Equipment, um líder francês reconhecido mundialmente 62 Tecymacan, empresa de maquinaria referência em Espanha reforça a sua presença em Portugal 64 Pneus BKT para gruas móveis 68 Berco apresenta a sua nova linha Service Line para tratores do setor da construção 70 O valor da areia: recuperação de finos 72 Kleemann apresenta o novo crivo móvel Mobiscreen MSS 802(i) EVO para peças volumosas 74 Cartucho gerador de gás 76 SUMÁRIO

8 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Bauma 2022: 97% do espaço já reservado A indústria de máquinas para construção e mineração está já preparada para a bauma 2022, que irá abrir portas em Munique de 24 a 30 de outubro. A bauma é um evento gigante que ocupa – entre espaço coberto e aberto – 614.000 m2 de exposição (o equivalente a 86 campos de futebol) e, à distância de oito meses da sua realização, conquistou um nível elevado de participação. Evidenciando as poderosas intenções da indústria sobre o quanto as apresentações e negociações cara-a-cara, com mão nos produtos, são essenciais para manter e alcançar o desenvolvimento no setor. Trata-se da principal feira mundial de máquinas de construção, máquinas para materiais de construção, máquinas de mineração, veículos de construção e equipamentos de construção e os organizadores estão confiantes de que, com o estabilizar da pandemia, a emoção deste encontro atrairá um grande número de empresas e visitantes internacionais. O setor de mineração voltará a ser amplamente representado na bauma que, a cada edição, se tem tornado o centro de inovação e de apresentações inéditas. O salão de inovação LAB0 irá incluir o Fórum bauma, realidade virtual, MIC 4.0, startups e um hub de ciência. Think Big, um programa que promove jovens talentosos, também incluído, é questão-chave para a indústria. De Portugal contamos com 11 expositores, já com espaços confirmados: Arcen Engenharia, Balflex, Beiraltina, Ciclo Fabril, CMW Foundries, Dune Bleue, Fravizel, Ilmar, OSM, Produtiva e SIRL marcarão presença na bauma 2022. Outras empresas portuguesas aguardam ainda por vagas para se estrear na maior feira de construção do mundo. Para informações e inscrições contacte a Mundifeiras através do e-mail: info@mundifeiras.com. Grupo Manitou inaugura a sua nova fábrica de plataformas aéreas off-road O Grupo Manitou, líder mundial em movimentação de materiais, plataformas elevatórias e máquinas de terraplenagem, inaugurou uma nova fábrica em Candé dedicada à produção de plataformas elevatórias aéreas off-road. Esta nova instalação confirma as fortes ambições do grupo neste mercado. Oficialmente inaugurada numa cerimónia que contou com a presença de inúmeros representantes da Administração Pública e dos media, a nova fábrica localizada na área de Petit Tesseau de Candé (Maine-et-Loire, França) torna-se a segunda fábrica de plataformas do grupo e a sexta fábrica da Manitou em Grand-Ouest, consolidando assim a sua presença nesta região. A fábrica existente no parque industrial de Fosses Rouges, também em Candé, continuará a produzir plataformas elevatórias industriais, enquanto a nova fábrica será inteiramente dedicada à produção de plataformas elevatórias off-road.

9 A Volvo Construction Equipment faz parceria com a Federação Internacional de Automobilismo Como forma de demonstrar o potencial da energia elétrica num cenário global, a Volvo Construction Equipment (Volvo CE) torna-se o fornecedor oficial de equipamentos de construção para o novo Campeonato Mundial de Rallycross da FIA (World RX) totalmente elétrico, que será realizado em locais emblemáticos de julho até ao final de 2022, expandindo para outros países nas temporadas subsequentes. A parceria de três anos fará com que a Volvo CE disponibilize vários dos seus equipamentos elétricos de construção para a organização. O World RX reúne uma série de corridas para espectadores em que os carros competem em circuitos curtos e apertados em asfalto e cascalho. Agora, pela primeira vez, o campeonato está a reinventar-se para 2022 como uma série totalmente elétrica, pois visa um público mais jovem e diversificado. Arne Dirks, CEO da World RX, diz: “Estamos muito orgulhosos de anunciar a Volvo CE como o nosso fornecedor oficial de equipamentos de construção. São um grande parceiro do World RX e juntam-se a nós nummomento crucial em que o Campeonato Mundial fica elétrico. Não compartilhamos apenas objetivos semelhantes em relação à sustentabilidade, mas a Volvo CE trabalhará connosco em alguns projetos empolgantes que poderemos confirmar em breve e temos a certeza que iniciará a nova era do rallycross.” EDITORIAL Com este primeiro número da EngeObras, a editora Induglobal, do Grupo Interempresas, apresenta um novo e sólido projeto editorial para fornecer cobertura informativa a um setor chave para qualquer economia: o da engenharia civil, obras públicas e exploração mineira. Através desta publicação, única do género atualmente publicada em Portugal, queremos preencher a lacuna informativa de que esta indústria padece. E queremos fazê-lo sob os valores que, desde há 30 anos, caracterizam todas as publicações do Grupo Interempresas - profissionalismo, seriedade, qualidade e rigor informativo -, tornando-a numa das principais referências mundiais da imprensa técnica. Tudo isto de acordo com a nossa conhecida filosofia de 'Comunicação 360º', que, nesta iniciativa, se reflete também num website dedicado (www.engeobras.pt), numa newsletter periódica e numa feira virtual aberta 365 dias por ano para dar a conhecer as soluções mais avançadas. Uma equipa composta por profissionais experientes acolhe este novo projeto com a dose de entusiasmo e esforço que sempre nos caracterizou. Estamos confiantes de que iremos responder com sucesso às grandes expectativas que a EngeObras tem suscitado desde o primeiro dia emque anunciámos o projeto às empresas e profissionais do setor. Ao longo desta e de futuras edições, iremos cobrir as mais recentes inovações tecnológicas lançadas no setor, as principais tendências que podem ser observadas neste mercado e os grandes projetos de infraestruturas executados em Portugal. Tudo isto com a colaboração das principais referências do setor, quer se tratem de profissionais, empresas, entidades, universidades ou associações, que terão sempre as nossas páginas disponíveis para divulgação de quaisquer novos desenvolvimentos que possam ter um impacto positivo no futuro desta indústria. Trabalharemos para que todos os nossos potenciais leitores se sintam plenamente identificados com a EngeObras. Entre eles identificamos os proprietários, locatários e utilizadores de maquinaria, empresas de construção, promotores, empresas de escavação e movimentação de terras, especialistas em elevação, consultores, empresas de engenharia, profissionais de pedreiras e minas, oficinas, comerciantes de peças sobressalentes, empresas de compra e venda, bem como todos aqueles a quem este tema possa interessar. O nosso principal objetivo, sempre presente, é divulgar e partilhar apenas informação útil e interessante para o desenvolvimento da atividade comercial e profissional dos nossos leitores. Especialmente agora, com a chegada de grandes oportunidades através dos Fundos Europeus Next Generation, a implementação de importantes planos nacionais de investimento como o PRR ou o PNI2030 ou a execução de grandes projetos de infraestruturas como a expansão do Metro de Lisboa ou o AVE Porto-Vigo, que nos fazem vislumbrar um período florescente para as obras públicas em Portugal. Estamos confiantes de que assim será e convidamo-vos a todos a participar na EngeObras! EngeObras: a nova plataforma de comunicação para um setor em expansão

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Vice-presidente da FIEC fala sobre dificuldade de contratação no setor No passado dia 7 de abril, o vice-presidente da Federação Europeia da Indústria da Construção (FIEC), Joël Schons, falou na PES Network Stakeholder Conference 2022 - a rede de serviços públicos nacionais para o emprego - num painel dedicado a “Building Resilience - Addressing Labor Market Shortages”, em setores económicos específicos (ou seja, a indústria da construção). Entreoutros temas, Schons destacouque há uma lacuna cada vez maior entre a percepção da indústria da construção pelos jovens e o que ela realmente é. De facto, com a transição verde e digital, a construção oferece uma grande variedade de oportunidades de carreira para pessoas com perfis muito diferentes. Afirmou tambémque, para os empregadores, é difícil comparar o nível de competências das pessoas entre um Estado-Membro e outro, o que torna ainda mais difícil a mobilidade da mão-de-obra. Por último, sublinhou os benefícios do projeto Construction Blueprint financiado pela União Europeia, que visa antecipar as necessidades futuras de competências no setor, nomeadamente nos domínios da digitalização, eficiência energética e economia circular. Grupo Husqvarna adquire Heger A Divisão de Construção do Grupo Husqvarna, referência em equipamentos e ferramentas diamantadas para as indústrias de construção e pedra, anunciou a compra da empresa Heger. A Heger é uma empresa privada especializada em ferramentas diamantadas profissionais para empreiteiros europeus de perfuração e corte. “A aquisição da Heger fortalecerá e complementará os nossos negócios de perfuração e corte de betão na Europa Central”, diz Henric Andersson, presidente e CEO do Grupo Husqvarna. A empresa foi fundada em 1908 e tem uma longa tradição de suporte aos clientes no seu setor. A sede e a fábrica da Heger ficam em Heitersheim, na Alemanha, e a empresa possui escritórios de vendas na Alemanha e na Holanda. A Heger tem aproximadamente de 45 funcionários e fatura cerca de 9 milhões de euros em vendas anuais. “A produção flexível muito apreciada da Heger, prazos de entrega curtos e produtos de alto desempenho e qualidade irão agregar valor significativo à nossa oferta no mercado de ferramentas diamantadas da Europa Central e encaixam-se bem na nossa estratégia de crescimento. Os nossos pontos fortes combinados criam uma excelente plataforma para um maior crescimento no mercado de ferramentas diamantadas para empreiteiros profissionais”, acrescenta Karin Falk, responsável pela Divisão de Construção. Coimbra recebe CongrEGA 2022 O Instituto Superior de Engenharia de Coimbra vai receber aquele que é o primeiro Congresso Nacional na Área da Engenharia e Gestão de Ativos. Com o nome de CongrEGA 2022 o evento tem como objetivo contribuir para consolidar e sistematizar o corpo de conhecimento técnico e científico na Área da Engenharia e Gestão de Ativos com uma abordagem transversal a todos os setores de atividade. Para tal pretende promover o contacto entre empresas, universidades e centros de investigação. O programa final ainda está a ser ultimado, mas já se sabe quais os tópicos que serão abordados. Entres eles constam os sistemas de gestão e processos, a sustentabilidade e políticas públicas, estratégia e planeamento e ainda resiliência, risco e fiabilidade, entre outros.

11 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Kohler ganha o prémio 'Diesel of the Year 2022' Pela terceira vez em dez anos, a Kohler ganhou o prémio 'Diesel of The Year', desta vez pelo seu novo motor KSD 1403TCA. Já havia conquistado este prémio em 2012 com o KDI 2504TCR e em 2015 com o KDI 3404TCR SCR. A revista Diesel, que é uma das principais publicações especializadas do setor na Europa desde 1986, atribui anualmente este prestigioso título ao motor diesel mais inovador. Este ano, a cerimónia de entrega dos prémios foi realizada no museu Kohler na sua sede histórica em Reggio Emilia, na sua galeria evocativa apresentando alguns dos motores que marcaram a história da empresa. O modelo premiado faz parte da nova série KSD (Kohler Small Displacement), motores projetados para se adaptar a todas as áreas geográficas, cumprir todas as regulamentações mundiais e ser compatível com todos os tipos de máquinas. A série KSD é o resultado de uma abordagem totalmente orientada para o mercado e para o cliente. É simples, pois pode ser facilmente integrado aos sistemas eletrónicos cada vez mais complexos das máquinas industriais. É avançado, pois permite diferentes customizações para todos os ciclos de trabalho, além de oferecer a possibilidade de troca de dados com um número reduzido de conexões físicas. É versátil, sendo adaptável a máquinas sem a necessidade de modificações ou redesenhos. STET lança novo website: mais intuitivo e de fácil navegação A STET lançou no início de abril um novo website. Alinhado com a estratégia de oferecer aos clientes as soluções mais inovadoras e adequadas às suas necessidades, o novo website proporciona ao visitante uma experiência positiva, na medida em que lhe oferece um conjunto de ferramentas permitindo que de forma mais facil, e emmenor tempo, este encontre as soluções de que necessita. O cliente encontra agora todas as soluções que a STET disponibiliza para cada indústria, que vão da agricultura, cogeração, construção, demolição e reciclagem, passando pela produção de energia elétrica, indústria florestal, paisagismo, marítimo, minas, pavimentação, pedreiras, agregados e cimentos, resíduos, bem como soluções à medida de cada negócio. A secção “Seletor de produto”, na homepage, permite ao cliente encontrar, de forma muito intuitiva, os produtos mais adequados à sua área de atuação, desde máquinas, acessórios e sistemas de energia, poupando tempo nessa “busca”. Também os vários serviços disponibilizados pela STET podem ser encontrados facilmente, através do menu “serviços”, com destaque para o “Customer Value Agreements”, inserido nos contratos de manutenção, que fornece as informações e os alertas de inspeções ao equipamento e monitorização dos fluidos, permitindo que o cliente se foque no seu negócio.

12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Liebherr ganha um dos prémios ESTA pela grua LR 1400 SX Os prémios ESTA são a mais alta distinção na indústria de gruas e equipamentos pesados. O prémio deste ano para a categoria 'Segurança' foi para a grua LR 1400 SX. Este é o segundo ano consecutivo em que a Liebherr-Werk Nenzing GmbH vê uma das suas gruas sobre rastos condecorada com este prémio. “A segurança é sempre uma parte importante do desenvolvimento dos nossos produtos. Nos últimos anos, focamo-nos ainda mais nisso com soluções digitais e sistemas de assistência. É importante para nós que aqueles que operam as nossas gruas se sintam seguros no local de trabalho. Queremos continuar com sucesso neste caminho”, disse Gerhard Frainer, diretor geral de vendas da Liebherr-Werk Nenzing GmbH, durante a cerimónia de entrega dos prémios. A LR 1400 SX expande a gama de gruas sobre rastos da Liebherr-Werk Nenzing GmbH para incluir capacidades de elevação de até 400 t. Os seus projetistas prestaram atenção especial ao conceito de segurança. O sistema de assistência Gradient Travel Aid ajuda a navegar em declives e inclinações. Mostra o centro de gravidade da grua e avisa o operador antes que a grua saia da área segura. Antonio Gómez de la Vega é o novo CEO da Maqel Antonio Gómez de la Vega será o novo diretor geral da Maqel para Espanha e Portugal. Será responsável pela distribuição das plataformas aéreas JLG, e outros equipamentos, nos mercados espanhol e português. Licenciado emDireito comespecialização emDireito Empresarial, Antonio completou a sua formação com um Mestrado em Finanças Operacionais e Estratégias Bancárias na IESE Business School. Com mais de 20 anos de experiência internacional no setor de elevação, trabalhou na JLG, onde assumiu responsabilidades como o financiamento a clientes, aluguer, usados e pós-venda. Durante o seu mandato na Riwal como CEO da RiRent, uma empresa especializada em aluguer para locatários na região EMEA, trabalhou com a maioria dos locatários e distribuidores europeus, tanto plataformas quanto generalistas. Em 2020, fundou a AGV International Consulting, uma consultoria independente que trabalha com fabricantes de bens de capital, revendedores e empresas de aluguer de máquinas em toda a região EMEA. Após este breve impasse, Antonio decidiu juntar-se novamente a um grupo internacional para liderar a distribuição da JLG na Península Ibérica. Metso Outotec adiciona um novo britador de impacto móvel à linha Nordtrack A Metso Outotec incorpora um novo modelo à sua linha de britadores e crivos móveis Nordtrack, voltado especialmente para aplicações e locais de menor dimensão no segmento de reciclagem de resíduos, de construção e demolição. A plataforma móvel Nordtrack I1011 tem dimensões compactas (3 m de largura, 3,3 m de altura e 15,8 m de comprimento para transporte) e um equipamento de britagem potente e de alto desempenho (capacidade máxima de 300 tph). Combina uma alta capacidade de britagem com uma precisão calibrada do produto final. O versátil Nordtrack I1011 é adequado para trabalhar numa enorme variedade de locais de trabalho, desde britagem de rochas a betão e reciclagem de resíduos de demolição. É transportado por um rodado padrão, tornando-o económico e rápido para se deslocar entre os trabalhos. Graças à sua agilidade, é fácil mover o equipamento em locais apertados nos estaleiros de obra. Com suporte de serviço da Metso Outotec e stock global de peças, a Nordtrack I1011 é uma escolha confiável para empreiteiros e como máquina de aluguer.

14 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Tektónica de regresso à sua data habitual A Tektónica, a grande feira portuguesa do setor da Construção, regressa este ano de 12 a 15 de maio. Certame volta assim ao calendário habitual, após duas edições em que a sua realização, por força das condicionantes externas, a obrigou a realizar-se no 2º semestre do ano, e no seguimento da intenção manifestada por parte das empresas participantes e parceiros de continuar o caminho da retoma económica iniciada e de aceleração dos negócios. As últimas edições, 2020 e 2021, ocorreram em condições especiais, mas que ainda assim permitiram às empresas que estiveram presentes, obter resultados positivos e transmitir ao mercado a resiliência e a confiança deste setor, salienta a organização (a FIL). A próxima edição da Tektónica realiza-se em simultâneo com o SIL – Salão Imobiliário de Portugal, indo assim ao encontro da opinião manifestada quer pelos expositores quer pelos visitantes, que consideram haver um elevado potencial de sinergias entre os dois setores, oportunidades de network e concretização de negócio, como também proporcionam o debate sobre as tendências e o futuro da construção e do imobiliário, através do desenvolvimento de iniciativas para os profissionais dos setores em questão. Com base no inquérito realizado aos expositores da última edição, foi considerado que o Marketplace gerado pela Tektónica permitiu a concretização de negócios para cerca de 67% das empresas participantes, tendo 66% manifestado que a participação terá um impacto positivo nos seus negócios, considerando igualmente 88,9% dos expositores que foi muito importante estar presente. Os destaques para esta edição de 2022 foram debatidos com os vários players do setor, Associações Setoriais e Ordens Profissionais: • A Eficiência Energética, não só pela sua atualidade como essencialmente pela importância e impacto que terá nos projetos e investimentos futuros neste setor; • O Prémio Inovação, que será apresentado num novo modelo de desenvolvimento; • Os Tek Talks, com a organização de novas temáticas, abordagens e tendências para 2022; • O Tek Hub, um espaço inovador, de partilha de conhecimentos e network entre empresas e profissionais. Tele Radio abre uma nova filial no Japão Para continuar a expandir a presença do grupo Tele Radio no mundo e oferecer ummelhor serviço na Ásia, a Tele Radio decidiu estabelecer uma nova filial em Kyoto, Japão. A filial no Japão, chamada 'Tele Radio Japan LLC' foi formalizada em 14 de janeiro. A proximidade com os clientes é um ponto chave na estratégia da Tele Radio, por isso é importante abrir uma filial na terceira maior economia do mundo. O Japão é um dos países mais avançados em automação e controlo de máquinas, com foco em segurança, eficiência e sustentabilidade, e os produtos da Tele Radio encaixam-se perfeitamente nesses valores. “Temos o prazer de anunciar que Nori Ueda será o CEO da Tele Radio Japan LLC. Ueda tem mais de 20 anos de experiência na área de automação, possui conhecimento em controlo de acessos, sistemas de segurança e automação fabril. Além disso, possui uma ampla experiência em diversas indústrias de automação nacional e internacional”, destaca a empresa.

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16 GRANDES INFRAESTRUTURAS EMPREITADA PRETENDE PROMOVER A MOBILIDADE NA CIDADE DE LISBOA METRO DE LISBOA: PRIMEIRO LOTE DA OBRA DE EXPANSÃO AVANÇA NAS PROFUNDEZAS DA CIDADE O Metro de Lisboa vê agora, após mais de 10 anos da última grande intervenção, ser concretizado mais um processo de empreitada para o prolongamento das linhas verde e amarela, que dará origem à criação da linha circular. O processo teve início no primeiro semestre de 2021 e esta primeira fase encontra-se aproximadamente a meio do tempo total previsto.

17 GRANDES INFRAESTRUTURAS O plano de expansão e modernização da rede do Metro de Lisboa pretende contribuir para amelhoriadamobilidade na cidadede Lisboa, através do aumento da acessibilidade e da conectividade por transporte público, bem como da minimizaçãodos tempos dedeslocação, promovendo assima descarbonização e a mobilidade mais sustentável. Com um investimento que se apresenta faseado emquatro lotes, por um valor total de 240,2 milhões de euros, esta obra permitirá a expansão das linhas verde e amarela emmais 1.900 metros, desde a estação do Rato até ao Cais de Sodré, estando incluída a construção de duas novas estações na Estrela e em Santos. Este procedimento irá converter a atual linha verde numa linha circular. A futura estação da Estrela terá a sua localização no edifício da farmácia do antigo Hospital Militar, sendo o seu acesso integrado na Calçada da Estrela e no Jardim da Estrela, e irá implicar a requalificação urbana daquela zona. Já a estação de Santos ficará localizada entre a Av. D. Carlos I, Rua das Francesinhas, Rua dos Industriais e na Travessa do Pasteleiro, com acesso principal pelo Largo da Esperança. O primeiro lote está em fase de execução, com um contrato que prevê a elaboração dos toscos entre o término da estação Rato e a estação Santos, tendo sido adjudicado à Zagope – Construção e Engenharia, S.A., com o prazo global de execução de 960 dias, e por um valor de 48,6 milhões de euros mais IVA. A primeira obra da expansão e modernização do Metro de Lisboa, representando o primeiro lote, teve início em 2021 e prevê-se que os passageiros vejam a sua abertura concretizada em 2024. ZAGOPE: ENTIDADE CONTRATADA PARA EMPREITADA DO PRIMEIRO LOTE Com 55 anos de atuação no setor da engenharia e construção de projetos de grande envergadura e complexidade técnica, a Zagope reforça a sua notoriedade em empreitadas desta natureza com a adjudicação do primeiro lote da obra de expansão e modernização do Metro de Lisboa. A empresa não é uma principiante nesta matéria, já que teve investimento total da expansão: 240,2 milhões de euros

18 GRANDES INFRAESTRUTURAS por diversas ocasiões oportunidade de colaborar com o Metropolitano de Lisboa, concretamente de 1992 a 2011. Durante este período, a empresa de Porto Salvo participou em 13 contratos de construção, nos quais se incluiu o prolongamento da estação do Rato, a que irá dar agora continuidade. A Zagope esteve ausente de obras públicas em Portugal nos últimos anos. A empreitada do Metro de Lisboa marca, de certa forma, o “regresso” a grandes obras no nosso país, voltando a colocar a empresa no panorama nacional de construções de elevada dimensão e relevância. “A Obra do Metro de Lisboa é o resultado de uma aposta forte da Zagope no mercado português, nomeadamente em setores nos quais a empresa possui elevada experiência acumulada e onde quer regressar com a máxima força, após um período de estagnação deste mercado das grandes obras públicas em Portugal”, refere o Engenheiro Óscar Marques, diretor de Obra do Metro de Lisboa. Para responder a esta empreitada, a empresa teve a necessidade de recrutar mais 100 novos colaboradores, em paralelo com a reestruturação que vinha fazendo por circunstâncias da pandemia, nas áreas de procurement, RH, controlo e financeiro, e até mesmo na área técnica. Para o diretor de obra, “dada a conhecida escassez de mão de obra especializada do mercado português, este foi sem dúvida um dos grandes desafios do projeto, que obrigou também a Zagope a reinventar-se e a procurar alternativas emmercados onde atua no exterior para poder suprimir esta lacuna atual do nosso país”. Alheados dos ruídos e frenesim da capital, mais de 200 elementos da equipa trabalham diariamente e em profundidade para que, em2024, todos Frente à estação da Estrela. Da esquerda para a direita: vista superior do poço quadrado e poço circular, e vista do poço circular - início da escavação da galeria de ligação.

19 GRANDES INFRAESTRUTURAS os passageiros que estão ou visitam a cidade, possam usufruir de duas novas estações e de maior comodidade nos trajetos. Semgrande aparato visível à superfície, toda a obra acontece a 60 metros de profundidade, e sem que poucos se apercebam. Esta sobriedade de trabalho torna-se possível pela maquinaria utilizada, pelas tecnologias e pelos avançados procedimentos que a equipa de especialistas da Zagope aplica em cada tarefa. Muitos são os desafios que uma obra desta natureza espoleta, mas para nenhum deles existe uma fórmula ou uma resposta pré-existente. Cada caso é um caso, e deve ser analisado e resolvido como tal, mas sem dúvida que é pelas competências da equipa de engenharia técnica que todos os obstáculos são ultrapassados. Tal como nos explica o diretor de obra: “Não existe uma fórmula exata, mas sem dúvida que tudo começa com a seleção de uma equipa de engenharia técnica forte e competente em obra e com a garantia formal dos nossos processos internos, baseados nos princípios ‘Lean Construction’, com vista à Excelência Operacional. Desta forma, conseguimos não só alavancar a agilidade na identificação de problemas e implementação de soluções, como também garantir o acompanhamento diário das mesmas, com a devida análise de eficácia e eventual redefinição de soluções, dentro desta nova realidade imprevista e imprevisível com que nos deparamos nesta empreitada. O mundo simplesmente mudou e tivemos de ultrapassar estes desafios, ao mesmo tempo que executamos a obra, para melhor servir o cliente”. As competências técnicas são complementadas pelas tecnologias utilizadas e, nesta empreitada, a Zagope potenciou a utilização de metodologias do ‘Last planner System’, apostando na gestão de desempenho implementada em obra com a cultura de Excelência Operacional, que sustenta hoje quase todos os processos da empresa. A Excelência Operacional é ummodelo de gestão que a Zagope aplica em todas as suas empreitadas e que rege toda a sua atividade de construção e engenharia. Sustenta-se nos seis princípios: • ‘Last Planner System’ – que consiste num sistema de planeamento utilizado em todas as fases da obra, que visa dotar o planeamento de maior fiabilidade, eliminar os fatores de incerteza e melhorar o controlo da produção; • Controlo de Performance – processo de acompanhamento contínuo da evolução dos projetos; Value Engeneering – método colaborativo de otimização de cada projeto, que procura as melhores soluções de engenharia com objetivo de melhorar a qualidade e baixar o custo, mantendo a performance; • Gestão Visual – método que visa aumentar a eficácia da comunicação e tomada de ação; • Metodologia A3 – metodologia de ‘problem solving’, que promove uma abordagem sistemática, simples e rigorosa aos problemas encontrados;

20 GRANDES INFRAESTRUTURAS • Workshop demelhoria de processo – pensado para reduzir os desperdícios existentes em cada atividade, com o foco no aumento da produtividade. MAQUINARIA EFICIENTE PARA PROJETOS DE SUCESSO A maquinaria utilizada potencia o sucesso do projeto e não difere dos equipamentos que são utilizados regularmente em obras desta natureza. De entre as mais de 100 máquinas em manobra, destacam-se as escavadoras hidráulicas de 40-50Ton, jumbos de perfuração e robôs de projeção. Neste caso, a Zagope escolheu marcas da sua confiança e com as quais de assistência técnica durante o projeto e a disponibilidade de peças”. E estes três princípios foram, semdúvida, tidos em consideração na escolha dos fornecedores demaquinaria que estão a utilizar. Uma das particularidades deste tipo de obra é carecer da criação de túneis, quer ao nível dos poços de acesso, quer para a construção das próprias estações, e para os quais é fundamental a projeção de betões para sustimento e suporte das escavações. Para este trabalho essencial à continuidade do projeto, a Zagope recorreu a robôs de projeção da Putzmeister e, como nos explica o diretor de obra, “no caso dos robôs de projeção, a Putzmeister garante essa qualidade, assim como o seu representante em Portugal. Além disso, a manutenção de um stock de peças permanente no seu armazém em Lisboa e a experiente equipa técnica da Zagope, dentro desta parceira contratada, dão-nos as garantias necessárias para o sucesso do nosso projeto”. Esta obra fez, de certa forma, renascer a Zagope do ponto de vista mediático em Portugal, estando agora o seu nome na ordem do dia das grandes empreitadas no país, pelo que podemos agora esperar uma reaproximação da empresa ao mercado e obras nacionais, tal como afirma Óscar Marques: “A Zagope quer, sem dúvida, renascer juntamente comomercado português, que se espera forte nos próximos anos, para poder brevemente voltar a ter a presença em Portugal que teve no passado, a qual foi bastante apreciada e reconhecida em todas as grandes obras públicas e com grande componente de engenharia. Acreditamos que somos aquilo que construímos e isso vê-se nas obras que realizamos”. n Frente ao Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) - PV213. Trabalhos de tratamento túnel T34B com projeção de betão. Mais de 100 máquinas trabalham a 60 metros de profundidade já trabalha há algum tempo: Liebherr no caso das escavadoras, Atlas Copco para os jumbos e Putzmeister para os robôs de projeção. A escolha de equipamentos para uma obra tão exigente e ao mesmo tempo tão minuciosa como esta é sempre uma tarefa de elevada responsabilidade, porque o comportamento dos equipamentos ditará, em parte, o sucesso e agilidade do processo de empreitada. Segundo o diretor da obra “a escolha de uma marca e tipo de equipamento deve ter sempre em conta três fatores: a qualidade dos equipamentos, serviço

ENTREVISTA 22 MANUEL REIS CAMPOS, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E OBRAS PÚBLICAS (AICCOPN) “É preciso investir mais na construção de infraestruturas novas e na reabilitação e modernização das existentes” Após mais de uma década de retração, nos últimos anos o setor da construção e obras públicas retomou a trajetória de crescimento, representando atualmente 16,8% do PIB português. Nesta primeira edição da revista EngeObras, Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), antecipa um impacto positivo dos atuais fundos comunitários no setor, mas alerta para a falta de mão de obra e a subida dos preços das matérias-primas, dos combustíveis e da energia, aspetos que poderão condicionar o tão esperado crescimento. Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). Luísa Santos

ENTREVISTA 23 O próximomês de agostomarca o 130º aniversário da constituição do Grémio dos Mestres das Quatro Artes da Construção Civil no Porto, semente que viria a dar origem à AICCOPN muitos anos mais tarde. Como descreveria a evolução do setor da construção civil e obras públicas em Portugal ao longo destes anos? Ao longo destes 130 anos o setor evoluiu de forma muito significativa e deu um importante contributo para o crescimento e desenvolvimento económico do nosso País que é, hoje, uma economia europeia, moderna, muito distante daquele Portugal dos finais do século XIX. As empresas do setor da Construção e Imobiliário investiram emnovas tecnologias e em recursos humanos cada vezmais especializados, modernizaram-se, diversificaram-se e conquistaram um prestígio que é reconhecido à escala global. Domínios como o BIM – Building Information Modelling, a reengenharia de procedimentos, a construção ‘off-site’, a utilização de novos materiais, a Construção 4.0, são já uma realidade que se irá intensificar no setor, abrangendo um número crescente de empresas e tornando-o mais atrativo para os jovens e, ao mesmo tempo, mais inclusivo, promovendo uma maior participação do género feminino e trabalhadores de todas as idades. As transformações do nosso tecido empresarial foram profundas, mas o setor manteve sempre a sua importância e a sua capacidade de responder afirmativamente aos desafios lançados pelo País. Em termos de evolução, e centrando-me nestas duas últimas décadas, o setor atravessou, entre 2001 e 2014, aquela que foi a mais profunda e prolongada crise de que há registo, tendo-se verificado, neste período, uma quebra de 59,5%, em termos reais, da sua produção. Nos últimos anos, ou mais precisamente, desde 2017, temos assistido a um crescimento da produção, com variações positivas na generalidade dos seus segmentos de atividade. Definem-se como “amaior associação empresarial do país”, representando cerca de 6.000 membros. Que tipo de profissionais e/ou empresas representam? A AICCOPN conta com empresas de todas as dimensões e especialidades da fileira da Construção e do Imobiliário, desde empresas de construção e reabilitação de edifícios e infraestruturas, até aquelas que atuam nas atividades especializadas de construção, na promoção imobiliária e na prestação de serviços diretamente relacionados com o setor. E, por isso, abrange e representa todo este vasto e relevante setor de atividade. Quais são os principais serviços que a associação oferece hoje aos seus membros, e quais são as vantagens de ser membro da AICCOPN? A Associação disponibiliza às empresas serviços com competências especializadas em diferentes áreas, relevantes para o desenvolvimento da sua atividade, como a organização de processos de alvará e de certificados e controlo oficioso, em estreita ligação com o Instituto Regulador, o IMPIC, bem como o apoio e informação no âmbito de benefícios fiscais, acesso a financiamento e incentivos ao investimento, cálculos de revisão de preços, apoio no âmbito de processos de Internacionalização, informações e pareceres sobre o Código dos Contratos Públicos, o licenciamento municipal, a qualificação profissional, os serviços obrigatórios de segurança e saúde no trabalho, a marcação CE, o licenciamento ambiental, entre outras temáticas de relevância para o setor. É também assegurado o acesso diário a toda a informação e regulamentação necessária ao exercício da atividade das empresas, a disponibilização de uma oferta formativa ajustada às empresas e a integração nas marcas da AICCOPN, GPC | Global Portuguese Construction e R.U.- I.S. - Reabilitação Urbana Inteligente e Sustentável, que se destinam a promover e diferenciar as nossas empresas, tanto no mercado nacional, como nos mercados externos. Ser associado(a) da AICCOPN assegura às empresas o acesso a todos estes serviços especializados de informação e assessoria com enfoque setorial e elevado valor acrescentado, bem como um acompanhamento permanente por parte da associação. Centrando-se em aspetos mais setoriais, poderia dar- -nos uma breve panorâmica do setor da construção civil e obras públicas em Portugal? Qual é o seu peso no PIB? Quantas pessoas emprega? Quantas empresas estão envolvidas neste tipo de atividade? Estamos a falar de uma atividade essencial para a economia. No seu conjunto, o setor da construção e imobiliário representa 16,8% do PIB português, 599.107 trabalhadores e 99.995 empresas (sociedades), ou seja, 24.2% do total. Ao nível do crédito concedido às empresas, a construção e imobiliário é responsável por 25,8% do stock de crédito detido pelas instituições financeiras. O investimento em construção corresponde a 50,3% do investimento total da economia, o que demonstra bem o seu caráter estruturante e a sua importância para o crescimento e para a sustentabilidade da atividade económica nacional. "O PNI 2030 tem 21,7 mil milhões de euros para investimento em equipamentos e infraestruturas na área dos transportes e mobilidade"

ENTREVISTA 24 O peso deste setor na economia do país tem vindo a aumentar nos últimos anos? Os investimentos em infraestruturas têm vindo a aumentar? Sim, o peso do setor na economia nacional tem vindo a aumentar nestes últimos anos porque, apesar da pandemia e, a exemplo do que se passou na generalidade dos países europeus, as sucessivas medidas de confinamento não decretaram a suspensão das obras e o setor manteve-se sempre em atividade, tendo dado um importante contributo positivo para a economia, nummomento particularmente crítico, mantendo a trajetória de crescimento que já se verificava antes da pandemia. De acordo com as contas nacionais, o investimento em construção representou, em 2019, 8,1% do PIB nacional e, em 2021, esse peso foi de 9,6%. Este aumento reflete uma evolução globalmente positiva da produção do setor que cresceu 6% em 2019, 2,5% em 2020 e 4,3% em 2021. Por sua vez, o segmento de construção de obras de engenharia civil apresentou crescimentos de 4%, 3% e 6% em 2019, 2020 e 2021, respetivamente, ou seja, no que diz respeito às infraestruturas, tem-se registado um aumento, nestes últimos anos, a um ritmo mais intenso que o verificado na totalidade do setor. Os fundos europeus Next Generation estão a contribuir para um incremento nesta atividade? Sim, na Estratégia Europeia de Recuperação e Resiliência e, em concreto, nos PRR nacionais, que são os instrumentos financeiros que, na prática, irão permitir concretizar os grandes objetivos europeus, cabe ao setor um papel fundamental. No PRR português, a presença das nossas empresas é transversal, dada a sua relevância nas três dimensões estruturantes que foram previstas, a resiliência que representa 8,4 mil milhões de euros em subvenções previstas, a transição climática, num total de 3,1 mil milhões, e a transição digital que atinge 2,5 mil milhões. No entanto, também é necessário ter presente que, de acordo com o relatório de monitorização do PRR, no início do mês de abril, o montante total pago era de apenas 489 milhões de euros, de um total de 13,9 mil milhões em subvenções e 2,7 mil milhões empréstimos. Ou seja, a maioria dos investimentos ainda está numa fase inicial pelo que os seus efeitos sobre a atividade das empresas só deverão ser sentidos na sua plenitude neste ano de 2022 que, tal como temos afirmado, é decisivo porque este é o ano em que é necessário planear, calendarizar e contratualizar os investimentos previstos no PRR, e que terão de ser plenamente executados até 2026. E não pode ser esquecida a implementação do PNI 2030 - Programa Nacional de Investimentos, nem o Portugal 2020, que encerra em 2023 e, no final de fevereiro, faltava executar 28% dos fundos previstos, ou seja, 7,5 mil milhões de euros. A plena utilização das verbas comunitárias que nos foram alocadas é essencial, não apenas para o setor, mas para a retoma económica. Que impacto terá o Plano de Recuperação e Resiliência no setor? É um plano que terá um impacto significativo no setor, desde logo porque as empresas nacionais vão desempenhar um papel fundamental na concretização dos projetos de infraestruturas previstos e são decisivas em domínios como a habitação, que é a componente individual do PRR com maior dimensão, representando 1.583 milhões de euros em subvenções e 1.150 milhões em empréstimos, ou a eficiência energética em edifícios, onde estão previstos 610 milhões de euros. É, também, uma oportunidade única para promover a competitividade do setor e, em particular, a transformação digital e tecnológica das empresas nacionais de todas as dimensões e especialidades. No cenário macroeconómico recentemente avançado pelo Banco de Portugal no boletim económico de março, a previsão para o PIB em 2022 foi revista em baixa, mas espera-se um aumento mais intenso do investimento, prevendo-se um incremento de 9,2%, acima dos 7,2% previstos anteriormente, destacando-se, precisamente, a aceleração significativa “da implementação de projetos financiados por fundos europeus”. Por sua vez, as previsões para o crescimento da produção do setor apontam para um crescimento do segmento de Engenharia Civil de 7,5% em 2022, que se deve, em larga medida, ao esperado impacto da implementação dos investimentos previstos no PRR.

ENTREVISTA 25 Hoje, o foco incidemais no desenvolvimento de novas infraestruturas ou na manutenção/recuperação/reabilitação das infraestruturas existentes? Construção nova e manutenção/reabilitação são duas realidades complementares e que são crescentemente assumidas como tal. Se olharmos para a evolução recente do segmento habitacional, verifica-se que há um crescimento global, tanto ao nível da construção nova, como das intervenções de reabilitação e manutenção de imóveis habitacionais. Nos últimos três anos, ou seja, no período compreendido entre 2019 e 2021, o valor bruto da produção de edifícios residenciais novos cresceu 18,6%, e a produção referente à reabilitação e manutenção, que inclui todo o tipo de intervenções, incluindo as obras que não carecem de licenciamento, aumentou 27,8% e o seu peso na produção residencial aumentou de 39%, em 2019, para 41,5% em 2020 e 41,8% em 2021. Há necessidade de recuperar o património habitacional e de melhorar os seus níveis de conforto e eficiência energética, mas, também, de construir casas novas e aumentar a oferta habitacional. No que diz respeito às infraestruturas, o investimento público na redução da dependência dos combustíveis fósseis e na promoção da eficiência energética e da economia circular, da reabilitação urbana e das cidades inteligentes é essencial. Para isso, é preciso investir mais, tanto na construção de infraestruturas novas como na reabilitação e modernização das existentes, com um adequado aproveitamento de recursos comunitários provenientes de uma Europa que também assumiu estes objetivos. Existemdados que nos permitamsaber que volume de investimento será afetado a este setor nos próximos anos em Portugal? Falamos apenas de investimento público ou as parcerias público-privadas desempenharão um papel importante? Sim, temos o Programa Nacional de Investimentos - PNI 2030, que é o instrumento público de planeamento do próximo ciclo de investimentos estratégicos e estruturantes, que vai para além do PRR, já que abrange um período mais alargado, até 2030, e prevê outras fontes de financiamento, num total de praticamente 43 mil milhões de euros. O investimento privado, mediante concessões marítimas, rodoviárias, na área da energia e do ambiente, representa 14,2 mil milhões de euros, ou seja, cerca de um terço do total previsto, pelo que continuará a representar um papel importante neste domínio. Que projetos de infraestruturas são mais suscetíveis de impulsionar o setor nos próximos anos? De acordo com o PNI 2030, o setor dos transportes e mobilidade é o mais expressivo com 21,7 mil milhões de euros de investimentos planeados, em que a ferrovia representa 10,5 mil milhões de euros, ou seja, 25% do total e a mobilidade sustentável e transportes públicos, onde se incluem projetos como a consolidação das redes de metro, totaliza 5,8 mil milhões de euros, o que corresponde a 14% do PNI. Ainda neste domínio, a rodovia e o aeroportuário abrangem, respetivamente, 2 e 2,1 mil milhões de euros. Já no que respeita à transição energética, estão planeados investimentos de cerca de 13 mil milhões de euros, envolvendo as redes de energia, o reforço da produção de energia renovável, a eficiência energética e os gases renováveis. Os setores da sustentabilidade ambiental (ciclo urbano da água, gestão de resíduos, proteção do litoral, entre outros) e o regadio totalizam cerca de 8,2 mil milhões de euros. Na perspetiva da AICCOPN, quais são as principais barreiras ou travões a ummaior e/ou melhor crescimento do setor em Portugal? De acordo com o nosso último inquérito à situação do setor, relativo ao 4º trimestre de 2021, os dois principais constrangimentos à atividade que as empresas apontam são a falta de mão de obra qualificada - recordo, está identificada a necessidade de 80 mil trabalhadores no setor -, e a subida abrupta dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção, situação que foi severamente agravada com a eclosão do conflito armado na Ucrânia. São duas questões que têm, na sua origem, fatores explicativos muito diferentes, mas, em conjunto, estão a afetar severamente as empresas e exigem-se soluções concretas porque, como temos afirmado, não podem colocar em causa a estratégia de recuperação da economia portuguesa e a implementação dos investimentos em curso e planeados.

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