2024/2 08 Preço: 11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Junho 2024 - Nº 8
www.blumaq.com GARANTIA DE QUALIDADE TANTO EM PEÇAS NOVAS COMO EM COMPONENTES RECONSTRUIDOS A Blumaq fornece peças e produtos para manutenção de máquinas de obras públicas e movimento de terras em todo o mundo. Com mais de 100.000 referências em stock, e o mais detalhado relatório de especificações de fabrico de todos os seus produtos, a Blumaq coloca ao dispor dos seus clientes o melhor serviço do sector em peças e componentes. Conheça as nossas delegações: Alicante | Almería | Asturias | Barcelona | Galicia | Madrid | Mérida | Ponferrada | Sevilla | Tenerife | Zaragoza | Chile | United States | France | Portugal | Turkey | China | Russia | Italy | Romania | South Africa | Zambia | Peru | Namibia | Kazahkstan | Indonesia CATERPILLAR®, VOLVO® E KOMATSU® É URNA MARCA COMERCIAL REGISTADA PELO SEU PROPRIETÁRIO E USA-SE SOMENTE COMO REFERÊNCIA DE APLICAÇÃO DAS NOSSAS PEÇAS. Siga-nos no: Blumaq Peças para Máquinas Industriais Lda. Rua do Casalinho, 16, Pousos 2410-201 Leiria T: +351 244 802 342 / 336 Avenida campo do ouro, Estrada Nacional n. 15, km 34,600, 4560-765 Santa Marta - Penafiel, Portugal T: +351 255 246 746 blumaqportugal@blumaq.com TODAS AS SUAS PEÇAS DE REPOSIÇÃO, EM UMA ÚNICA EMPRESA
Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone +351 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, David Múñoz redacao_engeobras@interempresas.net www.engeobras.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127810 Déposito Legal 498357/22 Distribuição total +13.900 envios. Distribuição digital a +13.200 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 8 – Junho de 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.engeobras.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Engeobras adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 É urgente dinamizar o PRR e o PT 2030 8 Novo regulamento sobre máquinas: a Europa acompanha uma indústria cada vez mais tecnológica 10 Lisboa, capital europeia do aluguer de máquinas e equipamentos durante dois dias 14 LoxamHune mantém trajetória de crescimento com uma margem EBITDA de mais de 40% até abril 22 Grupo Kiloutou atinge um recorde de vendas de 1,2 mil milhões de euros 24 Vários equipamentos Putzmeister estão a trabalhar na obra do Metro de Lisboa 28 Como a internet contribui para a venda de máquinas de construção 30 Xtrawear: a nova família de produtos de desgaste da Blumaq 34 Como substituir os rastos de borracha em 10 passos 36 Reconstrução do aterro e plataforma rodoviária na EN 222 em Cinfães 40 Novo acordo entre a Manain e a LGMG prevê entrega de 650 máquinas até 2024 44 Haulotte apresenta a nova geração da sua icónica plataforma HA20 RTJ 46 Entrevista com Stefano Sorbini, diretor de vendas sénior para a Ibéria da JLG Industries 48 Mieve apresenta nova plataforma de tesoura PE-14C 52 Tektónica 2024: expetativas superadas 54 Palfinger aposta em conjuntos chave-na-mão na Tektónica 56 Paris traz de volta a sua feira 58 Centrocar lidera mercado de escavadoras na Península Ibérica 62 Novas miniescavadoras DX17Z-7 e DX19-7 da Develon 64
4 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Contratos de obras públicas superam os mil milhões de euros nos primeiros quatro meses do ano Segundo o Barómetro de Obras Públicas da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), nos primeiros quatro meses do ano o montante global dos contratos de empreitadas de obras públicas celebrados e objeto de reporte no Portal Base, até ao passado dia 15 de maio, ascendeu a 1.050 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 19%, em termos de variação homóloga temporalmente comparável. No que concerne aos contratos de empreitadas celebrados no âmbito de concursos públicos, até abril de 2024 totalizaram 753 milhões de euros, ou seja, mais 18% que o registado no mesmo período do ano transato. Relativamente aos contratos celebrados em resultado de ajustes diretos e consultas prévias, situaram-se em 259 milhões de euros nesse período, o que traduz um aumento de 37% face ao registado nos primeiros quatro meses de 2023. Semana Internacional da Construção apresenta 1° Congresso Building the Future A Semana Internacional da Construção decorrerá entre 5 e 8 de novembro e inclui as feiras Construtec, Veteco, Smart Doors e Piscimad. O congresso, integrado no certame, pretende oferecer conteúdos-chave de valor para todas as empresas e profissionais participantes. A organização da Semana Internacional da Construção, que se realiza no IFEMA, em Madrid, anunciou que este ano irá realizar 1.° Congresso Construir o Futuro (Building the Future), coorganizado com a Alimarket. Sob o lema ‘Construir o Futuro: Inovação, Sustentabilidade e Industrialização’, este congresso pretende reunir empresas relevantes com oradores de interesse para todo o setor, num espaço onde serão discutidas questões cruciais para o desenvolvimento futuro do setor. Está vocacionado para promotores, construtores e distribuidores do setor da construção com o objetivo de enfrentar os desafios do futuro. Oshkosh Corporation adquire Ausa A Oshkosh Corporation, sediada nos EUA, anunciou um acordo para adquirir a espanhola Ausacorp S.L. (Ausa). O fabricante de dumpers de rodas, empilhadores para terrenos acidentados e manipuladores telescópicos para os setores da construção, manuseamento de materiais, agricultura, paisagismo e equipamento especial, sediado em Barcelona, passará a fazer parte da divisão de equipamento de acesso da Oshkosh após a formalização do acordo. “O historial da Ausa na produção de equipamento de alta qualidade, construído para fins específicos, está em linha com a nossa estratégia - Inovar. Servir. Avançar - e permite-nos expandir a nossa oferta de produtos nos mercados atuais e adjacentes”, disse John Pfeifer, presidente e CEO da Oshkosh Corporation. "Estamos ansiosos por acolher a equipa da Ausa na família Oshkosh”.
5 FIEC publica Relatório Estatístico 2024 A Federação Europeia da Indústria da Construção (FIEC) divulgou a 67.ª edição do seu Relatório Estatístico, uma publicação digital onde são apresentados os últimos números, tendências, dados e atividades da indústria da construção em 22 países europeus. 2023 foi um ano repleto de grandes desafios para o setor da construção, com o investimento na construção a diminuir a uma taxa de 2,2%. As perspetivas para o mercado da construção variam em toda a UE, com crescimento em alguns países e contração noutros. O relatório destaca as tendências preocupantes no setor da construção residencial, prevendo-se que a atividade de construção de casas diminua 5,7% este ano. Uma das maiores preocupações do setor da construção é a crise da construção de habitação. De acordo com os dados recolhidos pela FIEC, a construção de habitações deverá registar um decréscimo de 5,7% em 2024, após um declínio de 2,6% no ano passado. "As perspetivas são particularmente sombrias nos países nórdicos. Em muitos países da UE, as empresas queixam-se de que as medidas governamentais para fazer face à crise da habitação se revelaram insuficientes", explica Rüdiger Otto, vice-presidente da FIEC para os assuntos económicos e jurídicos. .Acrescenta ainda que a crise na construção de habitações “tem o potencial para afetar negativamente o emprego", com o número de pessoas empregadas e de empresas que operam no setor a diminuir em alguns países da UE. O relatório completo está disponível em www.fiec-statistical-report.eu. EDITORIAL O Epic Sana Marquês Hotel, em Lisboa, acolheu nos dias 15 e 16 de maio a Convenção 2024 da European Rental Association (ERA). O evento foi um grande sucesso em termos de participação e organização, reunindo na capital mais de 350 personalidades do setor europeu do aluguer. Através de um programa completo, composto por oradores de prestígio internacional, todos os participantes puderam ficar a conhecer a situação atual deste setor em franca expansão, que no nosso continente representa já um volume de negócios de 29.600 milhões de euros, bem como as principais tendências do mercado. Além do impacto positivo que a organização deste grande encontro setorial europeu teve para Portugal, é de realçar o papel preponderante que as empresas portuguesas tiveram durante o evento, evidenciando uma vez mais a importância crescente desta atividade na economia nacional. Apesar de se tratar de um mercado cujo volume de negócios ainda não ultrapassa os 700 milhões de euros, as taxas de crescimento previstas para os próximos dois anos são das mais elevadas da Europa. De facto, de acordo com um estudo da prestigiada consultora KPMG, tornado público durante a Convenção, a atividade de aluguer de máquinas e equipamentos em Portugal voltará a crescer cerca de 5% este ano e 6,5% em 2025. Neste contexto, a proposta lançada por Maria Luís Gameiro, gerente da empresa portuguesa de aluguer Speedrent, durante a inauguração do encontro, de criar uma associação portuguesa de empresas de aluguer para defender os interesses desta indústria junto da administração pública e garantir que o crescimento desta atividade se processa de forma ordenada e profissional, é mais necessária do que nunca. É preciso evitar a todo o custo que entidades pouco sérias, que não se preocupam com o sistema jurídico, tentem aproveitar-se de forma abusiva deste boom do aluguer, causando danos irreparáveis tanto ao mercado como às empresas que apostam no profissionalismo. Não há dúvida de que "a união faz a força", pelo que é fundamental que as empresas portuguesas de aluguer andem de mãos dadas para alcançar objetivos comuns. A EngeObras está disponível para colaborar em tudo o que o setor necessite para alcançar este objetivo. Aproveitamos esta oportunidade para felicitar os vencedores dos European Rental Awards 2024, muitos deles com uma forte ligação ao mercado português como a GAM, Kiloutou e JCB, bem como para reconhecer o trabalho que a empresa portuguesa Machrent tem vindo a realizar para promover o aluguer no território nacional. No final, a sua candidatura não foi a vencedora, mas certamente dificultou a tarefa dos membros do júri. Precisamos de uma associação portuguesa de empresas de aluguer
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Portugal desperdiçou mais de 840 milhões de euros de água tratada em 10 anos Em 2022, 162 milhões de metros cúbicos de água já tratada foi desperdiçada ao longo da rede de distribuição. Foram 88 milhões de euros de água não faturada num ano, e cerca de 840 milhões de euros em dez anos, revela a Deco Proteste. Até 2030, o sistema tem de recuperar as condutas envelhecidas e reduzir perdas de água, recomenda a editora. Os dados têm como base na informação da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) de 2022, e serão publicados na edição de junho da revista Deco Proteste. Com base na análise às perdas de água em Portugal, a editora alerta para a necessidade urgente de reabilitação da infraestrutura de abastecimento de água a nível nacional, que está envelhecida e sujeita a aumentos de perdas de água e de falhas de abastecimento. “É urgente investir num esforço contínuo para reabilitar as condutas e garantir uma rede de abastecimento de água mais renovada e eficiente”, considera Mariana Ludovino, porta-voz da Deco Proteste. “Sabemos que o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030, aprovado em fevereiro do ano passado, e que visa reduzir as perdas até 2030, já está a ser implementado. Mas é preciso acelerar para evitar as perdas – económicas e ambientais - que ainda se registam”, conclui. Fábrica da Cimpor em Alhandra celebra 130 anos de atividade A Cimpor comemora este ano os 130 anos da fábrica de Alhandra, a mais antiga unidade de produção de cimento do país. A propósito da efeméride, a cimenteira anunciou que, até 2030, vai investir cerca de 121 milhões de euros na sustentabilidade e modernização de processos. A fábrica de Alhandra foi inaugurada em 1894, com uma capacidade de produção inicial de 6.000 toneladas de cimento por ano. Em 1960 chegou a ter o maior forno do mundo, com uma capacidade de produção superior a meio milhão de toneladas de cimento por ano. Atualmente, em Alhandra, podem ser produzidas diariamente 9.000 toneladas de cimento que, além de abastecerem Portugal, são exportadas para diversos países. “Estamos conscientes do impacto que esta unidade tem para a economia nacional e local e, por essa razão, vamos continuar a apostar na modernização e melhoria de instalações, tendo como principal objetivo reduzir drasticamente as nossas emissões de carbono. Continuaremos, também, a apostar e fomentar o trabalho que fazemos junto da comunidade local, seja através da criação de emprego, seja no desenvolvimento de competências”, afirma Carlos Melo diretor da fábrica. A aposta da Cimpor deste ano recai sobre a sustentabilidade, uma vez que pretende alcançar a neutralidade carbónica da sua operação até 2050. A utilização de energias renováveis, a modernização de infraestruturas como os fornos ou moinhos são alguns dos projetos previstos e que permitirão a redução da pegada ambiental.
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Grupo Casais edifica novo projeto de obra pública O Grupo Casais está a construir um novo projeto de obras públicas em Lisboa. Após o desenvolvimento de um projeto de habitação a custos controlados na Avenida das Forças Armadas, o Grupo está agora a edificar um conjunto de infraestruturas que vão apoiar este complexo residencial. Himoinsa nomeia Manuel Aguilera como diretor global de serviços A Himoinsa nomeou Manuel Aguilera como diretor global de serviços. O cargo, com efeitos a partir de 1 de junho, reforçará as áreas de serviço, peças e pós-venda como elementos-chave nos planos de expansão da empresa, que registou um crescimento significativo nos últimos anos em termos de estrutura organizacional, volume de negócios e desenvolvimento de novos produtos. Aguilera, que até à data ocupou cargos de responsabilidade na empresa como Global Gas Unit Head, tem uma vasta experiência de quase 15 anos no setor da geração de energia, onde desenvolveu diferentes tarefas desde a área de engenharia, desenvolvimento de produtos, acompanhamento de projetos até ao comissionamento e apoio ao cliente. No seu novo cargo, irá dirigir as operações de serviço, centrando-se na otimização dos processos, na implementação de tecnologias inovadoras, nos planos de formação, na reestruturação e coordenação da equipa técnica, nas peças sobresselentes e na sua política de preços, de forma global e transversal a todas as unidades de negócio da empresa: Mobile Power, On Site Power, Telecom e Power Solutions. Aguilera será também responsável por impulsionar os planos de crescimento das empresas de serviços, manutenção e instalação que a Himoinsa adquiriu nos últimos anos em diferentes países, como a Powersil em Portugal, com o objetivo de continuar a crescer orgânica e inorganicamente nos países onde a empresa tem uma quota de mercado significativa e deve garantir estruturas de serviço sólidas para os seus clientes. Visita do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, à obra. O edifício do parque de estacionamento é composto por cinco pisos subterrâneos, com uma capacidade total de 586 lugares de estacionamento. No piso 0, ficarão todos os serviços de apoio ao parque: instalações sanitárias públicas masculinas e femininas, integrando cada uma delas cabines para pessoas de mobilidade reduzida. Além disto, esta área compreende ainda o espaço de atendimento, com cabine de controlo e gestão de acessos, circulação interior, copa e instalação sanitária com vestíbulo de serviço e área de sala técnica, bem como espaço para grupo gerador; espaço para lixos e conjunto de espaços afetos ao posto de transformação. Nos pisos -4 e -5, concentram-se os restantes espaços técnicos e de serviço ao parque - arrumo geral e central de bombagem e depósitos. A estrutura deste edifício será em betão armado, com paredes, pilares, vigas e lajes, que serão maciças e inclinadas, apoiadas nos pilares por capitéis e em paredes estruturais em betão. Está ainda prevista, na primeira fase da empreitada, a realização de trabalhos de arqueologia. Esta obra pública foi adjudicada à Casais Engenharia e Construção pela SRU Lisboa Ocidental, S.A- Sociedade de Reabilitação Urbana no final de 2022, sendo que os trabalhos começaram em janeiro de 2023. O prazo de execução previsto é de 1030 dias, divididos entre 180 dias de trabalhos de arqueologia e 850 dias de execução.
OPINIÃO 8 É urgente dinamizar o PRR e o PT 2030 Manuel Reis Campos, presidente da CPCI e da AICCOPN Portugal tem, neste momento, disponíveis dois importantes envelopes financeiros europeus, o PRR e o Portugal 2030, num montante global de cerca de 45 mil milhões de euros que, em face das regras europeias, têm que ser executados num espaço temporal, previamente definido e que se apresenta cada vez mais reduzido. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem por objetivo estimular a recuperação da atividade económica nacional, ao mesmo que tempo que incentiva uma economia mais verde, mais digital e competitiva, acelerando o processo de convergência europeia e contribuindo para uma sociedade mais equitativa e coesa, dispõe de fundos no montante de 22.216 milhões de euros. No entanto, a cerca de dois anos e meio do término do programa, do montante atribuído a Portugal, apenas foram pagos, a beneficiários diretos e finais, 4.280 milhões de euros, o que corresponde a uma taxa de execução de apenas 19%. De referir, que na Componente C02 - Habitação, que tem uma dotação de 3.226 milhões de euros, a execução financeira é de 14%, e que a Componente C07 - Infraestruturas, que tem uma dotação de 813 milhões de euros, apresenta uma execução financeira de 18%. De referir, ainda a Componente C13 - Eficiência Energética em Edifícios, e a Componente C15 - Mobilidade Sustentável, cujas dotações ascendem, respetivamente a 610 e a 1.262 milhões de euros, registam uma execução financeira de 25% e 14%, respetivamente. Relativamente ao Portugal 2030, cujos fundos europeus, destinam- -se a projetos que dinamizem e desenvolvam a economia portuguesa, totalizam 22.995 milhões de euros. No último boletim divulgado, reportado a 30 de abril de 2024, constata-se que, do valor global disponível, e apesar de 6.017 milhões de euros já terem sido colocados a concurso, apenas foram pagos a beneficiários finais 589 milhões de euros, ou seja, apresenta uma taxa de execução financeira de 5,5%. O investimento público é uma ferramenta essencial, que os Governos dispõem para dinamizar o crescimento económico, melhorar a qualidade de vida da população e incentivar a competitividade e a inovação. Atendendo à atual conjuntura, caracterizada por um abrandamento da atividade económica, em resultado dos elevados níveis de incerteza, das elevadas tensões geopolíticas mundiais, com importantes conflitos armados a decorrer em simultâneo, um na Europa e outro no Médio Oriente, das pressões inflacionistas e da evolução recente das taxas de juros, é crítico que os fundos europeus sejam utilizados de forma consciente e célere, por forma a assegurar o necessário crescimento para o nosso país. Com efeito, espera-se que o novo Executivo desenvolva todos os esforços necessários para a recuperação do atraso, que conhecemos, na execução financeira dos fundos, o que passa pela identificação e implementação de soluções concretas e urgentes, por forma a garantir a correta e atempada
OPINIÃO 9 execução dos programas e, assim, cumprir as metas estabelecidas com a União Europeia. Portugal necessita, assim, de um novo ciclo de crescimento económico robusto e sustentável, de modo a alcançar a desejada convergência europeia, o que só será concretizável se for alicerçado na promoção do investimento público e privado, no reforço da coesão social e territorial e na competitividade do tecido empresarial, pelo que, é urgente imprimir uma maior celeridade na execução dos fundos europeus, que desenvolvam as infraestruturas nacionais, como estradas, pontes, redes de transporte público e telecomunicações, apostem na capacitação das empresas e dos seus recursos humanos, bem como, promovam a inovação e a redução das desigualdades sociais. n "A cerca de dois anos e meio do término do programa, do montante atribuído a Portugal, apenas foram pagos, a beneficiários diretos e finais, 4.280 milhões de euros, o que corresponde a uma taxa de execução de apenas 19%"
10 NORMATIVA Novo regulamento sobre máquinas: a Europa acompanha uma indústria cada vez mais tecnológica Publicado a 29 de junho de 2023, o Regulamento (UE) 2023/1230, conhecido como o novo Regulamento de Máquinas, incorpora uma série de disposições destinadas a garantir a saúde e a segurança dos consumidores e utilizadores profissionais, bem como a eliminar as barreiras ao comércio entre os estados membros. As suas implicações para o setor dos equipamentos de construção foram analisadas numa nova jornada do Fórum Potência, com a participação de Sergio Serrano, diretor técnico da Anmopyc, e Octavi Luján, responsável pela conformidade e homologação de produtos da Ausa. Sob a moderação de Ricardo Cortés, diretor do Fórum Potência, os oradores explicaram os requisitos do regulamento, especialmente no que diz respeito às obrigações e inovações a serem implementadas pelos fabricantes de máquinas. Lucas Manuel Varas Vilachán Como adiantou Ricardo Cortés na sua introdução à conferência, o novo regulamento revê e revoga a Diretiva 2006/42/CE, cuja primeira versão foi aprovada em 1989 e que tem sido até agora o documento de referência para o setor das máquinas. “Tem sido uma diretiva controversa, com deficiências e inconsistências, tanto em termos dos produtos incluídos no seu âmbito de aplicação como dos procedimentos de avaliação da conformidade”, salientou Cortés. Além disso, o facto de não ter em conta os mais recentes avanços tecnológicos em máquinas cada vez menos dependentes de operadores humanos, bem como outros desenvolvimentos digitais, “realçou a necessidade desta atualização regulamentar”. Por outro lado, o relatório da Comissão Europeia sobre as implicações da inteligência artificial, da Internet das coisas e da robótica em termos de segurança e de responsabilidade “evidenciou a existência de novos desafios para a segurança dos produtos, mostrando que a legislação atual apresenta uma série de lacunas”. Sergio Serrano aprofundou estes aspetos, oferecendo uma visão geral dos passos que foram dados para chegar ao novo regulamento, as alterações regulamentares que incorpora em relação à anterior Diretiva de Máquinas, bem como os mecanismos de exigência de conformidade que contempla. “É uma das peças-chave da legislação que afeta os fabricantes de máquinas de construção, e é por isso que nós, na Anmopyc, estivemos envolvidos desde o início da sua revisão até ao seu desenvolvimento”, salientou Sergio.
11 NORMATIVA O Regulamento de Máquinas, assim como as Diretivas anteriores, estabelece os requisitos de saúde e segurança para o desenho e fabrico dos produtos incluídos no seu âmbito, a fim de permitir que sejam colocados no mercado ou em serviço na UE. Abrange não só as máquinas propriamente ditas, mas também os produtos conexos que são utilizados em conjunto com uma máquina ou que dela fazem parte, tais como equipamentos intermutáveis, acessórios ou componentes de segurança. Estabelece igualmente regras para permitir a livre circulação na UE dos produtos abrangidos pelo seu âmbito de aplicação. Este regulamento tem um duplo objetivo: por um lado, assegurar um elevado nível de proteção da saúde e da segurança das pessoas, tanto dos consumidores como dos utilizadores profissionais. Por outro lado, visa eliminar os obstáculos ao comércio entre os estados-membros. Em 2018, a Comissão Europeia começou a analisar a revisão da Diretiva Máquinas. O seu relatório concluiu que, embora cumprisse o objetivo de proteger a segurança das pessoas, não cobria os riscos relacionados com as novas tecnologias emergentes: IoT, cibersegurança, robótica ou inteligência artificial. Além disso, alguns pontos podiam ser melhorados porque não se prestavam a uma interpretação uniforme. DA DIRETIVA AO REGULAMENTO A primeira mudança notável é que a norma já não está contida numa diretriz e a sua forma legal foi alterada para regulamento. “O problema que existia com a Diretiva de Máquinas é que ela tinha de ser transposta para a legislação nacional. Mas alguns estados-membros estavam a estabelecer requisitos que afetavam a livre circulação de máquinas devido a uma má interpretação das disposições. Outros países demoraram muito tempo a transpor a diretiva, o que fez com que esta não se aplicasse no seu território", explica o responsável técnico da Anmopyc. “Ao converter a diretiva para regulamento, as possíveis divergências de interpretação causadas pela transposição são reduzidas. Além disso, o regulamento será obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em cada estado-membro. Deixaremos de ter 27 textos nacionais". Outro problema com a diretiva anterior era o facto de não ter sido alinhada com o novo quadro legislativo para a comercialização de produtos na UE, o que levou a incoerências com outra legislação relativa a produtos. “Esta situação criou confusão para os fabricantes e incerteza jurídica, pelo que aproveitámos a oportunidade para alinhar as disposições do regulamento com o novo quadro legislativo da UE”, afirma Sergio Serrano. Isto implica a clarificação das obrigações dos operadores económicos. O regulamento estabelece obrigações muito pormenorizadas para todos os intervenientes na cadeia de abastecimento de máquinas: fabricantes, importadores e distribuidores. “Os fabricantes terão de assumir a respon-
12 NORMATIVA sabilidade pelas exigências essenciais de segurança e de saúde aplicáveis às suas máquinas. Os importadores terão de verificar se o fabricante original da máquina efetuou a avaliação relevante e a avaliação de conformidade, e se apresentou a documentação técnica para demonstrar que a máquina está em conformidade com o regulamento. No caso dos distribuidores, estes terão de verificar se tanto os fabricantes como os importadores colocaram corretamente a marcação CE na máquina, se a máquina é acompanhada de instruções de utilização na língua do país onde vai ser introduzida e se é acompanhada da declaração de conformidade da UE”. Uma das definições incorporadas no regulamento é a de “modificação substancial”, entendida como uma modificação efetuada “após a sua colocação no mercado ou entrada em serviço, por meios físicos ou digitais, de uma forma não prevista pelo fabricante e que pode implicar que a máquina deixe de cumprir os requisitos essenciais de saúde e segurança aplicáveis”. A pessoa que efetua esta modificação substancial deve certificar-se de que a máquina modificada está em conformidade com os requisitos aplicáveis, declarar que é esse o caso sob a sua exclusiva responsabilidade e aplicar o procedimento de avaliação da conformidade pertinente. Para facilitar este processo, a norma estabelece que a avaliação da conformidade deve ser aplicada apenas à parte modificada da máquina, desde que a modificação não afete a segurança da máquina no seu conjunto. ADAPTAÇÃO DA NORMA ÀS NOVAS TECNOLOGIAS Várias novidades do regulamento relativo às máquinas refletem a evolução e a utilização generalizada das novas tecnologias digitais, bem como o impacto ambiental. Por exemplo, o regulamento permite agora explicitamente que os fabricantes forneçam instruções de funcionamento em formato digital. No entanto, existem certas condições, como o acesso a este manual ter de ser feito na própria máquina (por exemplo, com um código QR) ou ter de permanecer ativo durante um período mínimo de dez anos ou durante a vida útil da máquina. No entanto, se o utilizador o solicitar no momento da compra, o fabricante deve fornecer gratuitamente o manual em papel no prazo máximo de um mês. A Diretiva de Máquinas não abordava os riscos decorrentes das novas tecnologias digitais, como o aumento exponencial de máquinas conectadas e de máquinas autónomas, bem como a utilização crescente de software e de aplicações de aprendizagem automática nas máquinas. O regulamento introduziu um número significativo de requisitos de saúde e segurança relativos ao software e às suas atualizações, às máquinas conectadas, à cibersegurança, à inteligência artificial, à robótica colaborativa e às máquinas autónomas. A definição de 'componente de segurança' também foi alterada para abranger componentes físicos e digitais, incluindo software. Na sua avaliação da diretiva relativa às máquinas, a Comissão constatou igualmente que esta incluía uma série de requisitos essenciais não relacionados com as novas tecnologias digitais que não eram considerados suficientes para garantir a saúde e a segurança das pessoas ou eram tão prescritivos que constituíam um potencial obstáculo à inovação por parte dos fabricantes. O regulamento introduz uma série de requisitos ou altera alguns dos existentes para colmatar essas lacunas, como o contacto de máquinas móveis com linhas elétricas aéreas, a proteção contra substâncias perigosas ou os dispositivos de controlo das máquinas de elevação de pessoas. “O novo regulamento não introduz alterações radicais em relação à Diretiva 2006/42/CE”, concluiu Sergio Serrano. O comissário sublinhou ainda que “mantém a neutralidade tecnológica, sem impedir as inovações dos fabricantes”. Mesa redonda sobre o novo Regulamento de Máquinas, organizada pelo Fórum Potencia.
13 NORMATIVA A VISÃO DOS FABRICANTES A segunda parte do webinar foi dedicada às obrigações e inovações a serem implementadas pelos fabricantes. Para o efeito, o Fórum Potência contou com a participação de Octavi Luján, responsável pela conformidade e homologação de produtos da Ausa, que aprofundou os requisitos impostos pelo Regulamento aos fabricantes de máquinas e equipamentos. “Temos de nos adaptar a esta nova regulamentação para garantir a segurança dos utilizadores e cumprir as normas da sociedade atual”, disse Luján no início da sua intervenção. Um dos aspetos abordados pelo responsável da Ausa foi a obrigação de entregar o manual do utilizador juntamente com a máquina, garantindo assim um acesso fácil às instruções antes ou durante a utilização. Além disso, o regulamento introduz a possibilidade de fornecer manuais telemáticos, o que permite aos utilizadores aceder e imprimir as instruções em qualquer altura, mesmo sem ligação à internet. A nova norma estabelece requisitos específicos para a saúde e segurança dos utilizadores, incluindo a proteção contra o risco de tombamento da máquina e dispositivos de retenção obrigatórios para máquinas com risco significativo. Sublinha a importância do cumprimento destes novos requisitos para garantir a conformidade com o regulamento e destaca a necessidade de tecnologia acessível para evitar o contacto entre máquinas e cabos elétricos sob tensão. Em termos de conetividade e controlo eletrónico, o novo regulamento introduz requisitos de segurança essenciais para máquinas com autonomia e comportamento auto-evolutivo, garantindo procedimentos de encerramento seguros e rastreabilidade do software. Octavi Luján também destacou a importância da colaboração entre os fabricantes para desenvolver modificações e cumprir com estes novos regulamentos. Na secção relativa às novas tecnologias, a norma incide igualmente sobre os sistemas de controlo no âmbito da automatização e da inteligência artificial, salientando a resistência às influências externas e a necessidade de rastreabilidade do software utilizado. São estabelecidos requisitos para o comportamento da máquina durante as desconexões temporárias do sistema de controlo, bem como para a segurança das máquinas autónomas em espaços partilhados e durante o transporte para pontos de recarga. Por último, Luján abordou a questão da cadeia de responsabilidade, nomeadamente no que respeita a máquinas antigas e a máquinas importadas. O regulamento destaca o papel da indústria, dos fabricantes e dos utilizadores na garantia do cumprimento do novo regulamento, bem como a importância das associações industriais na comunicação de infrações relacionadas com a segurança das máquinas. O novo Regulamento de Máquinas apresenta alterações significativas para a indústria, com o objetivo de melhorar a segurança dos utilizadores e de se adaptar aos atuais desenvolvimentos tecnológicos. “A sua implementação exigirá a colaboração entre os fabricantes, o cumprimento rigoroso dos novos requisitos e uma compreensão clara das responsabilidades de todas as partes envolvidas”, concluiu Octavi Luján. n Ricardo Cortés, diretor do Fórum Potência, e Sergio Serrano, diretor técnico da Anmopyc. Intervenção de Octavi Luján, diretor de conformidade e homologação de produtos da Ausa. O Fórum Potência foi possível graças ao apoio dos seus membros honorários, Acciona, FCC Construcción e Sacyr Ingeniería e Infraestructuras, e dos seus patrocinadores Feria de Zaragoza - Smopyc e TST Servicios Técnicos.
14 ALUGUER Lisboa, capital europeia do aluguer de máquinas e equipamentos durante dois dias Nos dias 15 e 16 de maio, Lisboa acolheu a Convenção 2024 da European Rental Association (ERA), que este ano teve como tema 'O futuro das soluções de aluguer'. Mais de 350 personalidades do setor puderam usufruir de um programa profissional e lúdico completo para aprofundar os grandes desafios que o setor enfrenta, com especial destaque para a descarbonização, transição energética e para a Inteligência Artificial. A edição deste ano voltou a acolher a gala dos European Rental Awards e incluiu uma visita às instalações da Machrent e da GAM na capital portuguesa. David Muñoz A Convenção ERA 2024, realizada em Lisboa, foi um sucesso retumbante, tanto pelo número de participantes, mais de 350 profissionais do setor, como pela qualidade dos participantes, com a representação de muitos dos principais atores desta indústria em expansão, bem como pelo interesse suscitado pelas várias conferências e mesas redondas. O encontro deste ano, mais uma vez moderado pelo apresentador Maarten Bouwhuis, foi aberto por Arne Severin, vice-presidente da ERA, na ausência do presidente Stéphane Hénon. Durante o seu discurso, salientou a importância de um encontro como este para ajudar as empresas de aluguer europeias a concentrarem-se nos seus principais desafios, tais como a sustentabilidade ambiental, a procura e retenção de talentos e a saúde financeira. Recordou também a todos os participantes duas datas-chave para o setor: a Semana Europeia do Aluguer, uma iniciativa lançada no ano passado para promover as vantagens desta atividade na sociedade, que se realizará de 14 a 20 de outubro de 2024, e as iminentes eleições para o O hotel Epic Sana Marquês, em Lisboa, recebeu mais de 350 profissionais durante a Convenção ERA 2024.
15 ALUGUER Parlamento Europeu, cruciais para o futuro da União Europeia, que se realizarão de 6 a 9 de junho. Maria Luís Gameiro, diretora da empresa portuguesa de aluguer Speedrent, deu depois as boas-vindas a todos os presentes em Lisboa, agradecendo pessoalmente a influência que três grandes nomes do setor tiveram no seu desenvolvimento profissional: Gérard Déprez, presidente do Grupo Loxam e primeiro presidente da ERA; Michel Petijean, secretário- -geral da ERA, e José Gameiro, seu pai e presidente da Motivo Portugal (importador da JCB para este país). Destacou também o grande crescimento do aluguer de máquinas e equipamentos em Portugal no século XXI, impulsionado por grandes empresas espanholas e europeias que se foram estabelecendo ao longo do tempo neste mercado, complementado cada vez por mais empresas pequenas locais, que já representam cerca de 30% desta atividade. Terminou a sua intervenção destacando o bom desempenho de uma atividade como o aluguer, que tanto luta pela descarbonização, num país que é líder na Europa em termos de transição energética, Portugal, e encorajou as empresas que já operam neste país a criar a primeira Associação Portuguesa de Aluguer para cuidar em conjunto dos interesses desta indústria. DESCARBONIZAÇÃO A primeira sessão plenária centrou-se na descarbonização. Paola Eydieu, da KPMG, explicou os últimos progressos realizados no desenvolvimento do primeiro guia de comunicação de carbono para o setor do aluguer, um projeto que está a ser liderado pela ERA em colaboração com esta consultora internacional. O objetivo é que as empresas de aluguer meçam o seu desempenho em termos de sustentabilidade, estabeleçam objetivos e comuniquem os seus progressos. Isto está a tornar-se um requisito legal para as empresas de maior dimensão na Europa, e a diretiva da UE sobre relatórios de sustentabilidade empresarial entrará em breve em vigor. Este guia de comunicação de carbono da ERA, que, tal como Paola Eydieu salientou, será muito fácil de utilizar, baseia-se na metodologia da Calculadora de CO2 para equipamentos e incluirá uma lista e definições de protocolos de GEE que são fundamentais para o setor do aluguer, bem como uma metodologia para calcular os GEE em todas as categorias de âmbito 1, 2 e 3 (com especial destaque para o âmbito 3), tendo em conta o ciclo de vida completo do equipamento. Como segunda fase deste projeto, o objetivo é criar uma grande base de dados “de e para o setor”. Olivier Colleau, presidente do Grupo Kiloutou, explicou em seguida alguAbertura da Convenção por Arne Severin, vice-presidente da ERA. Boas-vindas de Maria Luís Gameiro, diretora da empresa de aluguer portuguesa Speedrent. É acompanhada pelo apresentador da convenção, Maarten Bouwhuis.
16 ALUGUER mas das iniciativas que a empresa tomou para reduzir as suas emissões de CO2 (814 650 t, como se pode ver no número que apresentou no início da sua apresentação). Segundo ele, 94% destas emissões são indiretas e 6% diretas, sendo que 80% destas últimas correspondem aos transportes e 20% às delegações. No âmbito do compromisso de Kiloutou de reduzir as suas emissões diretas em 40% até 2030 e de ser neutra em carbono até 2050, a empresa empreendeu programas ambiciosos de sustentabilidade, como o Plano Driv'EKO, que inclui a integração de veículos de baixas emissões nas suas frotas (carros elétricos, camiões elétricos até 32 t que já operam em Paris, etc.), programas de formação para motoristas sobre condução ecológica, implementação de pontos de recarga nas bases, monitorização do consumo nas sucursais, desenvolvimentos técnicos em iluminação, ar condicionado, etc, planos de sobriedade para os trabalhadores (por exemplo, para economizar na utilização da iluminação), entre outros. Douglas McLuckie, diretor de ESG do Ashtead Group Plc, centrou depois a sua intervenção nas emissões de âmbito 3, salientando a importância crescente da sua comunicação para atrair novos investidores, recrutar trabalhadores (para os jovens o fator ambiental está a ganhar peso) e cumprir os novos requisitos regulamentares. Sublinhou que é essencial criar uma base como ponto de partida para saber onde o setor se encontra e quais devem ser as suas principais linhas de ação. O primeiro bloco da convenção encerrou com um painel sobre as oportunidades e os desafios da descarbonização para as empresas de aluguer e os seus clientes, com a participação de Helder Aguiar da Cunha (Grupo dst), Thomas Astrup (Grupo Boels), Samuel Augsburger (Grupo Loxam) e Salvatore Campo Hernandez (Acciona). Durante as diferentes intervenções, foi salientada a necessidade de todos os agentes trabalharem em conjunto Paola Eydieu, da KPMG. Olivier Colleau, presidente do Grupo Kiloutou. Douglas McLuckie, diretor de ESG do Ashtead Group Plc. Membros do primeiro painel. Da esquerda para a direita: Thomas Astrup (Grupo Boels), Helder Aguiar da Cunha (Grupo dst), Samuel Augsburger (Grupo Loxam) e Salvatore Campo Hernandez (Acciona).
17 ALUGUER para alcançar este objetivo de descarbonização: empresas de aluguer, clientes e também a administração pública, um agente fundamental não só para a execução de projetos de obras públicas, mas também no domínio dos requisitos e/ou incentivos regulamentares. Do ponto de vista técnico, as empresas de aluguer e os empreiteiros estão a testar e a utilizar cada vez mais soluções de baixas ou zero emissões de carbono, e esta tendência continuará a crescer à medida que as tecnologias avançam, reduzindo assim os seus custos. Algumas empresas já estão a recompensar os seus gestores pela utilização destas alternativas, sabendo que investir nelas agora significará poupanças no futuro. Agora é difícil saber quais as tecnologias que acabarão por prevalecer (eletricidade, hidrogénio verde, biocombustíveis, etc.), não haverá uma solução para tudo (uma máquina compacta não é o mesmo que um equipamento de mais de 50 t, por exemplo), mas o que é claro é que quem não entrar no comboio da descarbonização agora, mais cedo ou mais tarde ficará fora do jogo. TRANSIÇÃO ENERGÉTICA A segunda sessão plenária tratou da transição energética e o primeiro orador foi Pranav Jaswani, da IDTechEx, que abordou a forma como o setor das máquinas de construção está a lidar com este processo em comparação com a indústria automóvel. Salientou que a maquinaria elétrica na construção está em expansão devido aos benefícios financeiros, ambientais e operacionais que oferece (a IDTech estima que 17 000 máquinas elétricas foram vendidas em todo o mundo em 2023), sublinhou como estas versões já podem igualar o desempenho do equipamento a diesel e destacou como a maturidade progressiva destas tecnologias, especialmente das baterias, reduzirá o custo do equipamento elétrico em relação ao diesel (de 50-90% hoje para 15% em 2035, aproximadamente). De seguida, foi a vez do Professor Luís Veiga Martins, da Nova School of Business and Economics, que apresentou diferentes cenários de transição energética para a construção, um setor que, como referiu, será fundamental para enfrentar os grandes desafios da humanidade, como o crescimento da população mundial, as alterações climáticas e a necessidade de produzir mais, mas de forma sustentável. Não se deve esquecer, como lembrou o Professor Veiga, que a construção é responsável por 34% do consumo de energia, 31% das emissões de carbono relacionadas com a energia e 50% dos recursos consumidos. Durante a sua apresentação, deu também especial ênfase à relevância da Lei Europeia das Matérias-Primas Críticas, recentemente aprovada, no Vista geral do salão onde se realizou a convenção. Pranav Jaswani, da IDTechEx.
18 ALUGUER objetivo da UE de reduzir a dependência externa no fornecimento de materiais essenciais para a transição energética ou para a digitalização. O segundo bloco terminou com outro painel, desta vez centrado na forma como as empresas de aluguer e os OEM podem acelerar a transição energética, com Klavs Otisons (Grupo Boels), Michel Denis (Manitou), Stefan Pfetsch (Wacker Neuson) e Paul Bramhall (Briggs & Stratton). Durante as diferentes intervenções, foi destacado como os renters (proprietários de frotas cada vez maiores) e os fabricantes têm de andar de mãos dadas neste processo de transição energética, sendo a chave para tal o estabelecimento de processos de normalização para otimizar processos e custos. Foi também destacada a evolução da eletrificação na última década, com frotas em que estas versões já representam mais de 80% do total, com os fabricantes a conseguirem reduções de custos cada vez maiores, quer em termos de vendas, quer ao longo do ciclo de vida dos equipamentos. Ainda assim, é cedo para prever o fim do gasóleo, uma vez que estão a ser desenvolvidos motores de combustão interna e combustíveis cada vez mais amigos do ambiente. Naturalmente, será difícil prever a sua eliminação progressiva até 2035, como foi estabelecido para a indústria automóvel. Além disso, foi sublinhada a importância dos incentivos para apoiar a transição energética (poucos países na Europa estão atualmente a implementá-los para as máquinas de construção) e a satisfação demonstrada pelas empresas de aluguer e pelos clientes que já utilizaram equipamentos elétricos. Após a Assembleia Geral, aberta apenas aos membros da ERA, e a gala dos Prémios Europeus de Aluguer, o primeiro dia do evento chegou ao fim. TENDÊNCIAS DO MERCADO O segundo dia da convenção começou com uma conferência sobre as tendências do mercado, proferida por Martin Seban, da KPMG. Esta prestigiada empresa de consultoria internacional estima que o PIB da zona euro continuará a registar um crescimento muito modesto nos próximos anos (1,3% em 2024 e 1,6% em 2025), impulsionado pelos fundos Next Generation e pelas políticas de taxas de juro do Banco Central. No caso da construção, após a queda de 1,7% na Zona Euro em 2023, estima-se uma nova descida da atividade para este ano (-2,1%), antes de regressar ao crescimento em 2025 (+1,5%). A má situação do setor residencial (49% de toda a atividade de construção na UE em 2022) não é compensada pela melhoria observada no domínio das infraestruturas, especialmente no domínio da energia. Neste contexto, a KPMG prevê um abrandamento da atividade de arrendamento após os dois anos Professor Luís Veiga Martins, da Nova School of Business and Economics. Membros do segundo painel. Da esquerda para a direita: Klavs Otisons (Grupo Boels), Michel Denis (Manitou), Stefan Pfetsch (Wacker Neuson) e Paul Bramhall (Briggs & Stratton).
19 ALUGUER extraordinários pós-covid. Para um mercado global de 29.600 milhões de euros (2023), 65% deste volume de negócios seria proveniente da construção em 2023 (35% construção residencial e não residencial; 20% obras de construção civil; 10% reabilitação) e os restantes 35% de atividades não relacionadas com a construção (20% indústria; +2% minas e agricultura; e 15% outras atividades como transportes, logística, eventos, retalho, bricolage, etc.). Em termos de distribuição geográfica, dos seis principais países europeus de aluguer (volume de negócios superior a 1,5 mil milhões de euros), o melhor desempenho é a Espanha, com um crescimento médio de 8% em 2023 e estimativas de +5,5% tanto para 2024 como para 2025, impulsionado principalmente pelos Fundos Europeus. Para os outros grandes países de aluguer, as previsões são: Grã-Bretanha (+1,5% em 2024 e +2,5% em 2025), Alemanha (+1,1% e +3%, respetivamente), França (+2% e +3,1%), Itália (+2,2% e +3,5%) e Suécia (-4,5% e +2,8%). Martin Seban, da KPMG. Entre os países intermédios (volume de negócios entre 1.500 e 700 milhões de euros), destaca-se o desempenho do mercado de arrendamento na Polónia, com uma taxa de crescimento de 7% em 2023, que se repetirá em 2025 após uma moderação este ano (+4%). Entre os países com rendas mais pequenas (menos de 700 milhões de euros), Portugal destaca-se claramente, com um aumento de 6,5% em 2023 e estimativas para este ano e 2025 de +5% e +6,5%, respetivamente. O país será impulsionado pelos fundos europeus e pelos ambiciosos planos locais de desenvolvimento das infraestruturas de transportes e de energia. WORKSHOPS, DISCURSO DE ABERTURA E CERIMÓNIA DE ENCERRAMENTO A Inteligência Artificial (IA) foi a protagonista da convenção deste ano. O escritor e orador Calum Chace, sob o título 'IA, o bom futuro', fez uma introdução ao que é a Inteligência Artificial, contextualizando-a, resumindo para onde estamos a ir e A Convenção da ERA proporcionou, mais uma vez, muitas oportunidades de networking.
20 ALUGUER dando alguns conselhos sobre como devemos enfrentar estas mudanças disruptivas, especialmente com uma predisposição protópica. “Temos de sonhar em grande”, resumiu. Arne Severin, vice-presidente da ERA, tomou novamente a palavra para encerrar a convenção, agradecendo aos organizadores o seu extraordinário trabalho para tornar o evento deste ano um grande sucesso e anunciando as datas e o local da próxima edição: Dublin, 4-5 de junho. n Calum Chace, escritor e conferencista, durante a sua palestra sobre IA. VENCEDORES DOS PRÉMIOS EUROPEUS DE ALUGUER 2024 Na noite do primeiro dia da Convenção Europeia do Aluguer, teve lugar a tradicional Gala dos Prémios Europeus do Aluguer, organizada pela ERA e pela revista IRN. Os vencedores desta edição foram: • Prémio do Comité Técnico da ERA: JCB, pelo seu compromisso com o setor do aluguer e pela sua conformidade com os critérios da ERA. • Prémio do Comité de Sustentabilidade da ERA: Zeppelin Rental GmbH, especialmente pelo desenvolvimento de uma aplicação e pela promoção da economia de partilha. • Produto de aluguer do ano: ECOSUN Innovations, pela sua solução solar pronta a ligar fora da rede. • PME do Ano (volume de negócios inferior a 15 milhões de euros): Blackwood Plant Hire Limited (Reino Unido), pelo seu investimento numa frota moderna, promoção da formação e segurança e utilização proativa das redes sociais. Concorreu nesta categoria com a Alquisagar de Espanha, a Dromad Hire da Irlanda e a Velafl da Islândia. • Grande Empresa de Aluguer do Ano (mais de 15 milhões de euros de volume de negócios): GAM. Concorreu com a Arden Hire (Reino Unido), a Kiloutou (França) e a Machrent (Portugal). O júri destacou como 2023 foi mais uma vez um ano cheio de marcos para a GAM, com aquisições no México e em Espanha, a expansão do seu negócio de distribuição no manuseamento de materiais e um forte investimento na sua fábrica de reconstrução de máquinas Reviver. • Personalidade do Ano no Setor do Aluguer: Olivier Colleau, CEO do Grupo Kiloutou, pela sua liderança numa altura de elevada rentabilidade para a empresa e pelo seu forte empenho na digitalização e na transição energética. • Prémio Lifetime Achievement Award: Brian Jones, Presidente da CPA - Construction Plant-hire Association, pela sua dedicação ao sector do aluguer durante mais de 50 anos. • Ricardo Velasco, Key Account Manager da GAM, também recebeu um prémio pelo melhor vídeo produzido para a Semana Europeia do Aluguer 2023.
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