2025/4 14 Preço: 11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Novembro 2025 Saiba mais: eu.develon-ce.com Mais informações em: (+351) 252 004 420 | portugal@centrocar.com
www.blumaq.com GARANTIA DE QUALIDADE TANTO EM PEÇAS NOVAS COMO EM COMPONENTES RECONSTRUIDOS A Blumaq fornece peças e produtos para manutenção de máquinas de obras públicas e movimento de terras em todo o mundo. Com mais de 100.000 referências em stock, e o mais detalhado relatório de especificações de fabrico de todos os seus produtos, a Blumaq coloca ao dispor dos seus clientes o melhor serviço do sector em peças e componentes. Conheça as nossas delegações: Alicante | Almería | Asturias | Barcelona | Galicia | Madrid | Mérida | Ponferrada | Sevilla | Tenerife | Zaragoza | Chile | United States | France | Portugal | Turkey | China | Russia | Italy | Romania | South Africa | Zambia | Peru | Namibia | Kazahkstan | Indonesia CATERPILLAR®, VOLVO® E KOMATSU® É URNA MARCA COMERCIAL REGISTADA PELO SEU PROPRIETÁRIO E USA-SE SOMENTE COMO REFERÊNCIA DE APLICAÇÃO DAS NOSSAS PEÇAS. Siga-nos no: Rua do Casalinho, 16, Pousos 2410-201 Leiria T: +351 244 802 342 / 336 Avenida campo do ouro, Estrada Nacional n. 15, km 34,600, 4560-765 Santa Marta - Penafiel, Portugal T: +351 255 246 746 blumaqportugal@blumaq.com Blumaq Peças para Máquinas Industriais Lda. TODAS AS SUAS PEÇAS DE REPOSIÇÃO, EM UMA ÚNICA EMPRESA
Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone +351 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, David Múñoz redacao_engeobras@interempresas.net www.engeobras.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127810 Déposito Legal 498357/22 Distribuição total +13.900 envios. Distribuição digital a +13.200 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 14 – Novembro de 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.engeobras.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Engeobras adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Neutralidade carbónica e digitalização: desafios e oportunidades 10 Hitachi Construction Machinery muda de nome para Landcros 12 Michaelis & Martins reforça presença no setor industrial com as marcas Starkgen e Motelift 14 Entrevista a Pedro Luis Fernández, presidente e fundador da GAM 18 Ascendum reforça compromisso com a diversidade e a inclusão 22 Aluguer de maquinaria responde ao boom da construção de data centers em Portugal 24 Entrevista a Luis Fueyo, diretor da Smopyc 26 Case lança nova gama de escavadoras midi Série E, de 8 a 10 toneladas 30 Epiroc foi protagonista na desativação do bloco F da histórica central térmica de Scholven 34 Especialista em... Sustentabilidade na construção de estradas 36 Entrevista com Ignacio Sanz, diretor-geral da Bomag Ibérica 40 Importância dos agregados na sociedade e na indústria moderna 48 Xylem redefine a gestão da água na mineração com a nova bomba Flygt 2450 52 Kobelco apresenta nova tecnologia K-Load 56 Magni e STET: a solução que eleva a produtividade e a inovação em Portugal 58 Organização das feiras APEX e IRE avança a bom ritmo 60 Bauma chega à Arábia Saudita em 2027 62 Develon apresenta nova gama de manipuladores de materiais 64
4 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER União Europeia destaca papel de Portugal na ferrovia sustentável A União Europeia voltou a sublinhar a importância estratégica de Portugal no desenvolvimento da mobilidade ferroviária sustentável. No final de outubro, o coordenador europeu do Corredor Atlântico, François Bausch, visitou o país para conhecer no terreno o progresso das principais obras em curso nos Corredores Internacionais Sul e Norte. A visita incidiu sobretudo na Linha de Évora — novo troço entre Évora e a Linha do Leste, integrado no Corredor Internacional Sul — e na modernização da Linha da Beira Alta, eixo central do Corredor Internacional Norte. As deslocações foram organizadas pela Infraestruturas de Portugal (IP), em articulação com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), e contaram com representantes da Comissão Europeia, da CINEA e de várias entidades nacionais. No Corredor Internacional Sul, a comitiva passou pelo porto de Sines e acompanhou os avanços na Linha de Évora, incluindo visitas às estações técnicas e à ponte ferroviária de Machede. Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, destacou que este novo troço reforça a competitividade logística do país e promove uma mobilidade mais sustentável. O segundo dia foi dedicado à Linha da Beira Alta, recentemente modernizada entre Pampilhosa e Vilar Formoso. As intervenções abrangeram renovação integral de via, novos sistemas de sinalização, telecomunicações e eliminação de passagens de nível, aumentando capacidade, fiabilidade e segurança. François Bausch elogiou o contributo de Portugal para uma rede ferroviária europeia mais interoperável e ecológica. Os projetos visitados representam mais de mil milhões de euros de investimento, cofinanciados pela UE através do Mecanismo Interligar a Europa. Drillcon conclui com sucesso a construção do silo LS260 na mina da Somincor A Drillcon, empresa especializada em serviços de raise boring e soluções de perfuração subterrânea, concluiu recentemente a construção de um silo de armazenamento na mina Somincor. O projeto, executado durante o primeiro trimestre de 2025, representa um novo exemplo de eficiência técnica, segurança operacional e coordenação multidisciplinar num ambiente de alta complexidade geotécnica e logística. O silo LS260, com 24 metros de profundidade e 6,10 metros de diâmetro, foi projetado para otimizar os processos internos da exploração, aumentando a capacidade de armazenamento e melhorando a eficiência do transporte e gestão do minério num dos jazigos mais importantes da Península Ibérica. O trabalho foi desenvolvido no subsolo da mina Somincor, propriedade da multinacional Boliden, que explora o jazigo de Neves-Corvo, uma das principais minas de cobre e zinco do sudoeste europeu. Neste contexto, a Drillcon assumiu a execução integral do novo silo LS260, aplicando tecnologia de perfuração vertical de última geração e um rigoroso protocolo de segurança adaptado às normas internacionais de mineração subterrânea. O principal equipamento utilizado foi o Epiroc RB.91, um equipamento de perfuração ascendente de grande capacidade, com torque máximo de 6.700 kN e peso aproximado de 35 toneladas. Este sistema permite perfurar diâmetros de até 6 metros, garantindo um controlo preciso da trajetória e uma estabilidade ideal da perfuração. O resultado: uma solução personalizada, duradoura e alinhada com os objetivos estratégicos da Somincor.
5 EDITORIAL O final de 2025 permite-nos traçar um balanço claramente favorável para o setor da construção e obras públicas. Este ano confirmou uma tendência de crescimento sólida, sustentada e, acima de tudo, baseada em fundamentos estruturais que apontam para um mercado mais equilibrado e competitivo. Um dos principais motores deste dinamismo foi, sem dúvida, a execução contínua de projetos de remodelação e modernização de infraestruturas, impulsionados tanto pelo investimento público como pela crescente mobilização de capital privado. A progressão em áreas como a habitação, a reabilitação energética e o desenvolvimento de redes estratégicas demonstrou a capacidade do setor para se adaptar a novas exigências e fornecer soluções de elevado valor acrescentado. A tudo isto soma-se um tecido empresarial que soube responder ao desafio. As empresas reforçaram os processos internos, profissionalizaram a gestão e apostaram na digitalização como forma de aumentar a eficiência e a competitividade. A adoção de tecnologias como BIM, sistemas de monitorização inteligente ou maquinaria de baixas emissões deixou de ser uma promessa para se tornar uma realidade palpável em obras por todo o país. Também é digna de nota a estabilidade laboral que caracterizou 2025. Embora persistam desafios relacionados com a captação de nova mão de obra qualificada, o setor avançou em programas de formação e na criação de ambientes de trabalho mais seguros e atraentes. Este esforço é percetível e contribuiu para criar um clima mais propício ao desenvolvimento de projetos de longa duração. Olhando para o futuro, tudo indica que 2026 seguirá uma tendência igualmente favorável. As previsões de investimento, juntamente com a continuidade de programas estratégicos em infraestruturas e transição energética, permitem antecipar um cenário otimista para o próximo exercício. Além disso, o calendário do setor será marcado por eventos relevantes, entre eles a feira Smopyc, que voltará a reunir os principais protagonistas do setor de máquinas de construção. Portugal, como é habitual, terá uma presença de destaque, refletindo o peso e a ambição crescentes das nossas empresas. Neste número, incluímos uma entrevista com o diretor do certame, Luis Fueyo, que antecipa alguns pontos-chave da próxima edição e o importante papel que o mercado português voltará a desempenhar. Se 2025 foi o ano da consolidação, 2026 pode ser, sem dúvida, o ano do impulso definitivo. 2025: Um ano de consolidação PRR impulsiona obras rodoviárias e ferroviárias em todo o país A Infraestruturas de Portugal (IP) é a principal beneficiária pública do Plano de Recuperação e Resiliência, tendo já recebido 354,8 milhões de euros — 64% do total aprovado para quatro contratos nas componentes 7 (Infraestruturas) e 15 (Mobilidade Sustentável). A maioria da verba, 340,3 milhões, está afeta a projetos rodoviários, revelando a forte capacidade de execução da IP, que tem superado todos os marcos e metas estabelecidos. No terreno, os investimentos traduzem-se em obras em todo o país: das 25 empreitadas contratadas na Componente 7, 12 estão concluídas. As intervenções reforçam acessibilidades a áreas empresariais, ligações transfronteiriças e troços rodoviários em falta, bem como a capacidade da rede, abrangendo regiões de Vinhais a Olhão e do litoral ao interior. Na ferrovia, destaca-se a empreitada de digitalização do transporte ferroviário, atualmente em execução, promovendo mobilidade sustentável e maior coesão territorial. Em junho, a Componente 15 foi reforçada com novos projetos, incluindo desenvolvimento de módulos STM, cibersegurança e sistemas avançados de telecomunicações e sinalização. A Missão Recuperar Portugal confirma a IP como o beneficiário com maior volume de apoios recebidos. Para Miguel Cruz, presidente da IP, os resultados refletem uma execução exemplar, com investimentos que modernizam o país, apoiam empresas e populações e promovem desenvolvimento equilibrado e competitivo.
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Tektónica regista crescimento e projeta novas oportunidades para o setor da construção A Tektónica – Feira Internacional da Construção regressa à FIL – Feira Internacional de Lisboa, de 23 a 25 de abril de 2026, reforçando o seu papel enquanto plataforma estratégica para o desenvolvimento e competitividade do setor da construção em Portugal. Alta Velocidade Lisboa–Madrid ganha calendário definitivo da União Europeia A Comissão Europeia aprovou, no final de outubro, a decisão de execução que estabelece o plano para a ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid, integrada no Corredor Atlântico da Rede Transeuropeia de Transportes. O documento confirma duas fases de implementação: até 2030, uma ligação direta com tempo de viagem de cerca de cinco horas; até 2034, a conclusão total do projeto permitirá viagens em aproximadamente três horas, assegurando plena interoperabilidade com a rede espanhola. A futura ligação é considerada um eixo estratégico para a descarbonização dos transportes e para a competitividade ferroviária face ao transporte aéreo entre as duas capitais ibéricas. Reforçará ainda a conectividade entre Portugal, Espanha e França, promovendo mobilidade mais sustentável, rápida e eficiente. Entre as ações prioritárias definidas por Bruxelas estão a conclusão do troço Évora–Caia, com entrada em funcionamento em 2026, e os estudos do novo troço Lisboa–Évora, incluindo a travessia do Tejo, a concluir até 2027. Será também criada uma estrutura de coordenação conjunta entre os dois países. Em comunicado, a Infraestruturas de Portugal - entidade responsável pelo desenvolvimento e gestão da infraestrutura ferroviária nacional - reafirma o compromisso com os prazos e padrões europeus, trabalhando em coordenação com o Governo português, autoridades espanholas e Comissão Europeia. A nova linha de alta velocidade marcará um avanço decisivo na modernização ferroviária nacional e na integração plena de Portugal na rede transeuropeia. Após o crescimento registado na última edição, que em 2025 contou com 400 empresas expositoras nacionais e internacionais e recebeu mais de 33.500 visitantes profissionais, a Tektónica reafirma o seu compromisso em impulsionar o setor, promovendo a inovação, a internacionalização e a criação de novas oportunidades de negócio. Durante três dias, a feira volta a reunir empresas, investidores, entidades públicas, decisores e profissionais de referência, criando um ambiente propício à partilha de conhecimento, ao networking qualificado e ao estabelecimento de parcerias estratégicas que contribuem para o fortalecimento e a competitividade. A edição de 2026 irá destacar temas estruturantes que refletem os desafios e prioridades atuais do setor, como a transição energética e a sustentabilidade, a industrialização e digitalização da construção, a eficiência energética, a reabilitação urbana, os novos materiais e os processos construtivos inovadores.
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Roadshow Bobcat 2025 reúne profissionais nas instalações da Michaelis & Martins As instalações da Michaelis & Martins, em Esmoriz, foram o palco do Roadshow Bobcat 2025, um evento que reuniu profissionais dos setores da construção, agricultura e indústria para conhecer de perto as mais recentes novidades da marca líder em maquinaria compacta. Durante o encontro, entre outras novidades, os visitantes tiveram oportunidade de conhecer as novas miniescavadoras Bobcat E16, E17z e E20z, que integram a nova geração de máquinas compactas da marca, destacando-se pelo design otimizado, conforto de operação e eficiência energética. Ao longo do dia, cerca de 70 pessoas passaram pelas instalações da Michaelis & Martins, entre clientes, parceiros e profissionais do setor, num ambiente marcado pela proximidade, partilha e troca de experiências. Os participantes mostraram-se bastante recetivos à iniciativa, valorizando a oportunidade de conhecer as mais recentes inovações da Bobcat e as condições especiais de financiamento apresentadas durante o Roadshow. “O Roadshow Bobcat é uma oportunidade para estarmos próximos dos nossos clientes, apresentarmos as inovações da marca e reforçarmos a confiança que temos vindo a construir ao longo dos anos” referiu António Martins, CEO da Michaelis & Martins, Lda. Mota-Engil vence concurso para construir o primeiro túnel submerso do Brasil A construtora portuguesa Mota-Engil venceu o leilão para a construção do túnel submerso que irá ligar as cidades de Santos e Guarujá, no litoral do estado de São Paulo, anunciou a CNN Brasil. O projeto, avaliado em cerca de 1,1 mil milhões de euros, será o primeiro do género no país e representa um marco na engenharia de infraestruturas brasileira. O contrato de concessão, disputado com a espanhola Acciona, abrange a projeção, construção, operação e manutenção do túnel ao longo de 30 anos. A obra, de elevada complexidade técnica, deverá transformar a mobilidade numa das regiões portuárias mais movimentadas da América do Sul, ao permitir uma ligação direta entre Santos — que acolhe o maior porto da América Latina — e Guarujá. Com esta concessão, a Mota-Engil reforça a sua posição como um dos principais grupos portugueses de construção e concessões com presença global, consolidando o papel de Portugal na execução de projetos de engenharia de grande escala.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Setor da construção acompanha expansão da economia nacional No 3º trimestre de 2025, a estimativa rápida do PIB, recentemente divulgada pelo INE, aponta para uma expansão da atividade económica, com um aumento de 2,4% face ao mesmo trimestre do ano anterior. Em comparação com o 2.º trimestre, a variação em cadeia do PIB fixou-se em 0,8%, sustentada pelo contributo positivo da procura interna, refletindo uma aceleração do consumo privado, apesar da desaceleração verificada no investimento global da economia nacional. AICCOPN renova identidade e reforça dimensão nacional A AICCOPN apresentou uma nova identidade institucional e passa a denominar-se Associação dos Industriais da Construção e Obras Públicas Nacional, reforçando o seu papel como entidade de referência para todo o setor da construção e atividades conexas. Com origem em 1892 e mais de seis mil associados, a associação inicia uma nova fase, afirmando o seu carácter plenamente nacional e a sua missão de defesa e valorização do setor. A atualização da identidade gráfica preserva elementos históricos, mas adota uma imagem mais contemporânea e coerente com valores como rigor, qualidade e mestria. O novo logótipo combina tradição e modernidade, projetando a instituição para os desafios atuais, nomeadamente inovação, digitalização e sustentabilidade. Segundo Manuel Reis Campos, presidente da associação, esta renovação “vai além de uma mudança visual”, traduzindo o reforço do compromisso da AICCOPN para com os seus associados, o setor e o país. A associação reafirma-se, assim, como voz ativa e influente da fileira da construção, a nível nacional e internacional. No plano setorial, os indicadores globais relativos ao setor da construção evidenciam igualmente uma evolução favorável. Em setembro, o desemprego registado no setor manteve a tendência de redução verificada ao longo do ano, com uma quebra de 10% face ao mesmo mês de 2024, traduzindo uma dinamização do mercado de trabalho. No mesmo sentido, o stock de crédito das empresas do setor, junto das instituições financeiras, aumentou 8,6% em termos homólogos, totalizando 6.820 milhões de euros. Relativamente ao consumo de cimento no mercado nacional, até ao final de setembro manteve-se em níveis semelhantes aos de 2024, apurando-se uma variação de apenas 0,2%. No segmento das obras públicas, continua a verificar-se uma trajetória de crescimento robusto. Até ao final de setembro, o valor total dos concursos promovidos ascendeu a 8.624 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 33% face ao mesmo período de 2024. No mesmo intervalo, os contratos de empreitada celebrados através de concursos públicos atingiram 5.345 milhões de euros, impulsionados em larga medida pela celebração do contrato da Linha de Alta Velocidade Porto–Oiã, no montante de 1.661 milhões de euros. Quanto ao segmento habitacional, entre janeiro e agosto de 2025 foram licenciados 27.295 fogos em construções novas, o que corresponde a um crescimento homólogo de 23,1%. A área licenciada para habitação registou uma variação positiva de 18,1%, enquanto a área licenciada para edifícios não residenciais apresentou uma queda, revelando uma evolução assimétrica entre os diferentes segmentos do mercado imobiliário.
9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.ENGEOBRAS.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Secil lança campanha 'Feitos de Portugal' A Secil apresenta a nova campanha para a sua gama de cimentos, 'Feitos de Portugal', reforçando o compromisso da marca com os consumidores portugueses e com os valores que construíram a história de Portugal. Num contexto de crescente pressão internacional e concorrência, a Secil reafirma-se assim como símbolo de confiança, qualidade e inovação, essenciais para o desenvolvimento do país e das suas comunidades. Inspirada na portugalidade e nos feitos históricos que unem gerações, a campanha centra-se na relação duradoura entre os cimentos Secil, os portugueses e a inovação nacional, exibindo uma abordagem visual que integra orgulho, tradição e referência a monumentos e figuras icónicas da história coletiva do país. Sob o mote 'Feitos de Portugal', a Secil celebra a qualidade, confiança e inovação enquanto enaltece o papel ativo de todos os que constroem Portugal, do passado ao futuro, criando paralelismos com os seus produtos, pensados para servir todas as exigências e contribuir para projetos sólidos e duradouros. Com esta campanha, a Secil convida os portugueses a reconhecerem e continuarem a construir o melhor do país, cada dia, com materiais que refletem a sua força, autenticidade e ambição, numa relação feita de confiança e solidez. LNEC testa sistemas inovadores para construção de estruturas metálicas Um consórcio internacional liderado pela University College London (UCL) realizou no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ensaios experimentais de grande escala para testar um sistema inovador de auto-recentramento em estruturas metálicas sujeitas a sismos. O projeto, financiado pela União Europeia através do programa Horizon, envolve universidades como Stanford, Oregon State, Auckland, Salerno, bem como a empresa ARUP e o LNEC. Segundo o professor associado Fabio Freddi, da UCL, o objetivo é garantir que infraestruturas críticas, como hospitais ou centros de transporte, permaneçam funcionais após grandes sismos. “A nossa tecnologia de auto-recentramento permite que as estruturas não só protejam vidas, mas também continuem a operar, minimizando o tempo de inatividade após um evento sísmico severo”, explicou. Os ensaios utilizam dispositivos de fricção e sensores avançados para avaliar o comportamento estrutural em cenários extremos, incluindo sismos com períodos de retorno de até 2.000 anos. O consórcio pretende ainda validar a facilidade de reparação das estruturas após o teste, assegurando soluções mais sustentáveis e económicas face à construção convencional. Atualmente, a equipa trabalha para integrar estas soluções nas normas europeias de projeto sísmico, nomeadamente no Eurocódigo 8. “Já estamos a contribuir para a revisão das normas e a colaborar com parceiros industriais, como a ArcelorMittal, para desenvolver soluções que possam ser aplicadas em edifícios reais", acrescentou o professor.
OPINIÃO 10 Neutralidade carbónica e digitalização: desafios e oportunidades A sustentabilidade é hoje um requisito incontornável e determinante para a economia global e, naturalmente, para o setor da construção e do imobiliário. O conceito evoluiu de uma preocupação ambiental para um modelo de competitividade e resiliência, enquadrado nos princípios ESG — Environmental, Social and Governance — que avaliam a forma como as organizações integram o crescimento económico, a inclusão social e a preservação dos recursos naturais. Manuel Reis Campos, presidente da AICCOPN Neste contexto, a AICCOPN assume um papel importante, promovendo o envolvimento ativo das empresas associadas neste processo de mudança. Através de ações de sensibilização e capacitação, incentiva a adoção de soluções sustentáveis e apoia a adaptação a novas exigências técnicas, regulamentares e de mercado. Paralelamente, participa na definição de políticas públicas, contribuindo para que a transição do setor seja equilibrada, exequível e ajustada à realidade empresarial. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o setor da construção e o ambiente edificado representam cerca de 38% das emissões globais de CO₂ e 36% do consumo mundial de energia. Estes valores, resultantes do carbono operacional e do carbono incorporado nos materiais, evidenciam o potencial do setor para contribuir para as metas europeias de neutralidade carbónica. Em Portugal, o parque edificado apresenta uma elevada necessidade de reabilitação, reforçando a urgência de modernização e melhoria do desempenho energético dos edifícios, objetivos apoiados pelo PRR e pelo Portugal 2030. Este esforço nacional está alinhado com o enquadramento europeu, que eleva as exigências em matéria de qualidade, eficiência e transparência. O novo Regulamento dos Produtos de Construção e a Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios são pilares fundamentais nesta ambição, promovendo práticas mais sustentáveis e o uso responsável dos recursos. A introdução da Análise do Ciclo de Vida dos Edifícios representa uma mudança estrutural ao impor a avaliação do impacto ambiental desde a produção dos materiais até ao fim de vida das construções. A transformação em curso exige cooperação entre agentes económicos, reforço da capacitação técnica e modelos de gestão mais eficientes. A economia circular assume um papel determinante, substituindo o paradigma linear por práticas de reutilização, reciclagem e regeneração de recursos, essenciais num contexto em que os resíduos de construção e demolição representam uma parcela significativa dos resíduos da União Europeia. A incorporação de matérias-primas secundárias, o desenvolvimento de plataformas digitais de materiais e o design orientado para a desconstrução são tendências em ascensão. O Ecodesign, apoiado por ferramentas
OPINIÃO 11 digitais como o BIM, garante rastreabilidade, eficiência e gestão integrada do ciclo de vida dos edifícios. Esta convergência entre a sustentabilidade e digitalização reflete a chamada ‘Dupla Transição’ — verde e digital — é hoje reconhecida como essencial para alcançar a neutralidade carbónica. Tecnologias como a Inteligência Artificial, o Big Data, a robótica e a automação estão a transformar a forma como monitorizamos consumos, otimizamos processos e gerimos recursos. Neste enquadramento, a AICCOPN lançou o Projeto ‘Construção Q+’, cofinanciado pelo COMPETE 2030, destinado a reforçar a capacitação das pequenas e médias empresas e a apoiar a adoção de práticas sustentáveis, inovadoras e tecnologicamente avançadas. Assente em estudos estratégicos e ações de formação, o Q+ potencia a adaptação das empresas às exigências europeias e aos desafios emergentes. A industrialização da construção é outro pilar desta transformação. A construção offsite e modular aumenta o controlo e a produtividade, reduz desperdícios, acelera prazos e melhora a segurança. A inovação em materiais — como ‘Light Steel Framing’, cimentos de baixo teor de clínquer, geopolímeros, tecnologias de captura de carbono e construção aditiva — reforça a eficiência e reduz o impacto ambiental. A adoção de práticas ESG e de modelos digitais constitui hoje uma vantagem competitiva, apesar dos desafios em matéria de investimento e qualificações. Representa uma oportunidade de modernização, valorização do capital humano e reforço do papel do setor na economia. A convergência entre economia circular, Indústria 5.0, Ecodesign e industrialização está a redefinir o modelo de negócio da construção, orientando-o para uma economia de valor, propósito e responsabilidade. A construção sustentável é já um vetor estratégico de criação de valor e competitividade. Com o conhecimento técnico e a capacidade das empresas portuguesas, o setor tem condições para liderar esta transformação, desde que exista estabilidade regulatória, qualificação contínua e cooperação institucional — dimensões que a AICCOPN continuará a defender. A jornada rumo à neutralidade carbónica e à digitalização deve ser encarada como um investimento no futuro de Portugal. Pela sua relevância social, ambiental e económica, o setor da construção e do imobiliário continuará a ter um papel decisivo na modernização do país. Neste âmbito, a AICCOPN continuará a assumir um papel agregador e mobilizador, apoiando as empresas na adoção de práticas sustentáveis, na transição digital e na qualificação dos seus recursos humanos. Defen- dendo políticas equilibradas, disponibilizando conhecimento técnico e reforçando a capacitação empresarial, a Associação reafirma o seu compromisso com um setor mais moderno, eficiente e competitivo. n
12 EMPRESA Hitachi Construction Machinery muda de nome para Landcros A Hitachi Construction Machinery (HCM) anunciou a mudança da sua marca para Landcros, uma transformação que entrará em vigor a partir de abril de 2027. A decisão insere-se no processo de adaptação da empresa aos novos desafios dos setores da construção e da mineração, marcados pela digitalização, automação e sustentabilidade. Segundo explicou Francesco Quaranta, presidente e CEO da HCM Europe, a nova marca Landcros reflete "a vontade de ir além da fabricação de máquinas, integrando soluções inteligentes, conectadas e sustentáveis". O executivo sublinhou que a empresa trabalhará "em colaboração com líderes tecnológicos para incorporar capacidades digitais e de inteligência artificial em máquinas reconhecidas pela sua fiabilidade no setor da construção", com o objetivo de "criar uma experiência mais fluida para o cliente, do terreno à nuvem". A empresa mantém como base da sua atividade a sua rede de distribuidores, que considera um elemento-chave para construir uma relação mais próxima com o cliente e avançar para um modelo mais eficiente e respeitador do ambiente. UMA VISÃO EM ANDAMENTO A nova etapa da empresa começou a surgir com a apresentação na Bauma 2025 da Landcros One, um protótipo de máquina autónoma e operada à distância, concebida com uma ergonomia intuitiva e pensada para as novas gerações de operadores. O modelo incorpora tecnologias desenvolvidas em conjunto com diferentes parceiros e foi bem recebido pelos clientes, de acordo com a empresa. Quaranta destacou que a mudança de nome "não altera os valores fundamentais" da empresa. "O nosso pessoal, a nossa qualidade e o nosso compromisso com os clientes continuarão os mesmos. Com a Landcros, queremos evoluir da produção de máquinas para a criação de experiências integrais, apoiadas na tecnologia", afirmou. Por sua vez, Masafumi Senzaki, presidente e diretor de operações (COO) da HCM, indicou que o objetivo é consolidar a Landcros como uma marca que gera confiança: "Queremos que os nossos clientes sintam que tomaram a decisão certa ao escolher-nos, que os nossos acionistas percebam a solidez do seu investimento e que os nossos funcionários encontrem um sentido real no seu trabalho". n Francesco Quaranta, presidente e CEO da HCM Europe.
dagartech.com A energia estelar necessária aos alugadores de equipamentos MADE IN EU SUSTENTÁVEL FIÁVEL SILENCIOSA POTENTE INTELIGENTE Apostamos na qualidade e num desempenho excecional, de forma a cuidarmos do planeta sem renunciar a grupos geradores de elevada robustez. EU STAGE V De 20 a 670 kVA
14 EMPRESA Michaelis & Martins reforça presença no setor industrial com as marcas Starkgen e Motelift A Michaelis & Martins, Lda., empresa sediada em Esmoriz e referência nacional na comercialização e assistência técnica de equipamentos para construção, indústria, agricultura e gestão de resíduos, representa oficialmente em Portugal as marcas Starkgen (geradores) e Motelift (plataformas elevatórias). Com estas novas representações, a Michaelis & Martins reforça o seu compromisso em oferecer soluções tecnológicas completas e fiáveis, capazes de responder às exigências atuais dos setores da construção e da indústria — desde a geração de energia até à elevação de cargas e pessoas. STARKGEN — ENERGIA SEM INTERRUPÇÕES A Starkgen é uma empresa turca especialista no design e fabrico de grupos geradores e centrais elétricas, com presença consolidada na Europa, Médio Oriente, África, Ásia, Austrália e América do Norte. Mais do que fabricar equipamentos, a Starkgen acrescenta valor através de um profundo conhecimento em aplicações e engenharia, aliado a excelentes capacidades de design e assistência técnica. Entre os equipamentos que integram o seu portefólio encontram-se grupos geradores a diesel, gás e marítimos, bem como sistemas de sincronização para geração de energia de emergência, primária, de pico e distribuída. A empresa desenvolve ainda grupos geradores híbridos para o setor das telecomunicações e torres de iluminação destinadas a segmentos como aluguer, construção, mineração e indústria. O valor acrescentado da marca materializa-se no conceito Starkgen Engineering Solutions, que define a sua filosofia operacional. Este conceito envolve o design e a personalização de cada produto com base num elevado nível de conhecimento técnico e engenharia aplicada, adaptando as soluções às necessidades específicas de cada projeto.
15 EMPRESA Este processo inclui também formação especializada no local, para garantir a correta instalação, colocação em serviço e manutenção contínua dos equipamentos — assegurando o máximo desempenho e durabilidade ao longo do seu ciclo de vida. Com unidade de produção na Turquia e exportação para mais de 70 países, a Starkgen posiciona-se como uma referência global em energia fiável e duradoura. MOTELIFT — ELEVAÇÃO INTELIGENTE E SUSTENTÁVEL A Motelift, também de origem turca, é uma marca dedicada ao desenvolvimento de plataformas elevatórias e soluções de acesso industrial, projetadas para garantir segurança, eficiência e mobilidade em diferentes ambientes de trabalho. A gama inclui plataformas articuladas elétricas e a diesel, plataformas de tesoura elétricas, mastros verticais e equipamentos compactos de elevação, todos desenhados com foco em robustez, facilidade de manobra e baixo custo de manutenção. Os equipamentos Motelift destacam- -se pela sua estrutura sólida e design ergonómico, permitindo operações seguras a grandes alturas, mesmo em espaços reduzidos. O uso de tecnologia limpa e motores elétricos de alta eficiência traduz o compromisso da marca com a sustentabilidade e a redução de emissões, alinhando-se com a tendência de transição energética no setor. Além do desempenho técnico, a Motelift aposta numa forte rede de serviço pós-venda e fornecimento de peças, assegurando longevidade e confiança em todos os equipamentos. DUAS MARCAS, UMA VISÃO COMUM A integração das marcas Starkgen e Motelift no portefólio da Michaelis & A empresa turca Starkgen, especialista no design e fabrico de grupos geradores e centrais elétricas, é uma das duas novas representadas da Michaelis & Martins, Lda.
16 EMPRESA Martins reforça a estratégia da empresa em oferecer soluções complementares de energia e elevação, dirigidas aos setores da construção, indústria, obras públicas, agricultura e logística. “Estas novas representações fortalecem o nosso compromisso em disponibilizar ao mercado português equipamentos de excelência, sustentados por tecnologia, fiabilidade e serviço especializado”, refere António Martins, CEO da Michaelis & Martins. “Com a Starkgen e a Motelift, damos mais um passo na consolidação de um portefólio global, que cobre desde a geração de energia até à movimentação e elevação industrial.” Com este lançamento, a Michaelis & Martins reforça o seu papel como parSOBRE A MICHAELIS & MARTINS, LDA. Fundada em 2000, a Michaelis & Martins, Lda. é uma empresa portuguesa especializada na comercialização, aluguer e assistência técnica de máquinas e acessórios para construção civil, obras públicas, indústria, agricultura, floresta e gestão de resíduos. É distribuidora exclusiva da marca Bobcat para o Norte de Portugal e Ilhas, e agente autorizado das marcas: Goodsense, Starkgen, MB Crusher, Darda, General Breaker, Cormidi, Metalmec, ELS Lift, Motelift, Minelli s.r.l., Officine Minelli, MG Recycling e NTC. Com sede em Esmoriz, a empresa distingue-se pelo seu compromisso com a inovação, qualidade de serviço e proximidade ao cliente, apoiada por uma equipa técnica altamente qualificada e oficinas próprias equipadas para garantir um suporte rápido e eficaz. Rua do Arraial, nº 75, 3885-522 Esmoriz, Portugal www.michaelisemartins.pt | geral@michaelisemartins.pt | 256 588 273/4 A Michaelis & Martins, Lda. passou a representar também a Motelift, que se dedica ao desenvolvimento de plataformas elevatórias e soluções de acesso industrial. ceiro tecnológico de referência em Portugal, apoiando os clientes em todas as fases — desde o estudo técnico e seleção de equipamentos até à instalação, formação e manutenção. O resultado é uma oferta integrada que combina energia, elevação e confiança, sob a mesma filosofia de inovação e proximidade que define a empresa há 25 anos. n
KOBELCO CONSTRUCTION MACHINERY EUROPE B.V. WWW.KOBELCO-EUROPE.COM Confie no original SK85MSR POTÊNCIA DO MOTOR: 53.7 KW CONTRAPESO ADICIONAL: +350 KG CABINE DELUXE GARANTIA DE 3 ANOS OU 3.000 HORAS NO 1° TERMO ALCANÇADO PESO OPERATIVO: 8 400 – 9 600 KG SK85MSR
ENTREVISTA 18 PEDRO LUIS FERNÁNDEZ, PRESIDENTE E FUNDADOR DA GAM “Os três eixos que motivam a GAM são as pessoas, a inovação e a sustentabilidade” Não creio que estejamos muito errados ao afirmar que 2025 será lembrado como um dos anos mais dinâmicos na história da GAM. Incorporação de novas marcas no seu catálogo de distribuição de maquinaria, apresentação institucional da Reviver, reforço de várias das suas linhas de negócio, presença em numerosas feiras... Entrevistámos o presidente e fundador da empresa, Pedro Luis Fernández, para fazer uma análise aprofundada da situação pela qual a empresa está a passar e da evolução que espera para os próximos meses. David Muñoz Olá, Pedro. É um prazer entrevistá-lo novamente... A GAM sempre se caracterizou por ser uma empresa em constante mudança, mas 2025 está a ser um ano e tanto, não é? Considera que a empresa está a passar por uma das suas fases mais dinâmicas? A GAM sempre tentou ser dinâmica, adaptando-se às circunstâncias do mercado e, acima de tudo, às necessidades e mudanças contínuas dos nossos clientes. Neste momento estamos a começar a colher os frutos de tanto investimento e de tanta adaptação e melhoria, tanto tecnológica como operacional, que fizemos ao longo destes anos. Sim, melhorámos, estamos contentes com a evolução, mas ainda não estamos satisfeitos. Pedro Luis Fernández, presidente e fundador da GAM, durante a inauguração institucional da Reviver.
ENTREVISTA 19 Todo este dinamismo refletiu-se nos bons resultados obtidos no primeiro semestre do ano: 152,1 milhões de euros em receitas (+6%) e lucro líquido de 2,8 milhões (+32%). Quais foram, na sua opinião, as principais 'alavancas' para alcançar este crescimento? O nosso investimento contínuo, o nosso interesse constante em nos adaptarmos às necessidades dos clientes, em nos digitalizarmos, em nos tornarmos mais circulares, em oferecer aos nossos clientes uma proposta ou serviços que os tornem melhores... Falemos de iniciativas concretas que tiveram lugar durante este ano. Em maio passado, foi inaugurada institucionalmente a Reviver, uma inovadora unidade de recondicionamento industrial. Passada a agitação desses dias... Como está o mercado a reagir a esta nova solução da GAM? Sem dúvida, a Reviver é um projeto muito inovador, o mais ambicioso que a GAM já enfrentou. A procura por esta metodologia e tipo de produto é muito alta no mercado. Queremos que o nosso parque seja alimentado por máquinas fabricadas na Reviver. O nosso desafio é ser cada vez mais eficientes (já começámos com o segundo turno), poder fabricar muitas máquinas, muito bem e a um preço muito bom. É claro que os seus colegas europeus do setor do aluguer ficaram impressionados com esta iniciativa, como ficou claro com o Prémio de Melhor Iniciativa de Sustentabilidade que lhes foi atribuído na última edição dos Prémios Europeus de Aluguer. É o segundo prémio em dois anos que lhes é atribuído por este prestigiado júri. Um motivo de orgulho, certo? Sim, claro que é um motivo de orgulho. A equipa trabalhou muito bem e merece este reconhecimento, sobretudo quando vem dos nossos colegas europeus, que sabem muito sobre o negócio. Valorizamos e agradecemos muito, mas sempre com humildade, porque estamos cientes de que temos de continuar a aprender com todos, com a associação e com os nossos colegas. A Reviver juntou-se a muitas outras iniciativas da GAM relacionadas com a sustentabilidade ambiental lançadas nos últimos anos ('Inquieto', eletrificação da frota de máquinas, etc.). Estou muito errado se afirmar que a sustentabilidade se tornou o eixo central da atividade da empresa? Não, não está nada errado. Os três eixos que hoje motivam a GAM são: as pessoas, a inovação e a sustentabilidade. É sobre estes três eixos que queremos construir o nosso futuro, para que seja sustentável a longo prazo em todos os termos, não apenas financeiro, empresarial, ambiental e humano. A propósito, setembro foi o mês da mobilidade sustentável, um objetivo no qual a GAM tem trabalhado intensamente nos últimos anos através da 'Inquieto' e das suas soluções de transporte urbano 100% elétricas. Quais foram as últimas medidas tomadas para potenciar esta linha de negócio? A 'Inquieto' é um projeto muito ambicioso, apoiado por uma série de leis europeias para a mobilidade urbana. Embora os tempos não tenham sido favoráveis, o processo de implementação das zonas de emissões zero avança lentamente. A legislação para os riders também não tem ajudado, mas a 'Inquieto' continua em frente, a crescer e a melhorar a sua rentabilidade. Acredito que esta tendência se acentuará nos próximos anos. A GAM continua a avançar na sua estratégia de ser um fornecedor integral de serviços para a indústria.
ENTREVISTA A inovadora fábrica de remanufatura industrial da Reviver é o projeto mais ambicioso em que a GAM se envolveu ao longo de sua história. 20 É evidente que empresas como a GAM estão a fazer um grande esforço para tornar o planeta mais sustentável. Mas será que a sociedade acompanha esse ritmo? Ou, colocando de outra forma... o cidadão está disposto a pagar o custo económico adicional que esta transformação implica? Será necessário um maior apoio do poder político (benefícios fiscais, subsídios, sanções, etc.)? Esta é uma questão muito interessante. Todos somos ecologistas e queremos ser sustentáveis, até que isso nos custe dinheiro. Na minha opinião, todos temos de fazer a nossa parte, de nos consciencializarmos, os indivíduos, as empresas e as administrações. Cada um de nós tem de perceber que não podemos continuar a crescer à custa de condicionar ou sacrificar as gerações futuras. Ninguém deve querer beneficiar-se colocando isso em risco. É uma questão que diz respeito a todos, incluindo as administrações. Constata diferenças notáveis na penetração dos equipamentos elétricos de acordo com a sua aplicação: logística urbana ('Inquieto'), manutenção ('Genera'), construção, energia, indústria...? Sim, claro que constato. É verdade que a penetração do veículo industrial está muito ligada à existência de uma solução técnica adequada, de tal forma que em tudo o que é logística e manufatura interna há uma solução muito boa de máquina elétrica, competitiva em preço e com soluções técnicas e eficiência muito potentes, até melhores do que as de combustão, pelo que a penetração aqui é muito alta. No entanto, na logística urbana a consciencialização é um pouco mais lenta e a sensibilidade é menor, mas espero que isto melhore e que, no futuro, as soluções sejam mais adequadas. E na construção ainda há menos sensibilidade e soluções piores. Que argumentos apresentaria para demonstrar que o aluguer é a fórmula mais sustentável e eficiente para trabalhar com maquinaria? O aluguer utiliza menos ativos, só os temos quando precisamos. Requer menos extração, menos fabrico e, portanto, gera menos resíduos. Que análise faria da situação que atravessa o setor do aluguer em Espanha, na Europa e no mundo inteiro? Quais são as suas principais tendências? A principal tendência é para a externalização. Cada vez menos clientes querem ter ativos próprios que possam alugar. Estamos a caminhar para uma tendência de 'pagar para usar, não pagar para ter', reduzir balanços e ter mais flexibilidade, tanto em ativos como em operações. Com a sustentabilidade como um dos seus pilares, a GAM continua a potenciar a sua frota de veículos e equipamentos elétricos.
ENTREVISTA 21 A segunda grande tendência é a sustentabilidade e a terceira a digitalização, que inclui a geolocalização de veículos e máquinas que fornecem dados e nos ajudam a melhorar a sua manutenção e funcionalidade. Na minha opinião, estas são as três macrotendências tanto em Espanha como no mundo, embora em Espanha e na Europa, em geral, estejamos um pouco atrasados na concentração e criação de líderes globais. Isto também será uma tendência. Agora que menciona a concentração de empresas... Como é que a GAM, que impulsionou esta tendência com a ideia de reduzir a atomização do setor, vê as inúmeras operações que estão a ser divulgadas ultimamente? Este processo irá continuar? Sim, é indubitável que o processo de concentração está a ser reativado. É verdade que para a GAM é o leitmotiv da sua criação, embora a crise de 2008 nos tenha afastado dessa visão. É um desafio e estamos convencidos de que a atomização não é a mais eficiente nem para o mercado nem para os clientes. Há uma oportunidade em Espanha e na Europa e queremos fazer parte dela. Nascida como locadora, a GAM passou por uma grande metamorfose nos últimos anos para se tornar uma fornecedora integral de soluções, na qual a venda, por exemplo, tem cada vez mais peso. Nesse sentido, nos últimos meses foram comunicadas duas novas representações, as das plataformas CTE e XCMG. O que significam para vocês essas novas distribuições? Em termos de distribuição, a GAM tem toda a capacidade para servir os seus clientes: 900 técnicos, 500 veículos, oficina (quase um milhão de metros quadrados, organizada para receber, manter e retirar máquinas) e 2.300 pessoas que trabalham todos os dias neste mundo. Acreditamos que isso é uma 'expertise', um saber fazer, que podemos colocar ao serviço dos clientes ou colegas que desejam comprar máquinas. As marcas XTMG e CTE representam um grande salto qualitativo e quantitativo no processo de distribuição da GAM. Estamos muito entusiasmados e acreditamos muito na qualidade deste produto, que além disso é muito competitivo. Como espera que o mercado evolua nos próximos meses? Manteremos a tendência positiva dos últimos anos? Dependemos de demasiados fatores externos? Falar sobre a evolução do mercado nunca é fácil e, como tal, é necessário ser muito cauteloso ao fazer previsões. Esperamos que o mercado se mantenha. Na Europa prevemos taxas de crescimento modestas, com uma tendência para a estabilidade; e na América Latina, que este ano está a sofrer muito, especialmente o México, esperamos que haja uma recuperação. Não serão de esperar grandes mudanças, mas também não grandes alegrias, ao nível do mercado. E no caso da GAM... como gostaria que a empresa evoluísse nos próximos meses e anos? Há alguma nova iniciativa que nos possa antecipar? A empresa agora tem de evoluir na sua estratégia, tem de ser perseverante, tem de ser muito sólida no que está a fazer. Acreditamos muito no nosso trabalho, no rumo que estamos a tomar, e isso tem de nos levar a ser mais eficientes e a fazer com que os nossos clientes percebam a nossa proposta de valor como algo muito diferenciador. Não temos grandes inovações ou iniciativas para o futuro, a não ser perseverar em todo o trabalho que temos vindo a fazer nestes anos. Por último, não consigo resistir... O que sente quando vê o logótipo da GAM nestes primeiros jogos da Liga na Primeira Divisão a brilhar no Carlos Tartiere? Vê alguma analogia entre o que o Real Oviedo e a GAM viveram nos últimos 20 anos? São como duas aves fénix? Sim, muito obrigado por esta pergunta. Sinto-me orgulhoso de ver o nosso logótipo nos campos de futebol de Espanha, especialmente, para mim, no do Real Oviedo, onde tive as minhas primeiras responsabilidades quando comecei a trabalhar. Ambos passámos por fases difíceis na nossa trajetória, o Real Oviedo e a GAM, mas que foram valiosas em termos de aprendizagem. Espero que agora possamos colaborar e começar uma nova era, melhor do que todas as anteriores. Obrigado pelo seu tempo, Pedro. Obrigado a vocês, sempre. n Graças a uma grande equipa de profissionais, a GAM pode fornecer soluções à medida das necessidades de cada cliente.
22 ASSISTÊNCIA TÉCNICA Ascendum reforça compromisso com a diversidade e a inclusão A Ascendum acaba de dar um passo marcante na sua história com a integração de Tania Perez, a primeira técnica de serviço da empresa em Portugal. Tania chegou à Ascendum através de um programa Erasmus e transformou o desafio de uma nova vida num exemplo de resiliência e paixão pela mecânica. Natural de Madrid, a trajetória de Tania Perez começou na oficina da família, onde cresceu rodeada de motas e ferramentas. Durante 14 anos, trabalhou no negócio familiar e, motivada pela curiosidade e pelo gosto pela mecânica, decidiu mudar de rumo e estudar para se tornar técnica. Em 2025, uma oportunidade de estágio Erasmus trouxe-a até à Unidade de Negócio da Ascendum em Leiria, onde rapidamente demonstrou empenho e vontade de aprender. Apesar das dificuldades iniciais — desde a adaptação ao país e à língua, até à distância de casa — Tania nunca desistiu. O seu desempenho destacou-se e a equipa não teve dúvidas: era o início de uma nova etapa. Hoje, Tania integra o serviço técnico da Ascendum, na oficina de máquinas onde intervém diariamente em equipamentos de construção. A sua história prova que a diversidade é uma força motriz e que a paixão pelo que se faz não tem género. "Tem sido uma experiência incrível. Desde o primeiro dia senti-me verdadeiramente integrada e apoiada por toda a equipa. Trabalhar na Ascendum é uma oportunidade única de crescer profissionalmente e aprender com os melhores. Tenho muito orgulho em fazer parte desta equipa e em poder contribuir todos os dias para um serviço de excelência", refere Tania Perez. Para a Ascendum, esta integração representa mais do que uma conquista individual: é um marco de inclusão que reflete a aposta contínua da empresa em criar equipas diversas e colaborativas, capazes de responder aos desafios do futuro. "Acredito que todos os dias há algo novo para aprender. Tento ouvir, observar e manter uma atitude positiva — no fim, são as pequenas conversas que se transformam em momentos bonitos", afirma Tania Perez. A história de Tania Perez é uma inspiração para todos os que acreditam que o talento se constrói com coragem e dedicação. Um exemplo que reforça o compromisso da Ascendum com a valorização das pessoas e a igualdade de oportunidades, promovendo ambientes onde cada percurso pode vingar. n Tania Perez, a primeira técnica de serviço da empresa em Portugal.
pt.interempresas.netRkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx