BM22 - InterMETAL

ENTREVISTA 17 das empresas aos novos desafios da indústria em matéria ambiental, energética e de recursos naturais, através de recurso a tecnologias e procedimentos orientados para a eficiência energética e descarbonização, para a produção de energias limpas e para a redução do desperdício de materiais e, em geral, para uma maior circularidade dos modelos de negócio. A ANEME lançou em 2023 o selo ‘Trusted Exporter’. Em que consiste este certificado e que vantagens oferece às empresas exportadoras? A certificação Trusted Exporter foi criada pela ANEME para apoiar o esforço exportador do setor e para disponibilizar um sinal independente de confiança às empresas estrangeiras, uma garantia de que é seguro realizarem negócios com empresas certificadas Trusted Exporter. As empresas reforçam assim a sua capacidade de acesso a novos mercados e de consolidação nos mercados existentes. A certificação Trusted Exporter é auditada pela Bureau Veritas o que, pela sua presença e reconhecimento a nível internacional, funciona também como mais um fator de crédito e confiança relativamente à empresa que exibe essa certificação. Os primeiros certificados Trusted Exporter foram entregues em outubro de 2023 a associados da ANEME. A falta de mão de obra é transversal a toda a indústria e considerado por muitos o principal entrave ao crescimento da economia nacional. Como é que as empresas que a ANEME representa estão a enfrentar esta escassez? Considera que a automatização e digitalização, por exemplo, podem ajudar as empresas a atrair mais jovens? O processo de rarefação do mercado de trabalho qualificado começou no período pós-pandemia e rapidamente se instalou na vida das empresas. Este processo galopante põe em causa mais do que a competitividade das empresas, na realidade questiona a sua própria sobrevivência! No nosso setor, devido ao elevado grau de especialização e qualificação da mão de obra, a situação é particularmente grave e tem um enorme potencial de destruição de valor. Este é, provavelmente, “o desafio” de sobrevivência para os nossos associados nos próximos anos. Não há uma solução miraculosa. O inverno demográfico, o equilíbrio do fluxo migratório, os desafios de um espaço Schengen, carente como está de trabalhadores qualificados a todos os níveis ou o contexto fiscal, são condicionantes que não se resolvem de um dia para o outro, nem sequer num prazo útil. Existem, na nossa visão, algumas oportunidades que passam exatamente pela qualificação de uma nova geração de profissionais, num contexto de digitalização e de inovação nos processos produtivos. A “pedra de toque” para esta revolução é exatamente o fator humano e a capacidade de investimento das empresas. Este último fator, no contexto atual, é um enorme desafio para o tecido empresarial. Quanto ao fator humano, a ANEME vê oportunidades também na capacidade de estimular a imigração de trabalhadores qualificados de várias proveniências, nomeadamente os países de língua portuguesa. Este processo pode e deve ser feito em coordenação com as diversas entidades públicas com esta tutela, mas também com centros de formação e autoridades locais. As recentes alterações da legislação nacional, se bem implementadas, podem ser um passo em frente muito significativo. Os vossos associados têm vindo a investir neste sentido? Temos a perceção de que há um esforço, até por vezes desproporcional ao porte das empresas, para qualificar e desenvolver as competências dos colaboradores. Todavia, num contexto de rarefação de mão de obra, a retenção torna-se por vezes extremamente difícil, o que leva ao insucesso de muitos programas de atração e capacitação de jovens. O estado pode ter aqui um papel fundamental através do IEFP, direcionando a oferta de formação de jovens para setores com dinâmicas de crescimento e alta especialização como o nosso. A formação é, igualmente, uma aposta da ANEME? A formação profissional e a capacitação dos recursos humanos do setor, de uma forma geral, tem sido uma aposta estratégica da direção da ANEME ao longo da sua existência. São desenvolvidas anualmente ações de capacitação dirigidas às empresas associadas, quer numa ótica de informação sobre alterações legislativas, quer numa perspeGanhar quota nos mercados internacionais passa por uma maior flexibilidade produtiva, menor time-to-market e uma forte aposta na componente ‘serviço’

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