BF9 - iAlimentar

Gabriela Costa 20 CAFÉ Das cápsulas compostáveis aos materiais orgânicos e resíduos com segunda vida A inovação e a sustentabilidade deverão impulsionar um cenário competitivo na indústria do café, onde produtores e empresas de embalagens se aliam para criar novos produtos desenvolvidos a pensar em soluções compostáveis e biodegradáveis, materiais orgânicos e alumínio ou admiráveis aplicações para reutilizar cápsulas de café. A venda de café no mercado interno cresceu progressivamente desde 2017 até 2019 - ano em que atingiu um valor superior a 700 milhões de euros, equivalente a quase 33 milhões de quilos -, sofrendo uma quebra significativa com a pandemia, em 2020 (menos de 610 milhões de euros e 26,4 milhões de quilos). Dados da Nielsen revelam ainda que a recuperação é lenta, com 2021 a registar valores semelhantes (pouco mais de 610 milhões de euros e 25,6 quilos). Já de acordo com dados mais recentes da Euromonitor, as vendas em valor no retalho caíram 6% em termos atuais em 2022, para 630 milhões de euros. A nível de exportações, e segundo dados do INE, o café revela um comportamento negativo em 2022: menos 15,2% de quilos exportados (mas apenas menos 2,72% em valor) do que em 2021. No mesmo período, as importações registaram uma variação de 14,34% e 12,84%, respetivamente. A nível de produção mundial os desafios são muitos: o avanço crescente das alterações climáticas está a ter um impacto negativo nalguns dos maiores países produtores de café, como o Brasil e a Colômbia, “com condições climáticas desfavoráveis que afetam as colheitas de grãos de café”, conclui a Euromonitor. Por outro lado, os fabricantes também foram atingidos por problemas relacionados com transporte e logística, que culminaram “em um aumento considerável no preço do café verde em 2022”. As “atuais inconsistências observadas nos mercados financeiros, juntamente com a expectativa de mais inflação no preço das matérias- -primas e energia”, também justificam os aumentos de preços. A Euromonitor alerta ainda que, com o custo de vida “a subir em espiral”, o consumo de café poderá ser impactado negativamente, com os consumidores locais a serem cada vez mais forçados a reduzir o seu consumo ou a mudar para produtos e marcas mais acessíveis. Numa conjuntura onde prevalece, ainda assim, a procura por experiências de café premium e o desenvolvimento de novos produtos de nicho (opções orgânicas e veganas), “a inovação e a sustentabilidade provavelmente

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