2022/3 08 Preço:10 € | Periodicidade: Trimestral | Julho 2022 - Nº8
INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. +351 217 615 724 geral@interempresas.net www.induglobal.pt ACEDA AO MERCADO HISPANO-PORTUGUÊS DO SETOR AGRÍCOLA O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ...
Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Ana Clara Equipa Editorial Ana Clara, David Pozo, Ángel Pérez, Alexandra Costa Marketing e Publicidade Filomena Oliveira www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 8 – Julho de 2022 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Media Partners: Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 FNA22 revelou um setor sustentável, inovador e tecnológico 10 ‘Green Deal: do prado ao prato, como fazer a transição?’ 16 Agricultura sustentável e resiliente: do microbioma do solo à valorização dos produtos agrícolas 20 Primeira edição da DemoAlmendro reuniu em Cáceres quase 2.000 pessoas 24 Veracruz quer atingir os 5.000 hectares de amendoal 28 “Em Portugal, o setor dos frutos secos está em franco crescimento” 32 Amendoal superintensivo: tratamentos para elevar a árvore a um nível de produção máximo 38 Soluções que maximizam a eficiência dos nutrientes 42 A importância do Ácido Ortosilícico nas culturas 44 Dez bonsmotivos para usar BlackJak 45 Stress térmico 46 A importância do estilo de condução na eficácia e vida útil dos pneus 48 Pneus: a escolha adaptada a cada tipo de cultura 50 Kubota Espanha inaugura o seu novo Centro Integral de Formação, Marketing e Vendas 56 Expoflorestal: a montra da floresta nacional regressou em 2022 58 A sustentabilidade começa na vinha 60 Modelos de fenologia da videira utilizados como ferramentas de suporte à decisão na Região Demarcada do Douro 64 Nufarm lança novo fungicida anti-míldio 68 Míldio da videira: cientistas descobrem a verdadeira origem da propagação mundial da doença 70 Romeo®: solução de biocontrol à base de uma levedura que estimula as defesas naturais das plantas contra diversas doenças 74 BProtect SiK: novo produto lançado pela Biostasia 76 Oídio na cultura da vinha 78 Agricultura 4.0: “é urgente a transferência efetiva de tecnologia para o setor” 80
4 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Chaparro Agrícola e Industrial obtém a certificação ISO 9001 A Chaparro Agrícola e Industrial (CHH) é, desde 26 de abril, uma empresa certificada ISO 9001 pela sua atividade de fabrico e comercialização de peças sobressalentes agrícolas e industriais. A empresa, com sede em Toledo, especializada no fabrico e comercialização de peças sobressalentes agrícolas, manteve-se sempre fiel ao lema dos seus fundadores, Luis e Antonio Chaparro, que sempre tiveram claro que tudo o que é fabricado ou adquirido deve ser um produto de qualidade. De facto, tem vindo a cumprir os requisitos da norma já obtida há algum tempo, sempre com o objetivo de melhorar todos os processos. O impulso para a certificação ISO 9001 foi a exigência dos clientes e fabricantes de máquinas. “Tivemos de dar o passo para tornar visível a nossa situação e a imagem da empresa”, explica Javier Chaparro. “Embora podamos fazer as coisas internamente de uma forma integrada do princípio ao fim, é importante gerir todas as secções de uma forma otimizada, e é necessário fazer com que os clientes e os fornecedores vejam que se tem o controlo total sobre o que se passa na empresa. Esta certificação mostra aos nossos clientes que nos preocupamos com o que fazemos e é, portanto, para eles, que são, em última análise, aqueles a quem devemos isso". Timac Agro lança o primeiro curso de capacitação em nutrição vegetal em parceria com o ISA 150 horas de formação com duração de 18 meses. Certificado DGERT confere habilitações de ‘Nutricionista de Plantas’. A Timac Agro, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia (ISA), a AGRO.GES e a PH+ Desenvolvimento de Potencial Humano, vai promover o primeiro curso de ‘Capacitação em Nutrição Vegetal’, que integra 150 horas de formação ao longo de 18 meses. Com arranque em junho de 2022, o curso de ‘Capacitação em Nutrição Vegetal’ decorre até dezembro de 2023, contando com a coordenação técnico-científica do ISA e com a certificação e coordenação pedagógica a cargo da PH+. A AGRO.GES assume a coordenação geral da primeira formação certificada em Nutrição Vegetal que elege como destinatários, na primeira edição, cerca de 80 colaboradores da Timac Agro Portugal. A assinalar o arranque do projeto, um painel de especialistas juntou-se para debater ‘o conhecimento na agricultura do futuro’, numa sessão inaugural que decorreu no ISA no dia 21 de junho, e na qual marcam presença Karina Kuzmak, Presidente Mundial da Timac Agro e Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação. A Timac Agro Portugal, uma marca da Vitas Portugal – Groupe Roullier, conta já com quase 30 anos de presença no mercado português, durante os quais tem detetado um crescente fosso entre a criação de conhecimento e a sua transmissão junto dos agricultores nacionais. Com este projeto articulado com o ISA, a Timac Agro Portugal cumpre o objetivo de dotar o setor de maiores competências técnicas para enfrentar os desafios da agricultura do futuro. Recorde-se que a Vitas Portugal integra uma equipa de mais de 4 mil ATC’s - técnicos de campo, espalhados por todo o mundo, através da qual obtém um conhecimento profundo sobre as exigências e necessidades dos agricultores. Paralelamente, o conhecimento produzido no Centro Mundial de Inovação e as parcerias com mais de 250 universidades e instituições mundiais, dotam o grupo de uma capacidade de intervenção no setor, colaborando com a sociedade na criação de pontes entre a investigação e os seus principais destinatários: os agricultores.
5 EDITORIAL Nesta edição, a revista Agriterra dá destaque a duas culturas que em Portugal somam e seguem nos caminhos da sustentabilidade e inovação. Falamos da viticultura e dos frutos secos. No caso da vinha, fomos perceber, do Douro ao Alentejo, onde e como é visível essa sustentabilidade, tão apregoada nos dias de hoje. Falámos com vários produtores e quintas que implementam medidas ‘verdes’ e usam ferramentas que ajudam a trilhar esse caminho. Desde a rega gota-a-gota, passando pela diminuição de pesticidas, o uso racional da água até à utilização das energias renováveis. São vários os exemplos que encontrámos e que comprovam que a viticultura portuguesa há muito que percebeu que o futuro tem de ser sustentável. O Alentejo tem provas dadas e assume-se como exemplo a seguir, tendo sido a primeira região do País a criar um Programa de Sustentabilidade em que a certificação é cada vez mais um 'cartão- -de-visita' para distinguir o ‘trigo do joio’. Nos frutos secos, o panorama também é animador, e Portugal tem dado cartas nos últimos anos, com destaque para o amendoal e o nogueiral, que crescem a bom ritmo. Traçamos, nesta edição, o diagnóstico do setor com alertas para a disponibilidade da água e a exigência de uma gestão eficiente que impacta na rentabilidade das culturas. Fomos ainda conhecer os projetos da Veracruz – atuais e futuros –, uma empresa que lidera na inovação do amendoal e que tenciona, a curto prazo, deixar de ser apenas produtor e passar também a transformar e comercializar. Conte ainda nesta edição com as reportagens da Feira Nacional de Agricultura e da Expoflorestal, das quais a revista Agriterra foi media partner, e com um dossier dedicado à importância do Green Deal para a agricultura portuguesa. Em pleno verão, desejamos a todos os nossos leitores, anunciantes e parceiros excelentes férias, se for caso disso, e com renovadas energias! Continue a acompanhar toda a atualidade que marca o setor agrícola em www.agriterra.pt Vinhas e frutos secos cada vez mais sustentáveis Nufarm Portugal aposta na formação agronómica da UTAD Pela primeira vez, uma empresa do setor agrícola estabelece um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para apoiar a formação de dois estudantes que frequentem o programa doutoral internacional 'AgriChains - Cadeias de Produção Agrícola'. Assinado recentemente entre a UTAD e a Nufarm Portugal, este protocolo de cooperação prevê o financiamento de duas bolsas de doutoramento e a possibilidade de os doutorandos usufruírem das infraestruturas da Nufarm, quer em território nacional, quer no estrangeiro, para desenvolvimento de novos produtos. “Além de funcionar como uma via de atração de alunos para o doutoramento AgriChains, esta parceria com uma empresa de referência do setor pode potenciar o desenvolvimento de estudos em áreas estratégicas da Nufarm, com uma forte componente de inovação e investigação aplicada na área das ciências agronómicas”, sublinha Henrique Trindade, diretor do programa doutoral. A proteção de culturas agrícolas está “em revolução” com o desenvolvimento de novas soluções (muitas vezes, de natureza biológica). É esse processo que poderá sedimentar a relação entre a academia transmontana e o tecido empresarial. “Os trabalhos que venham a ser propostos serão decididos de acordo com os interesses da Nufarm, a motivação dos estudantes e a capacidade de orientação dos docentes da UTAD. A título de exemplo, poderão incidir em aspetos como a avaliação da eficácia de novas substâncias, dos seus mecanismos de ação sobre os agentes patogénicos, dos mecanismos de defesa que desencadeiem nas plantas ou o seu impacto em outros organismos e meio ambiente”, refere Henrique Trindade.
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Investimento no setor agrícola supera os 700 milhões de euros na Península Ibérica Dados económicos sólidos e oportunidades crescentes decorrentes da procura alimentar posicionaram o setor agrícola na mira dos investidores. Atratividade de Alqueva, a maior barragem da Europa ocidental, ganha impulso pelas suas caraterísticas únicas como a capacidade de regadio e as condições climatéricas. O número de fundos que investem no setor agrícola multiplicou- -se 15 vezes nos últimos 15 anos, alcançando um volume superior a 700 milhões de euros na Península Ibérica em 2020, conclui a CBRE, consultora mundial na prestação de serviços para o setor imobiliário, através de uma análise ao setor em Portugal e Espanha. Um aspeto muito relevante para o investimento no setor agrícola é a solidez dos dados económicos, sobretudo quando não é habitual encontrar um setor que apresente rentabilidades históricas sólidas (cerca de 15%). A classe de ativos do setor Agribusiness converteu-se num tipo de investimento com uma relação risco/rentabilidade muito atrativa para diversos investidores e o aumento da procura alimentar tem atraído investidores. Calcula-se que a produção alimentar crescerá entre 60 a 70% para dar resposta ao aumento da população mundial que, até 2050, atingirá 9 mil milhões de pessoas. Em Portugal, propriedades com infraestruturas de irrigação no Alqueva podem atingir 25.000€/ha (para culturas permanentes), sendo que uma produção de amêndoa em estágio maduro pode exceder os 80.000€/ha. Nos últimos cinco anos, o investimento empropriedades rurais aumentou em Portugal, especialmente no Alentejo e em Idanha-a-Nova. “Se há 10 anos o investimento no setor agrícola era considerado de alto risco e enorme volatilidade pela maioria dos investidores, hoje o paradigma é muito diferente. O interesse no setor reside na simplicidade desta classe de ativos, que estão intrinsecamente ligados a uma necessidade diária do ser humano, que é a alimentação, e que tem demonstrado rentabilidades muito interessantes e sólidas”, refere Thomas Teixeira da Mota, Diretor da área de Agribusiness da CBRE para o Sul da Europa. Em Portugal, propriedades com infraestruturas de irrigação em Alqueva podem atingir 25.000€/ha (para culturas permanentes). Luca Simoni é o novo Retail Market Manager da Fendt para Espanha, Portugal e Itália Luca Simoni junta-se à equipa Fendt como Diretor Comercial para o Sul da Europa (Espanha, Itália e Portugal). Nas novas funções, o responsável estará em Breganze (Itália) e reportará diretamente a Fabio Garavelli, Sales Manager da marca para a região, onde será responsável pela conceção e promoção de todas as atividades de vendas e promoção de marketing. Além disso, irá apoiar a estratégia de marketing e comunicação, contribuindo para o desenvolvimento da marca e reforçando a presença da Fendt no Sul da Europa. Luca é mestre em Comunicação pela Universidade de Ferrara e trabalha há mais de 10 anos na John Deere, ocupando posições de responsabilidade emmarketing, pós-venda e vendas. Mais recentemente, foi Diretor de Marketing na Agribertocchi, no Norte de Itália. A sua contratação faz parte da estratégia de crescimento da Fendt e do seu claro objetivo de reforçar e melhorar a presença da marca no Sul da Europa. No seu novo cargo, Luca substituirá Fabio Garavelli, que é atualmente Diretor de Vendas da Fendt para o Sul da Europa, supervisionando todas as estratégias e operações de vendas e marketing relacionadas com a região Sul (Itália, Espanha e Portugal).
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER CLAAS lança as primeiras operações de venda de máquinas agrícolas autónomas AgXeed Na sequência do sucesso dos primeiros projetos conjuntos, a CLAAS está a alargar a sua relação com a startup holandesa AgXeed para o desenvolvimento e comercialização de maquinaria agrícola autónoma. O grupo alemão, através da sua subsidiária de investimento Seed Green Innovations, participou na fase de financiamento em conjunto com o investidor de capitais Amathaon Capital, sediado em Munique e uma empresa do Grupo Amazone, sediada em Hasbergen-Gaste (Alemanha). Como subsidiária de investimento dentro do Grupo CLAAS, a Seed Green Innovations GmbH apoia e dá acesso à CLAAS a empresas inovadoras que queiram desempenhar um papel chave na agricultura do futuro. A cooperação entre a CLAAS e a AgXeed começou após o primeiro investimento na primavera de 2021 e tem sido continuamente expandida desde então. Com o novo investimento, é assegurado o acesso a tecnologias inovadoras para máquinas agrícolas. Ao mesmo tempo, a AgXeed beneficia da rede internacional e da experiência da multinacional alemã em muitas áreas, desde o desenvolvimento até às vendas e serviços. Por exemplo, a CLAAS Vertriebsgesellschaft mbH (CVG) assinou um acordo de distribuição com a AgXeed em maio. A partir do verão de 2022, revendedores selecionados pela CLAAS na Alemanha e Suíça tornar-se-ão parceiros de vendas e serviços AgXeed. Para além da venda dos AgBots, estarão também disponíveis modelos de arrendamento, o que deverá facilitar aos clientes o arranque da tecnologia agrícola autónoma e permitir a realização de testes extensivos nas suas próprias explorações. Para este fim, a CVG já incluiu dois AgBots na gama FIRST CLAAS RENTAL. A gXeed oferece um sistema agrícola inteligente, sustentável e totalmente autónomo com hardware programável, ferramentas de planeamento virtual e modelos de dados abrangentes, tornando-a hoje uma empresa de referência nesta área na Europa. Após o lançamento da versão de 115 kW (154 CV) em 2020, seguiu-se um AgBot de três rodas para pomares e vinhas em 2021, a que se juntou recentemente o AgBot de quatro rodas, ambos de 55 kW (74 CV). Todos os veículos são híbridos. Modelo AgBot 2.055W4, de 55 kW. New Holland homologa pneus Continental para tratores T5, T6 e T7 As linhas de produto TractorMaster e VF TractorMaster já fazem parte da carteira de pneus para as séries de tratores T5, T6 e T7 da New Holland. Estes também serão equipados com pneus Continental em diferentes tamanhos para melhor satisfazer as necessidades dos clientes, variando até uma largura de pneu de 710 mm e um diâmetro de jante de 42''. Com a New Holland, a Continental está a acrescentar outro importante fabricante de equipamentos agrícolas originais. “Esta união releva os ambiciosos objetivos de crescimento da Continental no setor agrícola. Com a aprovação dos seus pneus para os tratores New Holland T5, T6 e T7, o fornecimento a todas as marcas do Grupo Industrial CNH está agora completo”, diz Jens Mund, Key Account Manager da equipa de pneus agrícolas da Continental Commercial Specialty Tires. A Continental fornecerá as seguintes combinações de pneus à New Holland: • VF 710/60 R42 NRO - VF 600/60 R30 NRO • 710/70 R38 - 600/65 R28 • 650/75 R38 - 600/65 R28 • 650/65 R42 - 540/65 R30 • 650/65 R38 - 540/65 R28 • 600/65 R38 - 480/65 R28. Pneus Continental nos tratores da New Holland.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ADP Fertilizantes lança nova app para apoiar agricultores com soluções de nutrição vegetal A ADP Fertilizantes lança a app Fertiberia TECH, uma nova aplicação móvel de apoio aos agricultores, técnicos e distribuidores, com informação detalhada sobre a nutrição das culturas e, ainda, as soluções Fertiberia TECH mais eficazes para o efeito. A app Fertiberia TECH apresenta a gama de produtos por modo de aplicação, com a respetiva descrição e possível utilização em cada cultura, disponibilizando recomendações de nutrição vegetal, nutrientes mais importantes e carências e toxicidades, de acordo com a localização onde o agricultor se encontra. Além disso, existe a possibilidade da criação de um perfil pessoal, onde o utilizador ao selecionar uma cultura e produto favorito, recebe notificações segmentadas e personalizadas de acordo com as suas preferências. Com recurso a conteúdos atualizados, a nova aplicação é mais interativa, permitindo uma melhor comunicação com o utilizador, contando com um design totalmente novo e otimizado. Nesta nova aplicação é possível interagir com a equipa técnica e comercial de forma rápida, através do envio de mensagens com fotografias e vídeos das suas culturas, e ainda identificar as carências das mesmas através de um menu de identificação com imagens. Agricultores com formação sobre boas práticas de pulverização em tomate indústria A Syngenta, em parceria com o Ag-innov- Centro de Excelência da Sugal, o COTHN- Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional e o Smart Farm Colab, realizaram a 27 de junho, em Vila Franca de Xira, um dia de campo sobre boas práticas de pulverização e calibração de pulverizadores na cultura do tomate indústria. “O objetivo da Syngenta e das entidades parceiras neste projeto é formar os agricultores para uma aplicação segura e eficaz dos produtos fitofarmacêuticos, através da partilha de conhecimento sobre boas práticas de pulverização testadas em campo e validadas cientificamente”, afirma Nuno Zibaia, Técnico Gestor Conta Cliente da Syngenta no Ribatejo. Durante a jornada foram apresentados os resultados de um ensaio de pulverização realizado em 2021 numa seara de tomate do grupo Sogepoc, no campo de Vila Franca de Xira. O ensaio testou a eficácia de tratamentos anti míldio com dois volumes de calda (400L/ha e 300L/ha), à dose de fungicida recomendada no rótulo, usando bicos anti-deriva, e aplicação a diferentes horas do dia. Os tratamentos foram realizados 30 a 40 dias após a plantação do tomate.Concluiu-se que, nas condições meteorológicas de Vila Franca de Xira, a eficácia do tratamento mantém-se com o volume de calda de 300L/ ha, com ganhos de eficácia na logística das operações (maior área tratada em menos tempo, menor consumo de combustível). Os tratamentos realizados no início da manhã e ao final da tarde (quando a velocidade do vento é menor), garantem maior taxa de cobertura das plantas. Por outro lado, a redução da velocidade de avanço do trator de 9 km/h para 7,5 a 8 km/h e a utilização de manga de ar na barra do pulverizador permitem uma maior uniformidade na distribuição da calda sobre o alvo a tratar.
fitoalgas green® Ascophyllum nodosum Contactos Avenida do Rio Tejo - Herdade das Praias 2910-440 SETÚBAL, PORTUGAL www.tradecorp.pt Tradecorp Portugal - Linkedin Ativa e melhora o metabolismo das plantas Previne o stress abiótico, através do fornecimento de ingredientes ativos naturais provenientes da Ascophyllum nodosum Obtido através de um processo de extração a frio (Gentle Extraction), preserva todos os ingredientes ativos (polifenóis, manitol, polissacarídeos, vitaminas e pigmentos), garantindo a sua biodisponibilidade e forte ativação do metabolismo vegetal Especialmente recomendado para estados críticos ao longo do ciclo da planta (germinação/transplante, floração, vingamento) O seu pH fisiológico de 4-4,5 contribui para uma excelente compatibilidade para aplicação foliar e para a absorção pelas folhas
10 FNA22 REVELOU UM SETOR SUSTENTÁVEL, INOVADOR E TECNOLÓGICO A FNA 22 – Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo que decorreu de 4 a 12 de junho, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, teve como tema central a 'Inovação e Tecnologia'. O certame mostrou que o setor está em permanente mudança, soube modernizar-se e assume cada vez mais a bandeira da sustentabilidade. O público contou com uma grande mostra de maquinaria e equipamentos, bem como várias conferências e momentos lúdicos. A Revista Agriterra, media partner do certame, marcou presença com stand próprio. A edição de 2023 já tem data marcada: vai decorrer de 3 a 11 de junho. Ana Clara FNA22 marcou o regresso em pleno do certame aos moldes pré-pandemia.
11 Durante os nove dias de feira foi possível aos visitantes observarem alguns dos mais modernos equipamentos que se utilizam hoje em dia ao serviço da agricultura: sensores inteligentes que transmitem as necessidades das plantas, sondas que medem o nível de humidades dos solos, sistemas de mapeamento de terrenos, drones que analisam as culturas em tempo real e que permitem ao agricultor regar e fertilizar no momento certo sem desperdício, equipamentos para detetar doenças e pragas de forma atempada, entre outros. Destaque para a apresentação do primeiro trator movido a gás natural que assegura o mesmo rendimento que um trator a diesel commuito menos custos e para uma nova máquina movida a energia elétrica para trabalhar a vinha que pode funcionar dia e noite sem operador. A Nave B contou habitualmente com muitas empresas de equipamentos agrícolas e este ano não foi exceção. Muitos dos expositores presentes apresentaramsoluções amigas do ambiente como sistemas de rega mais eficientes, produtos biológicos de resíduo zero, substratos naturais, controlo de pragas, entre outros. Já a Nave A recebeu mais uma edição do Salão Prazer de Provar, que reuniu produtos de grande variedade e qualidade como vinhos, azeites, queijos, enchidos, entre outros. O evento contou com a presença das grandes superfícies que atuam no território português e marcas de referência na área agroalimentar. Na Nave C, os visitantes puderam verificar artesãos a trabalhar ao vivo, acessórios para o lar e disfrutar de sabores nacionais nos vários locais de degustação que ali estiveram presentes. O certame contou com uma grande mostra de maquinaria e equipamentos inovadores reflexo de um setor moderno, dinâmico, renovado e com preocupações ambientais. Para muitos dos expositores presentes, a expetativa foi ultrapassada pelos muitos contactos estabelecidos e pelos negócios efetuados. A FNA 22 teve em exposição uma mostra de diferentes raças autóctones bovinas nacionais e equinos, representando algumas das principais coudelarias nacionais, suínos, caprinos e ovinos. Estiverampermanentemente em exposição 392 efetivos e estiveram envolvidos em provas 254 animais. Com o intuito de promover a feira de uma forma mais direta, a FNA 22 voltou a contar com a E-FNA. A plataforma agregou 118.000 visitas de todo o mundo e 332.000 ações. A E-FNA continua a ser uma extensão da feira física e das várias atividades que decorreram no certame. CONVERSAS DE AGRICULTURA E ENCONTROS Numa clara demonstração do interesse das várias discussões que decorreram na Feira Nacional de Agricultura, destaque para 32 ações sobre o setor no Ciclo de Conferências 'Conversas de Agricultura' que contaram com a participação de especialistas de diversas áreas. Nos vários debates, destaca-se a apresentação de uma visão do futuro da agricultura relativamente à componente digital e uma ideia de internet das coisas numa análise em tempo real das culturas e que permitirão ao agricultor otimizar a produção a qualquer momento. Cerca de 1500 pessoas assistiram presencialmente a estes seminários e aos vários encontros. Na área da gastronomia, o alargamento da área dos restaurantes foi bem recebido pelas pessoas e a renovação das esplanadas das tasquinhas foi mais um motivo de atração para os visitantes, o que possibilitou um melhor serviço para todos. Revista Agriterra foi media partner da FNA e marcou presença na feira com stand próprio.
12 AS EMPRESAS BORREGO LEONOR & IRMÃO NA FNA 2022 A empresa Borrego Leonor & Irmão , enquanto empresa líder na comercialização de fatores de produção para a agricultura, não poderia deixar de estar presente na FNA22. “A Feira Nacional da Agricultura é o maior evento que temos no nosso País, e que junta os vários intervenientes do setor agrícola. Para alémdisso, é umevento onde acabamos por encontrar clientes com os quais trabalhamos todo o ano, mas que esta é a única altura em que nos encontramos fisicamente. Estamos a falar de clientes de todos os pontos do País, incluindo as ilhas”, realça a empresa. Para a a Borrego Leonor & Irmão, este é, sem dúvida, um ano bastante difícil para a agricultura. “Após dois anos de pandemia iniciámos uma campanha com uma guerra na Europa que afeta emmuito este setor, que se deparou com grandes dificuldades na obtenção de matéria-prima, custos energéticos e de transportes muito altos, inflação elevada e dificuldade em contratar mão de obra. Este é, sem dúvida, um ano muito complicado, de bastantes dificuldades e de alto risco para nós, para os nossos agricultores e para todo o setor agrícola”, sublinha a empresa. JOPAUTO APRESENTOU O BAKUS L DA VITIBOT Também a Jopauto marcou presença na FNA22. Daniel Lopes, Diretor Comercial, referiu à Agriterra que “a Jopauto tem sido um expositor frequente na FNA, porque acreditamos que este evento é o único que se reveste de dimensão nacional”. “O nosso portfólio de equipamentos está cada vez mais alinhado com a estratégia de sustentabilidade na viticultura, que defendemos e, este ano, tivemos para além das soluções de controlo mecânico de erva da Clemens e Boisselet, de controlo mecânico da vegetação da Provitis e de sistemas de reciclagem em pulverização da LIPCO, uma novidade assinalável, o Bakus L da Vitibot”, disse. O responsável explica que se trata de um robot 100% elétrico e autónomo, que permite fazer diversos trabalhos na vinha, quer de solo, quer de controlo de vegetação, quer de pulverização. “É o robot para viticultura mais versátil e testado do mercado, e estamos muito contentes por ter conseguido apresentá-lo na FNA deste ano. Na nossa opinião, foi a verdadeira novidade tecnológica da feira. Continuaremos a apresentar soluções revolucionárias nas próximas edições, com certeza”, concluiu. Equipa Borrego Leonor & Irmão na FNA. O robot Bakus L é 100% elétrico e autónomo, e permite fazer diversos trabalhos na vinha, quer de solo, de controlo de vegetação, quer de pulverização.
13 A Kubota, através da Tratores Ibéricos, esteve mais uma vez representada na Feira Nacional de Agricultura. Alémdo acompanhamento permanente aos visitantes, quer fossem clientes finais ou rede de concessionários, a equipa da Tratores Ibéricos conseguiu reunir e apresentar a sua gama quase completa de tratores e equipamentos onde se destacam duas novidades essenciais: a linha LX com transmissãomecânica, tendo exposto o LX-351 e os atomizadores/pulverizadores Kubota, com a exposição do modelo XTA2230. Conforme nos contou Bruno Pignatelli, gerente da Tratores Ibéricos, o trator LX-351 era uma necessidade antiga da marca para o mercado português. Até agora a gama de 35 CV contava apenas com tratores hidrostáticos. Este trator de transmissão mecânica é um equipamento muito adequado a culturas especializadas como vinhas e pomares. Compacto com 1500 cc de cilindrada, 4 cilindros e um regime nominal de 2.600 rpm, conta, como não poderia deixar de ser, com o cumprimento da regulamentação de emissões Stage V. A transmissão mecânica é de 12+12 velocidades sincronizadas, a direção é assistida e o sistema hidráulico conta com controlo de posição e de esforço, o regime da TDF é de 540/540E rpm. As dimensões são muito adequadas à utilização também em estufas e espaços confinados, beneficiando de uma largura mínima do trator de apenas 1 metro. O seu peso também é muito reduzido o que traz grandes vantagens em termos de baixa compactação do solo. A Kubota apresentou também novos atomizadores rebocados para culturas especializadas, trata-se do XTA2230. Estes equipamentos, fabricados em Espanha na Fede (marca adquirida recentemente pela Kubota), possuem uma série de inovações tecnológicas que garantem uma utilização mais sustentável e mais amiga do ambiente e da carteira do agricultor. Caraterísticas principais: • Grupos de ar QI: cobertura homogénea da planta em zonas exteriores e interiores e nas diferentes alturas do cultivo. • Poupança de combustível de 4 l/h. • Desenhado para evitar problemas mecânicos. • Pulverizadores respeitadores do meio ambiente. • Depósitos com capacidade entre 1000 e 4000 litros. • Diâmetro de ventilador de 800mm e 900 mm. • Caudal de ar desde 43000m3/h até 110.000m3/h. • Capacidade da bomba de 105l/min, 120l/mou 160l/m. • Configuração ideal para culturas como vinha, pomares, citrinos, olival e lenhosos. Este equipamento conta com tecnologia avançada H3O que regula e ajusta a aplicação de tratamentos fitossanitários em função do volume da cultura. A conexão à internet do pulverizador permite-lhe enviar ordens de trabalho e registar todos os dados de pulverização, proporcionando assim uma rastreabilidade real. Este atomizador reduz a deriva em até 50%, o uso de pesticidas em 25% e o consumo de combustível em 4 l/h. Relativamente à participação na feira, Bruno Pignatelli afirmou: “nunca falhámos uma FNA, mesmo no ano passado, o ano de reabertura, fomos das poucas marcas que cá estivemos, e continuamos por cá. Conseguimos reunir todas as nossas gamas e todos os nossosmodelos. A maior parte deles já estão inclusivamente vendidos. Os concessionários estão à espera de os entregar aos clientes finais". Em relação aos constrangimentos do mercado relacionados com os problemas logísticos e outros, como a guerra, salienta: “vamos certamente continuar a atravessar dificuldades a curto prazo. Toda a parte logística, as fábricas estão completamente cheias de trabalho... não estou a ver a curto prazo, nemno início do próximo ano, condições para melhorar as entregas. Dito isto, o mercado está em alta, relativamente ao ano passado. Até final demaio continua uma tendência de subida de cerca de 15%. Na Kubota, estamos a recuperar alguma quota demercado, perdida no ano passado, exatamente por não termos produto. Não conseguimos recuperar ainda o nível de inventários que costumamos ter e que queremos ter para ajudar e suportar os nossos concessionários nas vendas e não vejo que a curto prazo consigamos resolver o problema. Trabalhamos para ter stock suficiente para poder servir os nossos concessionários, e também apoiá-los em eventos, em feiras e demonstrações. A nossa postura é sempre essa: ajudar o nosso concessionário a chegar mais além”. Stand da Tratores Ibéricos na FNA. TRATORES IBÉRICOS NA FNA CENTROU-SE NO CRESCIMENTO DA KUBOTA EM PORTUGAL
14 NUTROFERTIL APRESENTOU PROPOSTAS PARA UMA AGRICULTURA MAIS SUSTENTÁVEL Nanci Santos, da área de Comunicação e Marketing da Nutrofertil, lembrou que a marca participou pela primeira vez nesta edição da FNA, “aproveitando esta plataforma demontra para exibir as nossas propostas para uma agricultura mais sustentável e amiga do ambiente”. “Primámos emvalorizar a nossa estratégia na implementação de práticas de sustentabilidade que resultaram em aumentos significativos na área dos fertilizantes biológicos e nas soluções orgânicas para aplicação em grandes culturas. Esta foi a nossa temática de apresentação. Ancoramos o nosso percurso nos nossos produtos e na sua diferenciação. O nosso posicionamento no mercado resulta da preocupação no desenvolvimento de soluções que vão ao encontro das reais necessidades dos produtores”, considerou. CINCO ANOS DE NUTRIMAIS NA FNA Para Filipa Teixeira, a Feira Nacional de Agricultura “é uma referência para o setor agrícola”. “É um certame onde ‘desfilam’ clientes, e potenciais clientes, onde desfilam clientes profissionais e amadores", realçou a Gestora Comercial da Nutrimais. A responsável lembra que “há cinco anos que o Nutrimais participa nesta feira, com o objetivo de consolidar a marca e apresentar os produtos e novidades aos interessados em soluções sustentáveis para o solo. A gama Nutrimais tem vindo a crescer sendo composta por corretivos e substratos orgânicos específicos para diferentes tipos de culturas". “Este ano apresentamo-nos de uma forma diferente. O nosso stand esteve localizado na Nave A com a finalidade de dar a conhecer as soluções Nutrimais existentes para o mercado agrícola. Foram dinamizados workshops e provas de produtos de clientes Nutrimais. Achamos essencial esta união que garante um ‘win-win’ para todos”, explicou Filipa Teixeira, adiantando que "o stand foi um sucesso sendo o balanço muito positivo. Fizemos a diferença - muita adesão e contactos bastante interessantes para futuro”. A Nutrofertil deu a conhecer as suas soluções junto dos agricultores. Soluções Nutrimais na FNA22.
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16 GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO 'Green Deal: do prado ao prato, como fazer a transição?' Num cenário em que se prevê que a população global atinja 8,3 mil milhões de pessoas em 2030, e em que a FAO considera que “o mundo precisará produzir cerca de 35-50% mais de alimentos e energia, juntamente com 30% mais de água potável, enquanto mitiga e se adapta às mudanças climáticas”, a Estratégia do Prado ao Prato diz pretender “enfrentar os desafios e acelerar a transição para sistemas alimentares sustentáveis, para garantir que os fundamentos económicos, sociais e ambientais da segurança alimentar e nutricional não sejam comprometidos para as gerações atuais e futuras”. Pedro Fevereiro Diretor Executivo – InnovPlantProtect Professor Catedrático Convidado ITQB-NOVA Membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida OGreenDeal enfatiza “apossibilidadede uma transição justa para todos os atores dos sistemas alimentares, emque as desigualdades sociais sejamreduzidas, a pobreza alimentar seja abordada e um rendimento justo para todos os atores seja assegurado. Requer e baseia-se em soluções inovadoras que podem ser ampliadas, comopráticas agroecológicas eorgânicas, fontes alternativasdeproteína (por exemplo, à base de plantas, algas, à base de insetos, entre outras), alimentos sustentáveis dos oceanos e aquicultura e aconselhamento personalizado sobre dietas saudáveis e sustentáveis”.
17 GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO Em particular, esta estratégia estabeleceu três objetivos para atingir até 2030: 1) a redução de 50% no uso e risco de pesticidas químicos; 2) a redução de 50% no uso de pesticidas mais perigosos; e 3) ter 25% da agricultura europeia em modo de produção orgânico. Sendo desejável a adoção de modos de produção agrícolamais sustentáveis, as metas acima definidas são, do meu ponto de vista, irrealistas, sobretudo nos prazos definidos. A redução de 50% do uso de fitofármacos implica a reconversão de toda a indústria que desenvolve produtos e serviços para a proteção das culturas e o desenvolvimento, em apenas 8 ciclos agrícolas, de novas soluções, num cenário de crise ambiental imposta pela rápida mudança do clima e o aumentomédio da temperatura, que afeta particularmente a Europa do Sul. O aumento da temperatura média e a globalização da circulação de bens e produtos agrícolas trouxeram a dispersão de pragas e doenças para as quais, em muitos casos, não existem soluções no mercado, que, quando/se aparecerem, levarão 10-12 anos a chegar ao mercado. Domeu ponto de vista existe uma falta de adesão à realidade dos defensores destes objetivos: a descontinuidade de um grande número de soluções para a proteção das culturas, inclusive, algumas utilizadas emmodo de produção orgânico, deixa os agricultores na eminência da perda sistemática de produções. Esta estratégia de obrigar a agricultura a determinados modos de produção, não deixando sequer tempo para uma adaptação é, nomeu entender, suicida para uma produção agrícola sustentável, ao invés daquilo que se pretende alcançar. É, portanto, exigível reequilibrar este Green Deal para o ajustar à realidade. A “transição justa” que se protagoniza, no contexto do Green Deal, será feita à custa de onerar os extremos da cadeia de valor: por um lado, obrigam-se os produtores a seremmenos eficientes e a custos de produção mais elevados; por outro lado, protagoniza-se o encarecimento dos alimentos e outros produtos de origemagrícola, a suportar pelos consumidores, como se todos os agricultores europeus vivessem na abastança, a população europeia fosse toda rica e, emparticular nos países do Sul, não existisse um número significativo de pessoas a viver no limiar da pobreza. A esta perspetiva adiciona-se a “educação” para “dietas sustentáveis”, leia-se a imposição às populações de determinadas dietas, numa perspetiva quase orwelliana. A meta de 25% em modo de produção orgânico é não só inatingível, mesmo que se considerem emmodo de produção orgânica os prados permanentes, mas implica uma redução da capacidade de produção de alimentos (quando existe uma necessidade extrema de aumentar as produtividades) e um aumento do custo ao consumidor, reduzindo a capacidade demanutenção da soberania alimentar em vários países. Parece que a decisão
18 GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO de estabelecer estas metas foi tomada por pessoas em gabinetes e não por conhecedores da realidade agrícola e da disponibilidade orçamental das famílias na Europa. Estes objetivos teriam também de ser perspetivados em função das relações comerciais com países terceiros. No entanto, parece que não se tiveram em conta os acordos comerciais internacionais e não se acautelaram situações de desvantagem competitiva dos agricultores europeus face a congéneres de países terceiros, que produzem commodernas tecnologias e que veemos seus produtos colocados nos mercados internacionais a preços competitivos, ao mesmo tempo que têm maiores produtividades e uma redução do uso de fatores de produção face aos agricultores europeus. Voltando ao início: é seguramente desejável que a produção agrícola caminhe para modos de produção o mais sustentáveis possível, participando no processo de descarbonização da produção, reduzindo o seu impacto nas emissões de carbono, reduzindo a aplicação de compostos e nutrientes ambientalmente prejudiciais, utilizando eficientemente a água disponível e participando no processo de miti- “Exige-se um repensar deste Green Deal, em particular tendo em conta a situação de guerra na Europa, a qual não parece ser resolúvel em curto tempo e que pressiona em alta os preços de todos os fatores de produção e da energia, para além dos produtos alimentares” gação das alterações climáticas em curso. Isto terá, no entanto, de ser feito garantindo tambéma sustentabilidade social e económica, que parece ter sido esquecida ou apenas pensada para (ou pela) população europeia abastada e citadina. Não é construindo utopias ecológicas, descentradas das realidades, que se consegue criar sustentabilidade na produção agrícola. É ainda necessário compreender que na Europa dos 27 coexistem várias agriculturas e vários sistemas agro-ecológicos. Os países europeus da bacia do Mediterrâneo estão particularmente vulneráveis às variações climáticas em curso, com o aumento da incidência de novas pragas e doenças e fenómenos de seca prolongados. Portugal, em particular, tem uma parte significativa dos seus solos degradados e o seu território alberga várias agriculturas que têm que conviver, mas que também têm que sobreviver. Não só a bem da soberania alimentar, mas também da soberania e densificação territorial. Exige-se, portanto, um repensar deste Green Deal, em particular tendo em conta a situação de guerra na Europa, a qual não parece ser resolúvel em curto tempo e que pressiona em alta os preços de todos os fatores de produção e da energia, para além dos produtos alimentares. Espera-se que os líderes europeus, apesar da morosidade dos processos de tomada de decisão, compreendam esta urgência e sejam capazes de ultrapassar todos os escolhos para colocar rapidamente esta PAC num caminho de verdadeira sustentabilidade da agricultura europeia. Finalmente, “como fazer a transição?”: 1 – compreendendo o mundo agrícola; 2 – compreendendo as condicionantes da produção primária nas diferentes regiões; 3 – compreendendo que a sustentabilidade ambiental é fundamental, mas que sem sustentabilidade social e económica haverá ainda uma maior desertificação das áreas agrícolas, menos agricultores e menos agricultura; 4 – com mais equilíbrio nas medidas a implementar; 5 – com uma proposta de valor que o distribua por toda a cadeia; 6 – com a utilização de todo o conhecimento científico existente (e as suas aplicações) sem demagogias ecojustificadas; 7 – com uma melhor agricultura, não entendida como um poder mas como um bem, valorizando o trabalho agrícola e o produtor. n
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GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO 20 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E RESILIENTE: DO MICROBIOMA DO SOLO À VALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS Livia Pian1, Olfa Zarrouk1, Carla Alegria1, José Águas2, Aires Proença2, Alberto Acedo3, José Silvestre4 e Cátia Pinto1 1Associação SFCOLAB – Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura, Rua Cândido dos Reis nº 1 Espaço SFCOLAB, 2560-312 Torres Vedras; 2Câmara Municipal do Fundão, Praça do Município 7, 6230-341 Fundão; 3Biome Makers, 890 Embarcadero Drive West Sacramento, CA 95605 EUA; 4INIAV, Pólo de Dois Portos, Quinta da Almoinha, 2565-191 Dois Portos Sustentabilidade no setor agrícola Sustentabilidade, resiliência, neutralidade ou digitalização são algumas palavras do nosso dia-a-dia quando o tema é agricultura. Pode ser repetitivo, mas ainda assim reiteramos que é necessário produzir mais, utilizando melhor os recursos, quer seja água, solo, fertilizantes e fitofármacos. E mais, é preciso conservar os recursos endógenos e a biodiversidade e aumentar a resiliência de toda a cadeia desde o prado ao prato. Na teoria parece simples, mas na prática não faltam desafios! Produção em grande escala. Colheita.
GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO 21 Estima-se que em 2050, a população mundial seja 25% superior em relação à população atual pelo que produzir mais alimentos, utilizando menos recursos naturais como é o caso da água ou o solo é um dos maiores desafios do setor agrícola. Produzir hoje, valorizando o amanhã é um desafio e uma missão já dos dias de hoje! Os recursos naturais são limitados e é importante respeitar e conservar os recursos endógenos e a biodiversidade. Tal só será possível através da implementação de uma intensificação sustentável da agricultura. Aliás, a implementação de uma agricultura sustentável, do ponto de vista económico, ambiental e social, aliado à transição digital do setor são os desafios mais exigentes para a atual geração de agricultores, como identificado nas políticas europeias - Pacto Ecológico Europeu e Farm-to-Fork, e nacionais - Agenda de Inovação Terra Futura, e de acordo com as metas definidas para 2030. Neste sentido, é fundamental a re-evolução verde da agricultura, que passa não só por uma transição digital e tecnológica do setor, mas também por uma maior consciencialização sobretudo ao nível das práticas agrícolas. Tomando o solo como exemplo, estima-se que 95% dos alimentos são produzidos de forma direta ou indireta no solo e, neste sentido, o solo é considerado a base para a agricultura. O solo é uma estrutura viva e não apenas uma matriz de suporte à vida humana, animal e plantas. Neste sentido, manter um solo vivo e saudável, é um sinónimo claro de proteger a biodiversidade do solo e, sem dúvida, a base para a produção de alimentos saudáveis tanto ao nível da sua qualidade, mas também quantidade. Para além do mais, os solos são responsáveis por sequestrar uma grande quantidade de carbono. Mas a grande questão que se coloca é como manter um solo saudável em particular para a agricultura e para uma intensificação sustentável do setor? O solo é composto por um grande e complexo número de macro e microorganismos. No caso dos microorganismos, estes incluem fungos, bactérias, vírus, arqueas e protozoários que, no seu todo constituem o microbioma do solo. Manter o equilíbrio deste microbioma é fundamental para estabelecer um solo agrícola equilibrado e saudável. Um solo saudável vai fornecer nutrientes necessários de forma equilibrada para as plantas, aumentar a capacidade de retenção da água e promover o sequestro de carbono, bem como aumentar a resistência e resiliência das plantas às pragas, doenças e outros stresses abióticos. Além disso, ao permitir uma população microbiana benéfica, diminui a incidência de microorganismos patogénicos. Para manter um solo saudável é, pois, necessário, ter em conta diferentes práticas agrícolas que visem uma maior fertilidade do solo, maior biodiversidade e maior produtividade. Tendo em vista estas relações, o microbioma do solo pode ser de facto utilizado como um biomarcador da sustentabilidade da produção agrícola. Por exemplo, comparando duas explorações agrícolas independentes de produção de prunóideas (ameixa e nectarina), de duas localidades próximas da região do Fundão mas utilizando práticas de gestão distin-
GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO 22 tas – produção em pequena escala vs grande escala, verifica-se que ambas explorações apresentam parâmetros altos da qualidade do solo (Figura 1). Observando com maior detalhe, o primeiro exemplo trata-se de uma exploração familiar, de pequena escala, com certificação biológica e, no qual, a produção de ameixa é extensiva (baixa densidade de plantação). As árvores apresentam 31 anos de idade, conduzidas em sequeiro, sem aplicação externa de fertilizantes químicos ou orgânicos mas com integração animal através de pastoreio rotacional de ovelhas. O segundo exemplo trata-se de uma exploração comercial de nectarinas, de grande escala, com certificação de boas práticas. Neste exemplo, a produção de nectarinas é semi-intensiva, as árvores apresentam 11 anos de idade, e com aplicação de fertirega, fitofármacos e fertilizantes de síntese e fertilizantes orgânicos. Para ambas as explorações agrícolas, os biomarcadores baseados na comunidade microbiana do solo indicam uma alta qualidade e funcionalidade do solo, indicando que ambos sistemas produtivos aplicam técnicas sustentáveis (Figura 1). Neste caso, o grande destaque vai para o facto de que uma produção em escala comercial pode garantir solos com qualidade funcional, quando acompanhada de boas práticas de gestão sustentável. Estes dados podem ainda ser comprovados com os biomarcadores do estado nutricional do solo, baseado no potencial de mobilização de macro e micronutrientes pela comunidade microbiana (Figura 2). Uma vez mais, é observado um bom equilíbrio entre os macro e micronutrientes em ambas as produções - pequena e grande Figura 1. Comparação do índice da qualidade do solo numa produção em pequena (ameixa) e grande escala (nectarina). O índice da qualidade do solo é um bioindicador baseado na ecologia do microbioma do solo que altera com base na gestão agrícola. Figura 2. Comparação do estado nutricional do solo com base no potencial da comunidade microbiana para mobilização de macro e micronutrientes via a planta, numa produção em pequena (ameixa) e grande escala (nectarina). escala. Para além do mais, os valores obtidos indicam práticas de gestão com menos intensificação usando abordagens respeitosas do ambiente. Manter um solo vivo e respeitar esta matriz que todos os dias pisamos é, sem dúvida, um grande desafio mas uma missão de todos nós! n outros stresses abióticos. Além disso, ao permitir uma população microbiana benéfica, diminui a incidência de microorganismos patogénicos. Para manter um solo saudável é, pois, necessário, ter em conta diferentes práticas agrícolas que visem uma maior fertilidade do solo, maior bi diversidad e mai r produtivid de. Tendo em vista estas relações, o microbioma do solo pode ser de facto utilizado como um biomarcador da sustentabilidade da produção agrícola. Por exemplo, comparando duas explorações agrícolas independentes de produção de prunóideas (ameixa e nectarina), de duas localidades próximas da região do Fundão mas utilizando práticas de gestão distintas – produção em pequen escala vs grande escala, verifica-se que ambas explorações apresentam parâmetros al os d qualidade do solo (F gura 1). Observando commaior detalhe, o primeiro exemplo tratas de uma xp or ção familiar, de pequena escala, com certificação biológica e, no qual, a produção de ameixa é extensiva (baixa densidade de plantação). As árvores apresentam 31 anos de idade, conduzidas em sequeiro, sem aplicação externa de fertilizantes químicos ou orgânicos mas com integração animal através de pastoreio rotacional de ovelhas. O segundo exemplo trata-se de uma exploração comercial de nectarinas, de grande escala, com certificação de boas práticas. Neste exemplo, a produção de nectarinas é semi-intensiva, as árvores apresentam 11 anos de idade, e com aplicação de fertirega, fitofármacos e fertilizantes de síntese e fertilizantes orgânicos. Para ambas as explorações agrícolas, os biomarcadores baseados na comunidade microbiana do solo indicam uma alta qualidade e funcionalidade do solo, indicando que ambos sistemas produtivos aplicam técnicas sustentáveis (Figura 1). Neste caso, o grande destaque vai para o facto de que uma produção em escala comercial pode garantir solos com qualidade funcional, quando acompanhada de boas práticas de gestão sustentável. Figura 1: Comparação do índice da qualidade do solo numa produção em pequena (ameixa) e grande escala (nectarina). O índice da qualidade do solo é um bioindicador baseado na ecologia do microbioma do solo que altera com base na gestão agrícola. valores obtidos indicam práticas de gestão com menos intensificação usando abordagens respeitosas do ambiente. Figura 2: Comparação do estado nutricional do solo com base no potencial da comunidade microbiana para mobilização e macro e micr nutrientes via a planta, numa produção em peq ena (ameixa) e grande escala (nectarina). Manter um solo vivo e respeitar esta matriz que todos os dias pisamos é sem dúvida um grande desafio mas uma missão de todos nós!
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