2025/3 22 AF_ABDD_Biostasia_caparevista_160725.pdf 5 16/07/25 19:30 Preço:11 € | Periodicidade: 5 edições por ano Julho 2025
PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DO SETOR AGRÍCOLA O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt
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4 SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Ángel Pérez, Alejandro de Vega Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas redacao_agriterra@interempresas.net www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 55 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 22 – Julho de 2025 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 5 EDITORIAL 7 Agriterra debate inovação e tecnologias aplicadas à produção de pera e maçã Agroglobal 2025 com campos de demonstração na Quinta da Alorna 12 Syngenta apresenta soluções e serviços digitais inovadores na Agroglobal 14 ACAP discute caminhos para a mecanização agrícola em Santarém 16 Fruit Attraction 2025 com nova distribuição de pavilhões e setorização 18 Visite a Agritechnica 2025 com condições especiais 20 Entrevista a Luís Mira, secretário-geral da CAP 22 ‘Empowering Women in Agrifood’ 2025 dá palco à inovação feminina no agroalimentar 26 Biosoluções consolidam interesse do setor em práticas sustentáveis 28 Entrevista a André Silva, Business Development & Consultants na Redge 34 Poda eficiente, rentável e com resultados agronómicos visíveis 38 Vigilância e deteção precoce de agentes patogénicos dos citrinos por reconhecimento de imagens: Projeto DronFruit II 40 Liderança, visão e ambição para cimentar o sucesso do setor olivícola e garantir a expansão 44 8° Congresso Nacional do Azeite reforça papel estratégico do setor oleícola português 48 Melhoramento genético como ferramenta no combate contra a Verticilose na oliveira 50 Duas décadas de inovação ao serviço do ambiente e da agricultura 54 Entrevista a Henrique Silvestre Ferreira, presidente da AJAP 56 'A água que não chega hoje, é produção que se perde amanhã' 60 Inteligência artificial e genética podem ajudar os agricultores a cultivar milho com menos fertilizantes 62 Task Force para a gestão do míldio da batateira, uma solução inovadora 64 A colheita do próximo ano, segundo a CLAAS 68 Época de fenação? 72 CNH define a sua estratégia ibérica até 2030 74 SIMEST investe na expansão global da Maschio Gaspardo 76 Analisamos os riscos com uma visão holística da agricultura 78 Mercado de máquinas e reboques agrícolas em Portugal 81 10
5 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Investimento agrícola ibérico supera os 4,1 mil milhões de euros O setor agrícola na Península Ibérica continua a atrair capital, com mais de 4.100 milhões de euros investidos entre 2022 e 2024. Segundo o Agribusiness Iberian Report, da CBRE, só no primeiro semestre de 2024 o investimento ultrapassou os 500 milhões de euros. Os produtores industriais ainda lideram o volume aplicado, mas fundos especializados e family offices ganham destaque. Portugal destaca-se com regiões como o Alqueva, Ribatejo e Algarve entre as mais ativas. Apesar da atratividade crescente, desafios como burocracia e alterações climáticas ainda travam algumas operações, mas espera-se que a agricultura continue a captar investimento. Portugal avança na inovação agroalimentar Portugal reforça protagonismo na inovação agroalimentar sustentável com cinco startups selecionadas para o programa europeu EIT Food Seedbed Incubator. Três dos projetos têm ligação direta à aceleradora nacional BGI Sustainable Ventures. Durante seis meses, as equipas recebem mentoria, formação e apoio para validar as suas soluções junto do mercado. As selecionadas incluem a PhycoFerm, que produz ingredientes de microalgas com recurso a inteligência artificial; a GreenCide, com um biopesticida natural à base de eucalipto; a MBP BioTech, que transforma resíduos marinhos em proteínas e ómega-3; a ChainReactor, que alia impressão 3D à biotecnologia; e a HUMIVERSO, que aposta na agricultura regenerativa através de resíduos orgânicos. Três das startups são alumni da BGI Sustainable Ventures, reforçando o posicionamento de Portugal como referência europeia na inovação alimentar e na sustentabilidade do setor. ‘Automação e IA na Agricultura e Florestas’ O ISA – Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa realiza em setembro um curso de especialização dedicado à automação e à inteligência artificial nos setores agrícola e florestal. Desde a monitorização à tomada de decisão otimizada com base em grandes volumes de dados estas tecnologias permitem aumentar a produtividade, reduzir impactos ambientais e responder aos desafios impostos pela incerteza climática e pela escassez de mão-de-obra. Combinando conhecimento técnico com aplicações práticas, esta formação destina-se a quem se quer posicionar nas práticas com melhor competitividade nestes dois setores, numa altura em que “a digitalização e a inovação tecnológica deixam de ser uma opção para se tornarem uma necessidade estratégica”, divulga o ISA. Destinado a engenheiros agrónomos, silvicultores, técnicos florestais, estudantes e empresários do setor agrícola e florestal, o curso de especialização ‘Automação e IA na Agricultura e Florestas’ visa capacitar os participantes a compreender e aplicar conceitos de IA e de automação no setor agrícola e florestal, com foco no uso de máquinas autónomas. As candidaturas estão abertas até ao dia 9 de setembro.
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Sustentabilidade da amêndoa europeia como contributo à luta contra as alterações climáticas Corteva destaca papel da inovação na sustentabilidade e produtividade agrícola Até 2024 a empresa alcançou 100% de conformidade com os critérios de sustentabilidade para todas as novas soluções desenvolvidas. A Corteva Agriscience apresentou os seus progressos em matéria de sustentabilidade num relatório que destaca a importância da inovação tecnológica para tornar a agricultura mais produtiva. A empresa, que investe cerca de quatro milhões de dólares por dia em inovação sustentável, aposta em tecnologias que reduzem o consumo de recursos naturais como água, fertilizantes e pesticidas, promovendo simultaneamente solos mais saudáveis e culturas mais resilientes. As soluções digitais e biológicas permitem aos agricultores produzir mais com menos, reduzindo emissões e custos. Esta abordagem favorece a transição para uma agricultura de baixo carbono, acessível a diferentes tipos de explorações. Com foco nos desafios atuais, como as alterações climáticas e a segurança alimentar, a Corteva posiciona a inovação como motor de mudança, reforçando a competitividade e sustentabilidade do setor agrícola global. Consulai lança plataforma sobre cereais e oleaginosas A Consulai desenvolveu uma plataforma de consulta das áreas de cereais e oleaginosas em parceria com a ANPROMIS, a ANPOC e a AOP. Reconhecendo a importância vital do setor dos cereais e das oleaginosas a ANPROMIS, a ANPOC e a AOP juntaram-se à Consulai para, em conjunto, criarem uma plataforma para consultar as áreas cultivadas com cereais e oleaginosas nos últimos oito anos (2018 a 2025). Importa salientar que esses dados se baseiam nas informações recolhidas pelo IFAP através do Pedido Único (PU), aplicado em Portugal Continental. Poderá consultar esta plataforma através do Microsoft Power BI, um recurso valioso para enriquecer as análises e as decisões no setor agrícola. 79% dos mais de 800.000 hectares desta cultura em Portugal e Espanha são de sequeiro, uma circunstância que ajuda a combater as secas crónicas em várias zonas da Península Ibérica. Segundo o projeto ‘Sustainable EU Almond', lançado pelo Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS) e a associação espanhola SAB-Almendrave, a amêndoa europeia está a afirmar-se como cultura sustentável na Península Ibérica, graças a práticas agrícolas responsáveis e eficientes. Com mais de 800.000 hectares plantados, representa 79% da área de frutos secos da Europa. A gestão cuidada da água, o uso de fertilização natural e a conservação do solo tornam a cultura mais resiliente e com menor impacto ambiental. Estas práticas ajudam a reduzir emissões, aumentar o sequestro de carbono e combater a erosão. A fileira é apoiada por programas de certificação e inovação agrícola, contribuindo para a adaptação às alterações climáticas. A amêndoa combina rentabilidade com sustentabilidade, reforçando o papel da agricultura mediterrânea na resposta aos desafios ambientais.
7 EDITORIAL Numa edição especial que distribuímos na Agroglobal 2025, que este ano integra campos de demonstração na Quinta da Alorna, antevemos as últimas inovações de um setor que se quer impulsionado por práticas eficientes e sustentáveis. A Agriterra regressa em setembro ao CNEMA, em Santarém, para acompanhar os três dias da feira focada no agronegócio, depois de ter estado, também como Media Partner, na última Feira Nacional da Agricultura. O certame apostou desta vez nas biosoluções, consolidando, segundo os expositores com quem conversámos, o crescente interesse em sustentabilidade e novas tecnologias. Para ler em reportagem. Em destaque, nesta última edição antes da ‘silly season’, a Grande Entrevista a Luís Mira, presidente da CAP, que, crítico, traça um diagnóstico claro e incisivo do estado da Agricultura em Portugal, apelando a um plano estratégico nacional para o setor. A não perder. Não perca também a I Conferência Técnica da Pera e Maçã – ‘Inovação e tecnologias aplicadas à produção de pera e maçã’, que organizamos em parceria com o INIAV, a Cooperativa Agrícola de Alcobaça, o COTHN e o SFCOLAB no próximo dia 29 de outubro, em Alcobaça. Em análise, no encontro cujo key note-speaker será Miguel Leão, investigador principal no INIAV, estarão temáticas como a fruticultura de precisão, a eficiência tecnológica ou as biosoluções e práticas sustentáveis na cultura da pera e da maçã. A Agricultura de Precisão é tema de dossier neste número, com destaque para a entrevista a André Silva, business development & consultants na Redge, a propósito da integração de sistemas hidrónicos na produção agrícola. “Uma tecnologia estratégica para o futuro”, garante. Conheça ainda o programa 'Empowering Women in Agrifood’ (EWA), que reúne dez empreendedoras com projetos inovadores no setor agroalimentar, e cujas vencedoras irão representar Portugal no evento europeu ‘NEXT BITE’, em Varsóvia. Boas férias e boa leitura. Para quando um plano estratégico nacional para o setor? Parlamento Europeu unido na defesa das verbas para a PAC no próximo orçamento O Parlamento Europeu (PE) defendeu a 10 de julho que o orçamento para a Política Agrícola Comum (PAC) não pode ser prejudicado pelos investimentos em defesa, com todas as famílias políticas alinhadas contra eventuais cortes nas verbas para a agricultura. No debate, o comissário europeu para a Agricultura, Christophe Hansen, sublinhou a necessidade de a mais antiga política da União Europeia (UE) ter o financiamento necessário, mas admitiu que a aposta na defesa - na sequência da guerra lançada pela Rússia na Ucrânia - tem de ser considerada no próximo quadro financeiro plurianual (QFP 2028-2034). De acordo com a agência Lusa, Hansen salientou ainda que o próximo orçamento plurianual da UE “terá um lugar central para a política de coesão e a PAC”. O eurodeputado André Rodrigues (PS), que é relator do PE para o processo de simplificação da PAC, referiu no debate que “desfigurar a PAC é pôr em causa o rendimento de milhões de produtores e suas famílias, a nossa segurança alimentar e a coesão territorial”. Depois de divulgada, a proposta de Bruxelas será submetida à apreciação do Conselho da UE e do PE. Em maio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referiu que o próximo orçamento plurianual será mais flexível, centrado em parcerias nacionais e regionais e mais simples, com o desembolso das parcelas ligado ao cumprimento de objetivos.
A INOVAÇÃO QUE CULTIVA O FUTURO
29 DE OUTUBRO 2025 | YOUR HOTEL & SPA ALCOBAÇA CONFERÊNCIA TÉCNICA DA PERA E MAÇÃ 2025 #PeraeMaca2025 PARCEIROS ESTRATÉGICOS: 10 I CONFERÊNCIA TÉCNICA DA PERA E MAÇÃ Agriterra debate inovação e tecnologias aplicadas à produção de pera e maçã A Revista Agriterra dinamiza, no dia 29 de outubro, no Your Hotel & SPA Alcobaça, a I Conferência Técnica da Pera e Maçã. Com as parcerias estratégicas do INIAV, da Cooperativa Agrícola de Alcobaça, do COTHN e do SFCOLAB, o encontro vai reunir na região Oeste dezenas de especialistas em fruticultura de precisão, eficiência tecnológica, biosoluções e práticas sustentáveis na cultura da pera e da maçã. As inscrições já estão abertas. Gabriela Costa Depois de três edições de sucesso dedicadas ao abacate e ao olival, a Agriterra reconhece o valor da pomicultura no que respeita à produção de pera e maçã, a qual representa um dos pilares da fruticultura nacional. A região Oeste, onde se inclui Alcobaça, é reconhecida pela excelência das suas produções, impulsionadas por condições edafoclimáticas favoráveis e por um saber-fazer consolidado, e não podia, por isso, deixar de ser o ponto de encontro da I Conferência Técnica da Pera e Maçã – ‘Inovação e tecnologias aplicadas à produção de pera e maçã’, que terá lugar no dia 29 de outubro, no Your Hotel & SPA Alcobaça. O evento conta com a parceria estratégica do INIAV, da Cooperativa Agrícola de Alcobaça, do COTHN e do SFCOLAB, que se farão representar ao mais alto nível, garantindo valor acrescentado Agriterra, desta vez para o setor da pera e da maçã. A gestão inteligente da água, aliada a sistemas de rega de precisão e monitorização em tempo real, e a digitalização e tecnologias emergentes, como sensores, drones, softwares de apoio à decisão ou modelos preditivos, não só aumentam a eficiência e a produtividade como contribuem para práticas mais sustentáveis e resilientes. É neste contexto que nasce a Conferência Técnica da Pera e Maçã 2025, ponto de encontro obrigatório para quem procura acompanhar a transformação da pomicultura, antecipar tendências e preparar o futuro da produção de pera e maçã em Portugal. A I Conferência Técnica da Pera e Maçã é dinamizada no âmbito dos Encontros Profissionais B2B da Induglobal, do Grupo Interempresas, com o suporte técnico da Fakoy. n As inscrições na I Conferência Técnica da Pera e Maçã são gratuitas, mas de registo obrigatório. Garanta já o seu lugar, inscrevendo-se no QR Code: através da partilha de conhecimento e networking com os profissionais do setor da pomicultura. Também confirmada está já a participação de Miguel Leão, investigador principal no INIAV, que será o key note- -speaker do evento e irá refletir sobre a ‘Eficiência Tecnológica e Sustentável na Produção de Pera e Maçã’. A conferência integra duas mesas redondas – ‘O Pomar do Futuro: Soluções Digitais Inovadoras e Fruticultura de Precisão’ e ‘Biosoluções e Práticas Sustentáveis na Cultura da Pera e da Maçã’ – e várias sessões a cargo de empresas que se associam ao evento de referência da Revista
12 Agroglobal 2025 com campos de demonstração na Quinta da Alorna A 10ª edição da Agroglobal realiza-se entre 9 e 11 de setembro, no CNEMA, em Santarém. Renovando um ambiente de partilha de conhecimento que visa o agronegócio, a feira apresenta este ano uma novidade: os campos de demonstração que estão a ser preparados na Quinta da Alorna, onde os participantes poderão conhecer as últimas inovações do setor. Aquela que é uma das principais feiras agrícolas nacionais volta a reunir, nos dias 9, 10 e 11 de setembro, “a maior concentração de profissionais do setor agrícola, pecuário e florestal em Portugal”, segundo a organização do evento. Na sua 10ª edição, a Agroglobal promete uma experiência renovada com o mesmo foco de sempre: impulsionar o setor agrícola fazendo convergir toda a cadeia de valor, da maquinaria aos equipamentos de ponta e sistemas e soluções inovadores. Paralelamente às exposições, debates e discussões entre especialistas que visam apontar estratégias para o setor e às ações de networking programadas para impulsionar o agronegócio, este ano o evento estende-se à Quinta da Alorna, em Almeirim, onde estarão patentes “as últimas inovações nos melhores campos de demonstração de sempre”, anuncia a organização. No novo espaço os participantes da Agroglobal 2025 poderão conhecer as práticas inovadoras que as empresas com presença nestes campos de demonstração estão a desenvolver para as culturas do milho, tomate, batata, batata doce, arroz e vinha. n HORÁRIOS: Abertura: 09h00 | Encerramento: 18h00 LOCALIZAÇÃO: CNEMA - Quinta das Cegonhas – E.N.3, Santarém, Portugal
14 Syngenta apresenta soluções e serviços digitais inovadores na Agroglobal A Syngenta participa na 10ª edição da feira Agroglobal, nos dias 9, 10 e 11 de setembro, no CNEMA, em Santarém. Alinhada com os objetivos do certame de mostrar como a tecnologia está a transformar o setor e a demonstrar que a agricultura moderna produz alimentos cuidando da natureza, a empresa aproveita também a ocasião para celebrar o seu 25.º aniversário. “Esta será uma edição muito especial para a Syngenta, uma vez que iniciaremos na Agroglobal as comemorações do 25.º aniversário da companhia, fundada a 13 de novembro de 2000”, afirma Eduarda Sousa, a nova gestora de campanhas da Syngenta em Portugal, revelando que o stand da Syngenta na feira será palco de diversas atividades para celebrar este marco da vida da companhia com clientes, stakeholders e colaboradores, oriundos de toda a Europa. “A agricultura evoluiu de forma notável nos últimos 25 anos e a Syngenta acompanhou e impulsionou a mudança através da tecnologia e da inovação. Atualmente, continuamos focados em capacitar os agricultores para produzirem mais alimentos de uma forma que ajude a melhorar o nosso planeta. Na Agroglobal renovaremos o nosso compromisso para o futuro junto dos nossos clientes, colaboradores e stakeholders”, afirma Felisbela Torres de Campos, responsável Regulatory & Business Sustainability da Syngenta em Portugal. O stand da Syngenta na Agroglobal apresentará informação interativa sobre o seu completo portfólio de sementes, soluções fitossanitárias convencionais e biológicas para a saúde das plantas e do solo e serviços digitais inovadores para a agricultura. “A estabilidade na relação com os nossos parceiros da distribuição e o aumento do nosso portfólio de soluções e serviços para a distribuição e os agricultores são a chave do crescimento contínuo da Syngenta no mercado nacional, no passado, no presente e no futuro”, sublinha Paulo Machado, diretor comercial da Syngenta em Portugal. SEMENTES DE FUTURO ADAPTADAS AOS DESAFIOS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Nas sementes hortícolas o destaque vai para o tomate cacho Myrador, de grande calibre e alta produtividade, com resistência intermédia ao vírus do rugoso (ToBRFV), e para o melão Bobal, de alto desempenho e sabor, com resistência a afídeos, ao oídio e ao vírus ToLCNDV. Nas sementes de milho as novas variedades SY Evident, um híbrido de ciclo FAO 400 com elevado rendimento, e SY Ultimate, um FAO 600 que combina máximo rendimento com qualidade de grão, serão as novidades em destaque, a par das já consagradas SY Andromeda, SY Bambus e SY Sandro. A novidade nas sementes de girassol é a nova tecnologia A.I.R. de híbridos tolerantes a herbicidas, que ajuda os agricultores a enfrentar definitivamente o desafio das infestantes, promovendo um bom estabelecimento da cultura, estabilidade e bom rendimento. A Syngenta reforça a sua aposta nas cevadas híbridas com o lançamento da primeira variedade Hyvido, resistente ao Vírus do Nanismo Amarelo (BYDV). A sua genética aumenta o potencial produtivo da cevada, combinando sanidade, vigor e rendimento.
15 A EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA ORONDIS As soluções fitossanitárias serão apresentadas pelos principais grupos de culturas – vinha, tomate, fruteiras e milho – e uma das novidades é o anúncio da evolução da grande família de fungicidas Orondis, com o lançamento de três novos produtos, num futuro muito próximo. No vasto portfólio Syngenta Biologicals destacam-se soluções para bioestimulação e fertilização das culturas, tais como Talete, Viva, NutribioN, Cepacet e Persicop, e soluções para biocontrolo, com realce para duas novidades: Ebudim, um indutor das resistências das plantas às doenças com base em cerevisana, composta por paredes celulares da levedura Saccharomyces cerevisiae estirpe LAS117; e Tellus, um biofungicida preventivo com atividade antagónica sobre doenças do sistema radicular e basal, à base de microrganismos naturais procedentes de estirpes de fungos antagónicos Trichoderma asperellum ICC012 e Trichoderma gamsii ICC080. Cropwise é a plataforma de agricultura digital da Syngenta que apoia técnicos e agricultores na gestão agronómica das culturas e na gestão das suas explorações. No seu stand na Agroglobal, a companhia dará destaque a alguns dos serviços integrados na Cropwise, nomeadamente o Seed Selector, que dá recomendações personalizadas na escolha de variedades de milho e girassol para uma localização específica da parcela e condições edafoclimáticas específicas, e o Seed Planting, para aconselhamento de sementeira a taxa variável, otimizando a produtividade da cultura. O InterraScan, um serviço de mapeamento de solos de altíssima resolução que permite um uso mais preciso dos fatores de produção para otimizar a produtividade das culturas e melhorar a saúde do solo a longo prazo, também estará em destaque. Outro dos serviços de grande utilidade para a o agricultor são as armadilhas digitais Trapview com tecnologia de deteção através de IA e conectividade remota, para diagnóstico da traça-da-uva (Lobesia botrana), da traça-dos-cachos (Cryptoblabes gnidiella) e da traça-do-olival ( Prays Oleae). A Syngenta foi pioneira em Portugal ao instalar uma rede de armadilhas digitais para monitorização das pragas da vinha na Península de Setúbal, com alertas semanais sobre a evolução da população das pragas e recomendações de tratamentos. n +34 954 196 008 - irritec.iberia@irritec.com P.I. El Pilero, C/ Cordeleros s/n 41410 Carmona, Sevilla (España) A Digitalização como ponto chave para uma rega eficiente e sustentável Descobre os nossos produtos em: www.irritec.es
16 ACAP discute caminhos para a mecanização agrícola em Santarém No próximo dia 9 de setembro a ACAP organiza o Fórum 'O Futuro da Mecanização Agrícola: Estratégias para um Setor em Transformação', no CNEMA, em Santarém. O encontro, promovido pela Divisão de Máquinas Agrícolas da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, vai juntar especialistas para analisar os principais desafios e novas direções da mecanização no setor agrícola. Analisando temáticas como automatização e robotização na agricultura, liderança e gestão pós-venda, o evento vai contar com a presença do ministro da Agricultura e Mar na sessão de encerramento. Sob o mote 'O Futuro da Mecanização Agrícola: Estratégias para um Setor em Transformação', o Fórum da ACAP pretende fomentar o debate e partilha de conhecimento num momento de mudança e inovação. As inscrições já estão abertas. n 09h00 Receção de Participantes 09h30 Sessão de Abertura | Pedro Miguel Guerreiro Silva, Vogal do Conselho Diretivo do IMT 09h40 A Liderança nas Organizações | Nadim Bou-habib, Professor Auxiliar Convidado, Estratégia e Empreendedorismo, Nova School of Business & Economics 10h20 Gestão Pós-venda | Dário Afonso, Managing Director da ACM - AutoCoach Management 11h00 Coffee break 11h20 Luís Alcino da Conceição | Professor Associado no Instituto Politécnico de Portalegre 12h00 Automatização e Robotização na Agricultura | Filipe Neves dos Santos, Professor e Investigador no INESC TEC 12h30 Sessão de Encerramento | Arnaldo Caeiro, Presidente da Divisão de Máquinas Agrícolas ACAP e José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Mar 13h00 Almoço A Revista Agriterra é Media Partner do Fórum 'O Futuro da Mecanização Agrícola: Estratégias para um Setor em Transformação'. PROGRAMA PROVISÓRIO C M Y CM MY CY CMY K
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18 EVENTOS Fruit Attraction 2025 com nova distribuição de pavilhões e setorização A Fruit Attraction 2025, que se realizará de 30 de setembro a 2 de outubro, assinala um marco importante na sua trajetória ao consolidar-se como a feira líder mundial do setor hortofrutícola. Na sua 17ª edição, o evento organizado pela Ifema Madrid e pela Fepex reforça a sua liderança com uma expansão estratégica e uma nova setorização que otimizará a experiência de expositores e visitantes. Com a incorporação dos pavilhões 12 e 14 do recinto madrileno, a Fruit Attraction 2025 não só aumentará o seu espaço de exposição para mais de 70.000 metros quadrados, como também melhorará a organização da feira com uma distribuição mais eficiente por regiões geográficas. Esta nova abordagem permitirá aos profissionais do setor localizar mais rapidamente os produtores e fornecedores de cada país e região, facilitando a criação de novas sinergias e oportunidades de negócio. Espera-se que este evento seja o mais marcante até à data, oferecendo uma experiência mais cómoda, acessível e enriquecedora a todos os participantes. A Fruit Attraction 2025 ocupará dez pavilhões na Ifema Madrid - 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 14 - onde serão apresentados os produtos, soluções, novas variedades e formatos, investigação, tendências e inovações das mais de 2.200 empresas participantes. Os pavilhões ímpares acolherão os novos produtos das empresas nacionais, para além das propostas da área Innova&Tech - pavilhão 5. Os pavilhões pares reunirão empresas da Europa - 4, 6 e 8 -, empresas individuais que operam no mercado global - 8 e 10 -, América - 12 -, e África e Ásia, no pavilhão 14. A área de Logística de Alimentos Frescos estará localizada no pavilhão 4. Além disso, para completar a oferta expositiva, a maioria dos pavilhões terá a área de Indústria Auxiliar, garantindo a representação de toda a cadeia de valor do setor na Fruit Attraction. São esperadas 2.200 empresas no evento que, entre 30 de setembro a 2 de outubro, tornará Madrid "o epicentro mundial para operadores, retalhistas e profissionais que querem crescer, conectar-se e transformar as suas estratégias comerciais", anuncia a organização. Sob as premissas de "comercialização, inovação, qualidade e conhecimento", a Fruit Attraction 2025 "é o lugar onde a oferta e a procura internacional se encontram no momento chave para planear campanhas e abrir portas para novos mercados", apresentando-se como o principal instrumento de promoção para o setor hortofrutícola, com o objetivo de dinamizar a atividade comercial e impulsionar a capacitação e a interação entre os profissionais de toda a cadeia de valor. n CALENDÁRIO DA FRUIT ATTRACTION: • 30 de setembro a 1 de outubro: das 9h30 às 19h00 • 2 de outubro: das 9h30 às 16h00 C M Y CM MY CY CMY K
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agritechnica.com #agritechnica Visite a Feira Líder Mundial de Tecnologia Agrícola! SAVE THE DATE 20 EVENTOS Visite a Agritechnica 2025 com condições especiais A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã é a representante oficial da Agritechnica em Portugal, e disponibiliza ingressos gratuitos ou com preços especiais, válidos desde julho, para a feira líder mundial de tecnologia agrícola, que se realiza em Hanôver, de 9 a 15 de novembro. Entre os dias 9 e 15 de novembro Hanôver, na Alemanha, volta a ser o ponto de encontro de milhares de profissionais do setor, naquela que é considerada a feira líder mundial de tecnologia agrícola, e que na sua última edição, em 2023, reuniu 2.700 expositores de todo o mundo e perto de meio milhão de visitantes. Sob o mote ‘Touch Smart Efficiency’, este ano a Agritechnica destaca-se não só pelas mais avançadas tecnologias agrícolas do mundo, soluções inovadoras para otimizar a produção e oportunidades para se conectar com grandes referências do setor, mas também pelos seus dias temáticos - ‘7 Dias, 7 Temas’. Cada dia é dedicado a um foco estratégico distinto com o objetivo de impulsionar a inovação do setor: 1. Com início a 9 de novembro, o ‘Innovation and Press Day’ será dedicado a inovações especialmente dirigidas a empresas familiares, prestadores de serviços agrícolas, jovens profissionais e à imprensa especializada.
21 EVENTOS Na qualidade de representante oficial da Agritechnica em Portugal, a CCILA disponibiliza ingressos gratuitos ou com preços especiais, válidos desde julho de 2025, consoante os dias que pretenda visitar a feira (Tabela 1). Alertando que os ‘AgriBusiness Days’ têm lotação limitada, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemão avança ainda que está disponível para fornecer sugestões relacionadas com a viagem e alojamento aos potenciais 2 & 3. Nos dias 10 e 11, os ‘Agribusiness Days’ reúnem retalhistas, prestadores de serviços e grandes empresas agrícolas, promovendo o intercâmbio comercial e o debate entre os principais decisores do setor. 4. Segue-se o ‘International Farmers Day’ a 12 de novembro, com destaque para os mercados de França, Canadá e República Checa. 5. No dia seguinte, 13 de novembro, realiza-se o ‘Digital Farm Day’, centrado na digitalização para uma agricultura mais eficiente. 6. O dia 14, reservado ao ‘Young Professionals Day’, será o ponto de encontro internacional para jovens talentos, estudantes e formandos que procuram oportunidades para o seu futuro na agricultura. 7. A Feira encerra a 15 de novembro com o 'Celebrate Farming’, uma celebração da inovação e dos avanços tecnológicos do setor e dos protagonistas que estão a moldar o futuro da agricultura. interessados em marcar presença na Agritechnica 2025. Não perca esta oportunidade! Participe como visitante e garanta já o seu ingresso com condições especiais, que pode solicitar à CCILA. A CCILA esteve presente entre 3 e 6 de julho na Feira de Inovação Agrícola no Fundão, no stand Agritechnica, onde apresentou as últimas novidades e fornecer todas as informações sobre o evento. n Tabela 1. DIA TEMA NOSSO PREÇO PREÇO NORMAL 9.11.2025 Innovation & Press Day 51€ 63€ 10.11.2025 AgriBusiness Day 119€ 149€ 11.11.2025 AgriBusiness Day 119€ 149€ 12.11.2025 International Farmes Day Gratuito 29€ 13.11.2025 Digital Farm Day Gratuito 29€ 14.11.2025 Young Professionals Day Gratuito 29€ 15.11.2025 Celebrate Farming Gratuito 29€
ENTREVISTA 22 LUÍS MIRA, SECRETÁRIO-GERAL DA CAP “Sem orçamento não há Política Agrícola Comum” Gabriela Costa “O governo defende em Bruxelas uma PAC robusta, mas sem orçamento não há política, nem é possível garantir que a Europa tenha autossuficiência alimentar”. Crítico, o secretário-geral da CAP, Luís Mira, traça um diagnóstico claro e incisivo, defendendo o cumprimento da estratégia ‘Água que Une’, com um investimento de cinco mil milhões de euros para os anos 2026-2030, o apoio efetivo dos serviços regionais e centrais do Ministério da Agricultura aos agricultores, e a gestão eficiente dos fundos, considerando inaceitável o “mau funcionamento dos serviços do IFAP, em toda a linha, e a desarticulação com o resto dos organismos do Ministério”. No atual contexto socioeconómico e político do país, com que mensagem é que a CAP marca presença na FNA 25? Quais são as preocupações fundamentais do setor? O governo que inicia funções à data desta entrevista (9 de junho) tem de se focar em três questões: A primeira é o cumprimento da promessa que fez com a Estratégia ‘Água que Une’, com um investimento de cinco mil milhões de euros para os anos 2026-2030. Esse investimento é fundamental para o desenvolvimento da agricultura em Portugal e no interior do país. A segunda é colocar ao serviço do agricultor os serviços regionais do Ministério da Agricultura. A tutela voltou ao Ministério, mas o utilizador, que é o agricultor, não notou essa alteração - está tudo na mesma. É essencial que o agricultor sinta que os serviços do Ministério da Agricultura estão à sua disposição e que o ajudam nas dificuldades que surgem. Também a nível central, o Ministério está a funcionar deficientemente. Não temos uma gestão efiLuís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
GRANDE ENTREVISTA 23 ciente dos fundos da Política Agrícola Comum (PAC), pois há uma descoordenação entre os próprios serviços centrais. É preciso acabar com esta situação. A terceira questão, que surge em consequência do que acabo de referir, é a gestão eficiente dos fundos. Não é aceitável que a campanha de ajudas tenha decorrido, a certa altura, de forma caótica, ou que o IFAP (Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas) não tenha consideração alguma pelos técnicos que fazem as candidaturas, nem pelos agricultores e associações que dão a cara para tentar ajudar os agricultores, como a CAP, a Confagri ou a CNA. E, portanto, não é aceitável. Nós temos um protocolo de delegação de competências, mas tem de haver respeito, e não existe neste caso. Estas são as questões que mais nos preocupam. Acrescento ainda que o governo defende em Bruxelas uma PAC robusta, mas sem orçamento não há política, nem é possível garantir que a Europa tenha autossuficiência alimentar num período de instabilidade como o que estamos a viver, o que é grave. Obviamente que defendemos a consolidação dos dois pilares para a PAC - o primeiro, que financia as ajudas diretas e as medidas de mercado, integralmente a cargo do Fundo Europeu Agrícola de Garantia; e o segundo com um regime de cofinanciamento, em prol do desenvolvimento rural -, mas mais importante do que isso, é o orçamento, e parece que não existe. Ainda a nível nacional em que medida, na sua opinião, é que esta interrupção governativa afetou o processo de gestão eficiente de fundos e a revisão do PEPAC? A máquina do Estado não pode estar dependente de ter ou não governo, naquilo que respeita à sua gestão. Isso é uma desculpa que não colhe nenhuma razoabilidade, porque há países na Europa que chegam a estar um ano e meio sem governo e as coisas acontecem na mesma. O que aconteceu este ano na campanha das ajudas foi um mau funcionamento dos serviços do IFAP, em toda a linha, e uma desarticulação com o resto dos organismos do Ministério. A que se deve essa desarticulação? Acho que o Ministério da Agricultura tem de se reestruturar. A sua estrutura é praticamente igual, com exceção de uma fusão das competências dos extintos IFADAP (Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas) e INGA (Instituto Nacional de Intervenção e Garantia Agrícola), mas não está adaptado às exigências da Política Agrícola Comum. Existe uma desarticulação brutal entre organismos, e quem sai prejudicado são os agricultores. Todos, os pequenos, os médios e os grandes produtores. Já sublinhei que é preciso os serviços regionais darem apoio ao agricultor no terreno, mas também é preciso que os serviços centrais funcionem bem. Nenhuma coisa está a acontecer. Este ano, o comissário europeu da Agricultura e Alimentação, Christophe Hansen, inaugurou a FNA ao lado do ministro José Manuel Fernandes. Que preocupações lhe foram transmitidas pela CAP e que expetativas tem sobre as políticas europeias em curso? No tabuleiro comunitário discute-se, neste momento, o quadro financeiro plurianual para o período de 2028-2034. É do conhecimento geral que há uma pressão enorme sobre o orçamento e sobre as novas necessidades da União Europeia, como a questão da defesa, e até o peso que vai ter o pagamento de tudo aquilo que se contraiu como empréstimo na altura da Covid-19. E, obviamente, que essa pressão existe sobre todos os fundos. A Comissão Europeia (CE) já apresentou uma proposta de um fundo único. Mais importante do que ter um fundo à parte, é a PAC ter um orçamento estanque ou, como expressou a CE, um 'ring-fenced' que garanta que aquele dinheiro não pode ser utilizado por nenhum dos outros fundos. Se tal não acontecer, e com a apetência que os primeiros-ministros têm, em todos os países, para utilizar esses fundos, a Política Agrícola Comum vai deixar de o ser, e cada país vai fazer o que entender da sua agricultura. Desperdiçámos totalmente a oportunidade de reforçar a resiliência do setor agrícola através do PRR No que toca às exportações, desde que as condições que os EUA nos aplicam sejam as mesmas do resto do mundo, só temos de ser competitivos
GRANDE ENTREVISTA 24 Mas acha que podemos chegar ao ponto de deixar de existir uma PAC? Se cada país definir o que quiser, deixa de ser Política Agrícola Comum. Ou seja, segundo o primeiro 'paper' que a Comissão lançou, a dizer que há um fundo único que junta todos os fundos — Coesão, Agricultura, Fundo Social Europeu e mais uns 200 programas que existem — e supondo que cada país é que divide, depois, esse orçamento, sim, deixa de ser comunitário e passa a ser uma questão com autonomia nacional. Outra questão que nos preocupa, e que transmitimos ao Comissário Europeu Christophe Hansen, é que é necessário que a PAC, que teve uma desvalorização fruto da inflação que se fez sentir nos últimos anos, tenha, no mínimo, uma atualização. Porque o somatório acumulado da inflação nesse período ultrapassa os 20%. No atual contexto geoestratégico global, com a instabilidade política e económica em que o mundo vive e perante uma guerra comercial em curso, em que medida o setor agrícola está a ser afetado? A questão tem que ver com uma perturbação que o presidente dos Estados Unidos veio colocar a nível global, e com a alteração do modelo dos equilíbrios geopolíticos entre os blocos comerciais. Mas essa alteração já existe desde o início da guerra com a Ucrânia, a nível das exportações... Sim, mas o presidente Trump veio baralhar mais as coisas, com um piscar de olhos à Rússia, mas depois dizendo o contrário do que disse… são períodos de grande incerteza. Mas no que toca às exportações, desde que as condições que os EUA nos aplicam sejam as mesmas do resto do mundo, nós só temos de ser competitivos. E eu acredito Mais importante do que ter um fundo à parte é a PAC dispor de um orçamento estanque — um 'ring-fenced' — que garanta que esse dinheiro não possa ser utilizado por outros fundos
GRANDE ENTREVISTA 25 que as empresas portuguesas que exportam estão preparadas para isso. Obviamente que não é bom aumentar tarifas, mas a verdade é que se há uma desvalorização do dólar a 10% ninguém diz nada, e quando há um aumento de uma tarifa a 10%, já ‘acaba o mundo’. Temos de ser competitivos no mercado americano, e somos. Agora, se houver uma tarifa diferenciada para a União Europeia, mais cara, isso já é diferente. É impossível fazer uma previsão em termos das culturas mais afetadas. Com a guerra na Ucrânia, na prática, houve uma especulação nos cereais - os preços subiram, a especulação acabou, voltaram a cair. Num setor muito modernizado que aposta de forma crescente na utilização de drones, precisão digital e modelos preditivos na sua produção, que oportunidades irrompem para os agricultores portugueses? Assistimos a uma evolução brutal na forma de fazer agricultura. Até nas atividades mais tradicionais, como o pastoreio, em que se pode pensar que não há nada para inventar. Mas há. Temos uma grande revolução em curso. Vamos realizar na FNA uma conferência sobre agricultura regenerativa e é impressionante acompanhar o conhecimento que leva ao inverso da atuação que tem sido feita até aqui, já com resultados práticos. Começa-se a falar em todo o tipo de técnicas ou tecnologia que permitam poupar dinheiro e manter a produção ou aumentá-la. Existem culturas onde se demora algum tempo a fazer a transição, outras onde se demora menos tempo, mas o caminho é esse. O caminho é também o de ouvir a ciência e tomarmos decisões com mais base científica e com menos base ideológica. Acredito que se os governos agissem assim, e se em Portugal houvesse uma estratégia de desenvolvimento para o setor agrícola, a agricultura poderia contribuir muito mais para a riqueza do país do que aquilo que contribui, porque não tem sido minimamente enquadrada. Precisamos que os meios que existem sejam aplicados com coerência e não é isso que tem acontecido. Desperdiçámos totalmente a oportunidade de reforçar a resiliência do setor agrícola através do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], que em Portugal apenas serviu para engordar o Estado, já que perdemos grande parte do dinheiro porque os prazos não foram cumpridos ou porque as obras não foram feitas, tal como a CAP alertou desde o princípio. Escolheu-se o caminho mais fácil, e quando o caminho é fácil o resultado é mau. Ainda assim, mantém a esperança na agricultura nacional? Esperança mantenho sempre, mas são oportunidades perdidas, e se tivessem sido aproveitadas, se tivéssemos feito como fizeram os espanhóis, que utilizaram 25 mil milhões de euros no investimento em água, dos quais cinco mil milhões só para o setor agrícola, os agricultores portugueses em todo país teriam uma resiliência face à seca e uma capacidade que não têm. E sabemos que se este ano choveu, também pode acontecer que não chova nos próximos. n *Esta entrevista foi realizada a 9 de junho de 2025, na Feira Nacional da Agricultura, no CNEMA, em Santarém. Temos uma grande revolução em curso, centrada em todo o tipo de tecnologia que permita poupar dinheiro, e manter a produção ou aumentá-la
26 PROGRAMA ‘Empowering Women in Agrifood’ 2025 dá palco à inovação feminina no agroalimentar Dez mulheres e dez ideias promissoras juntam-se em Lisboa para transformar o setor agroalimentar. O programa 'Empowering Women in Agrifood’ (EWA) arranca com mentoria, formação e impacto. O programa europeu EWA – Empowering Women in Agrifood arrancou oficialmente em Portugal, com um evento de lançamento no dia 14 de julho, na Praça do Beato Innovation District, em Lisboa. Promovido pelo EIT Food e implementado pela BGI – Sustainable Ventures, o programa reúne dez empreendedoras com projetos inovadores nas áreas da alimentação, sustentabilidade e inovação. A sessão de abertura contou com intervenções da equipa do EIT Food e da BGI, seguidas por uma palestra de Filipa Jardim da Silva sobre os bloqueios que impedem ideias de sair da gaveta. O momento alto da tarde foi o 'matchmaking', onde cada empreendedora se conectou com mentoras de referência dos mundos da ciência, inovação e empreendedorismo. Durante os próximos meses as participantes receberão mentoria personalizada, capacitação técnica e visibilidade internacional, culminando num ‘Demo Day’ onde competirão por prémios de 10.000 e 5.000 euros. As vencedoras poderão ainda representar Portugal no evento europeu ‘NEXT BITE’, em Varsóvia. As revistas Agriterra e iAlimentar são Media Partners desta edição do programa e acompanharão de perto esta caminhada. Em breve apresentaremos mais novidades, reforçando o compromisso com a valorização do talento feminino no setor agroalimentar. n
28 FNA 25 BIOSOLUÇÕES CONSOLIDAM INTERESSE DO SETOR EM PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS Sob a égide ‘Biosoluções, um passo em frente na agricultura’, a FNA 25 reuniu no CNEMA, em Santarém, centenas de agricultores, técnicos, engenheiros e empresários que, durante os nove dias de feira, partilharam as últimas inovações em soluções capazes de responder às exigências da eficiência, sustentabilidade e economia circular no setor agrícola. O evento consolidou o crescente interesse em boas práticas e novas tecnologias, como pode conferir na reportagem que preparámos com alguns dos muitos expositores presentes. Gabriela Costa FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA 2025 A FNA 25 – Feira Nacional de Agricultura / Feira do Ribatejo realizou-se entre 7 e 15 de junho no CNEMA, em Santarém. De acordo com a organização, esta edição contou com “mais expositores, mais área ocupada” e “elevada satisfação nos contactos e negócios efetuados”. A Agriterra visitou a feira e apresenta-lhe de seguida as perspetivas do setor sobre as novas biosoluções, que também mobilizaram milhares de participantes no evento para a valorização da produção agrícola. AJAP “É nossa convicção que o governo possa acolher o ‘Pacto - Inovação Portugal Rural’” Para a AJAP - Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, as duas edições das grandes feiras do setor que decorreram no primeiro semestre do ano (a Ovibeja e a FNA 25), “tiveram propósitos complementares”. De acordo com Firmino Cordeiro, diretor-geral da associação, se durante a Ovibeja a AJAP teve a oportunidade de entregar às diferentes forças políticas o documento ‘Pacto - Inovação Portugal Rural’ (que visa a concertação entre entidades públicas e privadas com o objetivo de atenuar os efeitos do envelhecimento dos territórios rurais e do despovoamento, e contrariar a taxa muito elevada de abandono de atividades económicas), na FNA organizou um segundo seminário sobre estes temas e a divulgação do Pacto, sensibilizando futuros subscritores do documento e trabalhando na calendarização das próximas ações a desenvolver. “É nossa convicção que o novo governo, depois de, no final do anterior mandato, ter lançado dois documentos estruturantes - ‘Água que Une’ e ‘Florestas 2050’ -, possa acolher e iniciar a reflexão necessária com vista a dar luz verde a este ‘Pacto - Inovação Portugal Rural’, uma vez que em campanha eleitoral foi, por unanimidade, bem aceite por todas as forças políticas com assento parlamentar”, defende Firmino Cordeiro.
FNA 25 29 Na AJAP, e no seu stand, muito se falou da necessidade de se instalarem mais jovens agricultores, de mais investimento, da escassez de financiamento, bem como sobre outros problemas específicos. Entre eles, o responsável destaca “a falta de terra (devia ser reequacionado o lançamento da Bolsa de Terras e do Banco de Terras); o emparcelamento; ou o crédito bancário a taxas de juros convidativas para que os jovens possam aceder a fundos que lhes permitam acudir às necessidades de investimento”. “Abordámos o tema da água e a necessidade da sua disponibilidade aos jovens agricultores” e “também a burocracia existente para obter licenças para construções, para fazer reservas próprias de água, e outros constrangimentos sempre morosos e, por vezes, limitadores do investimento”, detalha. No que respeita à temática da feira, 'Biosoluções', Firmino Cordeiro acredita que as biosoluções “estão na ordem do dia na Europa e deviam estar na atualidade mundial. Todos estamos atentos às novidades e a novas soluções para, paulatinamente, irmos substituindo produtos de síntese química por outros muitos específicos, de espectro muito afunilado ao agente causador da praga ou doença em concreto, quase sempre com resíduo zero, e ainda por outros exclusivamente orgânicos (sem qualquer resíduo)”. BIOND “Já apoiámos 10.000 produtores florestais de eucalipto” A participação da Biond na FNA 2025 teve como principal objetivo reforçar o conhecimento e a divulgação dos Programas Operacionais da associação, “com obra feita e a acontecer no terreno”. Segundo o diretor-geral da Biond estes programas visam implementar incentivos à gestão florestal, que já apoiaram cerca de 10.000 produtores florestais de eucalipto, num total de 50.000 parcelas intervencionadas em parceria com as suas organizações florestais, prestadores de serviços e entidades públicas locais. “Fazemos um balanço muito positivo da nossa presença: conseguimos dar visibilidade ao trabalho que está a ser desenvolvido e estabelecemos um diálogo muito construtivo com produtores e parceiros, alinhado com o nosso propósito de contribuir para uma floresta de eucalipto mais produtiva, mais resiliente e mais sustentável”, detalha Gonçalo Almeida Simões. Considerando “muito pertinente a escolha da temática 'Biosoluções' para esta edição da feira, por ser um tema que diz muito à Biond e que está no centro do nosso trabalho diário”, o responsável defende que as biosoluções “representam um caminho fundamental para responder aos grandes desafios que Portugal enfrenta, nomeadamente a adaptação às alterações climáticas, a necessidade de reforçar a resiliência dos territórios e a procura por sistemas de produção mais sustentáveis”. Esta edição da FNA “permitiu aprofundar o debate em torno destas questões e demonstrou o crescente interesse dos produtores e agentes do setor por práticas e tecnologias que conciliem produtividade, sustentabilidade e respeito pelo ambiente”, conclui, sublinhando que a Biond “contribui ativamente para este movimento”. BIOSTASIA “Comercializámos pela primeira vez a nova gama Casa, Horta e Jardim” No âmbito de mais uma participação na recente edição da FNA, a Biostasia “traçou objetivos de vendas, pois a marca já ‘leva’ os clientes à feira, que vão adquirir os respetivos produtos”, esclarece Marisa Saias, business development manager da especialista em bioinovação sustentável. Objetivos esses que “foram praticamente atingidos, apesar de ser notória a redução do número de visitantes na FNA 25”, afirma, adiantando que a Feira Nacional da Agricultura “continua a ser uma boa ‘montra’, mas já não nos traz o potencial de novos clientes profissionais de outros tempos”. Quanto a lançamentos, Marisa Saias avança à Agriterra que a Biostasia esteve a comercializar pela primeira vez a sua nova gama Casa, Horta e Jardim, pronta a usar. Nesta gama, dita não profissional, de soluções em spray “para aplicação imediata, sem necessidade de diluição”, a responsável destaca o Biostamax, produto estrela desde sempre da marca Biostasia, mas também as soluções anti fungos, sabão fosfórico, óleo de neem, dessecante e repelentes. A discussão dos grandes desafios e oportunidades atuais do setor, este ano centrada na temática 'Biosoluções' representou um “tema que apreciamos e defendemos desde sempre, e que faz parte da visão e missão da empresa”, comenta. CAP “Mobilizámos a sociedade para o setor, o que é de enorme importância para os agricultores” A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) comemora em 2025 os 50 anos da sua fundação, e foi nesse
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