ENTREVISTA 14 pago, como não é garantia de virmos a ganhar o projeto, já que, muitas vezes, eles pedem a duas ou três empresas para fazer o mesmo desenvolvimento. Mas só uma ganha o negócio. As outras ficam sem poder amortizar os custos que tiveram com esse desenvolvimento. E não haveria uma forma de as empresas do setor se unirem para ganharem poder? Esse é um desafio que temos pela frente no setor, a necessidade de criar escala e dimensão para podermos ganhar poder negocial e concorrer a projetos de maior dimensão. É um tema que temos vindo a analisar e a discutir no seio da indústria e sobre o qual gostaríamos de lançar algumas iniciativas piloto que permitam demonstrar que tal poderá ser uma solução a ter em conta e a ser disseminada pelas empresas. De qualquer modo, as empresas do setor estão hoje muito melhor preparadas tecnologicamente do que estavam há poucos anos... Nesse aspeto nós temos a tecnologia mais atualizada a nível mundial. Precisamente, para tentarmos tirar rendimento e ter coeficientes de aumento de produtividade e eficiência. Isto facilita a entrada em outros setores de maior valor acrescentado? Facilita. No entanto, os outros setores alternativos não absorvem a totalidade da capacidade instalada nas nossas empresas, mas estamos a fazer tentativas nesse sentido, tentando apoiar as empresas a diversificar mercados e áreas de intervenção. E isto tem muito a ver com as atuais condicionantes geopolíticas. Vou dar-lhe um exemplo: a Alemanha era um grande exportador de máquinas de lavar roupa para a Rússia e para a Ucrânia. O que é que a Alemanha vende hoje para estes países? Nada. A Rússia era um grande importador de camiões feitos na Europa. Hoje, estes foram substituídos por camiões chineses. Ainda assim, não existe um setor onde a qualidade seja determinante? Existe, mas nem todas as empresas estão preparadas para trabalhá-lo. Estou a falar da indústria médica, que está muito concentrada em países como a Suíça, a Irlanda, a Alemanha, e os EUA, resultado de muitos anos de um intenso trabalho de investimento e aprendizagem. Em Portugal temos vindo a crescer nesta área, mas apenas num número limitado de empresas. Quais são atualmente os principais mercados de destino dos moldes portugueses? Neste momento, o nosso principal mercado é Espanha, seguido da Alemanha (que até há pouco ocupava o primeiro lugar) e de França. A Europa, no seu conjunto, representa cerca de 80% das nossas exportações. E nos mercados emergentes, há algum que se destaque? Sim, continuamos a exportar para o México e outros países, mas em menor quantidade que há uns anos atrás. A Europa Central, com a República Checa, Polónia, Eslováquia ou Roménia, têm, no seu conjunto, assumido uma posição bastante importante para o nosso setor, apesar da sua interação e dependência da Alemanha.
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