BI323 - O Instalador

66 DOSSIER SMART CITIES O Homem no centro da cidade Estamos a viver uma revolução que está a mudar rapidamente a forma como vemos e vivemos as nossas cidades, com vista a torná-las mais inteligentes, mais resilientes e socialmente justas para a sociedade atual, sem comprometer as gerações vindouras. Nelson Luís: Mestre em Engenharia Civil pela École Nationale des Ponts et Chaussées e FEUP, Especialista em Project Finance em projetos de Infraestrutura, Future Energy Leaders Portugal/ Associação Portuguesa de Energia A Quarta Revolução industrial já está em curso. Klaus Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial, afirmava que “[a] Quarta Revolução Industrial caracteriza-se por uma série de novas tecnologias que fundem os mundos físico, digital e biológico, impactando todas as disciplinas, economias e indústrias, e até desafiando ideias sobre o que significa ser humano”. Esta revolução, tal como as que a antecederam, está a mudar rapidamente a forma como vemos e vivemos as nossas cidades, com vista a torná-las mais inteligentes, mais resilientes e socialmente justas para a sociedade atual, sem comprometer as gerações vindouras. Neste artigo, abordamos seis pilares fundamentais nas Cidades Inteligentes: 1) Energia limpa e barata para todos e flexibilização dos consumos Segundo a ONU, cerca de 68% da população mundial viverá em cidades em 2050. É aí que ocorrerá uma grande parte do nosso consumo energético e, portanto, faz sentido investir na microprodução descentralizada de energia no centro das nossas cidades. Tal como o nosso consumo, as energias renováveis são previsíveis mas variáveis. Assim, com sistemas inteligentes de partilha de produção à escala de uma cidade conseguimos reduzir substancialmente o custo da nossa fatura de eletricidade. Como? Recorrendo à produção centralizada despachável como parâmetro de ajuste apenas quando o consumo local excede a produção local. 2) Mobilidade e planeamento urbano inteligente (a cidade dos 15 minutos) Atualmente, vivemos um conflito geracional entre uma geração que não percebe como é possível viver de forma diferente e outra geração que tem consciência que não é possível continuar a viver da mesma forma. É fundamental criar um plano de investimento em infraestrutura para o transporte individual de baixo peso (ciclovias) e, simultaneamente, apostar no transporte público (tramway/autocarro/metro/comboio). É incompatível com um sistema urbano de planeamento inteligente que se continue a apostar num modelo de desenvolvimento social onde o transporte individual pesado assume o monopólio das nossas cidades, tirando espaço aos meios de transporte mais amigos do ser humano, da economia e do meio ambiente. Pintar asfalto de verde, vermelho ou de qualquer outra cor, não é desenvolver uma ciclovia, nem tornar a cidade mais eficiente ou mais sustentável. Não há peões numa autoestrada, assim como não pode haver carros numa ciclovia. Tal como se reconhece a necessidade de passeios para a circulação de peões, também a mobilidade ligeira carece de infraestruturas que lhe sejam exclusivamente dedicadas.

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