BF4 - iAlimentar

LATICÍNIOS EM PORTUGAL 37 Alio também aqui o conceito da inovação, essencial para conduzir à mudança respondendo às alterações conjunturais, quer seja na ótica da captação de valor, quer na ótica da redução de custos. Alargaria às preocupações existentes com a quebra de consumo de leite e produtos lácteos, que foram e são alvo de campanhas de desinformação e ‘atropelamento’ e delapidação de imagem enquanto alimento nutricionalmente completo e adequado a todas as idades, influenciando negativamente os consumidores, por produtos que querem ocupar o seu lugar no regime alimentar. Por fim, a necessidade de preparar e trazer capital humano, tão necessário à manutenção, ao desenvolvimento e crescimento das indústrias. Falando dos custos de produção, sempre tão sacrificados. Em que ponto estamos neste momento, depois de uma pandemia e de uma guerra que está a afetar a Europa? Há risco de muitas falências? Em termos de custos de produção, a indústria passa por uma série de provas duras, que obrigam a pensar e a reorganizar processos, menorizando impactos mais gravosos. Ao esforço considerável que tem sido feito para a manutenção da remuneração do leite recolhido junto dos produtores, temos que adicionar os incrementos muito substanciais dos demais fatores de produção: da energia aos transportes, passando pelas embalagens plásticas às caixas de cartão. Todos tão bem conhecidos. Aumentos estes que não conhecem calendário. Quero com isto dizer, que muitas das vezes não há uma cotação ‘fixa’ para uma encomenda colocada. A complexidade dos desafios com que o setor se depara têm impacto imprevisível. Existe um grau elevado de fragilidade. Há uma preocupação crescente com os operadores, pois há os que correm sérios riscos de insustentabilidade em termos económicos e financeiros. Cada português consome, em média, 79 kg de leite líquido (incluindo as bebidas à base de leite), os iogurtes representam cerca de 21 kg, os queijos têm um consumo per capita pouco acima de 13 kg por ano, e a manteiga 2 kg Que radiografia faz atualmente da indústria dos laticínios em Portugal? O leite é um produto estratégico em termos nacionais, não só ao nível da alimentação e nutrição, mas como pilar essencial ao nível económico e detentor de um papel fundamental ao nível da organização territorial. A indústria de leite e produtos lácteos nacional gera cerca de 1.460 milhões de euros por ano, o que representa 1,7% da indústria transformadora e é a terceira mais valorizada no seio da indústria alimentar com 11 % da vendas. Emprega diretamente cerca de 6.400 pessoas, 7% do emprego na indústria alimentar, em 344 empresas, dispersas pelo território nacional. Possui um elevado grau de modernização e está bem adaptada aos mercados e às exigências dos consumidores. A partir do leite recolhido, a indústria nacional produz um leque variado de produtos lácteos. Dos produtos mais tradicionais, passando por produtos especializados aos inovadores. Para constatar este facto basta olhar para um linear para, na realidade, sentir a diversidade. Em termos de fabricações, os produtos commaior expressão, em termos de volume, são o do leite líquido (660 mil toneladas), dos iogurtes e leites fermentados (116 mil toneladas) e do queijo (85 mil toneladas). Relativamente ao consumo humano de leite e produtos lácteos, apesar de não serem conhecidas as capitações de 2021, os dados relativamente a 2020 (118,3 Kg), mostram a recuperação face a 2015, que foi o ano de menor consumo per capita (115,5 kg). Cada português consome, emmédia, 79 kg de leite líquido (incluindo as bebidas à base de leite), os iogurtes representam cerca de 21 kg, os queijos têm um consumo per capita pouco acima de 13 kg por ano, e a manteiga 2 kg. No entanto, julgo que os valores tenderão a decrescer, e tal deve-se não só às alterações dos hábitos de consumo, acompanhada da diminuição demográfica e da concorrência dos produtos vegetais, mas também poderão vir a ser penalizados pela perda de poder de compra dos consumidores. Sem considerar a pandemia e as crises económicas que temos vivendo, que desafios e constrangimentos atravessa o setor? Os desafios e os constrangimentos do setor não se confinam, longe disso, a alguns pontos, que possa aqui enumerar. Começaria pela competitividade e criação de valor para a indústria láctea, trabalhar pela sustentabilidade económica e financeira do setor, muito focada na recuperação dos desequilíbrios que existem ao nível da cadeia de valor.

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