BF3 - iAlimentar

41 ALIMENTAÇÃO DO FUTURO VERSUS ALTERNATIVAS À CARNE de alimentos como, por exemplo, “carne, pescado e ovos” e “laticínios”, extrapolando as porções recomendadas pela Roda dos Alimentos. E tudo isto leva ao inevitável excesso de consumo. Números da Balança Alimentar Portuguesa (BAP) 2016-2020, refere Deolinda Silva, mostram que o aporte calórico médio diário, por habitante, permaneceu elevado, 4 075 kcal, o que representa o dobro do valor recomendado para um adulto com um peso médio saudável. Pior. A BAP conclui que as disponibilidades alimentares para consumo continuam a mostrar uma oferta alimentar excessiva e desequilibrada. Por enquanto parece que a principal preocupação do consumidor passa, no que concerne ao que compra, por saber de onde vem, como foi produzido e como está embalado. Como reconhece Susana Fonseca da ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável, talvez ainda não pese tanto na decisão final quanto deveria, mas a preocupação está lá e a crescer. Uma tendência que está em ascensão é o aparecimento de novos tipos de alimentos. Há cada vez mais consumidores que aderem à dieta vegan e a indústria está a desenvolver produtos para corresponder a esta procura. Sobre isto Susana Fonseca refere que todos os estudos científicos apontam para a necessidade de reduzirmos drasticamente o nosso consumo de proteína animal. “. É um dos maiores contributos que podemos dar para a redução da nossa pegada ecológica (a par com o evitar viajar de avião) e será fundamental para conseguirmos viver bem dentro dos limites do planeta”, afirma, acrescentando que é, simultaneamente, uma boa decisão em termos de saúde, dado que “a nossa balança alimentar demonstra que consumimos muito mais proteína animal do que deveríamos (se pensarmos na roda dos alimentos)”. Para a ambientalista, as alternativas à carne que vão surgindo são uma boa forma de podermos ter uma alimentação variada, divertida, prática, o que pode facilitar a transição para uma alimentação commaior espaço para a proteína vegetal. No entanto Susana Fonseca alerta que se seguirmos a dieta mediterrânica, “ já estaremos a dar um excelente contributo sem precisarmos de muitos produtos processados vegan ou vegetarianos”. Independentemente da opção de cada um “os produtos que entram no mercado, sejam vegan ou não, têm de cumprir com regulamentações apertadas, pelo que terão de ser adequados à alimentação humana para poderem ser vendidos enquanto tal”. ALTERNATIVAS À CARNE Para Deolinda Silva, a questão prende-se com que os consumidores devem também compreender que um alimento sustentável é aquele que é produzido com métodos de produção que respeitam o ambiente, é um alimento sazonal, de proximidade, comuma cadeia de distribuição curta e, idealmente, adquirido diretamente aos produtores. Mais do que isso. É ainda um alimento não processado ou com um processamento mínimo, de modo a minimizar recursos como a água ou a energia e que respeita o bem-estar do ambiente, dos animais, dos produtores e dos consumidores. E sobre isto a responsável pela PortugalFoods afirma que é fundamental que sejam bem estabelecidas ferramentas de medição e que estas sejam transversais a todo o setor e a todas as categorias de produto. Por outro lado, acrescenta, “sabemos que as empresas nacionais da área da carne e do leite têm pautado a sua atuação com base nestes critérios, certificando as suas explorações e unidades industriais (por exemplo, o bem-estar animal, modo de produção biológico) e, por isso, é essencial esclarecer a população de que o consumo de carne e laticínios de origem nacional não deve ser desincentivado”. Deolinda Silva volta a mencionar a importância de aumentar a literacia alimentar do consumidor. Mesmo porque, só desta forma, será possível avaliar o facto que há alternativas proteicas que são muitas vezes produzidas noutros países com ingredientes de diferentes partes do globo e, nesse sentido, possivelmente, a pegada de carbono de 90 g de carne ou 250 ml de leite de origem nacional terá um menor impacto ambiental do que um preparado de origem vegetal que viajou milhares de quilómetros para ser colocado à nossa mesa. O mesmo em relação ao conteúdo nutricional Se seguirmos a dieta mediterrânica, já estaremos a dar um excelente contributo sem precisarmos de muitos produtos processados vegan ou vegetarianos

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