BA8 - Agriterra

61 VITICULTURA Hoje, o maior gasto de água talvez se dê na adega propriamente dita. Seja na lavagemdas garrafas, das instalações ou mesmos das barricas. No caso da Casa Relvas – e da lavagem das garrafas - e como indica Alexandre Relvas, trata-se de uma água que não é poluída, mas simpassível de ser usada para lavagens de chão e enxaguamentos. No último ano, por exemplo, a empresa investiu cercade 1,5milhões de euros, commuito desse investimentoa incidir quer na racionalização da água quer nas energias renováveis, com a implementação de painéis fotovoltaicos e a aquisição de um grupo de frio mais eficiente. A Herdade do Rocim, por seu lado, entre outras medidas, optou por ter um sistema de informação semanal de consumo de água por forma a aumentar a sensibilização dos colaboradores para este tema. Isso e a colocação de cartazes de sensibilização para a poupança da água junto de cada torneira, tanto na área operacional como na área do enoturismo. Já a Casa de Santa Vitória, do grupo Vila Galé apostou em ter uma produção integrada em todos os seus espaços agrícolas. Como refere Tomás Jónatas, responsável pela vinha/olival e azeites da Casa de Santa Vitória, isso significa que os pesticidas só são usados como último recurso. “Este é o primeiro passo do primeiro pilar da produção integrada”, acrescenta, dizendo que, no caso específico das pragas – nomeadamente a traça – trabalham com armadilhas, emque utilizam feromonas para atrair sexualmente os insetos. Só a partir de um determinado nível de “ataque” é que compensa a aplicação do produto. A par disso a empresa faz arrelvamento na entrelinha. “Tentamos ter umcoberto vegetal, neste caso espontâneo, na entrelinha, que nos ajuda, no caso do solo, a ter menos erosão, tanto hídrica, como eólica”, explica. Quando a “relva” já está muito grande é aparada com destroçadores. Ao contrário de outros produtores (de menores dimensões) a Casa de Santa Vitória prefere controlar a altura do coberto vegetal de forma mecânica. Por outro lado, não faz movimentação dos solos, “para não haver erosão hídrica”. Para não desperdiçar nem uma gota de água no sistema de rega gota-a-gota, Tomás Jónatas revela que este émonitorizado automaticamente e que utiliza sondas de humidade de solo para saber os níveis das várias parcelas de vinha. “Toda a rega é feita através do controlo da humidade do solo”. UMA REVOLUÇÃO DE 1,5 METROS A The Fladgate Partnership, com a Casa Fonseca, é, provavelmente, um dos produtores mais empenhados e mais ativos na sustentabilidade da vinha. A empresa até criou ummanual com práticas sustentáveis, estando a sustentabilidade embutida na sua estratégia. Mas vamos por partes. No caso da vinha especificamente, a empresa criou um modelo de viticultura que assenta em cinco vetores: a arquitetura do terreno na defesa da erosão do solo e na beleza da paisagemcriada; a cobertura do solo com ervas espontâneas; a escolha e a distribuição das castas no terreno em função das suas caraterísticas e tendo em vista o vinho a produzir; o amadurecimento das uvas dirigido para o vinho do Porto; e a ausência de rega na vinha. Tendo emconta amorfologia das vinhas no Douro, a empresa chegou a um desenho inovador dos patamares. Ao redimensioná-los para 1,5 metros de largura e um bardo de vinha – em terrenos com uma inclinação de 30% a 50% - isso vai combater a erosão do solo e, simultaneamente, reduzir a altura do talude (muro de pedra). Este, desta forma, fica mais estável e fácil de limpar permitindo, ao mesmo tempo, um aumento da densidade da vinha em 35% - quando comparado com os tradicionais patamares de 2,3 metros. Com a vantagem de não comprometer a manutenção dos terrenos, feitos por equipamentos mecânicos, como tratores de 90 centímetros. Como explica a empresa, esta nova arquitetura do terreno é especialmente útil, por exemplo, em situações de chuvas torrenciais, onde, antes, a chuva levava tudo à frente e chegava a destruir, por completo, a vinha. O chamado patamar estreito tem 1,5 metros de largura e 3% de inclinação permite o escoamento das chuvas torrenciais. Mas as vantagens vão mais além: permite uma maior densidade de plantação - mais 35% de videiras para igualdade de distância de videira a videira; reduz a altura do talude em terra associado a cada patamar; possibilita ummelhor aproveitamento relativo da terra para as videiras; traz eficiência do trabalho manual e mecânico; dá mais segurança do trabalho mecânico; e aufere um grau de mecanização em pé de

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