BA8 - Agriterra

GREEN DEAL: DO PRADO AO PRATO 21 Estima-se que em 2050, a população mundial seja 25% superior em relação à população atual pelo que produzir mais alimentos, utilizando menos recursos naturais como é o caso da água ou o solo é um dos maiores desafios do setor agrícola. Produzir hoje, valorizando o amanhã é um desafio e uma missão já dos dias de hoje! Os recursos naturais são limitados e é importante respeitar e conservar os recursos endógenos e a biodiversidade. Tal só será possível através da implementação de uma intensificação sustentável da agricultura. Aliás, a implementação de uma agricultura sustentável, do ponto de vista económico, ambiental e social, aliado à transição digital do setor são os desafios mais exigentes para a atual geração de agricultores, como identificado nas políticas europeias - Pacto Ecológico Europeu e Farm-to-Fork, e nacionais - Agenda de Inovação Terra Futura, e de acordo com as metas definidas para 2030. Neste sentido, é fundamental a re-evolução verde da agricultura, que passa não só por uma transição digital e tecnológica do setor, mas também por uma maior consciencialização sobretudo ao nível das práticas agrícolas. Tomando o solo como exemplo, estima-se que 95% dos alimentos são produzidos de forma direta ou indireta no solo e, neste sentido, o solo é considerado a base para a agricultura. O solo é uma estrutura viva e não apenas uma matriz de suporte à vida humana, animal e plantas. Neste sentido, manter um solo vivo e saudável, é um sinónimo claro de proteger a biodiversidade do solo e, sem dúvida, a base para a produção de alimentos saudáveis tanto ao nível da sua qualidade, mas também quantidade. Para além do mais, os solos são responsáveis por sequestrar uma grande quantidade de carbono. Mas a grande questão que se coloca é como manter um solo saudável em particular para a agricultura e para uma intensificação sustentável do setor? O solo é composto por um grande e complexo número de macro e microorganismos. No caso dos microorganismos, estes incluem fungos, bactérias, vírus, arqueas e protozoários que, no seu todo constituem o microbioma do solo. Manter o equilíbrio deste microbioma é fundamental para estabelecer um solo agrícola equilibrado e saudável. Um solo saudável vai fornecer nutrientes necessários de forma equilibrada para as plantas, aumentar a capacidade de retenção da água e promover o sequestro de carbono, bem como aumentar a resistência e resiliência das plantas às pragas, doenças e outros stresses abióticos. Além disso, ao permitir uma população microbiana benéfica, diminui a incidência de microorganismos patogénicos. Para manter um solo saudável é, pois, necessário, ter em conta diferentes práticas agrícolas que visem uma maior fertilidade do solo, maior biodiversidade e maior produtividade. Tendo em vista estas relações, o microbioma do solo pode ser de facto utilizado como um biomarcador da sustentabilidade da produção agrícola. Por exemplo, comparando duas explorações agrícolas independentes de produção de prunóideas (ameixa e nectarina), de duas localidades próximas da região do Fundão mas utilizando práticas de gestão distin-

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