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CEREAIS 26 nomeadamente a genotipagem em chip, já disponível em laboratórios em Portugal. E apesar do universo demarcadores moleculares não ser tão alargado, como o da sequenciação de fragmentos de DNA em larga escala, contém ainda milhares de marcadores de DNA úteis para a aplicação em seleção genómica. E esta foi uma constatação importante. Assim, todo o plano de implementação da estratégia de seleção genómica foi adaptado à realidade nacional em ter- mos de genotipagem e fenotipagem. Embora o INIAV tivesse instalado o procedimento de fenotipagem, o aumento drástico do número de linhas a caraterizar fenotipicamente exige um grande esforço dos recursos humanos disponíveis. E tambémneste aspeto, a disponibilidade do servidor informático permitiu o desenvolvi- mento de uma aplicação informática que, instalada em tablets (Figura 2), e com configuração adequada, facilitou a implementação de um processo de fenotipagemmais eficiente, mais rápido e mais seguro, uma vez que todos os dados adquiridos podem estar a um clik do armazenamento numa base de dados construída para o efeito. Esta ligeira alteração ao processo de registo da caraterização fenotípica permite guardar a informação em formato utilizável pelos bioinformáticos e bioestatísticos, que assim a podem importar para as pipelines de análise, de modo a proceder aos estudos de associação genótipo-fenótipo (Figura 3) e respetivo cálculo dos Valores de Melhoramento Genómico. A utilização destas ferramentas e a sua inclusão emprogramas de melho- ramento já provou a sua eficácia. A seleção genómica foi fortemente implementada no Reino Unido e está a ser testada também em Itália. O INIAV está agora a dar os primeiros passos na utilização da estratégia de seleção genómica de trigo em ambiente de sequeiro. MELHORAMENTO DE TRIGO EM PORTUGAL VAI ENTRAR NA ERA DA GENÓMICA Aproveitando o know how acumulado, o INIAV está a investir na capacidade de genotipagem e fenotipagem de modo a que estes processos se complementem em tempo útil. O melhoramento de trigo em Portugal vai entrar na era da genómica. Uma linha de trigo pode levar até 12 anos para ser considerada uma nova variedade. A seleção genómica, melho- rando o conhecimento da associação entre variações genéticas e fenótipos complexos aumenta a precisão do melhoramento e será um excelente auxiliar na seleção de parentais que se adequem a características específicas (por exemplo, rendimento de produ- ção em sequeiro ou aceleração da data de maturação do grão). No âmbito do projeto FASTBREED foi submetido um pedido de patente europeia (EPO) de um painel de marcadores para auxílio ao melhoramento de trigo na região mediterrânica. Porém, há que ter atenção: a seleção genómica deve servir o propósito de proporcionar o aumento de ganho genético por ciclo de melhoramento, mas deve também ter em conta a uti- lização de progenitores adaptados a cada tipo de condição edafoclimática e utilizar o fenótipo como guia para o genótipo a utilizar. E para que isto funcione, é necessário trabalhar de forma interdisciplinar. O melhorador sabe qual o fenótipo que ambiciona, o bioinformático sabe quais os genótipos que apresentam o fenótipo ambicio- nado e o bioestatístico pode utilizar modelos de previsão de ganho gené- tico. Finalmente o melhorador toma a decisão. Atualmente, omelhoramento genético em trigo, ou outras culturas, tem de estar preparado para integrar as novas ferramentas e avaliar a cada passo do processo, qual o ganho genético que obtém e qual a estratégia que deverá seguir. A seleção genómica é um dos caminhos mais promissores e foi o projeto FASTBREED que permitiu a sua adaptação e implementação no programa de melhoramento de trigo na região do Alentejo. O futuro começa agora! n Figura 3 - Gráfico que ilustra um estudo de associação genómica para o Rendimento (kg/ha) em trigo. Cada ponto é uma variação no DNA. Cada cor representa um cromossoma. Todo o plano de implementação da estratégia de seleção genómica foi adaptado à realidade nacional em termos de genotipagem e fenotipagem