BA3 - Agriterra

76 CULTURAS EM EXPANSÃO | PHYSALIS E GOJI Depois a colheita é semanal, desde o primeiro dia, e tem um crescimento exponencial, “depois temos a planta cheia de fruta e vem a geada e des- trói-a… por isso é que começámos a experimentar em estufa e, neste momento, já temos produção o ano inteiro”, assegura Luís Manso. Mas quando há geadas negras, como foi este ano, associadas a muito frio, as plantas em estufa também são afeta- das. No entanto, o produtor frisa que a physalis é uma planta muito resi- liente que recupera com facilidade. “Com as podas e uma adubação correta, também perde alguma da acidez e passa a ser mais doce”, asse- gura Luís Manso, salientando que a planta gosta de terrenos franco are- nosos com alguma profundidade e matéria-orgânica, não apreciando solos barrentos fortes. “A physalis gosta de um ph na ordem dos 6/7, a fertilização é feita de acordo com o solo, mesmo os períodos de rega têm de ser adaptados ao solo, está- gio da planta e condições do clima, claro: agora rego uma vez por semana e no verão posso ter de regar duas vezes por dia”. A adubação também depende muito do estágio da planta, numa fase ini- cial mais azotado e com fósforos, para o arranque, e numa fase final mais ricos em cálcios e potássio, salienta o produtor. Ao nível da sanidade, “a grande doença da cultura, na minha zona, ou seja centro, é o oídio e que apenas con- seguimos controlar, neste momento, com enxofre”, explica. GOJI SÓ TEM DUAS DOENÇAS/PRAGAS: OÍDIO E PÁSSAROS Ricardo Pires, o irmão e um amigo, decidiram criar a Agriforos e apostar na produção de bagas de goji em 2015 “porque hámuito que queria fazer algo na área da agricultura, seguindo as raízes (porque o meu avô era produtor de fruta) e também para aproveitar o terreno da família em Vila Franca de Xira. Assim, dois enfermeiros e um camera man decidimos apostar no goji, depois de termos estudado várias opções”. Plantaram 3,2ha e, na altura, “devíamos ter sido o segundo maior produtor, sendo que havia apenas quatro ou cinco, que tenha conhecimento”. Outra dificuldade foi encontrar informação disponível fidedigna, além do atraso na aprovação do projeto de jovem agricultor “que era para ser de 60 dias e demorou um ano”. Mas, entretanto tiveram sorte por- que conseguiram encontrar uma OP bem perto que aceitou apostar na cultura – a Frutalmente, dedica-se principalmente à uva de mesa, mas tem fruta tão variada como ameixa, alperce, pêssego, figo, romã, moran- gos, pera, maçã, dióspiro, limão e as bagas de goji, comercializada com a marca 'Adoora'. No caso do goji é vendido em fresco ou desidratado. A internet foi a principal fonte de infor- mação até para a escolha da espécie desta planta da família do tomate, “só se falava emduas: LyciumBarbarum e LyciumChinense , que são as espécies mãe a nível mundial e nós escolhemos a primeira. Mas hoje já há várias deriva- das, com sabor mais doce, maior grau brix, resistentes ao oídio, etc.” Ricardo Pires ressalva que “basica- mente, só existem duas doenças/ pragas no goji – o oídio e os pássa- ros –, aparece, por vezes, algum piolho sazonal mas que não tem grande repercussão”. Como estão em Modo de Produção Biológico só podem usar enxofre, mas “temos conseguido con- trolar o oídio, atuando muito de forma preventiva”. Quanto aos pássaros, o agricultor reconhece que tem sido mais difícil afugentá-los, tendo os melhores resul- tados sido “com a máquina de sons, que simula aves em sofrimento ou aves de rapina, e a máquinas de tiros”. O produtor alerta potenciais interes- sado na cultura para que verifiquem bem as informações porque “em 2017 perdemos a produção praticamente toda porque seguimos indicações de que não era preciso dar muito água nem alimento”. A partir daí, assessorados pela enge- nheira agrónoma da empresa, foram fazendo apostas cautelosas e tes- tando resultados e a produção tem vindo sempre a crescer “sendo que em 2020 tivemos tanta, tanta baga… nunca pensei que pudéssemos ter tanta produção”. A Agriforos mantém os arbustos a 1,60mt, fazendo duas podas por ano e tem rega gota-a-gota com uma dota- ção que pode ir até aos 4lt/dia por planta, que estão num compasso de 3mt/1mt. Ricardo Pires trabalha com a Frutalmente, uma OP bem perto da sua quinta, que aceitou o desafio de comercializar as bagas de goji.

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