BA3 - Agriterra

52 REGADIO viviam raposas e outras espécies, as lontras que víamos nas margens, além de vários tipos de peixes, desapareceu tudo. Com este plano, e com projetos específicos que se podem vir a fazer, queremos precisamente recuperar alguma desta biodiversidade”. O vice-presidente adianta ainda que, segundo um estudo feito “por mim e pelo Eng. Carmona Rodrigues – e apresentado no Congresso de Rega e Drenagem em novembro passado–, com base em números oficiais, em relação aos caudais do Tejo, e também previsões estatais no que diz respeito às alterações climáticas, neste momento só são aproveitados cerca de 5% das águas superficiais do Tejo e se a super- fície de rega passar progressivamente dos atuais 100 mil hectares para os 300 mil, incluindo o Oeste e Setúbal, em 2100 o Tejo ainda terá o dobro da água necessária para isso”. O projeto prevê, também, a navegabili- dade do rio, potenciando o transporte fluvial e o turismo e lazer, a reposição de condições para o desenvolvimento das espécies piscícolas tradicionais, potenciando a pesca e aquacultura, a produção de eletricidade verde nos açudes e barragens a construir, podendo constituir-se como infraes- trutura primária de adução de água para o abastecimento urbano e indus- trial, em parceria com as respetivas Entidades responsáveis. Finalmente, o projeto pretende ser uma referência a nível ambiental pois, além de levar ao abandono progres- sivo das águas subterrâneas, permitirá a recuperação de linhas de água e de zonas ambientais sensíveis, nomea- damente pauis e salinas. ALQUEVA CONTINUA A EXPANSÃO NO REGADIO A atual quota disponível para a ativi- dade agrícola no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) “é manifestamente insuficiente para acomodar a expansão da área de regadio atualmente em desenvolvi- mento”. O alerta foi dado na sessão de abertura da 37.ª edição da Ovibeja por Rui Garrido, presidente da ACOS – Agricultores de Portugal. De acordo com o responsável, estima- -se que o regadio de Alqueva venha a beneficiar cerca de 200 mil hectares em breve, o que, à quota disponível atualmente, “significa uma dotação de rega inferior a 3.000 metros cúbicos de água por hectare”. Esta situação, considerou Rui Garrido, coloca em causa “algumas culturas permanentes já instaladas” e limita “seriamente o leque das opções de outras a instalar”. O regadio é fundamental, mas há que pensá-lo “de mãos dadas com a independência energética para não carregar na pegada carbónica e atingir a tal expansão que queremos verde”, alerta José Pedro Salema Com 65 mil hectares de olival e 15 mil hectares de amendoeiras, Alqueva contribuiu decisivamente para os valores de produção de azeite e de amêndoas do País, salienta o presidente da EDIA. Foto: EDIA

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