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61 MATERIAIS Materiais compósitos ecológicos: há espaço na indústria para materiais mais 'verdes'? Os materiais sintéticos nasceram da necessidade de conceber produtos com melhores propriedades do que os materiais ditos ‘naturais’ possuem. As propriedades sinérgicas obtidas quando se combinam fibras, matrizes e outros materiais, fazem com que os produtos compósitos consigam possuir diversas funcionalidades em simultâneo, e assim, serem utilizados numa vasta gama de setores 1, 2, 3 . Atualmente, é comum a utilização de materiais compósitos no setor automóvel, aeronáutico e espaço, mas também no desporto e em aplicações industriais. Porém, o advento de novas preocu- pações ambientais na sociedade, alterações legislativas, e o reforço do ‘marketing verde’ observado na última década, levou a indústria a refletir o paradigma da sustentabi- lidade. Uma consciencialização que levou ao aumentando do interesse na utilização de materiais compósi- tos com fibras naturais (ao invés das sintéticas), e resinas recicláveis ou de origem natural, como forma de desenvolver compósitos económicos, sustentáveis, leves e flexíveis. Nos últimos anos, também o INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial tem estado atento à necessi- dade de reduzir a pegada ecológica dos diferentes sectores, tendo colaborado com várias empresas no desenvolvi- mento de soluções sustentáveis com recurso a materiais compósitos de fibras, e resinas naturais e/ou recicláveis. Em geral, dependendo dos consti- tuintes da natureza, os compósitos compostos por estes materiais podem ser classificados como parcialmente ecológicos (quando umdos seus cons- tituintes é proveniente de recursos não renováveis) ou verdes (quando todos os seus constituintes são obti- dos através de recursos renováveis) 1, 4 . Assim, observa-se ummaior interessa na substituição de fibras de carbono, vidro ou aramida por fibras de origem natural, como o linho ou cânhamo, numa substituição que pode ser total ou parcial. USO DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS LEVANTA DESAFIOS PARA A COMUNIDADE CIENTÍFICO-TECNOLÓGICA Como dotar estes materiais de carac- terísticas renováveis e biodegradáveis? Em resposta a esta questão, as fibras naturais surgem como uma solução possível. A sua viabilidade funcional e económica, porém, ainda não está ao nível ideal. Estas fibras são principalmente de origem vegetal (essencialmente com- postas por celulose) ou animal (à base de proteínas). As fibras vegetais são as mais comumente utilizadas emcompó- sitos, podendo ser obtidas através dos caules, folhas ou sementes de várias plantas. As estruturas celulares destas fibras são complexas, pois cada uma possui um conjunto de microfibras de celulose rígidas incorporadas numa matriz de lignina e hemicelulose. Para ocorrer uma falha mecânica, é neces- sária uma energia suficiente elevada para desenrolar todas as microfibras, e então causar uma rotura. A indústria tem mostrado interesse em aplicação com fibras de juta, linho, cânhamo e rami, devido às suas pro- Carla Gomes, gestora de projetos, Marta Martins e Susana Sousa, investigadoras do INEGI na área dos materiais e estruturas compósitas

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