BP12 - InterPLAST

ENTREVISTA 19 impacto ambiental mais visível pela sua leveza e cores vivas, ainda que outros materiais também tenham os seus desafios. Estão já a ser tomadas medidas do ponto de vista legislativo, como a Diretiva SUP, parcialmente transposta para o direito nacional, para a redução da sua utilização ou um uso mais eficiente. Do nosso lado, temos também vindo a apoiar as empresas neste sentido, como já aqui falamos, seja através do ‘ecodesign’, do ‘design for recycling’ ou de projetos de I&D. Consideramos muito importante consumir racionalmente, com consciência, e combater a descartabilidade, sempre que exista uma alternativa ambientalmente vantajosa para o efeito. Gostaria de destacar algum dos projetos de I&D em que a SPV está envolvida, relacionado, por exemplo, com a reciclagemde plásticos ou o desenvolvimento de novos materiais alternativos? Sim, a título de exemplo, um dos muitos projetos que a Sociedade Ponto Verde apoia neste âmbito permitiu encontrar materiais alternativos ao plástico, tendo mesmo dado lugar a uma substituição por bolacha comestível. Este projeto em específico permite efetuar a transição de materiais, numa solução inovadora que previne a geração de resíduos, ao utilizar produtos que são comestíveis e biodegradáveis como embalagem, contribuindo para os objetivos inerentes à aplicação da legislação europeia e nacional em matéria de redução do impacto de produtos de utilização única em plástico. Mesmo coma implementação das medidas emcurso, vamos continuar a ter plásticos mistos de difícil reciclagem. A reciclagem química oferece uma solução eficaz, mas cara. Podemos vir a contar com este processo em Portugal? A reciclagem química apresenta-se, cada vez mais, como uma tecnologia promissora para o aproveitamento dos plásticos commaior dificuldade de escoamento para reciclagem mecânica ou até para plásticos não recicláveis. Felizmente, o desafio da reciclagem química, nesta fase, não é tecnológico pois existem já diversos processos que permitem o processamento de resíduos plásticos emnovas matérias-primas. O desafio atual reside essencialmente na rentabilidade da reciclagem química e como é que os custos da mesma se comparam com outras alternativas. Estamos confiantes que a inovação nestes processos permitirá, no médio prazo, o aparecimento de instalações que garantirão com segurança e de forma credível uma muito maior circularidade dos plásticos na economia, com óbvias vantagens também para o ambiente. Que entraves poderão existir ao aumento das taxas de reciclagem de embalagens de plástico? O desafio na reciclagem de embalagens inclui todos os materiais. Isto se considerarmos os resultados obtidos no último Radar da Reciclagem, publicado em dezembro, que revela que a distância de casa ao ecoponto é apontada por 60% dos portugueses não recicladores como uma das principais barreiras à reciclagem e que a oferta de incentivos, que podem ser monetários, fiscais ou em forma de vales/descontos, constitui um fator de peso que pode modificar os atuais comportamentos a favor da reciclagem. Podemos assim concluir que há ainda um caminho a percorrer para que se consiga aumentar as taxas de separação e reciclagem de embalagens em Portugal. É essencial que se continue a atuar em rede com todos os agentes económicos e em grande proximidade nas comunidades, a criar novas ideias e modelos que incentivem a reciclagem de embalagens e a desenvolver campanhas de comunicação que continuem a sensibilizar e a esclarecer as dúvidas que ainda persistem. Dados de 2021 revelam que 7 em cada 10 portugueses participam na reciclagem de embalagens.

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