BJ3 - Novoperfil Portugal

ENTREVISTA 77 PERFIL vocas. A realidade de hoje em dia já demonstrou que os ETICS e outras argamassas de cariz mais técnico, impos- síveis de produzir em ambiente de estaleiro, contribuem decisivamente para o sucesso das aplicações. Falta que os utilizadores apreendam que esta realidade se estende a todas as argamassas utilizadas em obra, para qualquer tipo de aplicação. Quanto ao cimento-cola, que considerações são importantes realçar, tendo em conta que ainda con- tinuamos a ver notícias sobre desprendimentos e descolamentos de fachadas cerâmicas de prédios? Como referi anteriormente, a evolução tecnológica dos materiais e o cumprimento de normas de produto por parte dos fabricantes, não bastam para garantir o sucesso das aplicações. Apesar das melhorias que se têm sentido, é fundamental o conhecimento profundo e atualizado por parte dos instaladores, não apenas sob o ponto de vista das técnicas de execução propriamente ditas, mas também sobre a adequação dos materiais a cada utili- zação específica. As normas, em grande parte dos casos, não se dirigem apenas aos fabricantes de materiais, mas a todos os atores da construção. E, no caso concreto dos cimentos-cola, a seleção inadequada do produto para uma determinada colagem, pode tornar-se fatal. Note-se que, quando falamos de cerâmicos colados numa parede ou pavimento, estamos a falar de um sistema de revesti- mento que nunca é fornecido por uma mesma entidade produtora. Por isso, o trabalho que a APFAC tem desen- volvido em parceria com a APICER, sua congénere na área dos cerâmicos, é tão relevante para que a mensa- gem passe para o mercado de uma forma uniformizada e coordenada. Com esta parceria pretendemos desen- volver materiais de comunicação nesta matéria e levar a cabo ações de formação conjuntas de forma a chegar a todos os públicos alvo, prescritores, revendedores de materiais de construção, instaladores, etc. Emmatéria de isolamentos e produtos térmicos apli- cados, qual é o panorama? Nesta área houve, efetivamente, uma enorme evolução. A regulamentação que entrou em vigor há mais de uma década, que obriga as construções a cumprirem requisi- tos mínimos de eficiência térmica, tem vindo a ser revista, sempre com tendência para apertar as exigências de desempenho. Tal facto tem um impacto direto na pro- cura destas soluções e, consequentemente, na evolução do mercado em termos da variedade da oferta disponí- vel. A nossa preocupação constante é que, quer ao nível dos produtos, mas acima de tudo ao nível da aplicação, a qualidade não se deteriore. Ou seja, pretende-se evitar um processo de criação de uma imagemmenos positiva das soluções. Por essa razão, mantemo-nos atentos à rea- lidade e ativos na promoção das boas práticas. Que radiografia faz atualmente do setor da Construção em Portugal na última década? Que desafios ainda temos e que constrangimentos ainda há a superar? Em geral, tem sido verificada uma evolução muito posi- tiva neste setor. Como referido anteriormente, o mercado é mais ativo na procura de informação e formação, em todas as etapas do processo construtivo. Começando mesmo pelo ensino, sente-se que as escolas de enge- nharia e arquitetura iniciam mais cedo um processo de integração dos formandos com a realidade, levando-os a interagir com as empresas e, desta forma, preparando- -os melhor para a sua entrada no mercado de trabalho. As áreas de projeto, tanto na arquitetura como na enge- nharia, procuram estar em contacto mais próximo com a indústria dos materiais para que os projetos sejammais evoluídos e detalhados em termos de conteúdo técnico, elevando assim a sua qualidade. As entidades executan- tes percebem cada vez melhor que a utilização exclusiva do critério preço numa fase de orçamentação, pode ter reflexos muito negativos a curto prazo, aumentando muito os custos de manutenção e reparação. Por outro lado, nesta era da comunicação digital, os utili- zadores finais dos edifícios têm cada vez mais informação facilmente disponível. Todavia, consideramos necessário que o público em geral ganhe maior poder crítico, que conduzirá a uma exigência maior e a escolhas mais infor- madas na hora de transacionar imóveis. Por fim, que mensagem gostava de deixar ao setor nestes tempos desafiantes que vivemos? Conseguimos, como já referi, uma extraordinária adap- tação a um processo desconhecido e essa foi uma prova que este setor é uma parte ativa da nossa economia e da nossa sociedade. Sabemos, contudo, que o que fizemos no passado não nos resolve necessariamente os desafios que temos pela frente, por isso, realço a importância de nos continuarmos a superar e de enfrentarmos o futuro de uma forma proativa e em plena colaboração de forma a continuarmos a crescer e efetivamente contribuirmos para uma construção que permita aos seus utilizadores uma vivência mais segura, confortável e sustentável. n

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