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88 PERFIL CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL todas as empresas envolvidas na recuperação do convento foram da região. UMA OBRA QUE “NASCEU” EM APENAS 18 MESES Foi talvez essa proximidade, a par de toda a experiência da Origens Lendárias na recuperação de edifícios, que fez com que todo o projeto levasse apenas 18 meses a estar concluído. Sendo que, a par da construção, o espaço foi também “inspecionado” por equipas de arqueologia do Fundão e de Coimbra. A diferença – face a outros projetos onde o prazo se arrasta – explica Marília Hilário, foi que houve uma boa coordenação entre equipas. A arqueologia iniciou os trabalhos no interior do edifício e a de construção optou pelo exterior. Sempre que os arqueólogos davam luz verde para determinada área, as obras avançavam nesse espaço. Desta forma, todos conseguiram estar a trabalhar, em simultâneo, no terreno sem condicionar o trabalho uns dos outros. Sobre as chamadas “necessidades” atuais – diga-se eletricidade, água canalizada, aquecimento... - sempre que possível optou-se pela solução subterrânea. Quando isso foi possível, aproveitou-se o revestir das paredes e “afundou-se” só um pouco, por forma a conseguir manter a parede original. Uma das soluções passou por levantar o chão – mesmo porque este teve de ser nivelado, e aproveitar para colocar as utilities necessárias. Tudo para evitar partir pedra, dado que isso “danifica um bocadinho de história”. O cuidado de preservar a história levou, também, a algumas diferenciações nalguns dos espaços. Por exemplo, o quarto que antigamente abrigava a biblioteca tem as janelas um pouco mais altas porque a luz não podia incidir diretamente sobre os livros. Aliás, o hotel não tem dois quartos iguais, precisamente devido a essa adaptação. Inicialmente, a propriedade foi adquirida pela Câmara Municipal do Fundão, que tomou essa decisão para evitar mais degradação e para evitar “que se instalasse aqui um projeto que não preservasse a identidade do espaço”, explica Marília Hilário, que acrescenta que ao ver o que a empresa tinha feito na Casa da Cerca, ao receber a proposta, esta foi aceite. Porque o importante era “manter a identidade do edifício”. n Quando um edifício deixa de ser habitado, não só se degrada mais rapidamente como passa a ser fonte de material para outras construções à volta

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