BI305 - O Instalador

66 RENOVÁVEIS 'Windfloat', que, através uma tecnologia inovadora, permitiu a exploração do potencial eólico no mar, em profundidades superiores a 40m. Com base numa plataforma flutuante semi- -submersível e ancorada no fundo do mar, foi possível a instalação e operação de uma turbina de 2 MW. A unidade foi instalada na costa portuguesa, perto da Aguçadoura, e foi ligada à rede no final de dezembro de 2011. O projeto constitui a primeira implantação eólica offshore em todo o mundo, sem recurso às tradicionais estacas que são utilizadas neste tipo de infraestruturas. A central esteve em operação durante cinco anos, permitindo o passo seguinte no desenvolvimento da tecnologia WindFloat, a fase pré-comercial, denominada WindFloat Atlantic (WFA), que se tornou a primeira central de energia eólica flutuante da Europa continental em 2020 com 25 MW. No entanto, apesar do elevado conhecimento científico e tecnológico criado, Portugal pode incorrer no isco de deixar passar ao lado esta oportunidade, se não estabelecer um polo de referência, tanto no eólico flutuante offshore como noutras tecnologias de aproveitamento de energias renováveis oceânicas, por falta de uma estratégia coesa para os próximos anos, quando outras economias avançam com posições bem marcados neste domínio. O PNEC estabelece uma meta de 300 MW para tecnologias offshore, o que se traduz única e exclusivamente na continuação do projeto 'WindFloat'. França, Reino Unido e Noruega, numa linha direta de urgência, anunciaram, ainda em 2021, leilões dedicados para a tecnologia de eólica flutuante já à escala comercial. Outros países como Espanha, Irlanda e Grécia apresentaram já estratégias a integrar metas nacionais para eólica floating-offshore na casa dos GW de potência. Para beneficiar do potencial existente e dos avanços tecnológicos que se avizinham, Portugal precisa urgentemente de: 1. Definir uma estratégia nacional para energia renovável de offshore a curto e longo prazo, analisando o potencial e estabelecendo metas e políticas de expansão; 2. Rever e monitorizar o PNEC já de acordo com as expectativas do Fit for 55% e da Estratégia Nacional para o H2; 3. Criar mecanismos competitivos e justos que atraiam o investimento com criação das cadeias de valores e geração de emprego; 4. Planear e coordenar os investimentos em infraestrutura de rede para tecnologias offshore e atualizações de acordo com novas metas de descarbonização; 5. Apoiar investimentos nacionais em infraestrutura portuária para permitir a dinâmica de desenvolvimento e construção das infraestruturas a serem posteriormente instaladas ao largo; 6. Continuar a apostar na investigação e desenvolvimento de tecnologias de aproveitamento das ondas e marés. Portugal tem de estar ciente do seu potencial, criando uma perspetiva de curto e médio prazo e aliando a economia azul e verde. Para tal, é necessário demarcar um plano que possa apoiar a decisão de implementação de mecanismos de atribuição de potência e títulos de utilização privativa do espaço marítimo de forma transparente e competitiva e coordenada entre tutelas. É necessário que este plano maximize também a geração de cadeias de valor, através de leilões com critérios além de preço que contribuam para a justiça percebida do processo e salvaguardem a qualidade e sucesso dos projetos, em linha com a estratégia nacional de desenvolvimento de um tecido empresarial e técnico de elevado know-how, e que promova a criação de emprego de valor acrescentado para o País. Acrescenta-se que o facto de esta perspetiva ser aplicada em outros países como Reino e França, bem como a recente revisão das diretrizes de Auxílios Estatais da Comissão Europeia, define abertamente a realização de leilões específicos com a possibilidade de critérios não baseados em preço em 30%, com vista a preservar e ativar as economias locais. n BIBLIOGRAFIA • CE 2021; Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões relativa a uma nova Abordagem para uma Economia Azul Sustentável na UE: Transformar a Economia Azul da UE para Assegurar um Futuro Sustentável, Comissão Europeia, 2021; • CE 2022; Comunicação da Comissão, Orientações relativas a auxílios estatais à proteção do clima e do ambiente e à energia, Comissão Europeia, 2022; • DGEG 2022; Energia dos Oceanos - Implantação em Portugal; Direção Geral de Energia e Geologia, www.dgeg.gov.pt (data de consulta: 12 de fevereiro de 2022); • WindEurope 2021; Scaling up Floating Offshore Wind Towards competitiveness; november 2021; • EDP 2018; Eólica offshore flutuante; www.edp.com (data de consulta: 12 de fevereiro de 2022).

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