BI294 - O Instalador

45 A VOZ DA QUERCUS real muito maior que as estatísticas disponíveis sobre este tema. A atividade destas fábricas foi sendo limitada com as restrições impostas à utilização de amianto desde a década de 90, tendo vindo a ser proibida a utilização de qualquer tipo de fibra, em 2005, devido aos comprovados efeitos cancerígenos. No entanto, a proibição não foi sufi- ciente para travar os efeitos desta fibra carcinogénica, e para a combater é preciso conhecê-la e saber onde foi aplicada, identificar os materiais, os equipamentos e as infraestruturas que incorporaram estas fibras, analisar e monitorizar as situações e avaliar o risco, planear as suas intervenções, remover o amianto e encaminhá-lo para locais adequados. No entanto, esta abordagem não deverá ser feita com políticas alarmis- tas, mas pelo contrário, com rigor e seriedade. Para tal, é preciso apostar nos elevados níveis de competência, conhecimento e formação. Os malefícios são evidentes e está comprovada a relação entre a expo- sição a fibras de amianto e o efeito na saúde, uma vez que é responsável por provocar doenças graves, desde a asbestose, mesotelioma, cancro do pulmão, cancro do ovário, cancro da laringe ou cancro gastrointestinal, com uma diminuição acentuada da qualidade de vida das pessoas. Espera-se que, nas próximas décadas, ainda venham a surgir doenças pro- vocadas pela exposição ao amianto, e que se venha a comprovar outras vias de contaminação, para além da inalação. A biopersistência destas fibras, assim como o longo período de latência das doenças associadas ao amianto, veio a tornar-se um problema. Estima-se que, até 2030, possam surgir cerca de 500 mil novos casos de doenças provocadas pelo amianto na Europa. Uma aposta na informação e na resposta financeira adequada para sustentar as ações de identificação, diagnóstico e remoção dos materiais e equipamentos contendo amianto, quer através dos programas que têm vindo a ser apresentados, nomeadamente aos edifícios públicos e privados (usa- dos como trabalho), mas também a infraestruturas e habitações, deverá ser uma prioridade futura. A prevenção é a chave para conseguir controlar este problema, quer durante a exposição, através da identificação dos riscos e acompanhamento com o serviço da medicina do trabalho, quer ao nível do diagnóstico através da prescrição de exames de rastreio. O diagnóstico precoce permite atuar ao nível do tratamento eficaz e no prolongamento da vida do paciente, devolvendo-lhe a qualidade de vida que o 'amianto' lhe retirou. O futuro mostra-nos esperança, com a organização do setor do diagnóstico e da remoção, comos bons exemplos de outros países que apostam na revisão do VLE aplicado ao amianto, ou comos planos de identificação e apoio à remo- ção emvigor. Mas o presente limita-nos o encaminhamento do amianto, princi- palmente das placas em fibrocimento que estão atualmente a ser removidas dos edifícios, como por exemplo das coberturas das escolas sinalizadas. É preciso a colaboração de todos, neste caminho que será para todos. Só há uma forma segura de gerir o amianto emPortugal: a erradicação. n Desde depósitos a condutas para o armazenamento e abastecimento de água, coberturas, divisórias ou revestimentos de fachadas, ou mesmo autoclismos e floreiras, o amianto foi usado um pouco por todo o território português, em edifícios públicos ou privados, utilizados para trabalho, lazer ou habitação

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