BA7 - Agriterra

73 OLIVAL PROJETOS ‘OLEAVALOR’ E ‘GESCERTOLIVE’ A Escola Superior Agrária de Elvas (Politécnico de Portalegre), juntamente com a Universidade de Évora, através do seu centro de investigação MED, têm desenvolvido, na última década, vários projetos que visam a valorização das variedades de oliveira portuguesas (Projetos 'Oleavalor' e 'Gescertolive'). Francisco Mondragão Rodrigues explica que "têm sido realizados estudos para resolver alguns constrangimentos destas variedades, que lhes retiram competitividade, nomeadamente a baixa taxa de enraizamento aquando da multiplicação no viveirista (por isso menos interessantes economicamente) e a menor rentabilidade atual dos seus olivais (por menores produções médias e uma estrutura de custos mais pesada)". Os resultados obtidos, em divulgação desde 2020 através do projeto 'Gescertolive', mostram que é possível resolver estes problemas: já se conseguiu uma forma de aumentar drasticamente a taxa de enraizamento de variedades como a 'Galega vulgar' (protocolo em fase de registo de patente) e já há boas práticas culturais apuradas, nomeadamente uma poda racional e de menor custo, uma gestão simplificada da rega (com menores consumos e gastos económicos) e uma fácil determinação do momento ótimo de colheita (para obtenção de mais azeite e de melhor qualidade). "Todos estes aspetos, agora em fase de divulgação, permitem contribuir para um aumento da competitividade das variedades nacionais, incrementando produções e reduzindo custos. Continuam os estudos da Escola Superior Agrária de Elvas sobre a valorização da qualidade dos azeites de 'Galega vulgar' e de 'Cobrançosa', em parceria com o CEBAL e a ACOS, com vista a encontrar evidências diferenciadoras da qualidade nutritiva e para a saúde, nomeadamente, através dos teores em substâncias fenólicas e dos perfis de ácidos gordos", esclarece o académico. rizar constantemente os recursos naturais, para fazer uma gestão eficiente da água, dos fertilizantes e dos outros agroquímicos aplicados aos olivais modernos. Evitam-se assim os problemas de contaminação, de sobreexploração dos recursos e da diminuição da biodiversidade”. Vários estudos emcurso, nomeadamente da Universidade de Évora (projetos 'SustainOlive' e 'OleaAdapt'), “mostram que há correções a fazer, mas que é possível manter uma ‘intensificação sustentável’ da cultura. Os equipamentos e técnicas anteriormente referidos (deteção remota, sondas, etc.), bem como a instalação de caixas-abrigo para morcegos e aves com vista a reduzir naturalmente as populações de algumas pragas do olival (e assimdiminuir a aplicação de fitofármacos), a instalação de sebes funcionais, de pontos de água (charcos e bebedouros) ou do enrelvamento devidamente gerido permitem aumentar a biodiversidade”. Também a condução dos olivais segundo os modos de produção sustentáveis (produção integrada e agricultura biológica) “vai também permitir reduzir a pegada química desta cultura”. “Começa a haver em muitos destes produtores a preocupação em medir a pegada hídrica e a pegada de carbono. A aprovação e implementação do ‘Programa de Sustentabilidade dos olivais/azeites do Alentejo’ ( já concluído e em fase de avaliação pelas entidades oficiais) vai dar um importante contributo para a consolidação da imagemde produção intensiva sustentável da olivicultura da região do Alentejo, num primeiro momento, e certamente de outras regiões do País, posteriormente. Quem viaja pelas regiões da nova olivicultura nacional não tem dúvidas que esta cultura contribuiu para um progresso e modernização da agricultura local e para um franco desenvolvimento económico regional, criando mais valias e gerando emprego”, considera Francisco Mondragão Rodrigues. n “Será certamente com o agravamento da intensidade dessas alterações climáticas, nomeadamente com a redução efetiva da precipitação anual, o aumento das temperaturas anuais e a diminuição do frio invernal, que se fará sentir o seu efeito no olival nacional. Menos horas de frio no inverno terão um impacto negativo na floração, com diminuição da produção potencial, que será posteriormente prejudicada por uma menor disponibilidade hídrica, por ocorrer menor precipitação. As temperaturas mais elevadas durante o ciclo poderão ainda afetar negativamente a floração, o vingamento e a acumulação de azeite nas azeitonas durante a maturação”, acrescenta. Mas alerta: “só será possível manter olivais de sequeiro rentáveis, em solos muito férteis e com grande capacidade de retenção de água, em zonas de altitude (onde continuará a haver precipitação suficiente emenor evapotranspiração) e no norte do País, onde o clima continuará ainda assim propício para uma olivicultura de sequeiro”. TECNOLOGIA VERSUS SUSTENTABILIDADE No caso do Alentejo, por exemplo, a cultura do olival ocupa a maior área de Alqueva. Como é que se pode aliar a tecnologia à sustentabilidade da cultura e potenciar igualmente o desenvolvimento económico? À pergunta, o professor é claro: “a tecnologia é essencial na manutenção da sustentabilidade dos olivais de alta produção. Há que monito-

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