BA7 - Agriterra

72 OLIVAL de obra disponível irá colocar grandes áreas de produção numa situação de impasse”. Por outro lado, “amodernização do olival está assente num sistema de condução (olival em sebe) para o qual se dispõe apenas de variedades estrangeiras adaptadas, o que está a conduzir à perda de genuinidade do azeite português, que dependia das variedades exclusivamente nacionais”. Para Mondragão Rodrigues, Portugal conseguiu um feito notável na última década, “que foi mais que duplicar as suas produções de azeite, aumentando simultaneamente a qualidade do azeite produzido, sendo que nas últimas campanhas o azeite de qualidade (Azeite virgem extra + azeite virgem) correspondeu, emmédia, a cerca de 95% do total do azeite produzido”. “O aumento drástico da proporção do azeite dos olivais modernos, no total do azeite nacional, explica uma boa parte deste resultado; o aparecimento de novos lagares com grande capacidade de receção e de nova tecnologia explica outra parte e a profissionalização do setor explica o resto. Tudo melhorou: mais e melhores olivais altamente produtivos; mais e melhores lagares emelhores práticas culturais no olival, em particular uma maior atenção no momento e na forma como se realiza a colheita, para manter a azeitona sã (ou seja, de qualidade)”, explica o académico. TECNOLOGIA ALIADA DOS OLIVAIS MODERNOS A tecnologia tem ajudado o setor em índices de qualidade e, na opinião de Francisco Mondragão Rodrigues ela está cada vez mais presente nos olivais modernos. “Há sondas demonitorização da humidade do solo para melhorar a gestão da rega; há levantamentos periódicos do estado do olival usando deteção remota (drones e imagens de satélite) e de índices de vegetação (NDVI e NDWI) para detetar necessidades de intervenção; há uma monitorização da evolução da maturação para determinar o momento ótimo da colheita”. E não são só os milhares de hectares dos novos olivais que fazem uso desta tecnologia avançada/aplicada, também muitos dos olivais intensivos de regadio e alguns de sequeiro, com algumas décadas de existência, também estão a beneficiar destes avanços no apoio à tomada de decisão. “A adoção alargada da produção integrada e, emmenor escala, do modo de produção biológico tem também ajudado a manter uma maior vigilância da sanidade dos olivais, contribuindo para a obtenção de azeitonas mais sãs e, por isso, de melhores azeites”, acrescenta. ESTUDO DAS VARIEDADES O professor universitário refere que no que respeita ao estudo académico há várias instituições de ensino superior (Politécnico de Portalegre, Universidade de Évora, Politécnico de Castelo Branco e Politécnico de Bragança, maioritariamente, e Politécnico de Beja e Politécnico de Santarém, em menor escala), e até o próprio ministério da Agricultura através do INIAV, que têm desenvolvido numerosos estudos sobre as variedades nacionais de oliveira, tentando caraterizá-las para avaliar a sua produtividade e adaptação às diferentes condições edafoclimáticas, bem como para determinar quais as melhores práticas agrícolas para a obtenção do máximo da sua rentabilidade. “O Politécnico de Portalegre e a Universidade de Évora têm em curso, atualmente, um projeto de disseminação do conhecimento obtido sobre 6 variedades tradicionais portuguesas junto dos seus principais interessados: olivicultores e suas organizações representativas. Continua a haver olivicultores interessados em plantar variedades nacionais, mas que precisam de mais informação para aumentar a produtividade e diminuir os custos de produção. Relativamente às variedades estrangeiras são maioritariamente as empresas responsáveis pelas ‘plantações chave- -na-mão’ que facultam a informação necessária para a sua adequada condução e exploração”, afirma. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS As alterações climáticas já estão a afetar a agricultura portuguesa, “embora o olival ainda não demonstre efetivamente o impacto que provocam”, frisa Mondragão Rodrigues, adiantando que “tem havido algumas alterações do ciclo da cultura, com adiantamento no calendário de algumas fases importantes (abrolhamento, floração, colheita)”, mas “ainda sem grandes impactos na produção final”.

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