BA6 - Agriterra

ENTREVISTA 17 sadas numa base mais regionalizada e, por outro lado, que as verbas que lhes estarão afetas não são consideradas suficientemente ambiciosas para alcançar os objetivos visados. Quanto ao combate às alterações climáticas, com que verbas contamos? Para as alterações climáticas, e excluindo as medidas do Greening, as verbas vão aumentar 30%. Tudo o que neste momento tem a ver com Ambiente e Clima vai passar de cerca de 230 milhões para 300 milhões de euros. É aqui que se materializam os apoios ao ambiente e ao clima? Sim, sem dúvida, ao nível dos Eco-Regimes e das Medidas Agroambientais, que estão pensados para contribuir para a mitigação dos gases de efeito de estufa, para o aumento da capacidade de sequestro de carbono e para a adaptação às alterações climáticas dos sistemas de produção agrícola e, além disso, conseguir uma gestão mais sustentável do uso do solo e da água e a preservação da Biodiversidade e a manutenção de determinado tipo de paisagens. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS A Agricultura portuguesa está verdadeiramente consciente do problema e dos impactos das alterações climáticas no setor? Do que tenho acompanhado, houve uma alteração profunda da perceção dos agentes económicos da Agricultura sobre as alterações climáticas e há umempenho enorme na luta contra o problema. Além disso, a Agricultura tem um papel importante, não só do ponto de vista da adaptação, como da mitigação e sequestro. Muitas destas medidas que agora são introduzidas, nomeadamente, no que respeita aos Eco-Regimes, têm fundamentalmente a ver com esta problemática que é fulcral para a descarbonização do setor agrícola nacional. A utilização das energias renováveis na Agricultura é outra componente importante? Sim, sem dúvida, sendo que já começou a haver apoios nesse sentido, no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Falemos então do desafio da competitividade. Este desafio vai ser também decisivo. De facto, há um conjunto de sistemas de produção que têm condições para vir a ser competitivos, e é indispensável promover um conjunto de iniciativas que os possam tornar cada vez mais eficientes, com ganhos substanciais na sua produtividade económica e com maior capacidade de produzir em condições concorrenciais cada vez mais exigentes do ponto de vista da procura de alimentos saudáveis e ambientalmente sustentáveis. Mais alguma coisa que gostasse de destacar? Estamos a assistir a um grande entusiasmo e dinâmica no contexto da Agricultura portuguesa, o que vai ser decisivo nos próximos anos para conseguirmos alcançar uma intensificação tecnológica sustentável. Para que tal aconteça vai ser essencial ter em linha de conta as questões climáticas e ambientais, mas também a sua competitividade económica. Que mensagem gostaria de deixar ao setor agrícola português? É indispensável que continuemos a lutar por aquilo que têm sido os principais objetivos setoriais dos últimos anos e por um mundo rural vivo. O setor tem sido capaz de, perante as adversidades, não parar. É fundamental mostrar que há capacidade tecnológica e empresarial para melhorar e continuar a apostar, não cedendo ao processo de “diabolização” a que, injustamente, a componente mais dinâmica da agricultura portuguesa tem estado sujeita nos últimos anos. n

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