BA4 - Agriterra

23 CEREAIS Forte defensor da organização da pro- dução e há muito dirigente em várias associações, como o Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul (Cersul) e a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), no campo, o agricultor Luís Bulhão Martins gere um conjunto de explorações, no Alandroal, com cerca de 6.000 hectares, suas e de dois proprietários vizinhos, que a ele se associaram, dando “trabalho cons- tante ao longo do ano a 80 pessoas”. Cerca de metade da área são pasta- gens commontado, onde cria porco alentejano – Luís Bulhão Martins tam- bém lidera a Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano (ANCPA) –, bovinos, ovinos e caprinos. As culturas são diversas e vão desde as permanentes, como o olival e a vinha, às anuais onde se destacam os cereais, com cerca de 1.000ha, uma das maiores produções nacionais. Dessa, pouca área é de sequeiro, “pro- duzimos nas zonas mais elevadas das explorações, nos melhores terrenos (nos solos commais limitações fazemos só pastagens), porque é muito difícil rentabilizar a produção”, no entanto, defende que “os cereais de sequeiro têm um importante papel melhora- dor, integrados com as pastagens”. Aí, produz trigos melhoradores para baby food , com elevado teor de pro- teína, e cereais para alimentação animal, alternados com pastoreio direto dos restolhos e palhas, depois dos cortes para feno ou silagem. “ESTAMOS NO ALENTEJO INTERIOR, QUE É MUITO ÁRIDO, POR ISSO PRECISAMOS DE REGAR” Mas “o regadio é fundamental para uma melhor produtividade e competi- tividade. Estamos no Alentejo interior, que é muito árido, por isso precisa- mos de regar. Isto é, quando temos água, o que nem sempre acontece”, lamenta Luís Bulhão Martins. Apesar de “Alqueva ‘nascer’ aqui mesmo nesta exploração”, de fazer parte dos períme- tros de rega das barragens da Vigia e de Lucefécit, e de ter duas barragens privadas com capacidade para cerca de 200 mil m³ de água. Mesmo assim, produz também cereais de regadio, “até porque os cereais só usam cerca de 1/4 da água do milho, entre 1.500 a 2.000 m 3 /ha”, explica o agricultor à Agriterra. No conjunto, tem produção de trigo, mole e duro – e com Baixo Teor de Pesticidas (BTP), para baby food , – e cevada dística. Faz ainda multiplicação de semente para a Agrovete e a Lusosem. As restantes culturas são o milho, que “fazemos em rotação com as hortoindustriais – como o tomate, a cebola, o alho e a ervilha”. Toda a pro- dução é comercializada através de Organizações de Produtores, “modelo “Produzimos nas zonas mais elevadas das explorações, nos melhores terrenos". de que somos grandes adeptos, já que as OPs são decisivas para se vender bem, contribuindo para que sejamos bem-sucedidos”. Assim, o milho grão e os cereais são comercializados pela Cersul, sendo que o trigomole e duro estão incluídos no acordo do Clube de Produtores de Cereais de Qualidade (CPCQ) no âmbito damarca ‘Cereais do Alentejo’. A cevada dística vai para as duas indústrias nacio- nais. As hortoindustriais seguem para a ‘Alentejanices com Tomate’, as azei- tonas para a ‘Azeitonices’ e as uvas são entregues à Adega Cooperativa de Redondo. A produção pecuária é comercializada através do Alporc, da Elipec e da Carne Alentejana, sendo que “como deixou de haver queijarias aqui na região, as cabras vão para Cáceres”, diz-nos o produtor. n

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