BP9 - InterPLAST

20 SUSTENTABILIDADE deste compromisso voluntário é, jus- tamente, “eliminar a poluição causada pelas tais oito milhões de toneladas de plástico que todos os anos termi- nam nos oceanos”. No que respeita à Diretiva SUP, o res- ponsável lembrou o trabalho árduo desenvolvido neste último ano pelos membros do PPP, de definição dos plásticos de uso único problemáticos ou desnecessários. A listagem final, publicada emdezembro de 2020, inclui não só os que já estavam contem- plados na Diretiva SUP, mas muitos outros. “Um dos principais desafios foi encontrar alternativas a estes produ- tos. Serão elas mais sustentáveis que aquelas que queremos eliminar?”, per- gunta, acrescentando que “esta nova realidade exige um enorme esforço de adaptação por parte das empresas”. Na mesma linha, Alberto Teixeira, administrador do Grupo Ibersol, aler- tou para a falta de alternativas para o setor da restauração, muito condi- cionado pelas regras de segurança alimentar. “No início, pensávamos que os bioplásticos ou o PLA seriam uma opção, mas viemos a confirmar que não, apesar de teremorigem em fibras naturais”, disse Paula Salvador, res- ponsável pela Qualidade do mesmo Grupo, lembrando que, na restauração, será também necessário implemen- tar a “famosa sinalética da tartaruga” nos copos de plástico. A responsá- vel frisou o grande impacto desta medida nas empresas do setor, que, por causa da pandemia, têm muito material semmarcação em stock. De qualquer forma, "no dia 3 de julho, o Grupo terá todas as medidas imple- mentadas", garantiu. Já para o setor da hotelaria e turismo, representado na conferência por José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group , “esta diretiva pode ser uma mais valia, se, de facto, conseguir eli- minar a poluição, não só nas praias, mas em todo o ambiente”. No entanto, chega numa fase em que, por impo- sição da pandemia, o setor precisa de aumentar a segurança dos hóspedes. No âmbito do programa Planet Guest, o Grupo Pestana registou, no final de 2019, uma redução de 60% do plástico utilizado nas suas unidades hoteleiras (cerca de cinco toneladas). De acordo com José Theotónio, as alternativas encontradas não se traduziram num aumento significativo de custos. A pandemia afetou também, mas de forma positiva, o e-comerce. No que diz respeito ao uso de plástico nas enco- mendas e às medidas tomadas para a sua redução, João Bento, CEO dos CTT, refere que “os CTT têm pouca capa- cidade de intervenção neste aspeto, até porque muitas das encomendas vêmda China embaladas emplástico”. No entanto, a empresa está a imple- mentar um projeto-piloto que dá ao cliente final a possibilidade de optar por uma embalagem reutilizável ou reciclável, que, posteriormente, terá de devolver ao vendedor, através dos CTT. De acordo com o responsável, os primeiros resultados do projeto são bastante otimistas e este poderia ser ampliado à embalagem de produ- tos importados, desde que tal fosse imposto pela UE. O setor das pescas é, provavelmente, umdos mais afetados, quer pela polui- ção marítima, quer pela Diretiva SUP. Sérgio Faias, presidente do Conselho de Administração da Docapesca , relatou que a Docapesca lançou, em 2016, o projeto ‘Pesca por um mar sem lixo’. Neste projeto, os resíduos marinhos são recolhidos pelas embarcações e, posteriormente depositados no res- petivo porto. Se uma embarcação identificar um resíduo que não tem capacidade para recolher, emite um sinal de alerta através de uma aplica- ção para telemóvel criada para o efeito, de forma a que outra o possa fazer. Além da Docapesca, participam no projeto os diferentes sistemas de gestão de resíduos, 52 entidades, 785 embarcações de 17 portos de pesca nacionais e 3.175 pescadores. De acordo com Sérgio Faias, já foram recolhidos 1.497 m 3 de embalagens e 3.400 m 3 de resíduos indiferenciados. Nos próximos dois anos, a Docapesca prevê alargar o projeto aos 22 prin- cipais portos de pescas de Portugal Continental. A Diretiva SUP exige também que, até 2025, todas as garrafas PET com mais de três litros colocadas no mer- cado contenham, pelo menos, 25% de material reciclado. Na sua inter- venção, António Eusébio, presidente do conselho de administração da Sumol+Compal afirmouque a empresa quer antecipar esta meta para 2022, até porque a incorporação de reci- O PACTO PORTUGUÊS PARA OS PLÁSTICOS O Pacto Português para os Plásticos é uma iniciativa voluntária, lançada em fevereiro de 2020, sob a coordenação da ASWP, que engloba toda a cadeia de valor do plástico (até à data conta com a participação de mais de 100 entidades). O PPP tem como principais objetivos: • Eliminar os plásticos desnecessários dos portefólios das empresas • Garantir que todas as embalagens colocadas no mercado são reutili- záveis, recicláveis ou compostáveis • Aumentar a taxa de reciclagemde embalagens de plástico emPortugal para 70%, até 2025 • Garantir a incorporação de 30% de reciclado em novas embalagens de plástico, até 2025 • Sensibilizar e educar o consumidor para a circularidade

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