50 EVENTO as empresas a cumprir os requisitos europeus e a transformar desafios em oportunidades de inovação e competitividade”. O encontro incluiu dois painéis de debate dedicados ao ‘Ecodesign e Inovação de Produto’ e à ‘Medição e Comunicação do Impacto Ambiental’, moderados pelo BCSD Portugal, e que contaram com a participação de representantes da Sonae MC, Silvex, Instituto Politécnico de Setúbal, Vigobloco, 3XP Global e IAPMEI. Na perspetiva de Fernando Cunha, do IP Setúbal, a indústria portuguesa tem-se preparado muito bem para a transição digital e a Academia tem cumprido o seu papel de validação dos dados. O problema hoje é que é preciso “integrar a ecoefetividade com a ecoeficiência”, ao mesmo tempo que se garante “a verificação da resistência” dos materiais. “Escolher o material saudável, a energia adequada e a resiliência é fundamental para que os ecossistemas se possam manter, mesmo perante os problemas de abastecimento”, advoga o docente. Natércia Garrido, da Silvex, defende que o DPP constitui uma “oportunidade para desmistificar a corrente anti-plástico e combater o greenwashing”, permitindo “avaliar o impacto do fim de vida” de cada produto. Para a especialista, que iniciou a sua carreira na área da extrusão de filme e é defensora da reciclagem há largos anos, os principais desafios no setor do plástico são a qualidade do material reciclado e a sua disponibilidade, o que afeta a competitividade e requer “uma estratégia comunitária comum”. Recordando que “no material virgem a pegada ecológica é 20 vezes superior”, a responsável da Silvex concluiu que “é preciso reciclar em quantidade e em qualidade”. A incorporação do ecodesign nos produtos da Sonae MC é “um conceito muito disseminado na empresa”, garante Marlos Silva. Segundo o responsável, nos últimos seis anos os produtos de marca própria da Sonae, na área alimentar, têm sofrido transformações sucessivas para integrar materiais mais ecológicos e sustentáveis, um processo que se realiza “com muita parceria com a Academia” e numa lógica em que “as decisões são tomadas com base no menor impacto ambiental” dos materiais utilizados, estratégia que complementa a tecnicidade dos processos. Em conclusão, e nas palavras de Fernando Cunha, a estrutura que está implementada produz “zero eficiência, porque temos um único fluxo” que gera “uma falsa sustentabilidade”. Pelo que o futuro tem de passar por “transições reais e contrárias à ideia de que o ciclo fechado de materiais é que é bom”. Transição digital, sustentabilidade e ecodesign “são temas multidisciplinares” e “que devem ser tratados nos programas curriculares”, sublinhou ainda o professor. Fica o desafio, num contexto de mudança em que a preparação de Portugal para o Passaporte Digital do Produto requer, simultaneamente, inovação tecnológica, capacitação dos recursos humanos e uma relação direta entre a indústria e a academia. n
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