40 INJEÇÃO biopoliamida reforçada com fibras de lignina. O resultado é uma peça mais leve e resistente, com mais de 75% de conteúdo de base biológica e propriedades mecânicas otimizadas. Uma tecnologia semelhante foi aplicada para fabricar assentos de automóveis a partir de folhas autorreforçadas de poliamida de base biológica (bioPA) e precursores de poliamida líquida através de um processo de moldagem por transferência de resina termoplástica (T-RTM Thermoplastic Resin Transfer Moulding). A extrusão, por sua vez, evolui para a circularidade com técnicas como a coextrusão e a espumação. Esse processo, que foi adaptado a materiais de base biológica em setores como a construção, permite a criação de peças leves e robustas numa única operação. A principal inovação reside na combinação de um núcleo espumado, que reduz os custos, com uma camada exterior que pode apresentar diferentes tipos de funcionalidades e acabamentos. Um exemplo é a produção de perfis de revestimento para pavimentos exteriores a partir de biopolietileno (bioPE) reforçado com fibras orgânicas recicladas. O núcleo espumado desses perfis é feito com um agente químico espumante, enquanto a camada exterior protege o material das intempéries. Esta abordagem não só melhora o desempenho dos perfis, como também contribui para os objetivos de sustentabilidade, reduzindo o consumo de material (entre 20% e 30%). Em suma, estas inovações mostram como a indústria de plásticos está a passar de um catálogo de processos isolados para um ecossistema híbrido, flexível e circular. “O segredo não está em renunciar aos processos que já dominamos, mas sim em potenciá-los através da sua combinação estratégica. Cada tecnologia de transformação do plástico oferece propriedades diferenciadas em termos de desempenho, eficiência energética e qualidade do produto final. A sua integração inteligente permite alcançar maiores níveis de produtividade e sustentabilidade, bem como a adaptação a novos materiais emergentes”, afirma Berta Gonzalvo, diretora de investigação do Aitiip. Em suma, estas inovações mostram como a indústria de plásticos está a passar de um catálogo de processos isolados para um ecossistema híbrido, flexível e circular. Além da hibridização de tecnologias de transformação para a fabricação de produtos plásticos complexos, a Aitiip desenvolve uma linha de investigação centrada em novos materiais e produtos plásticos sustentáveis através do design (SSbD safe and sustainable by design). Esta linha inclui estratégias avançadas, como a modificação de superfícies e camadas intermediárias por meio de ligações covalentes dinâmicas e tecnologias de modificação supramoleculares, que permitem controlar e otimizar as propriedades funcionais dos materiais. Essas abordagens não apenas melhoram o desempenho durante o uso, mas também afetam diretamente a gestão do fim da vida útil de produtos híbridos e politécnicos, facilitando a sua desmontagem, reciclabilidade ou valorização. A abordagem integral do design molecular e estrutural contribui assim para fechar o ciclo de vida dos materiais, alinhando-se com os princípios da bioeconomia circular. Avançar na hibridização dos processos de transformação de plásticos implica superar desafios técnicos e organizacionais: desde a adaptação de maquinaria e formação especializada até ao investimento em inovação. No entanto, esta evolução abre novas oportunidades para toda a cadeia de valor, desde o design dos materiais até ao fabrico dos moldes para a produção do produto final. O plástico continuará a ser um pilar da indústria, desde que seja transformado através de processos mais flexíveis, híbridos e sustentáveis. Neste caminho, os centros tecnológicos desempenham um papel fundamental como catalisadores da transição para uma indústria mais eficiente, resiliente e alinhada com os objetivos de sustentabilidade. n
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