28 indústria automóvel ESPECIALISTA EM... Qual é hoje o peso dos plásticos no fabrico de componentes automóveis em Portugal e que evolução se prevê para os próximos anos? Os plásticos têm sido, nas últimas décadas, um vetor de mudança para os componentes de automóvel, tanto por força do desenvolvimento de graus técnicos de engenharia com relevantes ganhos de propriedades, como pelas demais características intrínsecas destes materiais, tais como a densidade. Vários componentes, em que o para-choques poderá ser o mais visível, foram substituídos de forma progressiva, de uma fabricação por tecnologias clássicas com materiais ferrosos, por materiais poliméricos, com ganho de liberdade criativa de desenho, de peso, de custo e de impacto ambiental. Ao mesmo tempo, apenas os plásticos permitiram a massificação de soluções de segurança ativa e passiva, desde os elementos de absorção de energia aos airbags, passando pelos cintos de segurança, ou a soluções de conforto e apoios à condução, como acontece em muitos dos suportes e alojamentos de sistemas de câmaras, ou de cruise control, infotainment, … Trabalhando naturalmente em estreita colaboração entre componentes eletrónicos — cuja evolução foi avassaladora — e soluções baseadas em materiais convencionais, o verdadeiro fator diferenciador da viabilidade dos componentes para montagem nos veículos esteve, muitas vezes, nos plásticos e nas suas inúmeras vantagens. A capacidade de produção de protótipos de validação física através de manufatura aditiva, ainda que presente noutros materiais, teve no caso dos plásticos um desenvolvimento exponencial tanto ao nível da diversidade de soluções como do custo de aquisição e operação, permitindo ciclos de desenvolvimento, teste e aplicação, curtos e iterativos. A pressão regulatória e ambiental está a forçar a substituição de plásticos convencionais por materiais reciclados ou bioplásticos. Que impacto tem essa mudança nos custos e na competitividade das empresas portuguesas? A pressão normativa e pressão do consumidor cada vez mais preocupado com as questões ambientais tem de ser ajustada e priorizada em função da premência das alterações e da eficácia esperada. O automóvel é um bem de consumo duradouro por excelência, e com uma média estatística para 19 anos de circulação e algo mais que 200.000 Km na UE, pode ser o corolário do ‘R’ da Reutilização, quando comparado com muitas outras aplicações sejam de uso único, seja de escassa reutilização, podendo até isso perdurar para lá do abate. Também há várias décadas que todos os componentes plásticos de um automóvel têm gravada a família de Matéria-Prima que foi incorporada no seu fabrico permitindo uma aprimorada recolha e separação para reciclagem pós-consumo, assim existam condições nessa cadeia, e, nos últimos anos os fabricantes de automóveis aceleraram ações de incorporação de plástico pós-consumo, que já tinham em curso para zonas menos nobres, alargando-as a muitas outras aplicações, com explicitas referências a bordo, para sensibilização dos consumidores cada vez mais exigentes sobre essa matéria (‘R’ de Reciclar, ‘R’ de Reincorporar). Não serão muitos os demais materiais que consigam demonstrar uma capacidade de reciclabilidade e reincorporação tão ampla como a que os plásticos já evidenciam em série, incluindo as energias especificas consumidas para as várias fases e o impacto do peso transportado, seja na cadeia de circularização, seja na fase de vida e serviço, e todas Gonçalo Tomé CEO da CIE-Plasfil Alexandra Costa
RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx