BP27 - InterPLAST

AUTOMÓVEL | OPINIÃO Ana Pires, co-fundadora e CEO da Dimera A revisão da Diretiva dos Veículos em Fim de Vida (Diretiva 2000/53/CE) pretende incentivar o desenvolvimento de automóveis cada vez mais sustentáveis e circulares. 26 As metas atualmente em discussão incluem a melhoria do design circular dos veículos, com vista à reutilização e reciclagem, a garantia de que, pelo menos, 25% do plástico utilizado seja plástico reciclado (sendo 25% proveniente de veículos em fim de vida) e a recuperação de matérias-primas, como as matérias-primas críticas, plásticos, aço e alumínio. Estas medidas terão um impacto significativo na gestão dos veículos em fim de vida, não só dos automóveis como também de motociclos, camiões e autocarros. Alcançar estas metas obrigará à existência de sistema de gestão de veículos em fim de vida para que o plástico destes permaneça em ciclo fechado, o que atualmente não é a realidade. Estima-se que cerca de um terço dos veículos em fim de vida se percam, por serem exportados ou depositados ilegalmente. Dos veículos que são tratados, a quantidade de plásticos provenientes de automóveis que são efetivamente reciclados não ultrapassa os 19%, de acordo com a Plastics Europe. As medidas propostas pela Diretiva visam melhorar a circularidade dos veículos e impedir que tais matérias-primas secundárias (plástico, metais, matérias-primas críticas) se percam ou que saiam do território europeu, um território que, por si só, já dispõe de poucos materiais destas naturezas. A utilização de plásticos reciclados nos veículos é, também, limitada, o que não permite a sua aplicação generalizada no automóvel. O plástico reciclado apresenta diversos desafios que restringem a sua utilização, como a degradação causada pelos raios UV e pelas condições climáticas a que esteve exposto (no caso de plásticos de para-choques). A inconsistência da qualidade constitui igualmente um desafio, pois, mesmo tratando-se do mesmo tipo de plástico, as diferentes fontes podem originar misturas de materiais com características distintas, impossibilitando a sua aplicação. Além disso, os plásticos reciclados têm dificuldade em apresentar o mesmo nível de desempenho que os plásticos virgens, o que pode ser crítico durante a produção das peças. Que plásticos dominarão o automóvel: reciclados ou de origem biológica?

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