59 EXTRAÇÃO MINEIRA K (1114,85°C, 2038,73°F). Normalmente é encontrado junto com o níquel, e ambos fazem parte dos meteoritos de ferro. É um elemento químico essencial para os mamíferos em pequenas quantidades. O Co-60, um radio-isótopo, é um importante marcador e agente no tratamento do cancro. O cobalto metálico é normalmente constituído de duas formas alotrópicas com estruturas cristalinas diferentes: hexagonal e cúbica centrada nas faces, sendo a temperatura de transição entre ambas de 722 K. Apresenta estados de oxidação baixos. O cobalto tornou-se familiar nas nossas vidas, primeiro através da arte porque é ele que é o responsável por aquele característico tom de azul a que se chama azul real e que pode ser encontrado em peças de zonas e épocas tão variadas tais como Pompeia ou a China Imperial. Durante o século XIX, entre 70 e 80% da produção mundial de cobalto era obtido na fábrica norueguesa Blaafarveværket cuja tradução para português é a romântica expressão Fábrica da Cor Azul que pertenceu ao industrial prussiano Jacob Benjamin Wegner e que curiosamente foi vice- -cônsul de Portugal. No começo do século XX há que destacar o trabalho do casal Curie na descoberta do potencial deste mineral e, já 1938, John Livingood e Glenn Seaborg descobriram o cobalto-60, sendo que Seaborg fez parte do Projecto Manhantan, que deu origem às primeiras bombas atómicas. A primeira máquina de radioterapia, bomba de cobalto, foi construída no Canadá por uma equipa liderada por Ivan Smith e Roy Errington, utilizada num paciente em 1951. Agora o cobalto está presente nas nossas vidas de uma forma tão importante quanto impreceptível nos modernos gadgets tecnológicos e veículos eléctricos. Em termos de proveniência geográfica, o Cobalto encontra-se em vários continentes, tais como África, Ásia, Oceânia e Europa. Já a cadeia de produção daquele minério coloca vários riscos de natureza política e económica porque é a China que a controla em grande parte, porque é dona das duas maiores empresas do ramo que, entre si, detém cerca de 14% da quota de mercado e 24% da produção. Para se ter um termo de comparação, o maior produtor de cobalto do mundo, que é a República Democrática do Congo, representa apenas 3,5% da produção mundial. De acordo com um estudo do site 'Illuminem' e que poderá consultar no Who controls the world’s minerals needed for green energy? (illuminem.com), o facto de a China controlar grande parte dos chamados Elementos Raros da Terra, nos quais se inclui o cobalto, coloca riscos ferocíssimos para a defesa e para a soberania do Ocidente e por razões que são fáceis de entender. Como diz o estudo Adnan Mazarei, do Peterson Institute for International Economics, a guerra da Ucrânia pós a nu a dependência energética da Europa face tanto à Federação Russa como à China. Com a diferença de que a primeira é mais facilmente resolúvel mediante o aumento da produção energética, mas a segunda é muito mais complicada porque, no limite, só se resolve com a utilização de aparelhos que dispensem a utilização de ERT's, o que, no estado actual do mercado e da tecnologia, não é sequer imaginável. Sem embargo, não é só a Europa e a guerra da Ucrânia que são relevantes porque também os EUA estão a ser afectados na perspectiva da soberania energética a propósito do conflito entre Israel e a Palestina, iniciado em Outubro de 2023. Veja-se sobre este tema o artigo da Time que poderá consultar aqui: McCarthy is Blaming Climate Policy for the Attacks in Israel | TIME. Kevin McCarthy, ex-speaker, do Partido Republicano e representante do Estado da Califórnia, relaciona aquele conflito com as políticas ambientais do actual presidente dos EUA, Joe Biden. O argumento que ele usa é muito curioso porque defende que os EUA e os seus aliados, estão muito mais seguros quando aqueles produzem mais petróleo e derivados porque a redução da produção americana dá mais força a petro-estados hostis ao Ocidente como a Rússia e o Irão. Recorde-se que a política de Biden de reduzir a produção tem a ver com a necessidade de encontrar um equilíbrio entre os defensores do ambiente e o facto de que preços de combustíveis altos são meio caminho para perder a re-eleição presidencial. No fundo, talvez seja verdadeira a lenda segundo a qual o cobalto, cujo nome vem do alemão do alemão kobalt ou kobold, significa espírito maligno ou demónio das minas. n O autor escreve no antigo acordo ortográfico.
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