ENTREVISTA 41 Imagino que esta nomeação seja o resultado de um longo processo interno, certo? Claro, é algo que vinha sendo preparado há muito tempo. Como sabe, nas multinacionais as decisões não são tomadas de um dia para o outro. Tudo requer tempo e aprovação por várias instâncias. No meu caso, não estou habituado a processos tão prolongados porque trabalhei mais de 25 anos na Maquinter, uma empresa muito mais pequena, onde as decisões eram tomadas de forma mais direta e rápida. Mas também é verdade que não sentia qualquer ansiedade por ocupar o cargo. Chegou quando tinha de chegar e aceitei-o com serenidade. Teve dúvidas em aceitar o desafio de liderar a Bomag em Portugal e Espanha após mais de 25 anos de carreira na Maquinter? Dúvidas, nenhuma, mas sim uma certa vertigem. Passar de uma empresa familiar, onde a forma de trabalhar é muito tradicional e próxima, para uma estrutura multinacional com mais de 24.000 funcionários, é impressionante. Éramos vinte pessoas e, de repente, passámos a fazer parte de uma organização enorme. Agora somos como uma gota de água no oceano. É algo que inicialmente nos desorientou, tanto a mim como ao resto do pessoal, mas é o que sempre digo à equipa: não vamos mudar 24.000 pessoas porque somos vinte. Cabe-nos a nós adaptar- -nos, e não tenho dúvidas de que saberemos fazê-lo bem. De qualquer forma, a Fayat é um grupo familiar que não está cotado na bolsa, o que influencia positivamente a forma de trabalhar, além de nos oferecer um apoio financeiro forte e estável. Considera que o cliente já está a notar esta mudança, a passagem de uma pequena empresa familiar para uma multinacional? Se está a notar alguma coisa, são mudanças positivas, sem dúvida. Antes funcionávamos como distribuidores e agora fazemos parte da fábrica. Isto traduz-se numa melhoria nos fluxos de informação, nos tempos de resposta... Além disso, não diria que os preços são muito mais baixos, mas sim que são mais competitivos. Tudo isto, juntamente com a qualidade do produto que a Bomag oferece, permite-nos posicionar-nos melhor e ser mais eficientes. Quais são os principais desafios que se propõe para esta nova etapa profissional? Antes de mais, manter os valores que a Maquinter tinha. Somos uma empresa que sempre funcionou como uma família, com um ambiente excelente. Aqui, ninguém tem problemas em dar uma ajuda quando é necessário, seja levando uma nota de entrega ao armazém ou resolvendo um assunto urgente. Isto é algo que quero preservar. Além disso, agora que fazemos parte do Grupo Bomag, temos acesso a vantagens que antes eram impensáveis. Por exemplo, solicitar uma máquina de demonstração e tê-la aqui numa semana. Isto dá uma imagem muito positiva e permite-nos agir com maior agilidade. Definiu objetivos de crescimento concretos? Como em todas as matrizes, o objetivo é crescer. Historicamente, temos tido uma quota de mercado muito boa, especialmente na compactação, onde chegámos a ultrapassar os 30% em Espanha. Mas hoje em dia há mais concorrência e muitas empresas estão a criar as suas próprias frotas de aluguer, o que complica o acesso a essa parte do mercado. Ainda assim, queremos consolidar o que já temos e crescer nas linhas com maior potencial. Agora que menciona o aluguer: a Bomag Ibérica também oferece equipamentos para esse mercado? Sim, mas esclareço: sempre tomando cuidado para não competir com os nossos clientes. Só alugamos equipamentos de asfalto (extendedoras, fresadoras e rolos grandes) e compactadores de lixo para aterros. Não alugamos bandejas, pisões ou outras máquinas leves que possam competir diretamente com os nossos clientes. Não queremos invadir o seu terreno, não consideramos isso correto. Assume o lugar de um profissional que, imagino, significou muito para si, tanto a nível profissional como pessoal: Lorenzo Wakonigg. O que gostaria de dizer sobre ele agora que ninguém nos ouve? A família Wakonigg sempre apostou em mim, desde que entrei na empresa para dirigir a divisão de asfalto. Sempre Ignacio Sanz, diretor da área de construção e Infraestruturas nas instalações da Interempresas. Entrevistado por David Muñoz.
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