37 na construção de estradas Que papel têm os materiais reciclados e as soluções de economia circular nas obras rodoviárias promovidas pela IP? A empresa tem apostado numa estratégia para incrementar os princípios de circularidade de materiais abrangendo todo o ciclo de vida dos seus projetos, designadamente, nas suas empreitadas (obras), quer por via da adoção de métodos construtivos mais eficientes, quer pelas exigências relativas aos materiais utilizados e à gestão dos resíduos produzidos. Nos cadernos de encargos, exigimos a elaboração de Planos de Prevenção e Gestão de Resíduos de Construção e Demolição (PPGRCD) e a utilização mínima de 10% de materiais reciclados ou com incorporação de reciclados, reduzindo o uso de matérias-primas virgens. A quantidade de material reciclado ou com incorporação de reciclado incluído nas empreitadas rodoviárias da IP, concluídas em 2024, foi de 15,4%. Esta percentagem tem vindo a crescer gradualmente, e com enquadramento técnico e regulatório adequado, sendo que queremos ver uma evolução exponencial. Nas ações de conservação, promovemos a reutilização de materiais provenientes das próprias obras, como misturas betuminosas e elementos de betão, diminuindo o volume de resíduos enviados para vazadouro e a pegada carbónica associada ao transporte. A IP monitoriza ainda as emissões de gases com efeito de estufa associadas aos materiais e privilegia, sempre que possível, soluções de baixa intensidade carbónica e proximidade geográfica, contribuindo ativamente para a descarbonização da construção rodoviária. De que forma as novas tecnologias - como o Building Information Modeling (BIM) e a digitalização - podem contribuir para uma gestão mais eficiente e sustentável das obras? A digitalização está a transformar a forma como gerimos as infraestruturas permitindo decisões mais informadas, eficientes e sustentáveis. Neste contexto, o BIM assume um papel central, ao integrar toda a informação de um projeto ao longo do seu ciclo de vida numa plataforma colaborativa única, que facilita a cooperação entre projetistas, empreiteiros e gestores de infraestruturas. Esta abordagem traduz-se em benefícios concretos: melhor visualização e coordenação do projeto, deteção precoce de conflitos, levantamentos de quantidades mais precisas, estimativas de custos mais rigorosas e análises do desempenho da infraestrutura antes da sua construção. O BIM simplifica e otimiza as fases de projeto, construção, operação e manutenção, promovendo maior eficiência, redução de erros e decisões mais sustentáveis. Estas ferramentas estão também na base da transição para uma lógica de ‘infraestruturas inteligentes’ onde os dados recolhidos em tempo real, e ao longo da vida útil das estradas, alimentam modelos de gestão preditiva, permitindo intervenções mais rápidas, seguras e sustentáveis. A IP iniciou já o processo de transição digital na área da conceção e gestão de empreendimentos, com a implementação progressiva da metodologia BIM. Neste contexto, foram recentemente adjudicados dois procedimentos que integram esta abordagem, marcando um passo relevante na consolidação de uma cultura digital nos projetos da empresa. Não posso deixar de referir a importância de uma evolução rápida dos 'standards' de mercado para que a nossa ambição não cause dificuldades à concorrência no mercado. Como é que a IP está a preparar as suas infraestruturas para os impactos das alterações climáticas e para fenómenos meteorológicos extremos? As alterações climáticas estão a colocar novos desafios à gestão das infraestruturas de transporte, exigindo sistemas mais robustos, adaptáveis e preparados para resistir e recuperar face a eventos meteorológicos extremos. A resiliência passou a ser uma condição essencial - antes, durante e após cada evento - garantindo a continuidade dos serviços e a segurança dos utilizadores. Perante esses desafios, a IP desenvolveu o Plano de Resiliência das Infraestruturas às Alterações Climáticas (PRIAC), que avalia os riscos climáticos atuais e futuros e a resiliência das suas três redes: rodoviária, ferroviária e de telecomunicações. O PRIAC concretiza uma avaliação dos riscos climáticos (atuais e futuros) das infraestruturas geridas pela IP, identificando e planeando medidas e ações que garantam a resiliência às alterações climáticas, numa perspetiva de gestão adaptativa das infraestruturas, e ao longo do
RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx