ENTREVISTA 10 da delimitação da REN no concelho de Vila Franca de Xira, a observação sistemática das estruturas marítimas dos portos de Sines e do Algarve e da infraestrutura marítima do Aeroporto da Madeira, os ensaios em modelo reduzido do porto de S. Roque do Pico, a simulação da evolução da linha de costa e do galgamento oceânico para diferentes cenários de intervenção no trecho costeiro do Furadouro, e a avaliação do risco da produção e da utilização de água para reutilização nas ETAR. As novas tecnologias, como a inteligência artificial ou a IoT (Internet of Things), são já uma realidade no dia a dia do LNEC? Se sim, em que medida? Pode dar-nos exemplos concretos? A adoção e a utilização de tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT) permitem ao LNEC reforçar a qualidade e a segurança das obras, das pessoas e dos bens, bem como promover a economia, a proteção e a reabilitação do património natural e construído. O compromisso com a modernização e a inovação tecnológica está presente nas várias áreas de atuação do LNEC. Na área de infraestruturas e grandes obras, o LNEC utiliza diversos sensores IoT para recolher dados em tempo real sobre o comportamento estrutural de pontes, túneis, barragens, portos e edifícios, permitindo a sua monitorização e gestão. Esta informação é integrada em plataformas e analisada com recurso a algoritmos de IA capazes de detetar padrões, identificar anomalias e apoiar a implementação de estratégias de manutenção preventiva. Esta abordagem permite aumentar a segurança e reduzir custos operacionais. A aplicação da IA estende-se, também, a outras áreas de intervenção, como a conservação do património construído e a monitorização, análise e mitigação de riscos geotécnicos, como deslizamentos de terra e sismos. O LNEC tem, também, apostado na criação de gémeos digitais (Digital Twins) que, quando alimentados por dados em tempo real, permitem uma melhor monitorização e gestão, a simulação de cenários, a previsão de comportamentos e o apoio à decisão. Adicionalmente, recorre a recursos de computação avançada e de alto desempenho para processar grandes volumes de dados, essenciais para a análise, previsão e resposta a eventos extremos e acidentais, como cheias e derrames. De que forma a instituição colabora com universidades e outras entidades, nacionais ou internacionais? O LNEC desenvolve atividades de cooperação com diversas entidades, nacionais e estrangeiras, designadamente com universidades, laboratórios de estado e associados, institutos politécnicos, associações de carácter científico e técnico, concretizadas através da realização conjunta de atividades de interesse comum. No que diz respeito às instituições universitárias, a atividade de cooperação consiste na participação conjunta em projetos de investigação, na colaboração em ações de formação, no apoio e na orientação de dissertações de mestrado e de teses de doutoramento, na participação em provas públicas com vista à obtenção de graus académicos, na participação em júris de concursos das carreiras de investigação e docente universitária, e no contributo de investigadores/as do LNEC em atividades de docência universitária. A atividade de cooperação com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste tem sido enquadrada pelo convénio entre o LNEC e os laboratórios de engenharia civil desses países, com o título de ‘Programa de Capacitação dos Laboratórios de Engenharia da CPLP’. No âmbito desta cooperação nacional e internacional, o LNEC recebeu, em 2024, um total de 111 estagiários, oriundos dos seguintes países: Portugal, Alemanha, Angola, Bangladesh, Bélgica, Bolívia, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Filipinas, França, Guiné-Bissau, Itália, Marrocos, São Tomé e Príncipe, Síria e Suécia. Falando concretamente das grandes obras públicas que têm ocupado a agenda nos últimos anos – nomeadamente, o TGV e o novo aeroporto de Lisboa –, qual a intervenção do LNEC em ambas as infraestruturas? Que trabalhos/estudos realizaram para ambos os projetos e quais as principais dificuldades encontradas? Os estudos do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) iniciaram-se em 1999, para a NAER, na localização da Ota, tendo o LNEC desenvolvido quatro estudos nas áreas da geologia, da geotecnia e da hidráulica. A localização da Ota foi muito contestada, pelo que, em 2007, o LNEC foi mandatado (Despacho do MOPTC de 12 de junho de 2007) para coordenar a elaboração do estudo para Análise Técnica Comparada das Alternativas de Localização do novo aeroporto de Lisboa nas zonas da Ota e do Campo de Tiro de Alcochete (CTA). Este estudo permitiu concluir que a zona do CTA seria, globalmente, mais favorável do que a zona da Ota para a localização requerida. "O LNEC utiliza diversos sensores IoT para recolher dados em tempo real sobre o comportamento estrutural de pontes, túneis, barragens, portos e edifícios"
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