BO1 - EngeObras

ENTREVISTA 24 O peso deste setor na economia do país tem vindo a aumentar nos últimos anos? Os investimentos em infraestruturas têm vindo a aumentar? Sim, o peso do setor na economia nacional tem vindo a aumentar nestes últimos anos porque, apesar da pandemia e, a exemplo do que se passou na generalidade dos países europeus, as sucessivas medidas de confinamento não decretaram a suspensão das obras e o setor manteve-se sempre em atividade, tendo dado um importante contributo positivo para a economia, nummomento particularmente crítico, mantendo a trajetória de crescimento que já se verificava antes da pandemia. De acordo com as contas nacionais, o investimento em construção representou, em 2019, 8,1% do PIB nacional e, em 2021, esse peso foi de 9,6%. Este aumento reflete uma evolução globalmente positiva da produção do setor que cresceu 6% em 2019, 2,5% em 2020 e 4,3% em 2021. Por sua vez, o segmento de construção de obras de engenharia civil apresentou crescimentos de 4%, 3% e 6% em 2019, 2020 e 2021, respetivamente, ou seja, no que diz respeito às infraestruturas, tem-se registado um aumento, nestes últimos anos, a um ritmo mais intenso que o verificado na totalidade do setor. Os fundos europeus Next Generation estão a contribuir para um incremento nesta atividade? Sim, na Estratégia Europeia de Recuperação e Resiliência e, em concreto, nos PRR nacionais, que são os instrumentos financeiros que, na prática, irão permitir concretizar os grandes objetivos europeus, cabe ao setor um papel fundamental. No PRR português, a presença das nossas empresas é transversal, dada a sua relevância nas três dimensões estruturantes que foram previstas, a resiliência que representa 8,4 mil milhões de euros em subvenções previstas, a transição climática, num total de 3,1 mil milhões, e a transição digital que atinge 2,5 mil milhões. No entanto, também é necessário ter presente que, de acordo com o relatório de monitorização do PRR, no início do mês de abril, o montante total pago era de apenas 489 milhões de euros, de um total de 13,9 mil milhões em subvenções e 2,7 mil milhões empréstimos. Ou seja, a maioria dos investimentos ainda está numa fase inicial pelo que os seus efeitos sobre a atividade das empresas só deverão ser sentidos na sua plenitude neste ano de 2022 que, tal como temos afirmado, é decisivo porque este é o ano em que é necessário planear, calendarizar e contratualizar os investimentos previstos no PRR, e que terão de ser plenamente executados até 2026. E não pode ser esquecida a implementação do PNI 2030 - Programa Nacional de Investimentos, nem o Portugal 2020, que encerra em 2023 e, no final de fevereiro, faltava executar 28% dos fundos previstos, ou seja, 7,5 mil milhões de euros. A plena utilização das verbas comunitárias que nos foram alocadas é essencial, não apenas para o setor, mas para a retoma económica. Que impacto terá o Plano de Recuperação e Resiliência no setor? É um plano que terá um impacto significativo no setor, desde logo porque as empresas nacionais vão desempenhar um papel fundamental na concretização dos projetos de infraestruturas previstos e são decisivas em domínios como a habitação, que é a componente individual do PRR com maior dimensão, representando 1.583 milhões de euros em subvenções e 1.150 milhões em empréstimos, ou a eficiência energética em edifícios, onde estão previstos 610 milhões de euros. É, também, uma oportunidade única para promover a competitividade do setor e, em particular, a transformação digital e tecnológica das empresas nacionais de todas as dimensões e especialidades. No cenário macroeconómico recentemente avançado pelo Banco de Portugal no boletim económico de março, a previsão para o PIB em 2022 foi revista em baixa, mas espera-se um aumento mais intenso do investimento, prevendo-se um incremento de 9,2%, acima dos 7,2% previstos anteriormente, destacando-se, precisamente, a aceleração significativa “da implementação de projetos financiados por fundos europeus”. Por sua vez, as previsões para o crescimento da produção do setor apontam para um crescimento do segmento de Engenharia Civil de 7,5% em 2022, que se deve, em larga medida, ao esperado impacto da implementação dos investimentos previstos no PRR.

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