4 O setor da engenharia é, pela primeira vez, o maior cliente das máquinas-ferramenta alemãs Com uma quota de cerca de 30%, a engenharia e os seus vários subsetores foram, pela primeira vez, em 2023, os principais clientes das máquinasferramenta fabricadas na Alemanha.. Esta quota aumentou seis pontos percentuais desde 2019, de acordo com o último inquérito sobre a estrutura de clientes realizado pela VDW (Associação Alemã de Fabricantes de MáquinasFerramenta) entre os seus membros. Em contraste, no ano passado, a indústria alemã de máquinas-ferramenta forneceu cerca de 27 por cento da sua produção à indústria automóvel e aos seus fornecedores, um declínio de cerca de 16 pontos percentuais em apenas quatro anos. “A indústria automóvel continua a ser um dos clientes mais importantes da indústria alemã de máquinas-ferramenta”, afirma Franz-Xaver Bernhard, presidente da VDW. Acrescenta que “a conversão para motores elétricos significa que o setor automóvel está a investir significativamente menos em maquinagem”. Os dados da VDW são um exemplo da diversificação e inovação necessárias ao setor da engenharia para enfrentar os desafios do panorama industrial em mudança. Na classificação das indústrias clientes mais importantes, às indústrias de engenharia e automóvel seguem-se os fabricantes de produtos metálicos, a indústria aeroespacial, a engenharia elétrica/eletrónica e a produção e transformação de metais. O Presidente da VDW, Franz-Xaver Bernhard, sublinha a diversificação dos setores clientes dos fabricantes de máquinas-ferramenta. EDITORIAL Portugal tem condições para atrair fabricantes do resto da Europa, de setores tão importantes como o da aeronáutica, aeroespacial, médico, da defesa, ou mesmo automóvel. Para tal contribuem fatores como a nossa localização geográfica, periférica em relação ao conflito que se arrasta a Leste, o clima ameno e a segurança interna. Mas o mais atrai essas empresas é a elevada qualificação das pessoas que (ainda) trabalham na indústria nacional e a diferença salarial, por exemplo, em relação aos países nórdicos. Acontece que, como já muito foi escrito e dito, são cada vez menos os jovens que escolhem uma carreira na indústria. E não falamos apenas dos que procuram a formação técnico-profissional. Também no ensino superior assistimos a uma diminuição do interesse por ramos da engenharia muito procurados pelas empresas portuguesas. Um exemplo paradigmático é o da Licenciatura em Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho que, este ano, pela primeira vez, não tinha alunos suficientes para abrir o curso. Um problema resolvido por um conjunto de empresas que se juntou para pagar as propinas dos alunos interessados. Há, portanto, que tomar medidas para voltar a tornar a indústria em geral mais atrativa para as novas gerações. No caso específico da metalomecânica, isto pode passar por iniciativas como a referida, alargada a outras áreas da engenharia, mas também por aumentar o conhecimento que os jovens têm do setor, que, diga-se de passagem, evoluiu bastante nos últimos anos e está hoje muito mais ‘limpo’, digital e automatizado. A falta mão de obra foi uma das questões abordadas por João Faustino, presidente da Cefamol, na entrevista que deu à InterMetal e que pode ler na página 12 desta revista. O responsável considera que, apesar de este ser um problema que ainda não afeta a indústria de moldes, isso vai acabar por acontecer, “quando os atuais trabalhadores se reformarem”. Até lá, são outros os fatores que preocupam as empresas do setor, nomeadamente, a instabilidade no seu principal cliente: a indústria automóvel. De qualquer forma, o setor dos moldes e matrizes português é conhecido pela sua elevada capacidade de resiliência e não é de esperar que fique de braços cruzados perante mais este desafio. O artigo da página 18 aborda, precisamente, o trabalho que tem vindo a ser feito no sentido de se encontrarem novos mercados “para sustentar o crescimento e manter a competitividade das empresas nacionais, a nível internacional”. Nesta edição, contamos-lhe ainda algumas das mais recentes novidades na área dos centros de maquinagem, das ferramentas de corte, do software e do fabrico aditivo, cada vez mais utilizado quer na indústria de moldes, quer nas restantes áreas da metalomecânica. Destaque ainda para o artigo da página 69, dedicado ao tema ‘Segurança de Máquinas’, que aborda em detalhe as alterações introduzidas pelo novo Regulamento (UE) 2023/1230. Boa leitura! Tornar a indústria novamente atrativa
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