ENTREVISTA 16 Neste contexto, as empresas nacionais teriam vantagem em juntarem-se para ganhar competitividade? Sim, a solução poderia passar por aí, já que nos permitiria ganhar escala. Mas não é fácil, porque seria necessário ultrapassar todo um conjunto de barreiras. Cada empresa tem o seu método de trabalho, a sua filosofia, a sua política comercial e de pagamentos, dependendo da capacidade financeira. Uniformizar todos estes aspetos não é fácil, mas possivelmente terá de ser esse o caminho. Sem essa possibilidade, o que resta às empresas fazer? Otimizar a produção, aumentar a eficiência. Temos de fazer mais e melhor, em menos tempo, para conseguirmos vender mais barato. Esse é o nosso lema do dia a dia, que vamos conseguindo cumprir, mas ainda assim não conseguimos competir com os preços chineses. Não nos esqueçamos que também existe muita concorrência e falta de trabalho entre eles, o que faz com que sejam muito agressivos nos preços que praticam. Além de não lhes faltar mão de obra: os dados disponíveis indicam que, na China, existe um milhão de pessoas a trabalhar na indústria de moldes. Aqui temos aproximadamente nove mil trabalhadores no setor. Existe falta de mão de obra no setor, em Portugal? Neste momento, acredito que não, porque infelizmente encerraram algumas empresas e essa mão de obra foi absorvida pelas restantes, que necessitavam de mais trabalhadores. De qualquer forma, esse problema vai acabar por nos afetar, quando essas pessoas se reformarem. Os jovens não estão tão abertos a trabalhar na indústria como antigamente, porque, infelizmente, os salários não são o que já foram e a flexibilidade dos jovens hoje é diferente. E não há incentivos para que tal aconteça. Que incentivos seriam necessários? Acho que parte da solução pode passar por iniciativas como a promovida pela Universidade do Minho que este ano, pela primeira vez, não tinha alunos suficientes para abrir a licenciatura em Engenharia de Polímeros e que, graças ao apoio de várias empresas do setor, já tem. Basicamente, as empresas aderentes vão pagar as propinas dos alunos desta licenciatura, durante dois anos, algo que nós já fazemos com o Instituto Politécnico de Leiria há cerca de uma década. Não deveria ter de ser assim, porque de facto esta é uma profissão com alta empregabilidade. Mas, claro, é um trabalho que exige muita dedicação e flexibilidade, condicionamentos que muitos jovens não querem ter como opção. E isto não é só em Portugal, é um problema global. Qual é o papel da Cefamol perante todo este cenário? O papel da Cefamol tem passado muito por agregar as empresas do setor em torno de projetos e ações que permitam enfrentar desafios comuns. Fóruns de partilha de ideias e análise destes temas têm sido uma constante, o que nos tem permitido preparar e promover um conjunto de iniciativas que, algumas delas, estamos prestes a lançar. Em paralelo, também a apresentação de propostas de atuação e politica pública, nomeadamente, na vertente do financiamento e capitalização têm sido uma constante. A formação é outra das nossas apostas. Temos vindo a organizar múltiplas ações, precisamente, para dar às pessoas as ferramentas necessárias para poderem tirar o máximo rendimento dos equipamentos. Não nos vale de nada ter uma máquina de um milhão de euros, se depois as pessoas não sabem tirar o máximo partido dela. E não estou a falar apenas dos operadores, mas
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