OPINIÃO 26 junto de postos de trabalho manuais que venha a ser eliminado, será criado um conjunto de postos de trabalho equivalente nos domínios da logística, da qualidade, da inovação ou da investigação e desenvolvimento. O valor acrescentado inerente a cada posto de trabalho será seguramente maior. E os estímulos ao investimento na qualificação dos recursos humanos serão igualmente mais evidentes. Acresce que a fronteira entre o trabalho manual e o trabalho intelectual – que é muitas vezes altamente estigmatizante -, tenderá a ser esbatida. O que, naturalmente, fará atenuar as tensões e as desigualdades sociais. Mas não poderemos estar à espera de que tudo isto aconteça de geração espontânea. É absolutamente indispensável que os programas de educação dos nossos jovens e de qualificação dos recursos humanos passem a ser concebidos de uma forma que antecipe as tendências do futuro. Nomeadamente, o protagonismo da formação terá de ser repartido de forma mais equitativa entre a escola e a fábrica, entre o centro de formação e a empresa. Ao mesmo tempo é fundamental estarmos conscientes de que o ensino superior, tal como o concebemos atualmente, corre o risco de ficar rapidamente obsoleto. As alterações serão também aqui disruptivas, devendo apostar-se num novo paradigma, com informação de base mais conceptual e menos detalhada, que permita uma maior capacidade de adaptação dos recursos humanos aos diferentes perfis profissionais que terão de percorrer ao longo da sua vida ativa. Independentemente do exposto, é essencial apoiar as empresas portuguesas a consolidarem os seus processos de digitalização através da aquisição de equipamentos e tecnologias de crescente sofisticação. Tão ou mais importante ainda será estimular a oferta nacional de tais equipamentos e tecnologias, no sentido de que a modernização de toda a indústria transformadora do nosso país seja promovida e concretizada a partir de produção portuguesa. A Agenda Mobilizadora ‘Produtech R3 – Recuperação, Resiliência e Reindustrialização’ foi concebida e implementada no âmbito do PRR precisamente nesse sentido. A concretização dos objetivos de tal agenda será absolutamente diferenciadora, podendo contribuir para um aumento brutal do valor acrescentado na economia portuguesa. Espero sinceramente que os organismos públicos que tutelam e acompanham as agendas não frustrem este enorme salto qualitativo do país, por razões burocráticas, covardia, vistas curtas ou preconceitos. n É essencial apoiar as empresas portuguesas a consolidarem os seus processos de digitalização através da aquisição de equipamentos e tecnologias de produção nacional
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