BM18 - InterMETAL

ENTREVISTA A falta de mão de obra atual decorre de um ‘gap’ geracional que tem de ser preenchido 13 Algumas destas empresas já fizeram esta adaptação e, inclusive, mudaram o tipo de máquina que fabricam. Deixaram de produzir máquinas de corte para produzir linhas de montagem para packs de baterias, por exemplo. Basicamente, utilizaram as competências de automação que já tinham e aplicaram-nas numa nova área. Claro, com muito trabalho de desenvolvimento envolvido. Qual é o balanço comercial entre Portugal e a Alemanha, no que respeita à venda de máquinas-ferramenta? Em 2022, as exportações de máquinas-ferramenta (incluindo peças e serviços) alemãs para Portugal atingiram os 55,9 milhões de euros. Já as importações de equipamentos, peças e serviços portugueses para a Alemanha totalizaram três milhões de euros, um número ligeiramente inferior aos de 2020 e 2021 (3 milhões de euros, em ambos os anos). Gostaria de salientar algum fator particularmente relevante para a indústria portuguesa? Existe uma relação muito estreita entre Portugal e a Alemanha, quer comercial quer em transferência de tecnologia. Mas acho que seria vantajoso tentarmos encontrar também uma forma de cooperação no que respeita à formação de mão de obra qualificada. Deveríamos procurar desenvolver uma solução europeia para este problema. Na Europa, temos as melhores capacidades. Por isso, primeiro, precisamos de saber exatamente quais são as necessidades das empresas e, a seguir, deveríamos cooperar muito ativamente na qualificação dos trabalhadores da produção industrial. Convidamos todos os interessados neste tema a visitar a EMO para discutir este tópico. A feira terá um stand especial do instituto alemão ‘Youth Foundation for Mechanical Engineering’, que terá como um dos temas principais ‘new learning concepts’ (novos conceitos de aprendizagem). O objetivo é passar às empresas, aos professores de instituições de ensino técnico e de centros tecnológicos novas ferramentas de ensino e novos conteúdos, que favoreçam a formação de profissionais para a indústria produtiva. A nossa congénere em Espanha, a AFM, é um bom exemplo. Tem a sua própria unidade de ensino, onde dão formação desde a especialização técnica até ao bacharelato e mestrado. Mas há mais a fazer noutros pontos da Europa. Eu acredito que, se conseguirmos juntar na EMO professores de centros deste tipo de todo o continente e outros interessados neste tema, conseguimos encontrar melhores soluções para este importante tópico. Quais são as principais tendências atuais do setor? A digitalização é a grande tendência do setor. E não estamos a falar apenas das máquinas ou da linha de produção, mas também do próprio modelo de negócio das empresas, que deve ser cada vez mais digital, e de toda a cadeia de valor. Hoje, já temos disponíveis ferramentas de IIoT que nos oferecem uma grande quantidade de dados essenciais para a boa gestão da produção. Implementá-las é um passo importante para a digitalização dos processos empresariais. No entanto, há que ter em conta que estes sistemas exigem atenção redobrada no que respeita à cibersegurança. Este tema será abordado em detalhe na EMO. No chão de fábrica, ferramentas como a realidade aumentada e os gémeos digitais estão a ser implementadas para ajudar as empresas a acelerar processos e prever eventuais falhas antes delas acontecerem. Mas, para conseguirmos conectar as máquinas e todas estas ferramentas digitais, precisamos de uma linguagem de produção global. A interface universal umati, lançada na última EMO, nasceu para responder a esse desafio. Baseada em OPC UA, conta já com mais de 300 empresas aderentes e estará em grande destaque na feira, com diversas demonstrações ao vivo. A generalização do uso de cobots na indústria é outra das tendências. Durante a EMO, os visitantes poderão ver estes equipamentos a trabalhar num grande número de aplicações: em sistemas de assemblagem e alimentação de peças, inspeção, medição, eletrónica industrial, e muito mais. Para terminarmos, os fabricantes têm investido muito em automatização de processos, mas a verdade é que a procura de mão de obra não para de aumentar. Como comenta este facto? A falta de mão de obra atual decorre de um ‘gap’ geracional que tem de ser preenchido. A crescente automatização de processos acontece exatamente para colmatar essa lacuna e, portanto, é natural que continue a aumentar. Na EMO 2023, as empresas vão poder encontrar um grande número de soluções para esse efeito. n

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx