BJ6 - Novoperfil Portugal

18 PERFIL Sessão de abertura do ciclo de conferências Tektónica 2021. incorpora a dimensão da sustentabi- lidade em todas as fases da cadeia de valor, desde a edificação, construção, utilização, manutenção e mesmo a possível desconstrução". "São diver- sas, profundas, incisivas e emmuitos aspetos disruptivas, as tendências e orientações que decorremdo processo transformador da cadeia de valor da construção civil. O efeito conjugado dos desafios da sustentabilidade e da transformação digital, dando corpo ao conceito da Construção 4.0, potenciados por valores societais emergentes, são os indutores principais destas mudan- ças", disse, lembrando a importância da economia circular no setor. Rocha de Matos lembrou ainda a importância de Portugal apostar e privilegiar uma política de constru- ção mais sustentada. Manuel Reis Campos, Presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), começou por dizer que o setor "partilha objetivos comuns, que passam por modelos mais sustentá- veis, de crescimento e também pelo reforço competitivo num setor que é decisivo para que o País possa atingir as ambiciosas metas de sustentabilidade e crescimento assumidas". Realçou a importância da Tektónica que acom- panha, há mais de duas décadas, "a evolução da construção e do imobi- liário e tem permitido assinalar, em cada momento, as principais tendên- cias da nossa atividade". Reis Campos recordou que "a resiliên- cia, a transição climática e digital são caminhos incontornáveis para o futuro". Seja diretamente na construção, rea- bilitação e manutenção de todas as infraestruturas e equipamentos que serão necessários ou, de uma forma indireta, "mas expressiva, dado o peso económico do nosso setor". "As nossas empresas vão ser determinantes para atingir os ambiciosos objetivos traça- dos, em especial em domínios como a habitação, eficiência energética e edifícios e os diferentes investimentos em infraestruturas. A mobilização de todo o tecido empresarial nacional da construção e imobiliário é essencial". O Presidente da AICCOPN realçou que estamos perante um "exigente calen- dário de execucação" no qual se inclui o Portugal 2020 (na sua reta final) e o Plano Nacional de Investimentos do Programa PNI 2030. "Este último vai para além do PRR, já que abrange um período mais alargado e prevê outras fontes de financiamento, num total de 43 mil milhões de euros". Desta forma, sustentou, "estão reunidas as condições para que finalmente o País possa ter um planeamento adequado para esta década que estamos a iniciar". Reis Campos reconhece que o "setor sem- pre esteve e estará preparado para dar resposta aos desafios colocados pelo País". Porém, deixou alguns alertas: "serão necessárias políticas públicas e um ambiente regulatório capazes de promover a competitividade das empresas e de lhes permitir superar os constrangimentos ao desenvolvi- mento da sua atividade". PORTUGAL NA CAUDA DA EUROPA NO QUE RESPEITA À CIRCULARIDADE DE MATERIAIS A sessão terminou com o testemu- nho do ministro do Ambiente e Ação Climática através de mensagem de vídeo. Matos Fernandes começou por recordar que "as crises que hoje vive- mos, seja de que natureza forem, serão cada vez mais frequentes do que eram no passado". "Logo, as palavras 'mitigar' e 'adaptar', tantas vezes associadas ao combate às alterações climáticas, também têm de ser aplicadas às ati- vidades económicas. E esse caminho faz-se ainda através da integração dos princípios de uma economia circular, do ADN das empresas, desde as che- fias até aos operários". O governante alertou também que "a quantidade de recursos que hoje precisamos é o triplo do que era neces- sário em 1970. São mais de 100 mil milhões de toneladas de recursos que entram na economia a nível global (minerais, metais, fósseis, matérias orgânicas, etc.) e apenas 8,6% são recirculados. Tendo em conta que a extração, processamento e uso de materiais representa entre 50 a 70% das emissões, bastaria duplicar esta taxa de circularidade (para 17%) para manter o Mundo no cumprimento da rota até 1.5 ºC até ao final do século". Matos Fernandes diz que estamos, pois, "perante umdesafio particular no campo da construção que se vê entre uma enorme volatilidade em termos de fornecimento de matérias-primas e escassez de recursos humanos e o cumprimento de exigências deter- minadas pelos objetivos do Pacto Ecológico Europeu". Além disso, "Portugal enfrenta um problema enorme de produtividade material da sua economia. Precisamos de muitos materiais para produzir 1

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