57 PERFIL ALUMÍNIO Em seguida, Antoine Chacun, diretor de metais da ODDO-BHF, tomou a palavra e destacou que “a Europa tem um défice estrutural de alumínio e, sem alumínio, não há transição verde: nem nos transportes, nem na energia fotovoltaica, nem nas redes... O alumínio tem características e necessidades diferentes das dos outros materiais afetados pelo CBAM. Com o desenho atual, o mecanismo não reduzirá significativamente as emissões no nosso setor; apenas mudará a origem do metal que usamos e encarecerá o produto em cerca de 8%. Para a indústria utilizadora, isso representa cerca de mil milhões de euros por ano. Precisamos de uma análise responsável antes de implementar o mecanismo, evitar deslocalizações e reforçar a produção eficiente na Europa”. Na sua intervenção, Giorgio Di Betta, presidente da associação italiana do alumínio, Centroal-Assomet, sublinhou que “o alumínio é um metal estratégico para a nossa segurança e competitividade. Se o CBAM excluir partes da cadeia, dará vantagem aos produtores extracomunitários e aos materiais concorrentes, e apenas conseguirá 'mover' as emissões. Primeiro, vamos corrigir o CBAM e depois aplicá-lo: 2026 não pode chegar com um projeto que gere mais distorções”. Posteriormente, a diretora-geral da Aluminium Deutschland (AD), Angelika El-Noshokaty, salientou que “hoje não existe uma forma fiável e homogénea de calcular a pegada de carbono de muitos bens importados. Sem regras claras, veremos conflitos comerciais, deslocamento da produção — também na reciclagem —, um custo mais elevado do metal europeu e destruição de empregos para um setor que, só na Alemanha, representa 61 mil postos de trabalho. Por isso, pedimos uma análise responsável para ajustar bem o mecanismo”. A sessão terminou com uma ronda aberta de perguntas e respostas, seguida de um café informal que permitiu uma troca próxima entre representantes políticos e empresariais. DEBATE NUM CONTEXTO INTERNACIONAL COMPLEXO O evento foi realizado num momento especialmente delicado para a indústria europeia do alumínio. O encerramento da fábrica da Alcoa em San Ciprián obrigou Espanha a importar mais de 220.000 toneladas anuais de alumínio, perdendo um ativo estratégico para a autonomia industrial. A esta circunstância acrescentam-se as sanções à Rússia e os desvios comerciais através da Turquia, num mercado internacional em que a capacidade de países aliados como o Canadá, a Noruega ou a Islândia é insuficiente para garantir um abastecimento estável e competitivo. Neste cenário, a implementação do CBAM gera preocupação no setor transformador. Tal como recordou a AEA, “o CBAM, na sua configuração atual, não ajuda a travar a introdução, através da Turquia, de metal transformado de origem russa e iraniana, um grave prejuízo que já está a causar à indústria europeia e que pode mesmo agravar-se com a evasão do mecanismo”, explicou o presidente da Associação, Felipe Quintá. A eurodeputada Susana Solís (PPE) durante o pequeno-almoço informativo sobre o CBAM no Parlamento Europeu.
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